eu não deveria estar aqui, aqui nas colinas do lado norte do castelo é de uso pessoal do alfa, para quando ele quer caçar ou ficar sozinho, eu acho um desperdício um lugar tão grande e lindo para uma pessoa só, e por sorte o alfa não se importa com esse lugar, então nem ele e nem ninguém vem aqui, somente eu e minha irmã.

Daqui da pra ver todo o povoado, o castelo, a torre sul que é onde eu moro, o rio que circunda todo o lado norte do castelo, eu poderia amar esse lugar, se pudesse chamá-lo de lar, mas desde que não consegui me curar quando tinha seis anos, logo após sofrer um pequeno acidente, meu pai virou as costas e foi embora, ele não aguentou o desgosto de ter uma filha que descende dos maiores curandeiros da história, mas não tem o dom da cura, desde então ele me trata com indiferença, as vezes ele finge que eu não existo, se não fosse pelo fato de que ele seria humilhado, acho que ele diária a todos que não sou sua filha, acho que para ele a humilhação da hipótese de ter sido traído e maior que a de ter uma filha inútil, ele não se importa Com meu sofrimento, por ele eu nem existia, e isso e o que mais me machuca.

Esta ficando tarde, e melhor voltar antes que escureça, por mais que as colinas são do uso do alfa isso não significa que lobos errantes não venham caçar aqui, e ninguém iria querer estar num ambiente em que um lobo errante está caçando.

Ao se levantar da árvore que estava escorada, Lilian percebe que o dia está ficando cada vez mais melancólico, e resolve voltar para casa com ainda mais rapidez, pois talvez Leonor esteja precisando de sua ajuda para alguma tarefa, a descida das colinas até o portão sul onde mora leva em torno de 40 minutos, mas quando está com pressa ela consegue fazer em até 25 minutos, Lilian começa a se sentir inquieta cada vez mais que vai se aproximando do portão, ela não sabe dizer, mas algo em si diz que tem alguma coisa errada, e a cada passo que ela da, essa angústia aumenta, então ela decidi apressar ainda mais o passo e chegar logo em casa, mas nada no mundo iria preparar Lilian para a cena que ela encontrou quando adentrou o pátio da torre sul.

Quando Lilian entrou no pátio todos que ali estavam olhavam para ela com desprezo, mas no fundo tinham também dó, pois sabiam que Lilian havia perdido tudo, a partir daquele momento ela realmente estaria sozinha, ao ver todas aquelas pessoas juntas Lilian sabia que algo estava errado, então correu para dentro o mais rápido possível, ao entrar se deparou com mais pessoas no corredor em direção ao consultório de seu pai, Lilian não ia ali, ela tentava ficar o mais longe possível do pai, mas dessa vez não, ela precisava saber o que estava acontecendo, ela precisava parar com essa angústia em seu peito, Lilian estava com medo e foi dando passos vagarosos até o consultório, a porta pesada de madeira estava aberta, e quando olhou para dentro o coração de Lilian parou por um momento.