JULIE – O que vocês dois estão fazendo aqui? – Marco repete Naquele momento, parecia que a tensão na sala tinha ficado dez vezes maior, e minha proximidade com Augusto provavelmente não estava ajudando a situação. Nunca pensei que estaria tão perto de alguém tão terrível, mas aqui estava eu, quase em seu colo. Movo meu foco para Marco, que estava parado ao lado do batente da porta, com as sobrancelhas franzidas enquanto ele olhava para Augusto e para a minha posição estranha. Fico em silêncio depois que Marco faz a pergunta. Eu estava esperando que Augusto respondesse, mas ele não parecia que diria nada com o jeito que seus olhos estavam queimando na lateral da minha cabeça. – Nada, eu só caí – eu digo, cortando o silêncio enquanto eu saio freneticamente do colo de Augusto. Eu sinto o olhar escuro dele em mim enquanto eu volto para o meu assento, tentando o meu melhor para acalmar meus nervos e me livrar do tom vermelho estampado em todas as minhas bochechas. – É quase uma da m
MARCO •Passado• – Augusto? Você ficou aí a semana toda, o que aconteceu? Você nunca mais falou comigo. – Franzo a testa, minha cabeça encostada na porta do quarto do meu irmão gêmeo. Ele a mantinha trancada, ele não costumava mantê-la trancada. Nós sempre costumávamos brincar juntos, mas agora ele estava todo chato e bravo toda vez que eu tentava falar com ele. Não sei o que fiz de errado, mas não consegui deixar de me culpar. Eu o ouvia chorando tarde da noite e ficava ali perto da porta, perguntando o que havia de errado. Certa noite, fiz meus pais invadirem o quarto para vê-lo, depois disso Augusto só ficou mais bravo comigo, e ele foi levado para uma senhora que conversava com ele sobre sabe-se lá o quê. Acho que isso o fez se sentir melhor, bom, pelo menos foi o que eu pensei, parece que ele nunca mais chorou. Não tenho certeza se isso era melhor, porque toda vez que eu o via na mesa de jantar, ou na escola, ele parecia diferente. Não uma diferença boa. No come
JULIE – Os domingos costumam ser um pouco mais difíceis, a casa precisa estar bem limpa para ficar pronta para o resto da semana. Embora, como temos empregadas extras trabalhando hoje à noite, vou deixar você sair às 8. – diz a Sra. Carmen enquanto caminha na minha frente. Isso se eu conseguir chegar até a próxima semana. Os dias só passaram mais rápido e o prazo de Sebastian só estava se aproximando. Eu estava apavorada, para dizer o mínimo. Meu primeiro cheque na semana que vem iria todo para ele. Sei que Scott me mataria por não dar metade a ele, mas ele teria que esperar um pouco mais. Se eu desse metade do meu cheque para Scott, Sebastian certamente me mataria. Eu não tinha outra opção. – Sra. Carmen, eu queria lhe contar isso, mas mudei a gelatina para um esconderijo diferente.– Eu digo, alcançando-a e caminhando ao lado dela. – E por que isso? – Ela cantarola, verificando coisas em sua prancheta. – Bem, um criminoso estava comendo, tive que mudar o esconderijo. – Eu dig
JULIE "Onde você está?" Olho para as palavras na tela, ainda confusa sobre o motivo de ele estar me enviando mensagens e como eu deveria responder. – Está tudo bem? – pergunta Marco, e eu desvio meu foco do telefone enquanto olho para ele, com um pequeno sorriso no rosto enquanto aceno com a cabeça. – Só uma mensagem. – Eu digo, mordendo o lábio nervosamente enquanto abro a mensagem e começo a digitar. Nem consigo escrever uma mensagem porque logo depois vem outra mensagem e sinto meu rosto ficar vermelho. "Venha para o meu quarto" Ele era louco? Eu respiro fundo enquanto digito uma mensagem trêmula. "Não estou em casa, desculpe." Meus dedos pairam sobre o teclado enquanto tento, hesitante, decidir se a próxima mensagem pode ser dita. Antes que eu perceba, meus pensamentos tomam conta e eu envio a mensagem, esperando ansiosamente por uma resposta. "Por que você quer que eu vá ao seu quarto?" Desligo meu telefone rapidamente e o viro para baixo, tentando acalmar meu coração
AUGUSTO – Você está tentando morrer hoje, garoto?! – O homem grita, dando outro soco em mim. Eu o deixei me bater dessa vez, querendo a dor.Um sorriso irônico surge em meu rosto enquanto olho para ele depois do soco, com a boca ensanguentada.– Vá em frente e tente.Acho que isso o deixou ainda mais bravo porque outro soco foi dado em minha direção.Eu agarro o punho dele e o chuto para o chão, dando vários socos em seu rosto fodido.– Ei, sai de cima dele! – Olho para cima e vejo mais quatro homens correndo em minha direção.– Foda-se. – Eu resmungo baixinho em aborrecimento antes de me levantar. Eu movo minhas mãos acima da minha cabeça em derrota enquanto eles me cercam.– Você tem muita coragem de estar nesta parte da cidade. – Um deles ri.Minha língua cutuca a lateral da minha bochecha enquanto perco a paciência de tanto falar.– Você fala como uma vagabunda. – Eu digo, olhando diretamente para ele. Um sorriso irônico se move para o meu rosto com o quão bravo ele parecia.Ele
Julie Respiro fundo antes de bater na porta de Augusto, minha frequência cardíaca acelerando enquanto meus nervos ficam à flor da pele. – Entre. – Sua voz grave de sempre murmura e eu mordo o lábio nervosamente enquanto abro a porta lentamente. O quarto estava mal iluminado, e eu percorri o cômodo com meus olhos até que eles pousassem em Augusto, que estava recostado no sofá, com o rosto coberto de sangue fresco. Fico ali, meus lábios entreabertos em choque ao vê-lo. Ele parecia abatido, mal. – Vo... você está todo ensanguentado. – Eu digo, segurando minhas coisas mais perto de mim enquanto fico a uma boa distância. Por boa distância eu quis dizer ficar perto da porta. – Vem aqui. – Ele diz, seus olhos me observando cuidadosamente de onde eu estava. Eu arregalo meus olhos, apontando para mim mesma, antes de perceber que eu era a única com quem ele poderia estar falando. Engolindo o nó na garganta, caminho lentamente até Augusto, parando quando estou em pé na frente de se
JULIE – Projetos na minha mesa, qualquer coisa entregue com atraso é automaticamente zerada. – O Sr. Silas resmunga enquanto marca a presença. Ele não estava exatamente de bom humor hoje, nem eu. Eu quase não dormi noite passada. Minha cabeça continuava se enchendo de pensamentos, o beijo, seu toque, a pequena distância entre nós. Era para eu esquecer tudo isso. Eu não entendia porque era tão difícil manter minha mente longe disso. Seja lá o que eu senti ontem à noite, foi diferente. Não tenho certeza do que eu estava sentindo realmente. Suspirando, olho para minha triste desculpa de projeto enquanto me levanto do meu assento. Mesmo que eu só tivesse respondido uma pergunta lá, era melhor do que nada. Estendo a mão para colocar o papel na bandeja até que Lisa me empurre com força para a frente. Ela me olha de cima a baixo com um olhar desagradável antes de voltar para seu assento. Qual era o problema dela? Ainda bem que Augusto ainda não tinha ido para a aula. Ele geralment
JULIE Fiquei sentada no banheiro por horas. Esperei até o último sinal tocar, 10 minutos depois do sinal, então quando eu saísse a escola estaria quase vazia. Ouço o clique da porta da minha baia se abrindo e saio, olhando meu rosto inchado no espelho. Eu enxugo qualquer lágrima que tenha sobrado no meu rosto antes de ir em direção à porta e empurrá-la para abri-la. Eu não tinha mais energia para me importar com minha aparência. Sinto meu estômago embrulhar ao perceber que Marco estava parado ao lado da porta o tempo todo, com as mãos nos bolsos, encostado na parede. Ando mais rápido, tentando fingir que não o vi. Eu só queria ficar sozinha. – Julie, podemos conversar? – Ele pergunta de repente, agarrando meu braço por trás. Eu paro no meio do caminho, olhando para meus sapatos. Como eu poderia falar com ele? Eu me senti como uma idiota. Em vez de dizer qualquer coisa, aceno lentamente com a cabeça, olhando para Marco, que surpreendentemente estava me olhando com um olhar pr