“O que importa, afinal? Viver ou saber que está vivendo?”
Clarice Lispector.
Acordamos embolados nos lençóis, nossos corpos nus encostando um no outro, seus cabelos espalhados pela cama. Ela tinha um sorriso doce nos lábios, e sua respiração estava tranquila. Minha vontade era de ficar ali, olhando para ela o dia todo.
Tirei uma mecha do seu cabelo que cobria o rosto dela, que se remexeu, abriu os olhos e sorriu.
— Tira foto. — Alinhando-se em meu corpo. — Já disse, dura mais.
— Negativo, amor, porque ver você acordando nos meus braços é a melhor coisa que existe nessa vida. — Ela ficou vermelha.
— Dormiu bem? — perguntou, segurando a cabeça e me encarando.
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“O universo inteiro conspira ao nosso favor”.Charlie Brown Jr.Aqui dentro de mim estava uma completa confusão, e eu não sabia mais como agir. Queria era mais que todo mundo sumisse, para eu passar meus últimos momentos com ela. Era estranho isso, porque eu nunca tinha me sentindo assim. Eu nunca tinha ficado sem jeito perto de mulher alguma.Eu sabia que estar apaixonado tinha lá seus riscos, mas isso... isso era maluco!Um dos instrutores me ajudou a me soltar da corda com a Beatriz, que me olhava sem parar, sorrindo feito boba.Eu acho que estava na hora de fazer a maior loucura de toda essa viagem.Fui tirado dos meus pensamentos com a Carla me cutucando.— Por acaso tá dormindo em pé, moço?— Desculpe, estava pensando. — Sorri, sem jeito.— No quê?— Umas p
“A verdade é que ninguém me diz que a gente muda com a morte, porque o único jeito é sobreviver a ela”.Bianca BrionesQuando o dia amanheceu e os raios de sol entraram por frestas do teto, pensei no buraco em que tinha metido a gente. Olhei para o lado, e Beatriz estava em pé, junto à janela, com uma caneca na mão. Parecia pensativa. Ela estava com os cabelos soltos, enrolada em um edredom grosso.Saí da cama sem fazer barulho e fui até ela, mas o piso de madeira denunciou minha presença, então Beatriz olhou para trás, e sorriu ao me ver.— Bom dia, amor. Quer café?— Bom dia, minha linda. Onde conseguiu café?— Por incrível que pareça, esse hotel muito charmoso tem um excelente serviço de quarto. —
“Esse é o problema da dor, ela precisa ser sentida”.John Green— Amor, quem está morrendo? John, fala comigo! Eu não conseguia falar, por causa dos soluços. Eu somente a abraçava forte. — O que está acontecendo? — Carter perguntou, quando me viu no chão.Ele se abaixou e me arrancou dos braços de Beatriz. — Cara, você está bem? — perguntou, me encarando; e como não respondi, ele olhou para Beatriz. — Beatriz o que aconteceu? Ele está passando mal? Vamos achar um médico.— Eu não sei o que aconteceu. Eu estava no telefone, ele no celular, e pimba, caiu, começou a chorar, dizendo que ela e
“Mas se for pra falar algo bom, sempre vou lembrar de você”. Charlie Brown Jr.Cinco meses depois...As coisas iam bem, a vida caminhava a passos largos e os dias passavam voando. Eu tinha dores de cabeça todos os dias. Minha respiração... bem, às vezes eu precisava carregar um carrinho de oxigênio, mas nada de tão preocupante assim. Aprendi a agradecer em vez de praguejar, afinal, eu estava vivo ainda. Por um milagre? Por um desejo de Deus?Seja lá pelo que fosse, mas eu agradecia, pois não sabia por quanto tempo eu ainda estaria ali.Eu havia me casado com a Beatriz há quatro meses, e digo quatro deliciosos e maravilhosos meses. Havia sido uma cerimônia linda. Ela não queria se casar na igreja, mas como eu tinha pedido com carinho, tinha aceitado.Eu sabia qual era o medo dela. Ela tinha medo que eu
Always and forever Each moment with youIs just like a dream to meThat somehow came true, yeahAnd I know tomorrow Will still be the sameCuz we got a life of love That won't ever change andLuther Vandross — Always And ForeverAcordei com o relógio despertando. Eram seis da manhã. Entrei correndo no banheiro e liguei o rádio, onde estava tocando a nossa música. Sorri.Era como se eu escutasse John falando aos meus ouvidos: “Ooh baby, I'll always love you forever, Ever, ever, ever”.Liguei o chuveiro e deixei a água morna cair na minha cabeça.Se eu sentia saudade? Claro, a cada instante da minha vida, em casa sussurro, em cada segundo sentia falta de suas mãos em mim, de seus beijos, sentia falta até de ele me chamar de casca de ferida; mas querem mesmo saber? Ter saudade era bom, porque mostrava que eu tive momentos inesquec&iac
“Pensamos em demasia e sentimos muito pouco”. Charlie ChaplinAo acordar, eu não sentia a mínima vontade de me levantar, isso é, se essa vontade não estivesse alguns pontos abaixo de zero. Minha cabeça... Eu ainda não encontrei um termo certo, mas essa aqui latejava, como o som de mil tambores da Sapucaí unidos na missão de fazer com que o início do meu dia fosse uma droga! O amargo na minha boca recordava o gosto ácido dos vários e vários copos de todas as bebidas disponíveis no bar na noite passada. Lembrar-me da noite anterior era um incômodo, no final das contas.Mentalmente esfregando as têmporas, eu repetia: não pense, não pense, não pense, como se fosse um mantra, feito uma criança que apostava consigo mesma quanto tempo passaria sem pensar. Frustrei-me ao perceber que eu não consegui não pensar.
“A vida não é triste, ela tem horas tristes” Romain RollandEntrei na clínica e me sentei na recepção. Esperei alguns minutos. Fiquei observando as paredes. Era tudo tão branco, que chegou a doer minha vista. Passei as mãos pelos meus olhos e me ajeitei na cadeira. Um sono que não era meu foi se apossando de mim.Agora eu viveria com sono?Essa era boa! Era como se há dias eu não dormisse, era como se alguém passasse as mãos pelos meus olhos, e me embalando com uma cantiga suave, comecei a dormir.— Senhor? — Uma moça empurrava delicadamente o meu ombro.— Oi, desculpe — disse, acordando e me ajeitando na cadeira.Passei a mão no rosto e tentei sorrir. Aí, paspalho, passa mais vergonha!. Corei, sem jeito. Ela pareceu não se importar quando deu de ombros e sorriu para mim.—
“Viver, viver é ser livre, saber dar valor às coisas simples” Charlie Brown Jr.— Sai de cima de mim, seus veados. — Comecei a tentar me mexer, para eles saírem de cima de mim, pois estava ficando sufocado já.— Ui, a moça tá na TPM. — Carter começou a zombar de mim, rindo.Dei um tapa no ombro dele, onde foi que eu conseguir acertar.— Vamos, levanta, vamos pra balada. — Brian começou a pular na cama, mais parecia uma criança de dois anos, e não um homem barbado de vinte e seis anos.— Acho que não vou, não. Eu tô cansado. Para de pular na cama, mas que inferno! Tá parecendo uma criança! — gritei e deitei novamente, levando a mão à cabeça, a fim de tentar fazer com que os gritos dele cessassem.— Iiih... o que t&a