MaiaDepois do nosso café da manhã bem quente, sugeri a Dmitry que fôssemos à praia, já que vir ao Rio e não ir à praia é um desperdício tremendo.— Acho melhor não. – Ele disse.— Por quê? — Vou sair de lá irreconhecível.Ri da cara de espanto dele. Irreconhecíveis vão ficar as mulheres quando seus queixos caírem com esse homem de sunga.— Pare de bobagem e vamos à praia.Disse praticamente decretando. A praia não ficava longe do hotel, então descemos e seguimos a pé. Sugeri que parássemos em uma loja para comprarmos uma sunga de praia, mas ele disse que não tiraria a bermuda. Que pena.Como eu sabia que ele passaria uns dias aqui no Brasil, imaginei que alguns deles fossem aqui no Rio e não deixei de colocar biquíni e outros acessórios de praia na mala, já que desde o início planejei arrastá-lo.Enquanto estávamos na areia, passei o protetor em seu corpo e quando notava uma mulher o olhando, tratava de deixar um beijo em sua pele, marcando aquele homem como meu, mesmo que fosse te
DmitryDesde o momento que descobri o passado de Maia que anseio em ajuda-la e dar a ela as coisas que mais deseja. E imaginei que seu tivesse sido afastado de meus pais de uma maneira tão dura, eu ia querer vê-los outra vez e com certeza mostrando que eu estou bem, que venci na vida. E é isso que darei a ela: a oportunidade de rever seus pais.Quando ela for para a Rússia comigo, terá que ficar afastada deles e como ela disse que são conservadores, tive a ideia louca de dizer que iríamos nos casar. Sei que era casado até recentemente, e que ainda não estou confortável para ter outra mulher como esposa, mas devo confessar que a ideia me agradou mais do que achei que pudesse. Mas é claro que era apenas para que seus pais se sentissem confortáveis e felizes pela filha, nunca que eles poderiam imaginar o que ela passou. E quem sabe no futuro possamos tornar isso uma realidade.Pude ver a felicidade refletida nos olhos de Maia quando descemos do avião já em solo pernambucano.— Aqui tem l
MaiaUm frio percorreu minha espinha com as palavras dele. Chegamos? Como assim? Acabamos de sair do aeroporto, nem deu tempo para me preparar psicologicamente.— Reconhece o lugar? – Ele me perguntou, e foi aí que parei para olhar ao redor. Faz 10 anos que saí da casa de meus pais, e o lugar era exatamente o mesmo.O mesmo chão de terra, os terrenos bastante espaçados e as poucas casas ao redor. Por isso meus pais precisavam ir até a cidade para vender algo, pois aqui não venderíamos muita coisa.— Sim. – Continuo olhando tudo.— Estamos no lugar certo, então. – Meneio a cabeça em confirmação ainda observando o local. – Onde é a casa?Meus olhos fixam em uma porteira de madeira velha, a cerca de arame meio caída e muito mato saindo para o lado de fora. Me aproximei da velha casa que eu reconhecia muito bem, minha infância foi dura, mas feliz na medida do possível. Corria por estas ruas e me embrenhava no mato com as outras crianças em busca de passarinhos.— É aqui.Ele olhou o lugar
DmitryPode até ser loucura, mas ser apresentado como noivo dela me fez sentir realmente como tal. Enxerguei nela a mulher que ela seria para mim. No futuro, é claro. Mas os noivados podem durar bastante tempo.Senti a tensão dela durante todo o início da conversa. A mãe, dona Selma, era uma senhora durona, já o senhor Walter era um homem mais amistoso.Vi a emoção da família no reencontro com a filha que não viam há tantos anos, não podia negar a ela a possibilidade de vê-los nos próximos dias. E ela aproveitou cada dia, levou os pais para almoçar em lugares legais, foi à praia com eles e eu era sempre a presença constante para dar apoio quando precisasse. As conversas se tornaram mais fáceis, e os poucos dias que tínhamos passou voando.Notificamos que precisávamos ir embora, já que eu tinha que voltar ao meu país pois meus negócios não funcionam muito tempo sem minha presença, o que é totalmente verdade, mas eles não podem nem imaginar que não é bem dos cavalos e das maçãs que esto
MaiaRealmente o frio que fazia aqui na Rússia agora não era nem de perto o frio que fazia meses atrás, se eu sentia frio naqueles dias de verão, imagina em pleno inverno.Saí do aeroporto encolhida no meu casaco superpesado de frio e ainda abraçando o braço de Dmitry, a fim de lhe roubar algum calor.Ania nos recebeu com seu jeito durão, mas com um sorriso no rosto. Comi algo e fui descansar da viagem. Dmitry estava calado desde que chegamos aqui, talvez sejam as preocupações. Ele às vezes ficava pensativo, até pode achar que não percebo quando divaga, mas eu não deixo passar nada, minha profissão me deixou assim.Quando despertei de minhas horas de descanso, noto que ele não está em casa. Espero que ele não faça como da outra vez. Naquele momento eu era a acompanhante e ele não me devia satisfações. Agora ele havia me tirado de meu país e eu estava com ele, não sei bem o que significava para esse russo, mas agora não era mais a acompanhante de luxo. Por isso espero que ele não suma,
Dmitry— Não, você tá maluco! – Meu primo disse exaltado.— Não é nada demais, Mikhail, preciso dar algo a ela para que se sinta útil. Ela vai ficar trancada naquele apartamento? – Estávamos discutindo no meu escritório secreto no subsolo desde que cheguei aqui, e fiz isso logo que cheguei de viagem.— É uma solução.— Não, não é.— É sim. – Meu primo estava sério, o que não era normal. Mikhail sempre sustenta uma postura tranquila e divertida, agora ele parece tenso.— Posso saber o porquê que um subordinado está questionando um pedido meu, que eu posso transformar em ordem agora mesmo?— Porque é loucura, Dmitry. Essa mulher é nova aqui, não a conhecemos e estaremos a colocando dentro da organização.— Ela não está envolvida em nada, Mikhail, esqueceu que investigamos a vida dela de todas as maneiras?— Mas estaremos colocando dentro da organização uma pessoa que não sabemos se permanecerá. Isso é arriscado.— Maia é de confiança, sem contar que não falei nada da organização. Para e
MaiaEu estava vivendo um sonho. Às vezes eu até duvidava de que tudo isso estivesse acontecendo de verdade. Não pertencia mais àquela vida de prostituta, não era obrigada a transar com alguém, estava trabalhando da maneira que sempre quis: um trabalho normal. Estava vivendo com um cara lindo e muito legal, atencioso e carinhoso, tinha até medo de acordar desse sonho.Será que viriam atrás de mim? Até quando teria esse sossego? Será que Ruy já havia encontrado a tal carta, já sabia meu endereço? Falei com Dmitry se não era arriscado dar nosso endereço, ele me garantiu que não, mas embora adorasse a provocação, na verdade eu estava morrendo de medo deles me encontrarem novamente e me levarem embora, e o pior: eles poderiam me punir por tentar fugir deles, e conheço bem a forma como eles punem. O que minha amiga Lorena passou se prostituindo em barzinhos estava lá como exemplo.Já fazia dois meses que eu estava na Rússia, estávamos agora no auge do inverno aqui. Os dias mais curtos e mu
Maia— Isso significa que você aceita continuar comigo, mesmo sabendo disso? – Ele perguntou esperançoso.— Sim, mas preciso saber que tipo de negócios você trabalha, na máfia, quero dizer.— Não posso te contar esse tipo de coisa, Maia.— Só quero saber se trabalha com prostituição.— Sim. – Arregalei meus olhos, decepção se espalhou por meu coração. Não posso ficar com alguém que obriga as mulheres a se prostituir. – Mas não como está pensando, Maia. As mulheres que trabalham para nós não são exploradas, não são traficadas e nem coagidas a fazer o que fazem. Se não fizerem isso para nós, farão para outras pessoas, não estão nisso obrigadas.Alívio tomou conta de mim, ele com certeza notou isso.— Então posso pensar em te dar uma chance. – Ele sorriu e eu não aguentei, tive que beijá-lo.— Me sinto aliviado por ter te contado, tinha receio que se você descobrisse de outra forma pudesse ficar chateada, mas por outro lado tinha medo de te contar e você ir embora.— Já falei que estou p