Marcelly Benett
Desde a minha última visita ao hospital há um mês, não consigo parar de pensar no Anthony, aquele bandido, que estava envolvido com tantas merdas, está muito mal.
Quando cheguei lá, ele estava adormecido, e parecia imóvel a muito tempo, seu cabelo estava desalinhado, o rosto estava pálido, seus lábios ressecados e sem aquela cor rosada que tinha sempre que ia falar alguma porcaria.
Mesmo que só saísse porcarias de sua boca, eu ainda gostava de ouvi-lo, me sentia bem quando ele estava por perto.
Foi estranho vê-lo deitado numa cama hospitalar.
Tão vulnerável…
Ao lembrar dos sorrisos sarcásticos rotineiros que apareciam em seu rosto, seu sorriso branquíssimo com dentes alinhados e perfeitos, um belo sorriso, posso dizer, aquele sorriso que faz você lembrar da sua primeira paixonite adolescente, convidativo, uma sensação boa e mágica de querer apenas ficar ao lado daquela pessoa, mesmo falando besteiras, ele é o tipo de pessoa que faz você se sentir bem e a vontade em qualquer ambiente que esteja.
Através da sua roupa de hospital, pude ver tatuagens nos dois antebraços, senti um misto de curiosidade me dominar, querendo conhecer aquelas tatuagens, querendo saber se tem mais espalhadas pelo corpo e olhando-o atentamente, senti meu peito apertar, sabendo que eu poderia ter poupado tanto sofrimento.
Óbvio que ele se afundou desse jeito porque preferiu assim, a sua beleza enganou muito, ele sabia onde estava pisando, ele sabia sobre os riscos, mas eu sabia qual momento tudo aquilo iria acabar, e não o avisei, em parte, eu também tenho culpa.
Quando lembro que eu e Anthony estávamos criando uma certa ligação, algo mais íntimo, meu peito arde, nunca foi através de palavras, e sim troca de olhares, ele sabia quando eu precisava de alguém comigo e eu sabia quando ele precisava, estávamos nos conhecendo assim, sem conversar.
Eu e Anthony estávamos criando uma conexão firme assim como eu estava fingindo ter com o Heitan...
— Celly?
Yven estava chamando a minha atenção, jogando um guardanapo em minha direção como sempre fazíamos e voltando para o momento, eu a olhei e sorrindo murmurei.
— Desculpe, estava pensando no…
Ela me interrompeu e murmurou, cabisbaixa.
— No meu cunhado, não é?
Eu confirmei e ela soltou um suspiro alto e respondeu com uma expressão neutra em seu rosto.
— Ele está apresentando melhoras, meus sogros vão levá-lo para a Itália, ele vai ficar sob os cuidados de alguns parentes, por lá, até se recuperar bem.
Mordendo o lábio, perguntei a ela, extremamente curiosa.
— Sabe quando ele vai?
Ela fez um gesto com a cabeça e respondeu depois de beber seu suco de laranja.
— Não sabemos a data, na verdade tudo depende da liberação médica.
Posso dizer que depois daquela informação, algo ficou inquieto em mim, gostaria de vê-lo mais uma vez antes de ele ir para a Itália.
Eu consegui resolver minha situação com a Yven, pela ajuda do Gregori e do Michael, houve o casamento da minha melhor amiga na Grécia, tudo foi maravilhoso e mesmo assim, eu ainda pensava na situação de Anthony, não posso ignorar o que eu e Anthony estávamos tendo, mesmo que não fosse um relacionamento, ainda assim, existia algo e me sinto em parte, culpada pela atual situação dele, e peço a Deus, que ele tenha a chance de sobreviver a tudo isso e recomeçar sua vida, pois do jeito bandido que ele vivia, com certeza traria mais problemas.
1 ano depois
Estou saindo do meu prédio apressadamente.
Preciso chegar até a minha agência onde trabalho como agente para receber a minha nova missão, soube por alto, que devo estar na Alemanha dentro de 2 semanas para me infiltrar num grupo que está fazendo uso indevido de drogas ilícitas, na verdade querem saber como as drogas estão entrando na universidade.
Assim que cheguei ao meu departamento, o meu chefe Jeremy, logo acena para eu acompanhá-lo, meu chefe está prestes a se aposentar, próximo de seus 62 anos, ele esbanja inteligência e muita experiência no ramo, não é à toa que me espelho completamente nele, sem falar no carinho que temos um com o outro.
— Querida, essa é sua missão. Ele me entrega uma pasta de arquivo preta e de imediato a abro, vendo seu conteúdo.
— Você irá averiguar como essas drogas são infiltradas nos locais, vai entrar como uma aluna da universidade local.
Eu confirmei com um gesto, fechei a pasta e respondi.
— Eu vou me preparar para a viagem então, permissão para partir, senhor.
Jeremy confirma e responde.
— Permissão concedida.
E assim, saí do prédio o mais rápido possível, desejando meu sofá e a N*****x, pois depois que eu começar a treinar para essa nova missão, não vou conseguir ter tempo para mais nada.
Sempre me dediquei 80% para meus treinos antes de uma nova missão, o restante eu prefiro descansar, e com essa estratégia estou tendo muito êxito, pois aumentou muito a busca pelo meu serviço.
Enquanto atravessava a rua, através da faixa de pedestres lotada, às 10 horas da manhã, coloquei minha pasta dentro da bolsa, onde é mais seguro e continuei andando, até que trombei em alguém grande, fechei os olhos ao sentir o impacto, mas de repente um perfume masculino invade minhas narinas, me fazendo sentir um frio na barriga
— Uou… me desculpe.
Murmurei sem olhar para a pessoa, que já estava segurando meus pulsos para me manter em pé, e quando meus olhos foram automaticamente para suas mãos firmes em mim, ali no antebraço, vi tatuagens que não me eram estranhas e de imediato senti meu estômago remexer.
Engolindo em seco, subi meus olhos e perdi a coordenação motora quando vi quem estava à minha frente.
— Marcelly?
Ele murmurou com um sorriso no rosto quando me reconheceu, seus dentes brancos e alinhados apareceram, arrancando um sorriso involuntário de mim e por um momento, até esqueci que poderia falar.
— Anthony… Você…
Ele então me soltou e se colocou de frente para mim, nesse instante, pude ver o quanto ele estava diferente, aparentemente.
Meu coração acelerou com a visão que eu tinha a minha frente.
Marcelly BennetSeu rosto estava mais másculo, sua pele bronzeada, seu queixo mais anguloso, seus lábios estavam rosados como antes, e pareciam mais hidratados, me fazendo concentrar um pouco mais minha atenção naquela parte, seus braços estavam mais musculosos sob a camisa polo preta, deixando seus ombros largos a mostra, junto de sua calça social na mesma cor e sapatos Gucci, em seu pescoço, brilhava um cordão prateado, que me fez soltar um suspiro. Ah, merda!A verdade é que ele estava parecendo um modelo de capa de revista e algo se rebelou dentro de mim, de uma forma que foi difícil ignorar, mas tentando voltar ao foco, engoli em seco quando o ouvi perguntar. — Como você está? Soube que Heitan está preso, você… está com ele? Nesse momento, senti um calafrio percorrer minha espinha ao lembrar daquele homem asqueroso, depois que Heitan foi preso, dei depoimentos de tudo o que eu vi e descobri sobre suas tramoias, e por isso ele está preso até hoje, ele fez muita merda, e estava
Anthony Beckham Depois que recebi uma segunda chance de viver, eu apenas agradeci a Deus, e na verdade agradeço até hoje, sabe aquela pessoa que fica muito tempo sem beber água?! Eu fiquei nesse estado quando saí do hospital. Eufórico para viver de verdade, após me recuperar 100%. Pela primeira vez na vida, senti vontade de fazer uma academia, de praticar esportes, de experimentar culinárias diferentes, de viajar, de trabalhar, de estudar e finalmente fazer tudo diferente do que eu fazia antes, isso inclui os serviços comunitários que irei prestar por tempo indeterminado, para pagar pelos atos de cumplicidade com Heitan e Laura. Tudo isso, estava sendo uma novidade para mim, e posso dizer que para minha família também, apesar de não falar com eles desde que vim para cá, sei que às vezes meu tio mantém contato com eles. Apesar de não tocar no assunto, meu tio disse que eles perguntam se estou fazendo coisas novas e cumprindo o que foi decretado, e ele concorda, mas nunca em detalh
Anthony Beckham Hoje, sou um homem bem caseiro, acho normal a vida que estou levando, estou me sustentando, sustentando minha casa e vivo muito bem sem o dinheiro dos meus pais. Em pensar nos meus pais, me dei conta da falta que sinto deles, vai fazer um ano que vim para a Itália, onde me desliguei de tudo e de todos, isso funcionou como uma limpeza mental, mostrando de verdade quem era importante, quem realmente se preocupava comigo. Quando cumprir um ano de trabalho comunitário, o juiz decidirá se mereço ser liberado ou se devo prosseguir, e apesar de adiar alguns compromissos, não iria achar ruim se tivesse que continuar cuidando das crianças, mas a decisão não cabe a mim, por isso, fico apenas aguardando o advogado entrar em contato comigo. Pretendo retornar a New York para resolver algumas coisas pendentes, depois tenho que voltar para cá para continuar estudando e esse período perto da minha família irá me fazer bem, na medida do possível, depois que recebi a notícia que est
Anthony Beckham Seus olhos me encontram e novamente as lembranças do que eu fiz me atingiram em cheio e meus olhos lacrimejaram, não tenho como fugir, eu tenho que pedir perdão ao meu irmão novamente, preciso tentar, preciso tirar essa dor insuportável que levo comigo por conta das merdas que fiz. À medida que Michael se aproximava, um medo irracional me dominou e automaticamente enrijeci o corpo temendo o que iria acontecer quando ele se colocasse à minha frente. — Anthony. Michael murmurou na porta, a alguns metros de onde eu e meu pai estávamos e eu logo fiquei de pé e o encarei atento a qualquer coisa que poderia vir em seguida, pois sua voz não denunciou nada. Não havia raiva, muito menos preocupação. — Michael. Nesse instante, ele se aproximou de mim rapidamente, internamente, me vejo com medo de sua reação, mas me pegando totalmente de surpresa, ele me abraçou, não sei explicar a sensação, mas senti um conforto tão grande em ser abraçado por ele, que eu o apertei em meu
Marcelly Benett Já se passou uma semana desde que vi Anthony pela última vez, não consegui conversar com a Yven porque estou me preparando para minha missão, estou treinando pesado para isso e o resultado é chegar em casa, comer e dormir, depois de um longo banho relaxante.Eu já sabia que meus dias antes da missão seriam desse jeito, por isso assisti toda a série da Netflix, isso é sagrado para mim, preciso relaxar um pouco antes de iniciar qualquer missão.O dia foi puxado, estou exausta e já estou deitada ansiando por uma noite de sono, fechando meus olhos, coloquei um travesseiro macio entre minhas pernas e relaxei até cair no sono.Acordei assustada no meio da noite.Ouço alguns ruídos na sala de visitas e calçando minhas pantufas de unicórnio, decidi investigar a procedência dos barulhos, meus cabelos estão presos em uma trança longa que desce pelas costas e por isso não me atrapalho para vestir meu casaco rosa, assim que abri a porta, encontrei a escadaria e desci degrau por d
Anthony Beckham Depois de passar a tarde com meus pais, aluguei um apartamento para mim, pois preciso de privacidade, na verdade, isso se tornou muito importante para mim, foi o que fez eu repensar o meu modo de viver, fez eu perder aqueles pensamentos egocêntricos de que as pessoas me deviam atenção por eu ter sofrido na vida e todo aquele mi-mi-mi. Viver sozinho hoje em dia faz parte de mim, sofri muito para conquistar tudo o que tenho hoje, e quando me refiro a “hoje” quero resumir somente ao ano em que cai na real e passei a viver uma vida digna. Fechei meus olhos quando relaxei minha cabeça no encosto do sofá e me perdi em lembranças de 1 ano atrás, quando ainda estava em processo de recuperação, e não digo fisicamente, mas psicologicamente. Foi o momento mais difícil para mim, precisei me autoconhecer profundamente para que eu conseguisse evoluir e amadurecer como pessoa. — Tio, por que preciso fazer isso? Acabei de receber alta hospitalar. O negócio foi sério. Resmungue
Anthony Beckahm Borrifando meu perfume, passei os dedos por entre meus cabelos novamente, e assim decidi mandar uma última mensagem para Marcelly pedindo seu endereço. Não demorou muito para chegar ao local marcado, estava nervoso quando estacionei o carro no acostamento e tudo piorou quando eu a vi, em seus lábios volumosos estava um sorriso brilhante, daqueles que chegam aos olhos, ela caminhava com segurança, uma segurança que eu nunca havia notado antes e estava muito relaxada também, como se estivesse diante de alguém que ela conhecesse a muito tempo. Marcelly estava diferente daquela garota que conheci, olhando-a aqui em minha frente, vejo uma mulher empoderada e dona de si, com seu brilho próprio, em seus olhos, existe um brilho que deixa marcado toda força que ela tem, e mais uma vez eu me vejo nervoso, pois não havia notado antes todo esse poder que Marcelly tem, sem falar da beleza angelical dela, seu rosto delicado, olhos claros, com longos cílios, nariz pequeno e um
Anthony Beckham Ela confirmou com a cabeça e continuou me olhando de forma curiosa e eu apenas olhei para ela com a sobrancelha arqueada, seus olhos faiscaram para mim, de modo que pareciam me seduzir a cada segundo e então ela murmurou. — Os dias na Itália fizeram muito bem a você. Eu apenas assenti e me recostei no assento da cadeira, após chamar o garçom com um gesto rápido e respondi a ela. — Está gostando do que vê, baby? Ela me lançou um olhar surpreso e quando fez menção de falar, ela sorriu e fechou a boca novamente e eu logo respondi a ela, demonstrando que estava brincando. Ou não. — Posso dizer que aprendi muito e ainda tenho muito caminho pela frente. Ela concordou e cruzou os dedos em cima da mesa e então eu disse chamando toda a sua atenção. — Eu lembro de quando você foi me visitar a última vez. Ela franziu a testa em confusão, e mordendo o lábio, murmurou. — Você estava desacordado todas as vezes que fui… Eu a interrompi e logo falei.