Anthony era o cara mais legal que eu conhecia, mas a ideia de ficar em sua casa era maluca e me perturbava. Nunca fiquei tanto tempo com um garoto, e quando convivi com Anthy, estávamos na casa do meu pai e ele sempre sumia dizendo que tinha certas responsabilidades que eu não podia saber.
Meu primo sempre foi atencioso e apesar de não gostar de ficar perto de crianças, sempre me deixava ficar junto a ele. Na verdade, acredito que ele gostava da minha presença, pois havia uma solidão dentro dele por conta da morte de seus pais.Agora me via sem saída para escapar dessa decisão que foi tomada só por ele. Em situações normais, não havia nada demais um primo ajudar a sua prima, mas quando essa prima era eu e ele era a minha paixonite infantil, as coisas mudavam.Eu não sabia o que faria, e no momento achava que não conseguia pensar direito. Estar neste apartamento luxuoso e escuro me fazia sentir um frio na barriga. Anthy era um homem reservado e andava sempre ocupado, desde que assumiu a multinacional, e mesmo sabendo que nós dois ficaríamos fora uma boa parte do tempo, isso ainda não me deixava confortável.Ele era homem e tinha as suas particularidades. Nunca o vimos com uma mulher, namorada ou sei lá o quê, mas não podia acreditar que um homem lindo, sedutor e poderoso como ele não tinha visitas femininas durante suas noites sozinho nessa casa.Eu não desejava atrapalhar a sua vida, porém, sabia que ele não aceitaria a minha recusa em permanecer aqui, além do mais, quando estávamos juntos, eu me sentia protegida e acolhida, uma sensação que não era comum com qualquer outro. Sem falar que pensar em Anthony com outra mulher, apesar de ser ridículo, me deixava chateada, e eu poderia dizer que isso era ciúmes.Antes de sair, ele me aconselhou a descansar, no entanto, não consegui deixar de pensar nas coisas que aconteceram e no que farei no futuro. Sabia que isso era temporário e não tinha intenção de incomodar o meu primo por muito tempo.Agora, eu gostaria de ter sido mais espontânea, livre e muitas outras coisas que as adolescentes da minha idade eram, assim não estaria tão perdida dessa forma.— Vejo que não fez o que pedi. — A voz grave de Anthony me assustou quando soou atrás de mim. Ele estava parado, encostado na parede, com os braços dobrados sobre o peito, me olhando de uma forma estranha, como se me estudasse. — No que está pensando, Bela?Esse era o homem sombrio que tanto me instigava. Eu poderia dizer que o meu primo era um mago, que tinha o poder de aparecer quando eu menos esperava. Não posso negar, quando me olhava desse jeito me sentia como um coelho selvagem, prestes a ser comida pelo lobo.Lembrei-me da sua pergunta e tentei achar uma resposta razoável para ela, pois a verdade era muito confusa e me colocaria em uma situação inusitada.— Nunca passei por essa situação, não sei o que pensar ou como agir. — Falei sentindo um pouco de vergonha. Era impossível mentir para ele, além do mais, seu olhar me prendia em seu encanto, deixando a minha língua solta para falar coisas idiotas. — Não desejo o atrapalhar. Você já é tão ocupado…— Você não me atrapalha, Ellen. — Falou se aproximando de mim. Era ridículo me sentir intimidada por ele. Apesar de ser misterioso, Anthy não era um estranho. Seus longos dedos mexiam nos fios do meu cabelo rebelde, os colocando atrás da minha orelha, e confesso que essa ação me fez arrepiar da cabeça aos pés. Quando me interrompia desse jeito, minha língua paralisava e minha mente diminuía de velocidade. — É um imenso prazer ter você aqui. Isso me tranquiliza, pois posso cuidar de você e a proteger.Às vezes me perguntava como ele conseguia ser sedutor com simples gestos e poucas palavras. Não sabia por que perdia o seu tempo cuidando de mim. Eu era uma adolescente tola, todos podiam ver isso, mas não era uma menina que precisava ser vigiada vinte e quatro horas.— Às vezes penso que você me acha fraca ou ainda uma criança. — Disse me sentindo ainda mais envergonhada.Anthony não disse nada, apenas me observou. O sorriso em seus lábios não me diziam muita coisa, mas bagunçou todos os meus sentimentos no peito. Senti como se ele estivesse próximo o suficiente para me beijar, até salivei desejando isso.Até um tempo atrás eu só pensava em Anthony como o meu primo. Era ridículo imagina-lo de outras formas, mas foi apenas um toque e tudo mudou.Eu ainda tinha dezessete, ele tinha acabado de chegar de uma viagem a trabalho e passou para falar com o meu pai. Eu, como sempre, estava com um livro na mão e não prestei atenção no que tinha em minha frente.As coisas aconteceram tão rápido que quando notei já estava no chão e Anthony estava a poucos passos de mim. Não nos víamos há meses e então ele estava lá, com o seu sobretudo escuro, agachando-se para ver se eu tinha me machucado, mas a sua mão estava em minha coxa, apertando como se testasse a minha resistência. Sua boca estava a poucos centímetros da minha e em seus olhos haviam uma chama incomum que nunca tinha visto antes.Senti o meu corpo estremecer, era tolice, um simples toque me fez pirar e me apaixonar, porém, era mais que isso. Todo esse cuidado, os presentes, abraços e beijos que eu não conseguia explicar em palavras, se uniram para me fazer enxerga-lo com outros olhos.— Não é mais uma criança, Ellen, e não a vejo mais como uma, mas não se preocupe, aprenderá a não se sentir mais como uma pequena garota. — Falou me deixando confusa. Do que ele estava falando? — Sei que não comeu nada mais cedo, deve se alimentar. Irei preparar algo para nós.— Pensei que fosse para a empresa. — Disse surpresa. Uma das coisas que ele priorizava era a empresa e a sua administração. Anthony era focado no trabalho e eu estava achando estranho ele deixar tudo de lado para ficar comigo. — Não precisa se preocupar comigo, posso ficar só.— Nunca precisará ficar só, Ellen. — Falou saindo do quarto e indo em direção à cozinha aberta, que particularmente eu achava linda. — Agora está comigo.Eu tinha uma teoria, algo que me perturbava quando o meu desejo adolescente por ele despertava. Talvez ele agisse assim comigo por me achar uma irmã mais nova. Depois da morte de seus pais, ele se viu sozinho e solitário, e eu era a única que estava a sua disposição, nem que fosse só para ler enquanto ele estudava.A minha solidão era tão grande quanto a sua. Eu era uma menina que vivia sozinha em uma mansão, meu pai vivia em seu escritório e minha irmã me odiava. Não tinha nada além de livros e passar os dias com Mere na cozinha. Então Anthony apareceu e nós dois ficamos solitários juntos.Apesar de não gostar de ficar em lugares cheios de pessoas ou ter vergonha de falar com elas, eu odiava ficar só. Claro que haviam exceções, como quando eu estava na biblioteca. A verdade era que meus únicos companheiros eram Mere e Anthy e todos os meus personagens de livros. Ler me salvou de ser alguém amarga e ainda me motivava a ter esperança.Eu sabia que não poderia assusta-la indo direto ao ponto. Ellen não era como as outras e seu jeito meigo não combinava com o meu estilo selvagem. Deveria tomar cuidado e pensar em como proceder, já que o primeiro passo já tinha sido dado.Eu não era o cara bonzinho que ela pensava, era verdade que escondia dela o meu lado perverso, não apenas para não a assustar, mas também porque essa pessoa desconhecida, desaparecia quando estávamos juntos.Estar perto dela era maravilhoso, assisti-la e observar cada gesto e ação, porém, também era uma tortura, pois não podia fazer o que realmente queria.Por hora, eu deixaria que ela continuasse com a sua rotina e suas escolhas. Eu podia fazer o que desejava, acabar com essa mentira de amor fraterno e pegar o que eu queria, mas isso seria um grande erro. Ellen deve desejar estar comigo, se entregar a mim, e eu não queria força-la a nada, isso me tornaria um mostro.Estando tão perto, eu poderia torna-la mais forte e determinada, a pessoa que seria
Anthony e eu nunca convivemos como agora. Não poderia mentir que existia uma parte de mim que gostava disso. Gostava de conhece-lo mais e de estar ao seu lado. Se alguém me falasse que ele era sensível e afetuoso eu poderia achar estranho, porém, meu primo realmente parecia um lorde de tão atencioso comigo, sempre preocupado com o meu bem-estar e necessidades.Havia vezes que eu até me sentia envergonhada por estar aqui o atrapalhando, no entanto, ele parecia gostar da minha companhia e desde que cheguei, nunca o vi falando sobre relacionamento ou uma pessoa em especial, o que me agradava e parecia estranho.Eu não era boba, sabia que existia mulheres ao seu redor e que muitas poderiam o cobiçar. Ele era lindo, sedutor, inteligente e administrava um verdadeiro império. Com toda essa importância e trabalho, muitas vezes ele viajava a negócios, mas desde que vim para cá, Anthony não se ausentava tanto. Eu não fazia ideia de como era o seu trabalho na empresa, nunca fui de parar e ente
— Ele ainda não disse onde foi parar a mercadoria, senhor. – Falou Jordan, um dos meus homens de confiança. Ele era o mais bruto que conhecia e se o homem não conseguiu tirar do nosso prisioneiro a informação que desejo, era porque a idiota não se importava com a vida, pois sabia que ficaria mais difícil para ele a cada minuto que não abrisse a boca. – Só uma bala resolveria as coisas.Eu não queria me irritar com esse babaca que achava que me passaria a perna. Tomás Guillis era um dos homens que faziam negócios para nós. Lidava com drogas e todo o dinheiro arrecadado das vendas. Odiava sujar minhas mãos com o pó branco, por isso usava homens como ele para fazer o trabalho sujo.Todo bom chefe sabe que mesmo os mais leais poderiam ser, também, o rato mais mentiroso e ladrão. Cuidar dos negócios era fácil quando as coisas não saíam do planejado, mas já tinha resolvido muitas questões como essa durante o meu comando nesse negócio, e sabia muito bem o que deveria fazer para que vermes co
Minha cabeça estava doendo tanto que mal pude abrir os olhos. Sentia meu corpo pesado e foi difícil obrigar as minhas pálpebras a abrirem. Por sorte o quarto estava escuro, como se ainda fosse noite, mas eu sabia que não era, pois, alguns feixes de luz entrava através das brechas da cortina escura.Quando me forcei a levantar um pouco, senti como se tivesse corrido uma maratona e não conseguia lembrar o que havia acontecido.O dia de ontem foi corrido e quase desisti de ir à...Festa!— Você está bem? – A voz de Anthony me assustou e encolhi-me na cama fofa. Ele estava nas sombras do quarto, eu podia senti-lo. Algo dentro de mim despertou um sentimento de medo que quase me fez chorar, mesmo sem que eu soubesse o porquê. – Tome isso, vai ajudar com a dor na cabeça. – Nada saía da minha boca, mesmo que eu tentasse comandar o meu corpo. Peguei o copo e o comprimido sem saber se conseguiria fazer o processo. Aos poucos tomei consciência de que não estávamos no meu quarto. Nunca havia entr
Depois daquele episódio dramático na fraternidade, passei a noite em claro cuidando de Ellen. Não sabia se ela estava apenas bêbada, sedada por algum medicamento ou drogada.Realmente fiquei com medo. Medo de perde-la, de ser o causador disso. Não podia me separar tão fácil da minha garota, por isso passei a noite ao seu lado, na minha cama. Desejei voltar àquele lugar e terminar o trabalho que comecei, mas era arriscado mexer com Philip, apesar de ter uma boa justificativa.Muitos já especulavam o meu envolvimento com o crime. Não temia ser descoberto, porém, sabia que o FBI estava esperando uma razão para me prender e eu devia tomar mais cuidado.Quando o dia amanheceu, já estava muito chateado pelos fatos e não adiantava deitar e tentar dormir. Tinha que cuidar dela, mesmo estando puto por dentro.Levaria horas para que isso me deixasse e tudo piorou quando ela acordou. Notei que ainda estava sonolenta e frágil. Poderia ser o efeito das drogas, que se fosse misturada com álcool, po
Não posso dizer que um dia ao lado da mulher que me criou me fez esquecer de tudo o que havia acontecido. Ainda me sentia péssima por ter acreditado em um idiota que quase abusou de mim, só porque desejava ganhar uma aposta. Meredith era como uma mãe e estar ao seu lado novamente era bom. Ela ainda trabalhava na casa onde cresci, e dizia que só estava lá devido ao longo tempo e que se adaptou ao seu trabalho, mas que se Becca novamente me humilhasse ela sairia da casa.A verdade era que ela já deveria ter parado de trabalhar, mas ficando lá, a mulher poderia morar com os seus sobrinhos na casa dos fundos.Mere não estava gostando muito da minha estadia nessa casa, algo a incomodava e a minha curiosidade insistia em querer saber o porquê. Seu telefone havia tocado e ela saiu para atende-lo, mas durante a conversa, notei que estava ainda mais chateada. Mere nunca levantaria a voz para ninguém, muito menos ao telefone e assim que desligou o aparelho, voltou para dentro da sala com cara
Ellen ficou em silêncio o caminho todo até Hill House, e minha preocupação era que isso fosse pelo o ocorrido com Andrew.Eu sabia que isso ficaria em sua memória para sempre. Na verdade, eu desejava que ela nunca tivesse lembrado, mas o que fizeram ela ingerir, não foi tão forte para apagar isso da memória. Ela não sabia quando voltaria para a faculdade e eu já estava procurando alternativas para que ela não deixasse de fazer o que amava. Se do nada ela revolvesse voltar para a universidade eu teria que ter um cuidado redobrado para que os idiotas ficassem longe da minha Bela, porém, sentia que não era esse o seu desejo.Quando decidi vir para esse lugar, desejei afasta-la de tudo de ruim que havia acontecido. Pensei que estar com Meredith ajudaria um pouco, mas o que estava parecendo era que isso a deixou ainda mais amedrontada.Agora estávamos em uma enorme casa com seis quartos, grandes janelas de vidro, uma área aberta que era 5 vezes maior que a minha cobertura. Nunca trouxe a
Eu mal conseguia respirar com tudo o que estava acontecendo. Meu corpo parecia não me responder. Anthony tinha topo o poder sobre ele, como se fosse o dono. Sua barba grossa roçava em meu pescoço fazendo-me arrepiar, suas mãos enormes me prendiam a ele, provocando-me uma fraqueza anormal.— Ellen! – Ele disso ao meu ouvido. – Não a tocarei hoje. – Seus sussurros me torturavam tanto quanto suas palavras. Eu desejava isso. Desejava ser tocada por ele.— Por que não? – Questionei ainda com os olhos fechados, deixando que meu cérebro apenas sentisse as boas sensações que era estar ao seu lado.— Porque antes de toca-la, você deve fazer isso por mim. – Respondeu com sua voz sensual. – Toque-se, Bela. Faça isso por mim.Senti-me envergonhada com o seu pedido. Não era como se nunca tivesse feito isso, eu não era tão puritana, porém, eu não estava só em meu quarto. Anthy estava comigo, dentro do quarto escuro onde dormia, segurando-me por trás, me pedindo algo que só tentei quando estava só.