E se eu tivesse ido? Se pegasse na sua mão naquele quarto escuro? Se... eu fosse, se estivesse lá, o que teria mudado? Eu seria feliz? eles estariam bem como estão? Vivos, sorrindo, podendo dormir noites tranquilas, sonos por inteiros, sem sofrimentos ou arrependimentos, para uma mente turbulenta nunca haverá paz, não quando jamais sabereis como seria se eu fosse, se estivesse com eles. Eu me enganei, errei quando decidir ficar naquele porão, tivesse ido viveria, mas por quanto tempo? Seis anos passavam e as mesmas perguntas sempre pairavam em minha mente, enquanto em silêncio brutal, pintava, andava, meditava, eu até poderia chamar de erro, mas não foi, na verdade foi a minha escolha, eu só não queria sair como ruim na história, não para mim, apesar de sentir que sou. O dia era tão tranquilo como todos os outros, pela manhã houve alguns clientes, Rachel a vendedora na galeria precisou sair cedo, ela tem uma filhinha de três anos, que foi liberada mais cedo da escola, não vi problem
A perda do meu avô deixou legados, marcas e histórias do poder dos Valentim, valores desconhecidos para toda uma cidade, foram dias de homenagem, a exposição bem maior que o habitual, a minha força prevalecia por não querer mostrar fraquezas, pai de dois filhos, sou o Valentim mais velho que restou, o que virá depois de mim, será uma continuação através de mim.Olga esteve presente ao meu lado, enquanto as pessoas viam motivos para delongar a conversa, tudo que eu quis era um lugar, um espaço meu para que pudesse ainda ser um menino, um homem capaz de deixar as lágrimas de tristeza, de luto se perder ao rolarem.Recebi um título que nem queria dias depois, Dom Valentim, no fundo eu não me sinto nem mesmo o terço do que meu avô foi, num ápice de tristeza e dor, foi no meu escritório que não suportei mais, as lágrimas desceram em consciência, as deixei cair numa imensa tristeza.- Papai, papai, papai. - Apesar de ter os dois filhos, tão garotos, tão jovens, tão cheio de vidas, e uma esp
- Negócios?- Perguntei retóricamente, na verdade repeti parte do que ele disse, como ele iria querer falar de negócios? Era inesperado, imaginei tudo, vinha tudo a minha mente menos que Hendrics aparecesse em meu apartamento para falar de negócios.Olhou-me com frieza, desprezo no olhar, diferente de quando chegou, largando um suspiro longo, forte, pesado ouso dizer que até mesmo profundo. - Sim, do que mais poderia falar com você? Não é a artista responsável pelo quadro que me presentearam? Perguntou vindo do corredor, ainda sem entender como poderia haver aquela mudança tão repentina, mas ainda assim afirmei. - sim, sou eu. - As palavras me faltavam nos lábios, a saliva a boca, em completa confusão mental, continuei afirmando enquanto ele me olhando com os olhos vagos, sem deixar qualquer sentimento que houvesse ser demonstrando olhando-me.- Perfeito, quanto ficou a mudança? Mas só pagarei ao ver a obra. - Avisou com um tom de voz tão normal, a chuva ainda caia ao lado de fora, as
Tudo mecha comigo em silêncio para o mundo exterior, ninguém poderia lidar com as minhas dores silenciosas, que atormenta-me de um jeito que não saberia falar.- Como foi?- Mais uma vez fumava um cigarro, em busca de algo para aquietar -me, Fernan sentado a frente da mesa observando-me a espera de informações.- Nada do que está pensando... - Lhe vi levantar da base da mesa agoniado. - É ela ou não é?- Assenti a sua pergunta, ele sorriu em zombaria.- Filha da puta, esse tempo todo estava viva, ela e ele são...- Sim, moram juntos, não deu pra ver mas câmeras. - Lamentou ao ouvir, quem já não sabia que ela o escolheu fosse em morte ou em vida, não havia motivos para surpresas, no fim não saberia nem mesmo dizer por que fui, só me deixou mais nervoso do que já estava.- Conversaram? Ela te explicou o que aconteceu? - Enfiando a mão esquerda entre os fios de cabelos neguei. - Não há o que conversar, explicar, Judhie fez a escolha dela, Fernan, o que acha que eu deveria fazer?- Ao menos
O dito popular que depois do alvoroço sempre vem a bonança parecia nunca ter feito tanto sentido, como aquela ventania no deserto, que levanta a poeira, enchendo os nossos olhos de areia, foi assim que me senti quando sai da apresentação correndo, deixando o mister Jhones ali sentado a espera.Perdi planta, perdi material que eram importantes, só não esperava que após a ventania que levantou toda a areia, no deserto se revelasse um oásis, havia água fresca para matar a sede, deixar o mister Jhones sentado foi como um acerto no tiro ao alvo, não que fizesse por minha vontade, jamais o faria na minha situação atual.Mas como tudo nos dias atuais é por fama, ali havia uma a se ganhar, todos os sonhadores e planejadores queriam a atenção dele, daquele homem nobre, importante, deixá-lo na mesa foi como um ato de loucura, e eu o deixei, me tornando o homem que fez MIster Jhones esperar.Só poderia ser o ato de um louco, não me arrependi por ser por uma questão especial, ajudar quem havia me
Os olhos dele não fugiram dos meus, a sua boca procurava a minha, mesmo quando lhe disse que não, as lágrimas desciam dos meus olhos, enquanto as suas mãos seguravam as minhas coxas, já havia tanto tempo que eu não o sentia que o meu corpo demorou a reconhece-lo, a minha cabeça não havia apenas Hendrics, tinha Olga que é minha irmã de sangue, também tem Khalil que se imaginasse o meu paradeiro junto ao seu irmão, poderia matar todos os meus familiares, Hendrics e até os meus filhos, por uma vingança doentia que só existe em sua cabeca.Quando o homem a minha frente apertou-me com mãos mais forte, eu senti que ele se rendia, a porta foi aberta, Rachel nos viu, com ela até que não havia problemas, algumas vezes lhe peguei com namorados aqui dentro. Hendrics gemeu em minha orelha logo em seguida, após a porta ser fechada - Satisfeito? Perguntei a ele que se vestia novamente, olhou-me de lado, com um semblante de quem não tinha satisfação, e negou pondo a língua pra fora da boca. - Você
Qualquer um saberia que traição amorosa era um jogo perigoso, ao menos as descobertas, mas quantas não foram descobertas, tiveram os seus fins em sigilo? Felicidade no meu casamento nunca foi o objetivo, cada um já estava tendo o que foi acordado, nunca olhei para Olga com mesma intenções como olho para a sua irmã, o meu segundo encontro com Judhie destampou um cadeirão de desejos, que estava guardado entre lençóis e cobertores que ninguém desconfiaria.Quis eu acreditar que sim, que continuaria em segredo, cheguei ao escritório a passos lentos, andando sorrateiramente devagar, eu a queria por mais tempo, por mais e mais tempo, uma semana inteira talvez. - Ei. - Mal havia entrando quando Fernan sentado na cadeira lendo papéis chamou desta forma, apenas balançou a cabeça, rindo fraco. - O que é?Umedeceu os lábios inferiores rindo de mim. - nada, só queria ver a sua cara. - Falou deixando os papéis em suas mãos em cima da mesa, inclinou-se por completo na cadeira. - O que tem a minha
As palavras esmoeceram em meus lábios, eu queria ter qualquer desculpa para chama-la numa conversa qualquer, até chegar ao ponto desejado, me olhando de pé descalça num chão um pouco íngreme amarronzado, tudo que eu ainda visuliava era os seus pés.Oras, me senti sem jeito diante de uma mulher não fazia o meu feitio, sempre fui um homem seguro do que queria, não seria diferente com aquela mulher, mesmo que eu não quisesse nada além de saber o quanto ela sabe de nós.Já havia um bom tempo em silêncio, as palavras erravam a pronúncia antes mesmo de chegar a minha garganta. - O Senhor veio aqui para me pedir algo, é algo recado da San, ela está bem?A mulher perguntou tendo mais atitude que eu, o que não era comum, apenas assenti num confirmar com a cabeça. - Querem me ver ou algo do tipo? - Ela perguntou uma segunda vez. - Fiz algo de errado, o senhor não está ajudando ficando calado, eu não peguei nada na loja, nunca...- Acho melhor que venha ao nosso encontro, desta maneira não temos