- Oi. - Foi mais um dias daqueles exaustivos, entrei em casa retirando a minha mochila sobre o ombro colocando no em cima da mesa, o homem sentado na poltrona lendo pacientemente um papel, apenas me olhou. - Como foi o seu dia? - Não pude deixar de dá um sorriso de leve para ele, que ainda sentado me olha. - Bem, acho que bem, vendi duas obras. - Lhe vi erguer uma das sombrancelhas negras grossas. - Hum... qual delas? -Não pude deixar de perceber os brilhos em seus olhos escuros, simplesmente não acreditando que sim, seis anos se passaram desde aquele dia, seis anos após termos esperado a morte num porão frio, mofado, mas não era de frio, nem de mofo que íamos morrer, era de fome, de maldade, ele por confiar em seu irmão, enquanto eu, por acreditar numa tolice que até hoje me faz atingir a própria testa ao lembrar que abri mão da minha família para evitar que eles sofresse. Kaled andou aproximando-se em minha direção, o sorriso curto em seus lábios, sim, e por mais que eu tenha fica
Depois daquele dia, nunca mais procurei saber nada a respeito de Judhie, sobre Kaled, sobre o passado, não havia mais motivos para procurar ou me preocupar com ela, ninguém nunca havia me feito de trouxa, como Judhie fez, senti ódio, arrependimento, lutar contra o que nasce de uma maneira incontrolável dentro de si, é péssimo, sem sentido algum, na vida de pessoas como eu, não há espaço para amor, isso é perca total de tempo, quem ama se auto engana, quem pensa sobre o amor também. Quando Sarfield me propôs unir-me a sua filha mais nova, em troca de algumas propriedades, em outras ocasiões eu, Hendricks acharia um absurdo, Olga aos meus olhos somente era uma menina, a irmã da mulher que amei, que amava, capaz de aquecer o meu sangue de uma maneira que nenhuma outra pessoa era capaz de fazê-lo. Mas o Hendricks rejeitado, indignado, não quis mais saber de sentimentos, amores inoportunos, idiotices que amolecem o coração de qualquer homem. Eu não sou assim, a cerimônia foi tão rápida n
Eu não tinhas motivos para fugir, para sair do porão em que fui abandonado para morrer, era a tradição por minhas terras, do meu povo, mas era tão fácil quando não acontecia comigo, se fosse com outro jamais sentiria dor, mas foi comigo que a ingratidão aconteceu, a maneira cruel que Khalil me traiu, atirou naquele quarto escuro, além de ter matado o meu filho, nunca o perdoei, nem o perdoaria. Soube anos depois da fuga que me tornei incapaz de ter filhos, apesar dos médicos dizerem que há chances, possibilidades, mas como eu poderia querer ter filhos, quando assistir a remoção do útero da única pessoa que foi capaz de estar ao meu lado, mas este não parecia lhe machucar em nada, mesmo que isso a tornasse incapaz de gerar filhos, Judhie apenas vive cada dia, desde que Hendricks foi embora, desde que ela lhe disse não. Eu senti inveja do rico, do milionário, quando poucos tinham muitos, e nós não tínhamos nada, os meus esforços não foram somente por mim, foram por minhas família tam
E se eu tivesse ido? Se pegasse na sua mão naquele quarto escuro? Se... eu fosse, se estivesse lá, o que teria mudado? Eu seria feliz? eles estariam bem como estão? Vivos, sorrindo, podendo dormir noites tranquilas, sonos por inteiros, sem sofrimentos ou arrependimentos, para uma mente turbulenta nunca haverá paz, não quando jamais sabereis como seria se eu fosse, se estivesse com eles. Eu me enganei, errei quando decidir ficar naquele porão, tivesse ido viveria, mas por quanto tempo? Seis anos passavam e as mesmas perguntas sempre pairavam em minha mente, enquanto em silêncio brutal, pintava, andava, meditava, eu até poderia chamar de erro, mas não foi, na verdade foi a minha escolha, eu só não queria sair como ruim na história, não para mim, apesar de sentir que sou. O dia era tão tranquilo como todos os outros, pela manhã houve alguns clientes, Rachel a vendedora na galeria precisou sair cedo, ela tem uma filhinha de três anos, que foi liberada mais cedo da escola, não vi problem
A perda do meu avô deixou legados, marcas e histórias do poder dos Valentim, valores desconhecidos para toda uma cidade, foram dias de homenagem, a exposição bem maior que o habitual, a minha força prevalecia por não querer mostrar fraquezas, pai de dois filhos, sou o Valentim mais velho que restou, o que virá depois de mim, será uma continuação através de mim.Olga esteve presente ao meu lado, enquanto as pessoas viam motivos para delongar a conversa, tudo que eu quis era um lugar, um espaço meu para que pudesse ainda ser um menino, um homem capaz de deixar as lágrimas de tristeza, de luto se perder ao rolarem.Recebi um título que nem queria dias depois, Dom Valentim, no fundo eu não me sinto nem mesmo o terço do que meu avô foi, num ápice de tristeza e dor, foi no meu escritório que não suportei mais, as lágrimas desceram em consciência, as deixei cair numa imensa tristeza.- Papai, papai, papai. - Apesar de ter os dois filhos, tão garotos, tão jovens, tão cheio de vidas, e uma esp
- Negócios?- Perguntei retóricamente, na verdade repeti parte do que ele disse, como ele iria querer falar de negócios? Era inesperado, imaginei tudo, vinha tudo a minha mente menos que Hendrics aparecesse em meu apartamento para falar de negócios.Olhou-me com frieza, desprezo no olhar, diferente de quando chegou, largando um suspiro longo, forte, pesado ouso dizer que até mesmo profundo. - Sim, do que mais poderia falar com você? Não é a artista responsável pelo quadro que me presentearam? Perguntou vindo do corredor, ainda sem entender como poderia haver aquela mudança tão repentina, mas ainda assim afirmei. - sim, sou eu. - As palavras me faltavam nos lábios, a saliva a boca, em completa confusão mental, continuei afirmando enquanto ele me olhando com os olhos vagos, sem deixar qualquer sentimento que houvesse ser demonstrando olhando-me.- Perfeito, quanto ficou a mudança? Mas só pagarei ao ver a obra. - Avisou com um tom de voz tão normal, a chuva ainda caia ao lado de fora, as
Tudo mecha comigo em silêncio para o mundo exterior, ninguém poderia lidar com as minhas dores silenciosas, que atormenta-me de um jeito que não saberia falar.- Como foi?- Mais uma vez fumava um cigarro, em busca de algo para aquietar -me, Fernan sentado a frente da mesa observando-me a espera de informações.- Nada do que está pensando... - Lhe vi levantar da base da mesa agoniado. - É ela ou não é?- Assenti a sua pergunta, ele sorriu em zombaria.- Filha da puta, esse tempo todo estava viva, ela e ele são...- Sim, moram juntos, não deu pra ver mas câmeras. - Lamentou ao ouvir, quem já não sabia que ela o escolheu fosse em morte ou em vida, não havia motivos para surpresas, no fim não saberia nem mesmo dizer por que fui, só me deixou mais nervoso do que já estava.- Conversaram? Ela te explicou o que aconteceu? - Enfiando a mão esquerda entre os fios de cabelos neguei. - Não há o que conversar, explicar, Judhie fez a escolha dela, Fernan, o que acha que eu deveria fazer?- Ao menos
O dito popular que depois do alvoroço sempre vem a bonança parecia nunca ter feito tanto sentido, como aquela ventania no deserto, que levanta a poeira, enchendo os nossos olhos de areia, foi assim que me senti quando sai da apresentação correndo, deixando o mister Jhones ali sentado a espera.Perdi planta, perdi material que eram importantes, só não esperava que após a ventania que levantou toda a areia, no deserto se revelasse um oásis, havia água fresca para matar a sede, deixar o mister Jhones sentado foi como um acerto no tiro ao alvo, não que fizesse por minha vontade, jamais o faria na minha situação atual.Mas como tudo nos dias atuais é por fama, ali havia uma a se ganhar, todos os sonhadores e planejadores queriam a atenção dele, daquele homem nobre, importante, deixá-lo na mesa foi como um ato de loucura, e eu o deixei, me tornando o homem que fez MIster Jhones esperar.Só poderia ser o ato de um louco, não me arrependi por ser por uma questão especial, ajudar quem havia me