POV AbigailRapidamente fomos tiradas do hotel, mas sem destino definido. Henrique acabou se tornando nossa babá, andando com a gente por todo lado enquanto lutava para não perder o controle perto da Lena. Quando o celular dele tocava, dava para ver o alívio em seus olhos, já que precisava se afastar para atender. Aproveitei um daqueles momentos para verificar Lena.― Você está bem? ― Lena estava sentada em um banco, as mãos sobre as pernas e um olhar triste. Sentei ao seu lado, tocando de leve sua mão.― É só que, é estranho. Mesmo que o senhor Simons já tenha me rejeitado, ainda sinto como se houvesse algo nos conectando. Não quero que ele se sinta desconfortável perto de mim e nem desejo atrapalhar, mas não sei o que posso fazer.Apesar de seu tom tranquilo, sabia que uma conexão como aquela não era fácil de se romper. Não bastava apenas o macho rejeitar a união, mas a fêmea tinha de aceitar aquela situação. No caso de Henrique e Lena, não parecia que qualquer um dos dois estava in
POV AbigailO alfa Bloodmoon estava apoiado no batente da porta com um grande buquê de flores na mão. Mesmo com todo o caos que estávamos vivendo, Dominic parecia relaxado, com roupas casuais simples, que jamais chamaria atenção em meio aos humanos. Lena olhou para mim confusa, não sabendo o que deveria fazer.― Alfa Bloodmoon, o que faz aqui? ― Perguntei saindo da proteção de Henrique e me aproximando da porta.Com um aceno de cabeça educado, Dominic passou por Lena e me estendeu o buquê. Não sabia o que fazer com aquilo, mas sabia que não podia ignorar o gesto, então peguei as flores e as entreguei a Lena, que levou tudo para a cozinha e as colocou no vaso que quase a atingiu minutos atrás.― Sua visita significa que esse apartamento é seu? ― Com um sorriso de lado, Dominic se aproximou, pegando minha mão e beijando meus dedos.Por reflexo, puxei minha mão assim que senti seus lábios tocando minha pele com um arrepio atravessando meu corpo. O olhar espantado de Dominic me incomodou.
POV AbigailNão podia acreditar no que estava ouvindo e vendo. Como Dominic podia me fazer um pedido daqueles? Ele me conheceu como a luna do Felix e, durante todo o caos que estamos vivendo, nunca escondi meus sentimentos pelo meu alfa. A raiva começou a borbulhar dentro de mim ao perceber que Dominic desejava apenas me usar. Claro, aquele que tivesse a filha do falecido alfa supremo como sua Luna, automaticamente, se tornaria o herdeiro daquele título, tão cobiçado.Me virei, indo até a minha mala e a pegando. Quando puxei a mala de Lena, Dominic agarrou meu pulso. Seu olhar confuso me irritou ainda mais. Minha loba rosnou e eu a espelhei, surpreendendo Dominic, que me soltou na mesma hora.― O que está fazendo? ― Puxei a bolsa, pronta para ir até a porta enquanto o alfa Bloodmoon me seguia.― Indo embora. Se o preço para ficar aqui é me vender, não tenho interesse de passar nem mais um segundo nesse lugar. ― Dominic soltou um suspiro, passando a mão pelo rosto e pelos longos cabelo
POV AbigailMinha boca estava dormente, saliva escorrendo pelos cantos, enquanto sentia meu coração cada vez mais rápido. Minha visão começou a turvar e meu centro de gravidade se perdeu completamente. Mesmo de joelhos, eu não conseguia parar de cambalear, batendo com força a lateral do meu corpo na bancada da cozinha. Minhas mãos tremiam violentamente enquanto a fraqueza tomava conta dos meus membros. Ergui minha mão com dificuldade, Henrique já estava ao meu lado com o celular no ouvido. Alcancei a caixa de doces e peguei um deles, apertando com o máximo de força que tinha naquele momento. Tudo ficou silencioso quando o recheio cremoso do chocolate escorreu pelos meus dedos. Era verde-claro, o cheiro doce predominante. Por mais que não tivesse nenhum cheiro característico ou sabor, estava claro que aqueles doces haviam sido envenenados. Queria rir da minha ingenuidade, mas não tinha forças nem mesmo para aquilo. Lena apareceu no corredor, seu rosto pálido ao nos ver no chão.― Fiqu
POV FelixAlgo parecia errado enquanto eu esperava chamarem para o embarque. Não queria deixar Abigail, especialmente quando tudo entre nós estava resolvido, mas o cretino do Benjamin parecia não entender a complexidade de sua função nos meus planos. Precisava voltar e confirmar com o outro idiota as informações sobre o que estava acontecendo na Umbra. No final, informaram que o voo atrasaria mais de trinta minutos por conta do clima, me irritando ainda mais.Meu celular tocou no bolso do meu casaco. Era o número de Abigail. Sorri ao ver seu nome na tela, tentando adivinhar o motivo para ela estar me ligando, já que nunca havia feito aquilo antes.― Já está com saudades? ― Brinquei me sentando na poltrona de couro da área vip da companhia aérea.― Alfa Nigthshade. ― A voz da loba que estava cuidando da Abigail ecoou pelo aparelho, trêmula e assustada.― Onde está a Abigail? ― Perguntei já me levantando e pegando minhas coisas. A loba do outro lado soltou um soluço baixo e contido, faz
POV AbigailMeu corpo ainda estava estranho, leves tremores acometiam meu corpo em vários momentos, mas nada como quando eu havia chegado no hospital. Lena ficou ao meu lado o tempo inteiro, o que me fez acreditar que, no final, Henrique atendeu ao meu pedido e não disse nada para o Felix.Graças ao tratamento rápido, comecei a me recuperar em poucas horas. A grande maioria dos sintomas já havia desaparecido, mas ainda me sentia fraca para levantar. Olhei pela grande janela, para o céu cinzento que se estendia, cobrindo os poucos espaços azuis ainda visíveis.― Ele já deve estar na alcateia. ― Minha voz estava áspera por conta dos vômitos e a falta de água. A porta se abriu e Lena entrou, em suas mãos havia uma bandeja com um aroma delicioso. A loba sorriu ao notar meu interesse na comida e foi logo buscar a mesa. Era uma porção pequena de frango grelhado com legumes e uma garrafa de água, mas parecia delicioso.O médico que me atendeu entrou no quarto, olhando uma pasta enquanto fra
POV AbigailEnquanto Seraphine estava distraída, tentei correr na direção da porta do quarto, mas minhas pernas falharam. Meu corpo não respondia corretamente aos meus comandos, os efeitos do envenenamento ainda presentes. Meu coração acelerou quando senti que ela voltava a se aproximar. Me virei, Seraphine com olhos vazios, parecia completamente desconectada com a realidade. Suas pupilas estavam dilatadas, com uma aparente vermelhidão.A loba, que antes parecia uma linda boneca de porcelana, naquele momento estava completamente diferente. Seus cabelos estavam desgrenhados e seus lábios rachados. Ela batia com a lâmina da faca em sua perna várias vezes, o que me fez ficar em alerta máximo.Claramente, ela estava tendo um surto, por isso se tornou imprevisível. Apesar da minha curiosidade de como ela havia conseguido entrar tão fácil no meu quarto, minha prioridade era neutralizá-la. Não podia atacar diretamente, seira como se estivesse me jogando na faca. Precisava fazer com que Serap
POV Abigail.A chuva não estava dando trégua naquele dia, meu pelo estava encharcado e os resíduos que eu deveria descartar pareciam ainda mais pesados enquanto eu os arrastava pela terra lamacenta. Escorreguei várias vezes, caindo de lado no chão gelado da floresta de Nemadji, ao sul de Duluth. Nunca tive permissão de ir até a cidade, como outros jovens lobos da minha idade, o alfa jamais permitiria se eu pedisse. Como uma simples ômega, não recebi nenhum tipo de instrução, não sabia assumir minha forma humana e todos me viam apenas como um peso para a alcateia Umbra. Tudo o que eu conhecia vinha de ouvir as conversas enquanto eu passava despercebida e o que eu observava do topo das colinas.Parei por um momento, tomando algumas respirações e permitindo um momento de descanso para os meus músculos doloridos. Estava fraca pela falta de alimentos. Fazia dias que eu não conseguia me alimentar, pois a alcateia vinha passando por uma séria escassez de alimentos enquanto nosso alfa estava