“Viver é a coisa mais rara do mundo, a maioria das pessoas apenas existe”. Oscar Wide
“Caminhos, pronto para recomeçar”. Esse era o trecho da música que Carter cantarolava. Que saco!
Chutei o chão, frustrado. Enquanto enfiava as mãos nos bolsos e olhava para baixo, cabisbaixo, comecei a pensar... Será que eu teria uma chance para recomeçar?
Alguns segundos se passaram quando me dei conta de que essa era a chance que eu tanto queria, essa era a minha chance de recomeçar.
Ok! Eu sei que não era como eu queria, eu sei que o que eu queria era outra coisa, mas essa havia sido a minha oportunidade de fazer diferente, a chance dada a mim de me libertar.
Sorri e balancei a cabeça.
Essa chance, eu não perderia por nada nessa vida.
Levantei a cabeça e olhei ao redor
“E se quiser saber pra onde eu vou...Pra onde tenha sol, e pra lá que eu vou”.Jota QuestDepois de ter feito amor com Cristina, ela deitou sobre o meu peito. Fiquei fazendo cafuné em sua cabeça, até ela adormecer. Permaneci ali, pensando.Ela tinha total consciência de que nós iríamos embora, ou será que ela tinha a esperança de que eu fosse ficar?Algumas horas depois, ela acordou, e eu nem tinha dormido ainda. — O que foi? — perguntou, me olhando com curiosidade. — Nada, só pensando. — Pensando no quê? — Agora lascou! — Nada demais
“Tinha em mim todos os sonhos do mundo”. Fernando PessoaAssim que acordamos, tomamos um banho e saímos pela cidade. Eu queria conhecer todos os lugares e saber se tinha alguma balada boa no pedaço. Apesar de a cidade ser pequena, demorou para achar um lugar que parecesse bacana.Levantei uma sobrancelha e sorri. Acho que a cidade toda estava se acotovelando para entrar numa boate meio escura escondida. Algo dizia que ali estaria nossa diversão. Cutuquei Brian, que estava do meu lado, e apontei com a cabeça na direção do lugar. — Acho que aqui vai ser legal. O que acham? — Tá doido? — Acho que vai ser legal também. — Carter já começou a andar e
“Para hoje, distribua sorrisos. Com certeza alguém sorrirá de volta”. DesconhecidoA noite até que foi boa, bastante animada. Acabou que os seguranças desistiram de pegar a gente. O pessoal tinha gostado mesmo. Os verdadeiros artistas chegaram, e estava tudo tranquilo. Os meninos... bem, estavam felizes com as meninas, ficaram se pegando. Só não gostei muito porque eu fiquei chupando o dedo, olhando para a cara de enjoada da Beatriz. Era uma cara de quem chupou limão. Eu estava detestando tudo aquilo. Eu não a entendia. Em um instante ela estava de boa; e agora, com essa cara. Mulheres... quem as entende?Mas eu um dia as decifraria, isso você poderia apostar.Ela se levantou e saiu. Fiquei ali, bebendo minha cerveja, e quando acabou, nem quis esperar o garçom, simplesmente fui até o balcão, pegar mais uma cerveja
“Me faça um gesto, me queira perto”. O Tetro mágicoO restante da noite foi agitado. Eu estava esperando o momento certo para cobrar minha aposta com a Beatriz. Podem me chamar de bobo, de ridículo, mas eu queria que fosse especial, tanto para ela quando para mim.Guilherme indicou a mim um lugar bacana para acampar, tinha um píer, com um farol, e segundo ele, noites como àquela eram lindas vistas dali. Agradeci para ele.Quando foi se aproximando uma da manhã, pedi para os meninos chamarem as meninas, porque iríamos acampar em outro lugar. Eles me olharam surpresos, mas pegaram nossas coisas, e fomos até o outro lado da praia. — Nossa, que lindo isso. — Carter largou as mochilas para admirar a vista. — John, voc
“Loucura é só um ponto de vista”. Jonny Deep.— Mas, o que a gente vai fazer lá? — perguntou Beatriz. — O que tem de especial lá? — Carla se virou para Carter ao perguntar. — Tem uma ladeira. — Apressei-me em dizer — Ah, grande coisa. Uma ladeira... Vão subir ela? — Bianca falou, gesticulando. — Bem, minha querida, a gente não quer subir ela, e sim descer ela. — De patins. — E com uma coisa especial. — Coisa especi
“Um cavaleiro mede seus valores por seus feitos”. Os cavaleiros da távola redonda.No dia seguinte, levantamos cedo, tomamos café juntos, curtimos uma piscina do hotel, e lá pelo meio-dia, fomos embora.No avião, aconteceu a mesma coisa da outra vez: Beatriz grudou em minha mão e não soltava por nada. Eu achei que isso fosse uma desculpa dela, mas quando olhei em seu rosto e vi que ela estava pálida, parei de achar graça e tentei confortá-la. — Calma, relaxa, não precisa ter medo. — É maior que eu, John. Eu não aguento. E se o avião... você sabe... — falando baixo — cai? — Mas não vai. 
“É que uma rosa não nasce no jardim de um coração que chora”. Palhaço ParanoideAquela montanha me chamava. Decidi subir até lá. Queria sentir um pouco de paz, tirar essa angústia do meu peito, queria tirar da mente tudo aquilo que meu coração insistia em lembrar.Peguei a mochila e comecei minha escalada. Claro que não em disparada. Fiz isso no meu ritmo devagar, quase parando. Estava cansado, com falta de ar, minha cabeça girava, mas eu precisava chegar lá.A cada dia que passava, eu me sentia mais cansado, com mais dor, minha cabeça latejava, doía, meu coração chorava cada dia mais... Eu não queria morrer, eu queria viver!Peguei um galho de árvore, e me apoiando nele, cheguei até o topo... quer dizer, não ao topo, topo, mas cheguei
“Seus feitos são seus monumentos”.ExtraordinárioJohnFicamos ali sentados por algum tempo. Ela chorou até adormecer encostada no meu ombro.Senti pena dela. Terminar assim no dia do casamento era difícil, ainda mais se seu noivo tivesse fugido com outra, e essa outra fosse sua mãe.Pensei mais uma vez na vida, em como ela fazia as coisas para talvez corrigir um caminho.Se não fosse minha doença, eu não estaria aqui. Se não fosse a tristeza de Beatriz, ela não estaria aqui, estaria casada com outro cara.Talvez fosse nosso destino nos encontrarmos nesse exato momento, um momento difícil e delicado para ambos. Será que se algo tivesse acontecido, algo do tipo eu ter ficado para me tratar, eu iria conhecer ela?Entre tudo o que eu sentia sobre esse maldito tumor, pela primeira