JULIE – Julie! Meus passos param, minhas mãos ainda pingando sangue na bandeja e minha cabeça baixa. Eu sabia quem era só pela voz. Ouvi seus pés no chão, o som de sua respiração pesada, e então lá estava ele, parado na minha frente, olhando para mim com um olhar preocupado. Não tiro os olhos do chão, apenas olho para o piso de mármore perfeitamente polido. – Merda Julie, suas mãos estão todas cortadas. – Marco suspira, pegando minhas mãos nas dele. Olho para nossas mãos juntas, quase achando engraçado. Minhas mãos imundas no filho da família mais rica da cidade. – Não... pare. – Eu sussurro baixinho, e vejo Marco me olhar confuso antes de soltar minhas mãos. – Eu não queria ficar parado ali, meus amigos vieram até mim antes que Lisa fizesse alguma coisa com você, eu não tinha ideia – diz Marco enquanto se aproxima de mim, me observando cuidadosamente enquanto eu balanço a cabeça. Lisa... O que a fez me odiar tanto? Aquela garota de cabelos loiros avermelhados parecia ter ca
JULIE – Vejo você amanhã de manhã, Sra. Carmen! – Eu digo enquanto corro escada abaixo para o meu quarto. Era quase meia-noite, a Sra. Carmen me deixou sair um pouco mais cedo esta noite, e eu tive que pegar a jaqueta que Augusto me deu depois do incidente no clube. Eu a deixei no canto do meu quarto desde então, com muito medo de devolvê-la. De qualquer forma, eu tinha que falar com ele em algum momento para terminar o projeto, e eu sabia que se eu não conseguisse terminar pelo menos parte dele hoje à noite, não conseguiríamos terminar antes de segunda-feira. Eu não poderia ser reprovada na aula do Sr. Silas por causa do Augusto, principalmente em uma escola tão boa. Hesito em devolver a jaqueta quando me lembro dele roubando minha geleia, mas afasto os pensamentos intrusivos e seguro o tecido caro em meus braços. Ainda cheirava a colônia dele, e sinto algo se agitar no meu estômago quando lembro como ele me cobriu com ela, como ele me salvou daqueles homens e mesmo assim eu ain
JULIE – Espera... Eu me viro novamente, meus olhos arregalados em choque enquanto olho para ele. – Você não vai entrar? – Ele pergunta impacientemente, me interrompendo. Olho para a porta, sentindo meus nervos à flor da pele com a ideia de estar no quarto de um cara tão tarde da noite. – Talvez devêssemos fazer isso na biblioteca. – Eu digo, esperando que ele concorde. A propriedade Mints tinha sua própria biblioteca na casa, e era gigantesca. O lugar parecia custar milhões para construir, o que tenho certeza de que não era nada para eles. Augusto suspira, saindo pela porta enquanto a fecha atrás de si e caminha em direção à biblioteca no último andar. Tento alcançá-lo enquanto ando mais rápido, mas suas pernas longas dificultam para mim e sinto que começo a perder o fôlego no ritmo rápido. Percebo que ele começa a andar mais devagar, me sentindo aliviada quando finalmente o alcanço e caminho ao seu lado, tentando recuperar o fôlego. Eu podia sentir seus olhos em mim enq
JULIE – O que vocês dois estão fazendo aqui? – Marco repete Naquele momento, parecia que a tensão na sala tinha ficado dez vezes maior, e minha proximidade com Augusto provavelmente não estava ajudando a situação. Nunca pensei que estaria tão perto de alguém tão terrível, mas aqui estava eu, quase em seu colo. Movo meu foco para Marco, que estava parado ao lado do batente da porta, com as sobrancelhas franzidas enquanto ele olhava para Augusto e para a minha posição estranha. Fico em silêncio depois que Marco faz a pergunta. Eu estava esperando que Augusto respondesse, mas ele não parecia que diria nada com o jeito que seus olhos estavam queimando na lateral da minha cabeça. – Nada, eu só caí – eu digo, cortando o silêncio enquanto eu saio freneticamente do colo de Augusto. Eu sinto o olhar escuro dele em mim enquanto eu volto para o meu assento, tentando o meu melhor para acalmar meus nervos e me livrar do tom vermelho estampado em todas as minhas bochechas. – É quase uma da m
MARCO •Passado• – Augusto? Você ficou aí a semana toda, o que aconteceu? Você nunca mais falou comigo. – Franzo a testa, minha cabeça encostada na porta do quarto do meu irmão gêmeo. Ele a mantinha trancada, ele não costumava mantê-la trancada. Nós sempre costumávamos brincar juntos, mas agora ele estava todo chato e bravo toda vez que eu tentava falar com ele. Não sei o que fiz de errado, mas não consegui deixar de me culpar. Eu o ouvia chorando tarde da noite e ficava ali perto da porta, perguntando o que havia de errado. Certa noite, fiz meus pais invadirem o quarto para vê-lo, depois disso Augusto só ficou mais bravo comigo, e ele foi levado para uma senhora que conversava com ele sobre sabe-se lá o quê. Acho que isso o fez se sentir melhor, bom, pelo menos foi o que eu pensei, parece que ele nunca mais chorou. Não tenho certeza se isso era melhor, porque toda vez que eu o via na mesa de jantar, ou na escola, ele parecia diferente. Não uma diferença boa. No come
JULIE – Os domingos costumam ser um pouco mais difíceis, a casa precisa estar bem limpa para ficar pronta para o resto da semana. Embora, como temos empregadas extras trabalhando hoje à noite, vou deixar você sair às 8. – diz a Sra. Carmen enquanto caminha na minha frente. Isso se eu conseguir chegar até a próxima semana. Os dias só passaram mais rápido e o prazo de Sebastian só estava se aproximando. Eu estava apavorada, para dizer o mínimo. Meu primeiro cheque na semana que vem iria todo para ele. Sei que Scott me mataria por não dar metade a ele, mas ele teria que esperar um pouco mais. Se eu desse metade do meu cheque para Scott, Sebastian certamente me mataria. Eu não tinha outra opção. – Sra. Carmen, eu queria lhe contar isso, mas mudei a gelatina para um esconderijo diferente.– Eu digo, alcançando-a e caminhando ao lado dela. – E por que isso? – Ela cantarola, verificando coisas em sua prancheta. – Bem, um criminoso estava comendo, tive que mudar o esconderijo. – Eu dig
JULIE "Onde você está?" Olho para as palavras na tela, ainda confusa sobre o motivo de ele estar me enviando mensagens e como eu deveria responder. – Está tudo bem? – pergunta Marco, e eu desvio meu foco do telefone enquanto olho para ele, com um pequeno sorriso no rosto enquanto aceno com a cabeça. – Só uma mensagem. – Eu digo, mordendo o lábio nervosamente enquanto abro a mensagem e começo a digitar. Nem consigo escrever uma mensagem porque logo depois vem outra mensagem e sinto meu rosto ficar vermelho. "Venha para o meu quarto" Ele era louco? Eu respiro fundo enquanto digito uma mensagem trêmula. "Não estou em casa, desculpe." Meus dedos pairam sobre o teclado enquanto tento, hesitante, decidir se a próxima mensagem pode ser dita. Antes que eu perceba, meus pensamentos tomam conta e eu envio a mensagem, esperando ansiosamente por uma resposta. "Por que você quer que eu vá ao seu quarto?" Desligo meu telefone rapidamente e o viro para baixo, tentando acalmar meu coração
AUGUSTO – Você está tentando morrer hoje, garoto?! – O homem grita, dando outro soco em mim. Eu o deixei me bater dessa vez, querendo a dor.Um sorriso irônico surge em meu rosto enquanto olho para ele depois do soco, com a boca ensanguentada.– Vá em frente e tente.Acho que isso o deixou ainda mais bravo porque outro soco foi dado em minha direção.Eu agarro o punho dele e o chuto para o chão, dando vários socos em seu rosto fodido.– Ei, sai de cima dele! – Olho para cima e vejo mais quatro homens correndo em minha direção.– Foda-se. – Eu resmungo baixinho em aborrecimento antes de me levantar. Eu movo minhas mãos acima da minha cabeça em derrota enquanto eles me cercam.– Você tem muita coragem de estar nesta parte da cidade. – Um deles ri.Minha língua cutuca a lateral da minha bochecha enquanto perco a paciência de tanto falar.– Você fala como uma vagabunda. – Eu digo, olhando diretamente para ele. Um sorriso irônico se move para o meu rosto com o quão bravo ele parecia.Ele