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Na manhã seguinte Alex foi levar seu filho para escola, mas foi a professora auxiliar que recepcionou as crianças naquele dia. Alex deu uma olhadinha para dentro da sala e viu uma professora de roupas largas e cabelo preso sentada no tapete brincando com as crianças. Assim que entrou na sala Matheus entrou gritando:

- Profe Lala, eu estava com muita saudade. - Assim ele chegou até ela, que o recebeu com os braços abertos e um sorriso. Alex saiu tranquilo para o trabalho, pois sabia que seu filho ficaria bem. 

Na metade da tarde as professoras tentaram ligar para Alex várias vezes, mas ele não atendeu. Matheus estava ardendo em febre e teve uma pequena convulsão. Lauren não esperou e levou o menino a um pronto socorro para ser medicado. No horário da saída da escola, Alex apareceu no hospital.

- Profe Lala. Obrigado por ter trazido meu filho pra cá. – Alex chegou e viu que seu filho estava preso a uma medicação intravenosa e dormindo.

- Não precisa me agradecer, mas você deveria ficar mais atento ao seu telefone. Seu filho estava com mais de 40 graus de febre e convulsionou. Era sua obrigação trazer ele pra cá. - Lauren estava muito brava com ele e por isso o repreendeu.

- Eu sei disso. Mas estava em uma reunião e deixei o telefone na minha sala. Nunca imaginei que ele ficaria tão mal. - Alex estava sentindo-se culpado pelo filho e envergonhado por ser repreendido pela professora.

- Ele está com amigdalite. Logo vai melhorar. Agora tenho que ir. Preciso ir para uma aula hoje à noite. - Lauren disse pegando sua mochila.

- Você ainda estuda? Não é formada?- Alex não acreditou que a escola contrataria uma professora sem formação.

- Estou fazendo mestrado, mas vou defender minha tese muito em breve. Hoje tenho uma conversa com uma orientadora. - Lauren explicou-se olhando nos olhos de Alex, sentindo as pernas bambas.

- Mestrado? Poucos professores se arriscam.

- Sim, eu tenho algumas teorias para provar. Seu filho também é um objeto de estudo para o meu mestrado. – Lauren olhou para o relógio. – Realmente tenho que ir. Seu filho vai ficar bem. 

- Espere. – Alex parou ela quando estava saindo. – Como você trouxe meu filho pra cá? De moto?

- Não, viemos de táxi. – Ela riu da preocupação de Alex. – Eu não sou tão louca.

- Então deixe meu motorista te levar para casa.

- Eu agradeço, mas não precisa.

- Eu insisto. É o mínimo que posso fazer por você depois de você ter cuidado tão bem do meu filho.

- Está bem. Obrigada.

Lauren saiu e o motorista a levou para casa. Ela morava em um bairro próximo da universidade, num prédio de dez andares. Assim que chegou, somente trocou o material e foi para a universidade que estava perto. Nem percebeu que o motorista estava cuidando de seus passos a uma certa distância.

Assim que ela entrou na universidade ele ligou para o chefe:

- Ela mora perto da universidade e já foi para a aula. Acho que ela não estava mentindo.

- Obrigado. Tenta descobrir que curso ela está fazendo.

- Sim, senhor.

O motorista entrou na universidade e não muito tempo depois ele voltou para o carro e ligou novamente.

- Senhor, eu tenho a ficha completa dela. Você quer que eu fale resumidamente para você?

- Por favor.

- Ela começou a fazer pedagogia quando tinha dezoito anos, mas fez um ano e parou e retornou três anos mais tarde. Assim que se formou iniciou um curso de pós graduação em educação infantil de dois anos e logo depois começou esse mestrado em educação que está quase se formando. Mas, senhor, eu não sei como ela consegue pagar com o salário de professora e morar em um prédio que o aluguel custa tão caro.

- Como você sabe que ela mora de aluguel? - Alex ficou curioso.

- Perguntei para o porteiro. Ela e uma amiga dividem o apartamento.

- Obrigado, por enquanto. Você pode ir descansar.

Lauren nem desconfiou que foi investigada a sua vida acadêmica e foi para a casa logo depois da aula. Na manhã seguinte ela não precisaria ir para a escola, então poderia estudar e escrever um pouco para terminar seu trabalho acadêmico.

Aquela semana terminou e Lauren sabia que o sábado seria longo, pois além de estudar o dia todo ela tinha seu emprego noturno para dar conta. Nesse dia ela chegou antes dos clientes da boate chegarem. Ela havia preparado uma música nova para apresentar. Os clientes nem lembravam da música, muitos nem ouviam. Apenas queriam saber do rebolado.

Nessa noite a gata misteriosa dançou uma música da Beyoncé e rebolou mais do que na quarta-feira, mas não desceu do palco dessa vez. Lauren não deixou de perceber que havia um espectador especial de olho nela. Era Alex que estava na primeira fila e fez sinal de que precisava falar com ela. Mas Lauren, como gata misteriosa, fingiu não ver. Quando a música acabou ela saiu do palco e foi para o camarim.

- Lauren, ouvi aquele gato pedindo para o chefe um show particular novamente. – Camila disse enquanto olhava para ela trocando de roupa.

- Eu não posso ficar fazendo isso, sou professora do filho dele. Vai que ele descobre tudo. E pare de me chamar pelo nome, aqui eu sou somente a gata.

- Gata, tenho uma coisa para você. – O chefe entrou sorrindo.

- Fala, Evandro. Acho que já sei o que é.

- O bonitão quer mais uma dança. Só que a minha sala está uma bagunça, você vai ter que usar uma sala privada.

- Eu não vou. Não posso fazer isso. - Lauren estava decidida.

- Meu amor, isso é muito dinheiro para uma dança. Deixa de ser boba, eu já disse pra ele subir. – Evandro disse se desculpando.

- Essa vai ser a última vez. - Lauren não queria ser descoberta e sabia que Alex mexia com seus sentidos, mesmo não sabendo o porque sempre se sentia insegura e tímida perto dele. Muitos outros pais de alunos já vieram vê-la, mas ele a fazia sentir diferente.

Lauren vestiu-se e subiu para fazer o show. Alex estava sentado no fundo da sala com um copo de uísque na mão olhando para a gata quando entrou.

- Você gostou do show particular, não é? – Lauren entrou muito séria.

- E você do meu dinheiro. – Alex respondeu olhando para ela.

- Esse será o último, não vou fazer de novo. Nem pense em oferecer mais dinheiro. – Lauren colocou a música e dançou e Alex não tirou os olhos dela até terminar. Quando ela colocou a mão na porta para sair, Alex a segurou. – As normas da casa dizem que você não pode me tocar.

- Eu sei. – Alex disse virando-a para ficar de frente para ele. – Mas não consigo evitar. Você me faz sentir coisas que nem sei explicar. Estou viciado em você. – Ele estava muito próximo a ela, a boca quase encostando. A respiração de Lauren começou a ficar alterada, mesmo sentindo um desejo enorme por ele, ela tinha consciência do que não deveria fazer.

- Eu não sou uma prostituta e não vou sair com você! – Lauren disse afastando Alex com a mão.

- Mas você também me quer, senti isso quando me aproximei. – Ele não estava mentindo, ela estava atraída por ele, mas não queria se envolver.

- Não! – Assim que ela falou saiu da sala deixando Alex sozinho. Ele queria mais que uma dança. Aquela mulher misteriosa estava deixando ele louco.

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