A posse do Rei
A posse do Rei
Por: Bia Teixeira
Fuga

O céu aqui nas colinas é lindo, a brisa calma e refrescante me faz relaxar, Leonor e eu sempre fugimos para as colinas para aproveitarmos o sol da primavera e contemplarmos o céu, mas hoje não, hoje eu vim sozinha, Leonor ficou para ajudar o papai com os preparativos para a chegada do rei, como eu não tenho dons de cura sou uma inútil (como diz meu pai), para ajuda-lo nos afazeres da chegada do Rei.

Não que isso impeça de alguém me mandar fazer tarefas que eles mesmos não querem fazer, como limpar e lavar, e claro que em minha posição eu não precisaria fazer nada disso, mas como meu pai me abandonou a minha própria sorte após descobrir que eu não tenho dons de cura, todos me humilham e se aproveitam da minha falta de sorte para se imporem sobre mim, não que eu permita, nunca abaixei a cabeça para nenhum deles, nem mesmo quando me batem, só Eleonor fica do meu lado, ela sempre me defende e briga com todos aqueles que me maltratam, mas infelizmente ela não está por perto sempre, então as vezes eu preciso recorrer a seus dons de cura para que ela me ajude com os machucados que eles inflige a mim.

Hoje aqui nas colinas eu só queria poder fugir da minha vida, o céu está tão lindo, azul com poucas nuvens, que me dá uma sensação de paz, meu sonho um dia poder fugir com Eleonor e nunca mais voltar, mas para onde iríamos, com nosso inconfundível cabelo ruivo, seríamos reconhecidas em qualquer lugar, sem falar que ninguém me aceitaria, aceitariam Eleonor com seus dons de cura, mas eu não!

Desde que nossa mãe morreu, Eleonor que cuidou de mim, ela me contava histórias para dormir, penteava meus cabelos e diziam que a cor deles é a mais linda do mundo, ela me amparava quando eu tinha pesadelos, Eleonor não e só minha irmã mais velha, ela e tudo o que eu tenho, por isso nunca fugi daqui, por que eu tenho ela comigo, com ela eu posso suportar tudo, nossa mãe era uma excelente curandeira, alguns diziam que ela era meio bruxa também, mas Eleonor disse que é mentira, só falam isso para me machucar, ela tinha cabelos ruivos como os meus, e olhos azuis como Eleonor, não me lembro muito dela, ela morreu quando eu tinha apenas quatro anos, e desde então Eleonor com apenas seus dez anos cuidou de mim.

mamãe morreu de repente, não me lembro de muita coisa, só me lembro que ela me disse que precisava me proteger, que ele não podia me encontrar, sempre me lembrei disso, mas Eleonor dizia que era só um sonho, que mamãe nunca havia falado aquilo, papai virou uma pessoa extremamente fria após a morte da mamãe, mas com a gente ele ainda tinha algum carinho, até o dia do meu acidente, após esse dia comigo ele não tinha mais carinho nenhum, somente frieza.

Eu não entendia na época o motivo dele me tratar dessa forma, hoje eu entendo, não tem como um filho de um curandeiro não ter dons de cura, o que significa que ele acha que eu não sou filha dele, mesmo eu tendo os mesmos inconfundíveis olhos castanhos dele, ele ainda acha que eu não sou filha dele.

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