POV AbigailA noite foi longa. Não consegui dormir pensando em Felix e atenta a qualquer som de batalha ou sinal de alerta dos guardas. Andei de um lado para o outro, sentei na janela, olhando o horizonte até que o sol surgiu. As batidas suaves na minha porta pareciam apenas um sinal de que nada havia mudado.― Abigail, já está acordada? ― Lena entrou no quarto. Olhei para a loba, seus olhos com profundas marcas escuras sob eles, levemente vermelhos e inchados.― Acordada? Se quer consegui dormi e, pelo que vejo, você também não. ― A loba deu um sorriso de lado e deu de ombros, como se aquilo fosse algo inevitável.― É revoltante, mas não há muito o que possamos fazer agora. ― Ela disse entrando no quarto com uma muda de roupas para mim.― Nos tratam como se fossemos bonecas frágeis, nos deixando para trás. ― Reclamei enquanto tirava minhas roupas e ia para o banheiro com as limpas que Lena havia levado.― Sabe, eu entendo o alfa Nigthshade. ― As palavras abafadas de Lena, por conta d
POV AbigailEnquanto caminhava pela lateral da mansão, vi Lena ao telefone. A loba parecia irritada e agitada, gesticulando e rosnando, mas mantendo a voz baixa.― Por que você não entende?! ― Lena gritou, perdendo claramente o controle e me surpreendendo. ― Ele não quer ser meu pai, ele não liga para você, aquele lobo é um estranho na minha vida e não quero ter qualquer tipo de relação com ele.Me aproximei fazendo barulho, para que Lena notasse minha presença. Rapidamente ela se recompôs, passando a mão pelo rosto, talvez para limpar as lágrimas e desligando o telefone em seguida. Esperei um momento antes de me aproximar.― Não queria atrapalhar. ― Disse um pouco sem jeito, não sabendo como lidar com aquela situação.― Imagina, na verdade, você me tirou de uma situação bem chata. Minha mãe fica insistindo para que eu vá conversar com Rubens. Ela não entende o que ele e a luna viúva estão fazendo? Que aquele lobo nunca se importou com ela ou comigo? ― Lena suspirou, olhando para a te
POV AbigailA dor era insuportável, queimando e espalhando por todo o meu corpo enquanto eu tentava conter o sangramento com as mãos. Um zumbido ecoava em meus ouvidos, mas ainda pude escutar a risada de Esmeralda e seus passos, que se aproximavam lentamente.― Claro que sabe que a culpa é sua. Lhe dei a oportunidade de estar ao meu lado, mas você, teimosa e estúpida como seu pai e sua mãe, preferiu ir contra mim.Me arrastei sobre a neve, o cheiro doce e enjoativo das flores me deixando zonza. Senti algo perfurando meu tornozelo. Olhei para cima e Esmeralda tinha seu salto sobre mim, forçando o calcanhar com mais força, girando o pé de um lado para o outro enquanto erguia a arma em sua mão. A dor de ambos os ferimentos não me deixava pensar com clareza, não conseguia imaginar uma maneira de escapar daquela situação até que olhei para frente. Lena corria na minha direção, seus olhos brilhando com um ódio mortal e sede de sangue.Com um último surto de adrenalina, puxei meu pé, quase d
POV AbigailEsmeralda ainda gritava, completamente histérica, segurando seu pulso, enquanto Rubens recuperava a arma com tranquilidade do chão. Assim que o viu, Esmeralda correu para os seus braços chorando, sua maquiagem completamente borrada pelas lágrimas.― Meu amor, veja. Veja o que fizeram comigo. ― A loba choramingava erguendo o braço.Com um toque gentil e sorriso leve, Rubens acariciou o rosto de Esmeralda, que se acalmou no mesmo instante. Aquela cena era nojenta. A loba parecia mais uma cadela no cio, se esfregando em Rubens enquanto o olhava com luxúria e abria a camisa do beta. Ela agia como se não estivéssemos ali, então decidi aproveitar aquele momento e me virei, na intensão de pegar Lena e fugir. Porém, antes que desse o primeiro passo, um disparo foi feito, atingindo o chão ao lado do meu pé esquerdo.― Não, não, não. Fiquem bem quietinhas aí. ― Rubens ordenou apontado a arma em nossa direção.Enquanto Rubens estava focado na Lena e em mim, Esmeralda se esfregava em s
POV AbigailNão havia como esconder o meu choque com aquela situação. Lúcia caminhou até Rubens, que estava com a mão estendida e tomou a loba em seus braços, a beijando com fervor. Me virei par Lena, sentindo o peso daquela traição, a dor de ter confiado nela e ser apunhalada pelas costas.― Você! ― Me virei para a loba, que ficou pálida. Lena balançou a cabeça rapidamente, negando minhas claras acusações.― Não. Eu não fazia ideia, nem sabia que minha mãe estava aqui. Ela deveria está no Oeste com os exilados de sua antiga alcateia. ― Lena se explicava, sua voz tremendo enquanto seus olhos corriam de mim para seus pais.― De fato, minha Lena não fazia ideia. ― O tom suave e gentil de Lúcia não combinava em nada com tudo o que estava acontecendo, o cenário sangrento ao nosso redor. ― Lena sempre foi uma filhote sensível e medrosa, não seria prudente confiar a ela guardar esse segredo.― Mamãe…― Uma loba fraca como você… Não consigo acreditar que Lúcia e eu a geramos. ― A loba ao lad
POV AbigailOs gritos de desespero de Lúcia poderiam ser ouvidos por toda a floresta. Ela investiu contra o lycan, que lhe deu um tapa, a fazendo voar e atingir várias árvores. Aproveitando a distração, Rubens desferiu um chute que desequilibrou o lobo, conseguiu se libertar e correu na direção de Lúcia. Ambos desapareceram na floresta.O Lycan voltou a sua forma humana, revelando ser Edgard. Lena suspirou aliviada, colocando a mão sobre o peito. Senti minha cabeça ficando leve, meu corpo perdendo completamente as forças e indo ao chão. Mal conseguia manter meus olhos abertos, a queimação no locar onde fui atingida pelo projétil de prata irradiando para todo o meu corpo.Já não tinha energia, apenas desejava fechar meus olhos e dormir profundamente. Lena gritava ao meu lado, apertando minha mão com força, mas não consegui corresponder para tranquilizá-la.― Abigail! ― Senti meu corpo leve, como se flutuasse no ar, o vendo suave e frio tocando minha pele enquanto ouvia batidas ritmadas
POV FelixApós ouvirmos disparos, Edgard saiu para conferir o que estava acontecendo. Era claro que Rafael não tinha nenhuma arma de prata em seu poder ou com seus lobos, o que nos deu uma larga vantagem sobre eles. Meus lobos eram melhor treinados, bem alimentados e muito mais preparados para batalhas do que os lobos da Umbra.Assim que chegamos, dividimos nossas forças em duas frentes, mesclando a alcateia de Dominic, Edgard e a minha de uma forma que elas se complementassem durante a batalha, suprindo as deficiências uns dos outros e tornando o ataque mais eficiente. Também ordenamos que apenas um terço de nossas forças permanecesse na forma humana, aproveitando do tamanho e da flexibilidade para ataques em conjunto e furtivos durante a batalha.Tudo estava caótico, mas ainda estávamos em clara vantagem. Em minha forma Lycan, consegui neutralizar de seis a oito lobos consecutivos, sem contar os grupos que focavam em me atacar e falhavam. Busquei no campo de batalha pelo Lycan de pe
POV FelixMe preparei para o ataque quando Rafael saltou, se lançando em um ataque frontal. Seus adereços ficaram para trás enquanto ele deixava suas garras expostas. Agarrei seus pulsos, o lançando para o outro lado, mas ele se recuperou rapidamente, girando seu corpo esguio no ar e caindo sobre as patas e as mãos. Por ser pequeno em comparação a outros alfas, Ragnar deve tê-lo ensinado a tirar vantagem onde antes seria visto como uma fraqueza. Sorri, pensando em agradecer Ragnar por tornar aquela luta um pouco mais interessante para mim.― Muito bem, moleque. Até que você não é tão imprestável quanto pensei. ― Rafael rosnou, expondo seus dentes na minha direção e fazendo um novo ataque.Ao invés de apenas esperar que ele viesse até mim, me lancei a frente, indo de encontro a ele e o atingindo com um soco direto do pado esquerdo que o lançou contra o chão. A terra ao nosso redor tremeu enquanto uma cratera se formava abaixo do Angenna. Preparei um novo soco, mas ele conseguiu desviar