Capítulo 4

Marcelly Benett 

Desde a minha última visita ao hospital há um mês, não consigo parar de pensar no Anthony, aquele bandido, que estava envolvido com tantas merdas, está muito mal. 

Quando cheguei lá, ele estava adormecido, e parecia imóvel a muito tempo, seu cabelo estava desalinhado, o rosto estava pálido, seus lábios ressecados e sem aquela cor rosada que tinha sempre que ia falar alguma porcaria. 

Mesmo que só saísse porcarias de sua boca, eu ainda gostava de ouvi-lo, me sentia bem quando ele estava por perto.

Foi estranho vê-lo deitado numa cama hospitalar.

Tão vulnerável…

Ao lembrar dos sorrisos sarcásticos rotineiros que apareciam em seu rosto, seu sorriso branquíssimo com dentes alinhados e perfeitos, um belo sorriso, posso dizer, aquele sorriso que faz você lembrar da sua primeira paixonite adolescente, convidativo, uma sensação boa e mágica de querer apenas ficar ao lado daquela pessoa, mesmo falando besteiras, ele é o tipo de pessoa que faz você se sentir bem e a vontade em qualquer ambiente que esteja.

Através da sua roupa de hospital, pude ver tatuagens nos dois antebraços, senti um misto de curiosidade me dominar, querendo conhecer aquelas tatuagens, querendo saber se tem mais espalhadas pelo corpo e olhando-o atentamente, senti meu peito apertar, sabendo que eu poderia ter poupado tanto sofrimento. 

Óbvio que ele se afundou desse jeito porque preferiu assim, a sua beleza enganou muito, ele sabia onde estava pisando, ele sabia sobre os riscos, mas eu sabia qual momento tudo aquilo iria acabar, e não o avisei, em parte, eu também tenho culpa.

 Quando lembro que eu e Anthony estávamos criando uma certa ligação, algo mais íntimo, meu peito arde, nunca foi através de palavras, e sim troca de olhares, ele sabia quando eu precisava de alguém comigo e eu sabia quando ele precisava, estávamos nos conhecendo assim, sem conversar.

Eu e Anthony estávamos criando uma conexão firme assim como eu estava fingindo ter com o Heitan... 

— Celly? 

Yven estava chamando a minha atenção, jogando um guardanapo em minha direção como sempre fazíamos e voltando para o momento, eu a olhei e sorrindo murmurei. 

— Desculpe, estava pensando no… 

Ela me interrompeu e murmurou, cabisbaixa. 

— No meu cunhado, não é? 

Eu confirmei e ela soltou um suspiro alto e respondeu com uma expressão neutra em seu rosto.

— Ele está apresentando melhoras, meus sogros vão levá-lo para a Itália, ele vai ficar sob os cuidados de alguns parentes, por lá, até se recuperar bem. 

Mordendo o lábio, perguntei a ela, extremamente curiosa. 

— Sabe quando ele vai? 

Ela fez um gesto com a cabeça e respondeu depois de beber seu suco de laranja.

— Não sabemos a data, na verdade tudo depende da liberação médica.

   Posso dizer que depois daquela informação, algo ficou inquieto em mim, gostaria de vê-lo mais uma vez antes de ele ir para a Itália.

Eu consegui resolver minha situação com a Yven, pela ajuda do Gregori e do Michael, houve o casamento da minha melhor amiga na Grécia, tudo foi maravilhoso e mesmo assim, eu ainda pensava na situação de Anthony, não posso ignorar o que eu e Anthony estávamos tendo, mesmo que não fosse um relacionamento, ainda assim, existia algo e me sinto em parte, culpada pela atual situação dele, e peço a Deus, que ele tenha a chance de sobreviver a tudo isso e recomeçar sua vida, pois do jeito bandido que ele vivia, com certeza traria mais problemas.

1 ano depois 

Estou saindo do meu prédio apressadamente. 

Preciso chegar até a minha agência onde trabalho como agente para receber a minha nova missão, soube por alto, que devo estar na Alemanha dentro de 2 semanas para me infiltrar num grupo que está fazendo uso indevido de drogas ilícitas, na verdade querem saber como as drogas estão entrando na universidade.

Assim que cheguei ao meu departamento, o meu chefe Jeremy, logo acena para eu acompanhá-lo, meu chefe está prestes a se aposentar, próximo de seus 62 anos, ele esbanja inteligência e muita experiência no ramo, não é à toa que me espelho completamente nele, sem falar no carinho que temos um com o outro. 

— Querida, essa é sua missão.  Ele me entrega uma pasta de arquivo preta e de imediato a abro, vendo seu conteúdo. 

— Você irá averiguar como essas drogas são infiltradas nos locais, vai entrar como uma aluna da universidade local. 

Eu confirmei com um gesto, fechei a pasta e respondi. 

— Eu vou me preparar para a viagem então, permissão para partir, senhor. 

Jeremy confirma e responde. 

— Permissão concedida. 

E assim, saí do prédio o mais rápido possível, desejando meu sofá e a N*****x, pois depois que eu começar a treinar para essa nova missão, não vou conseguir ter tempo para mais nada.

Sempre me dediquei 80% para meus treinos antes de uma nova missão, o restante eu prefiro descansar, e com essa estratégia estou tendo muito êxito, pois aumentou muito a busca pelo meu serviço.

Enquanto atravessava a rua, através da faixa de pedestres lotada, às 10 horas da manhã, coloquei minha pasta dentro da bolsa, onde é mais seguro e continuei andando, até que trombei em alguém grande, fechei os olhos ao sentir o impacto, mas de repente um perfume masculino invade minhas narinas, me fazendo sentir um frio na barriga

— Uou… me desculpe.

Murmurei sem olhar para a pessoa, que já estava segurando meus pulsos para me manter em pé, e quando meus olhos foram automaticamente para suas mãos firmes em mim, ali no antebraço, vi tatuagens que não me eram estranhas e de imediato senti meu estômago remexer. 

Engolindo em seco, subi meus olhos e perdi a coordenação motora quando vi quem estava à minha frente. 

— Marcelly? 

Ele murmurou com um sorriso no rosto quando me reconheceu, seus dentes brancos e alinhados apareceram, arrancando um sorriso involuntário de mim e por um momento, até esqueci que poderia falar.

— Anthony… Você… 

Ele então me soltou e se colocou de frente para mim, nesse instante, pude ver o quanto ele estava diferente, aparentemente.

Meu coração acelerou com a visão que eu tinha a minha frente. 

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