JULIE
Minha cabeça espia pela porta do quarto enquanto olho ao redor, tentando adivinhar onde seria a saída. Hesitante, subo as escadas lentamente. A Sra. Carmen de repente me vê sozinha e me lança um olhar confuso antes de marchar até mim e agarrar meu braço. – Você está louca? Eu disse para você ir embora, por que você ainda está aqui? – Eu... sinto muito não consegui encontrar a saída. – Este não é o momento para se perder. Eu suspiro quando de repente faço contato com algo duro, cambaleando para trás e caio no chão. – Merda, me desculpe. – Uma voz profunda diz acima de mim, e eu olho para cima do chão para ver um cara incrivelmente atraente, com cabelo loiro escuro e olhos azuis, que parecia ter 1,93 m. – Você está bem? – Ele pergunta, estendendo a mão. Meus olhos se movem em direção à mão estendida dele, então para o rosto bravo da Sra. Carmen. Lentamente, me levanto sozinha. O cara olha para sua mão rejeitada, com um pequeno sorriso no rosto enquanto seus olhos se movem para meu rosto. Olho para a Sra. Carmen em busca de ajuda. – Peço sinceras desculpas em nome dela, Sr. Marco, ela é nova no trabalho. – diz, curvando a cabeça levemente. Franzo as sobrancelhas diante do movimento dela e rapidamente a sigo. – Tudo bem, Angie, eu não me importo nem um pouco. – Ele sorri, olhando para mim mais uma vez antes de ir embora. Soltei um suspiro, esperando ser repreendida pela Sra. Carmen. – Fora . – Ela diz imediatamente, apontando para uma porta no final do corredor. [...] – Onde você pensa que vai, Cooper? Sinto meu corpo inteiro congelar com a voz zombeteira, rasgando meus ouvidos. – Hum...casa. – Eu digo, sem ousar me virar. Hoje era meu último dia na escola antes de ir para a Propriedade Mints. – Você não esqueceu do nosso acordo, esqueceu? – sua respiração irregular contra meu pescoço, mais perto do meu ouvido. – N..não, claro que não. – meus dedos enrolam nas alças da minha mochila enquanto olho fixamente para a parede na minha frente. – Ótimo, porque você já deve saber muito bem o que farei com você se não receber o dinheiro.– Scott suspira, movendo sua boca sob minha orelha, seus lábios nojentos tocam minha pele. Sinto lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto enquanto suas mãos tocam onde não deveriam. Senti vontade de vomitar. – P... por favor, não. – tento afastar suas mãos do meu peito, mas ele agarra minha mão com mais força de volta para baixo. – Cale a boca! — me empurra para o chão de cimento duro. Eu estava trêmula demais para impedir a queda e acabei caindo de cara no chão. Sinto o corte sob meu olho, o sangue escorrendo lentamente junto com minhas lágrimas. – Da próxima vez, você me encontra no local às 2 da manhã, entendeu, vadiazinha? – Não consigo responder. Isso o deixou bravo. – Você me ouviu, porra?! – S...s..i.s– Minhas palavras mal saíram, eu era nojenta. – Ótimo, agora vá ganhar meu dinheiro. Desde que conheci Scott, pelos últimos 5 anos, eu só usei roupas largas. Toda vez que eu não usava, eu sentia que estava apenas me tornando um alvo mais fácil, vivendo ainda mais de acordo com a maneira como ele me via, um objeto para seu próprio prazer. Scott fez questão de me lembrar disso quando tocou meu corpo. Eu estava com uma aparência horrível, e o corte abaixo do meu olho, estava sangrando, ficando roxo escuro ao redor. Pego os grandes óculos de sol velhos do meu pai, cobrindo com eles enquanto saio com minha mala de pertences. Desta vez, tento caminhar mais rápido em direção à propriedade. Chego aos portões, e quando toco a campainha, minhas lágrimas foram enxugadas. Coloquei a cara mais normal que uma garota poderia ter e entrei. Chego ao meu quarto, meus olhos vão até o bilhete na minha mesa e pego. Vista seu uniforme e me encontre na cozinha às 8 - Sra. Carmen Olho para as horas e pego rapidamente meu uniforme quando percebo que são 7h45. O uniforme era um vestido preto simples com um avental branco e uma fita amarrada em um laço nas costas. Recebi sapatilhas pretas para usar como sapatos, um crachá e tive que manter meu cabelo preso para trás. Prendo um rabo de cavalo baixo e saio do quarto, subindo as escadas, onde imaginei que ficaria a cozinha. – Senhorita Cooper, siga-me. – Ela diz, passando direto por mim. – Sobre o formulário de consentimento dos pais, eu o assinei por enquanto como responsável. – Sério? Obrigada, Sra. Carmen... – Eu ia deixar você começar na cozinha hoje à noite, mas uma das nossas faxineiras ficou doente, então você vai cuidar dos cômodos principais. – Ela interrompe minha frase, apontando para um armário. Olho para ela pedindo permissão antes de abrir a porta e encontro itens de limpeza. – Aqui está tudo o que você precisa. Eu começaria com o quarto do Sr. e da Sra. Salvatore, já que eles chegam em casa mais cedo, então você pode fazer a limpeza do quarto do Sr. Marco Salvatore. – Deixe o Sr. Augusto Salvatore por último, ele geralmente só chega em casa muito tarde, ou nunca. O cara que eu encontrei ontem deve ter sido um dos filhos. Não importa a aparência dos pais dele, definitivamente deram bons genes. – Você nunca deve estar nos quartos enquanto eles estiverem lá, então tome cuidado com o tempo que você leva. – Sim, senhora. – Quando terminar, você pode ir para a cama e descansar cedo, já que hoje é seu primeiro turno. Espero que ela não tenha ficado muito brava porque meu rosto parecia ter sido atropelado por um trem. Minhas pernas mal conseguiam subir, mas eu lutei até finalmente chegar ao último andar da casa, onde a Sra. Carmen me disse que eu encontraria todos os cômodos. Limpar o quarto do Sr. e da Sra. Salvatore não foi muito difícil, considerando que eles o deixaram bem limpo. Os cômodos eram tão grandes que demorava muito mais para limpar, e considerando meu corpo fraco, demorava ainda mais. Abro lentamente a porta do quarto de Marco, parecia um quarto normal de adolescente, sem considerar o tamanho e a extravagância dele. O número quatro estava em quase todos os itens que ele tinha. Presumi que fosse o número do seu uniforme de futebol. Eu paro enquanto olho para a parede dele cheia de fotos dele e dos amigos. As fotos foram tiradas em jogos de futebol, praias, festas, vários países diferentes e em alguns estacionamentos aleatórios. Eu não podia mentir, eu invejei a vida dele. Eu já estava esgotada, mas ainda tinha que limpar o quarto de Augusto. Por que o quarto dele ficava tão longe do resto da família? Quando vejo que não há ninguém lá dentro, suspiro, movendo os produtos de limpeza para o chão enquanto acendo a luz que era fraca, contrastando com os móveis escuros. O que havia com os ricos tendo casas inteiras como quartos? Pego uma toalha limpa e um limpador de vidros, decidindo começar com isso, já que o chão já parecia impecável. Depois de uma hora, finalmente termino o quarto e assim que chego à porta, ela se abre com força, e eu tropeço para trás quando ela quase b**e no meu rosto. Um cara vestido de preto da cabeça aos pés, com o cabelo castanho escuro e os olhos de uma cor cinza penetrante, entra. Ele parecia irritado, nem mesmo notando eu assustada no canto. Presto atenção em seus dedos e rosto ensanguentados, engolindo o nó na garganta enquanto estou prestes a me esgueirar para longe. – Você não vai me dar uma porra de uma toalha? – Ele ordena, veneno em sua voz. Meu corpo se afasta dele enquanto eu tremo e pego uma toalha limpa. Ele arranca a toalha da minha mão e sinto seu olhar aterrorizante em mim. Como esse cara poderia ser irmão do Marco? – Eu conheço você. Julie. – Ele pronuncia depois de mover os olhos para o meu crachá. Olho melhor para ele no quarto mal iluminado, tentando descobrir se já o tinha visto antes, mas mal consigo olhar em seus olhos assassinos que olhavam para meu rosto, demorando em meu olho machucado. Percebo o quão parecido ele era com o cara que tinha esbarrado em mim algumas noites atrás, o mesmo que estava fugindo dos policiais. Então, eu faço a coisa mais lógica que eu poderia fazer naquele momento. Eu rapidamente balanço minha cabeça em negação, me viro e corro para fora. Sinto medo tomar conta do meu corpo enquanto escapo do que parecia ser o covil do diabo. Ele tinha uma arma naquela noite, uma arma que podia me matar, e eu estava planejando nunca mais chegar perto de Augusto. Pelo menos eu esperava que sim.JULIE Minhas mãos roçam o tecido macio da roupa mais cara que já usei. Olho para mim mesma em pé na frente do pequeno espelho, vestida com meu novo uniforme escolar, que consistia em uma saia plissada escura, jaqueta preta justa e uma camisa social branca por baixo coberta com um laço perfeitamente dobrado. Infelizmente, meus sapatos sujos e rasgados não combinavam exatamente com a extravagância do tecido bonito, mas não me importei muito. Eles eram confortáveis, e isso era tudo o que realmente importava para mim. Eu escovo meu longo cabelo castanho, olhando para o relógio que marcava exatamente 6 da manhã. Pulando do meu assento, pego minha bolsa e meu telefone que já tinha as instruções de caminhada prontas. Era uma caminhada de 30 minutos, então tive que me preparar mais cedo, já que eu não era a mais rápida em caminhar com todos os meus ferimentos me atrasando. Eu já tinha todos os meus livros didáticos embalados na minha mochila velha. Eu esperava que o peso deles não ras
JULIE Assim que voltei da escola, troquei de roupa e vesti meu uniforme de trabalho. Pego a lista de tudo que tenho que terminar para meu turno hoje à noite na mão enquanto saio, meu cabelo já preso em um rabo de cavalo baixo. Eu me sentia esgotada, vazia. Não me lembro de nenhum pensamento sequer passando pela minha cabeça enquanto eu caminhava até o armário de limpeza, pegando tudo para limpar os quartos. A Sra. Carmen me deu a má notícia de que eu teria que continuar limpando os quartos até que a outra empregada melhorasse. Eu só esperava que nenhum deles estivesse em seus quartos. – Ei, você. – Uma voz profunda ecoa em meu ouvido e eu olho para cima, sentindo meu corpo congelar completamente quando vejo Marco caminhando em minha direção. Ele parecia estar vestido para sair com os amigos. Seu cabelo grosso estava puxado para trás e ele usava um moletom creme com calças pretas. – Um..h..oi Sr. Marco. – Eu digo nervosamente. Eu provavelmente parecia louca com meu rabo de
JULIE Eu não conseguia realmente compreender as palavras na tela do meu telefone. Eu podia vê-las, mais ou menos, através dos meus olhos que estavam lentamente se enchendo de lágrimas grossas. Eu não queria chorar, nunca quis mesmo, mas nunca consegui parar. Minhas lágrimas sempre tomaram conta de mim, era a única maneira de sentir algum tipo de alívio. Como se estivesse removendo toda a dor do meu corpo. Quando o nome de Sebastian apareceu na tela enquanto eu caminhava para a escola, pensei que estava tendo alucinações, até que passei os olhos pela linha de palavras que pareciam me aterrorizar mais do que qualquer palavra jamais me aterrorizou. Faltam 2 semanas, querida. Eu realmente não tinha opções. Se eu não desse o dinheiro ao Sebastian, minha vida acabaria instantaneamente, e eu não estava pronta para isso. Eu só sonhei em experimentar pelo menos um pouco de normalidade, por anos. Eu sabia que não havia como meu cheque cobrir os US$ 35.000 restantes da dívida da min
JULIE – Senhorita Cooper, você está 15 minutos atrasada. – A Sra. Carmen diz, com um olhar de decepção no rosto enquanto corro para a cozinha com meu uniforme. Ela me disse para encontrá-la aqui antes de começar a procurar nos quartos para me contar algo. – Peço desculpas, Sra. Carmen, uma das minhas professoras teve que falar comigo depois da aula. – Eu murmuro, meus dedos entrelaçados nervosamente. Eu odiava ter que mentir para ela, mas se ela descobrisse o verdadeiro motivo do meu atraso, eu não ficaria surpreso se fosse demitida na hora. – Quero que você ajude a servir bebidas durante o jantar hoje às 19h. Certifique-se de que os quartos também estejam limpos antes do seu turno terminar, como sempre. – Ela diz enquanto inspeciona as empregadas e os chefs que estavam preparando o jantar. Só de pensar nisso, fiquei enjoada, mas tudo que pude fazer foi concordar com as ordens da Sra. Carmen. Eu tinha algumas horas antes do jantar, então decidi limpar o quarto do Augusto pr
JULIE – O...o quê? Eu...nada. – Eu tropeço para fora, tentando evitar contato visual para que ele não notasse minha mentira. Embora fosse ruim nisso, tenho certeza de que ele já percebeu. Ele olha para trás de mim, seus olhos em Augusto e sua mãe. Assim que ele viu Augusto, sua mandíbula apertou, seu olhar queimando de raiva enquanto olhava para seu irmão. – Você quer dar uma volta comigo? – Marco me pergunta de repente, ainda olhando para seu irmão. Eu olho para cima, chocada com as palavras repentinas que saíram de sua boca. – Para...andar agora? – gaguejo, olhando para ele confusa. Era quase uma da manhã. – Sim, agora. Senão, você pode continuar espiando minha família. – diz brincando enquanto dá de ombros, virando-se enquanto caminha pelo corredor. – Por que eu iria querer fazer isso? – digo nervosamente, correndo até Marco enquanto começo a andar ao lado de sua figura alta. Ele olha para mim, uma pequena risada saindo de sua boca. Eu apenas olho para ele confusa sobr
AUGUSTO Cada coisa, cada som, cada voz, tudo era abafado pelo som dos carros esportivos acelerando ao meu redor. Meus olhos focam na estrada à minha frente enquanto ouço motores soando de cada lado. Não me incomodo em olhar para os dois filhos da puta que achavam que tinham uma chance de me vencer na única coisa que eu mais gostava. Eu sei que vou vencer, eu sempre venço. Quando a bandeirada baixa, meu pé, por instinto, pisa fundo no acelerador do Bugatti Chiron vermelho e o carro acelera pela estrada vazia. Eu podia sentir toda a raiva que eu tinha reprimido dentro de mim se liberando enquanto eu só acelerava mais. Meus olhos estavam concentrados na estrada enquanto eu deixava o som do meu carro encher meus ouvidos. Tudo passou por mim como se não fosse nada, tudo apenas se confundiu. Nada. Nem me incomodo em verificar se os outros dois motoristas estavam logo atrás de mim, eu sabia que estava muito mais à frente. Eu sabia que já tinha passado da linha de chegada, sem me preocu
JULIE Eu soube assim que o som da porta batendo e o Sr. Silas parando no meio da frase que ele estava aqui. Eu não queria acreditar, e por um momento eu tentei dizer a mim mesmA que poderia ser qualquer um, até que o Sr. Silas esmagou todas as minhas esperanças. – Sr. Salvatore, você se atrasou todos os dias deste ano, quando vai aprender? – Ele resmunga e sinto meu corpo enrijecer, minha mão no lápis não se move mais enquanto evito olhar naquela direção . Ele não responde ao Sr. Silas, apenas senta-se em sua mesa. Tento acalmar meus nervos focando apenas no Sr. Silas, que estava nos apresentando um projeto para o qual seríamos parceiros amanhã, mas não consegui evitar que minhas pernas tremessem nervosamente. Sua presença na sala me deixa aterrorizada e desconfortável. O Sr. Silas nos disse que não daria os detalhes até amanhã. Fora isso, tínhamos que terminar no fim de semana, e que era para entregar na segunda-feira, o que não era muito tempo, já que amanhã era sexta-feira
JULIE – Você não vai ficar aí o dia todo, vai? Preciso daquele bilhete de detenção, mocinha. – O mesmo professor que me deu meu primeiro bilhete de detenção diz. Eu lentamente saio do meu lugar, meus olhos grudados no chão enquanto caminho até a frente da sala de aula e entrego o pequeno papel ao homem de aparência má. Senti seu olhar queimando na lateral da minha cabeça, sentindo que minha frequência cardíaca aumenta, aperto minhas mãos suadas nas alças da mochila antes de me virar para encontrar um assento. Infelizmente, assim que me virei, os olhos cinzentos de Augusto pousaram em meu rosto, observando-me com diversão enquanto ele se recostava na cadeira. Como ele conseguiu ser detido? Rapidamente desvio o olhar enquanto começo a andar pela fileira de mesas, para longe de qualquer lugar onde Augusto estava sentado. Só quando sinto sua mão grande agarrar meu braço quando passo por sua mesa é que o pânico começa a crescer em meu peito. Tento me afastar, mas ele me segura com mui