Enquanto isso, Viktor chegava ao subsolo de um prédio comercial, onde seus homens já o aguardavam, parados em dois grupos, como soldados.
Em silêncio, colocou as mãos nos bolsos da calça, caminhando na direção deles, e então, encarou o homem no centro, preso, com os braços amarrados para cima. Claramente havia tomado uma grande surra.O russo parou há alguns passos dele e acendeu um cigarro.- Vai falar, ou teremos que arrancar o resto dos seus dentes? - perguntou, observando o olho roxo do outro.- Eu já disse o que eu sei. - ele murmurou, com um semblante de alguém quebrado.- Onde Tiranus se esconde? - Viktor tornou a questionar, não se comovendo.O homem murmurou alguma coisa, meio desorientado, mas arregalou os olhos ao ver o russo retirando um revólver do coldre.- Isso é uma beretta, calibre 38, fabricada na Rússia… - enquanto dizia isso, Viktor dava alguns passos para trás, mirando um alvo no peito do homem.Na manhã seguinte, Viktor acordou sentindo o outro lado da cama frio. Olhou ao redor e encontrou a esposa de pé, andando de um lado para o outro, sem nunca tirar os olhos do celular.Seu rosto contorcido numa expressão de evidente preocupação.Não era a primeira vez que ele a via tão inquieta, porém, em momento nenhum, ela havia deixado escapar o que tanto a perturbava.Quando seus olhos se encontraram, ela pulou no lugar com o susto.- Bom dia! - Exclamou, abrindo um sorrisinho amarelo. - Bom dia! - Viktor respondeu, cumprimentando-a com sua voz sedutora.Se sentou na cama, gesticulando que ela se aproximasse e quando a teve perto o suficiente, a beijou, apertando sua cintura.- Por que essa expressão preocupada? - ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.Caroline retribuiu o olhar dele, pensando por um tempo, até que, enfim, decidiu desabafar ao menos um pouco dos seus problemas.- Minha família ent
Depois disso, Caroline praticamente já não conseguia dormir. Passava os dias estressada e antes que se desse conta, metade do tempo já havia se esgotado.“ Não há paz.” ela pensava consigo mesma enquanto calçava um par de scarpin branco que havia escolhido.Contudo, foi tirada de seus devaneios quando ouviu o celular tocando. O pegou e percebeu que era Eduardo, chamando-a para ir a um lugar, mas sem contar para onde iriam.Já dentro do carro, ela o via dirigindo por longos minutos, comentando apenas algumas amenidades, como o estado do tempo, como se quisesse distrair a mulher. Então, enfim, chegaram à uma pequena comunidade quase rural. As casas eram poucas e espaçadas, cada uma delas com suas cerquinhas vivas, cancelas e quintais fartos.Ele estacionou o carro em frente a uma dessas, sob a frondosa sombra de uma árvore frutífera. Respirou fundo, parecendo certo de alguma decisão, e então, voltou seus olhos à mulher.- Caroline. - disse, apertando as mãos no volante. - Eu não deveri
O último dia do prazo havia chegado. E para a sua sorte ou azar, Viktor havia viajado a negócios. Caroline olhou para o teto, sentindo seus olhos secos e suspirou, não havia conseguido dormir nada naquela noite, tamanho era seu nervosismo. Rolou na cama e vislumbrou seu único conforto: a filha, que ainda dormia. Olhou pela janela, notando que o sol mal havia nascido. Ainda era cedo. - Mamãe? - Zarina perguntou num tom arrastado e confuso. Antes que ela pudesse responder, batidas soaram na porta, fazendo-a olhar naquela direção. Abriu a porta e se deparou com Meredith. - Papai? - a pequena tornou a indagar. - Não. Meu amor, é a amiga da mamãe. - Caroline explicou, agasalhando a filha. - Você ficará com ela, tudo bem? - Mamãe vai trabalhar, igual papai? - Zafina respondeu com outra pergunta, mas pareceu tentar entender. - Pode-se dizer assim. - a mãe concordou e sorriu para a menina, beijando seus cabelos loiros. Depois dessa breve conversa, seus olhos se voltaram para a anf
Jonathan a arrastou, grosseiramente, por entre as pessoas. - Sorria, como uma boa garota! - Jonathan resmungou, olhando para a frente e sorrindo para as pessoas que passavam. Olhou em volta, procurando algum lugar por onde poderia fugir com ela e um sorriso maldoso se formou em seu rosto ao ver uma porta com a discrição: “ apenas funcionários”, e logo, começou a arrastá-la naquela direção. Caroline não abriu a boca, se mantendo quieta, mesmo que a dor em suas costas a consumisse. Encarou as pessoas que passavam, silenciosamente, tentando lhes pedir socorro, mas ninguém percebeu. Chegaram ao que parecia uma sala de máquinas, com ele praticamente a rebocando, parou, olhando ao entorno e soltou um palavrão ao perceber que havia somente uma saída. Não fosse o bastante, as luzes começaram a oscilar, até que apagaram. Caroline o ouvia chiar no escuro, soltando palavrões enquanto a agarrava pelos cabelos e ainda pressionava a faca em suas costas, quando, de repente, as luzes reacenderam,
Caroline encarou o marido nos olhos, e entreabriu os lábios, procurando pelas palavras certas, mas não conseguiu encontrá-las. O estresse, os medicamentos e o processo pós-traumático estavam sendo demais para ela naquele momento, tanto que suas pernas perderam as forças e acabou desmaiando.Viktor ao vê-la naquele estado, quase esqueceu o motivo pelo pelo qual estava tão irritado. A pegou nos braços, carregou escadaria acima, colocou na cama, e então, sentou ao seu lado,fitando aquelas roupas, que a faziam parecer uma pessoa completamente diferente.Depois de um tempo ali sentado, achou melhor sair um pouco.Enquanto seguia para o escritório, pensou consigo mesmo que, naquele momento, muitas coisas faziam sentido, confirmando que não eram somente neuroses de sua cabeça. Havia realmente alguém se passando por Meredith.Foi até o escritório, sentou-se na poltrona e serviu-se alguns copos de whisky, pensando, consigo mesmo, o que deveria fazer a partir dali. No entanto, após muito quebr
“Mas que merd*” Eduardo pensou consigo mesmo. Piscou algumas vezes, quase sem conseguir acreditar no desenrolar daquela situação, mas foi tirado de seus devaneios quando viu os paramédicos se aproximando para ajudar Caroline, deu lugar para eles passarem e, percebendo que não poderia ajudá-los, optou por se juntar à busca por Jonathan. Observou o ambiente ao redor, calculando as possíveis rotas de fuga e, intuitivamente, sentiu que o fugitivo, com certeza, subiria para a entrada restrita para funcionários, em direção ao segundo nível da plataforma. Precisava ser rápido. Se Jonathan realmente conseguisse fazer isso, nunca seria pego novamente. E de fato, estava certo, seguiu seus passos e acabou dando de cara com o fugitivo, e assim que esbarraram, o socou no estômago com bastante força. Enquanto o imobilizava, sentou-se sobre suas pernas, pressionando-o de bruços contra o chão, agarrou seu braço com força e se aproximou, sussurrando próximo
Enquanto isso, Manuela trabalhava no escritório até tarde da noite. Seu projeto de criação de uma ONG para mulheres e crianças que sofreram abusos era o que mais ocupava seu tempo, mas era a empreitada que havia escolhido para si. Encarou a tela do computador, e sorriu, sentindo o coração satisfeito com o visual do site. - Ainda aqui? - Uma voz masculina perguntou, soando por suas costas. - Estava terminando o site. - ela explicou, virando-se para encará-lo depois de pular no lugar com susto. Era uma situação desconcertante na qual ela havia se colocado por acidente, afinal, estarem sozinhos no escritório àquela hora da noite, era um prato cheio para fofocas. E para piorar, não era segredo para ninguém que ele gostava da colega de trabalho. - Já jantou? - ele perguntou, mudando de assunto. - Posso te deixar em casa, se quiser. - Obrigada, mas não. - ela respondeu, tentando não ser grosseira. - Ainda preciso fazer algumas coisas, pode
Pela manhã, os raios solares entraram por entre as frestas da janela, e iluminaram o casal abraçado, ainda adormecido. Ela apertou os olhos, se remexendo preguiçosamente e então, acordou assustada, procurando pelo celular, preocupada em estar atrasada para o trabalho. Saltou da cama, ao ver que se aproximava das 8h00 da manhã e correu para o banheiro, pegando a primeira coisa que encontrou no chão: uma camisa masculina. Contudo, sua reação acabou desencadeando uma ainda mais nervosa nele, que correu, mesmo sem roupas, para ampará-la. – Você está bem? - perguntou preocupado, claramente temendo que ela tivesse se arrependido da noite anterior. – Estou - Manoela murmurou, sem entender a aflição dele. – Estou atrasada também. Havia tomado banho às pressas e tentava escovar os dentes enquanto falava com ele. Retornou para o quarto, se vestindo ainda naquela maratona e rapidamente correu para a cozinha, preparando um rápido café da manhã.