Depois de quase surtar, se arrepender, e ter vontade de amarrar aqueles “pestinhas”, Javier finalmente conseguiu ensiná-los dois ou três golpes. Vez ou outra, via o antigo treinador passando pelo corredor, observando-os de soslaio, mas não conseguiu descobrir se estava preocupado com ele ou com as crianças.E assim, seguiu todo seu dia.Era fim da tarde e ainda não conseguia tirar a conversa com Matteo de sua cabeça, até que acabou indo visitar o rapaz ainda em coma, tendo que se apressar para não perder o horário de visitas.Sentou ao lado da cama e soltou um suspiro.– Você realmente se jogou? Perguntou em tom lúgubre.E obviamente não teve resposta. Esfregou as têmporas, sentindo o estômago revirando e pensou consigo mesmo que àquela altura, a polícia já estaria perdendo o interesse. Porém, foi tirado de seus devaneios quando ouviu a porta se abrindo às suas costas. Olhou por sobre o ombro e viu Allen.– Javier?! Exclamou o recém-chegado em tom de questionamento, parecia surp
Manoela disse a si mesma que esqueceria o antigo namorado e de certo modo, conseguiu tirá-lo de seus pensamentos quando o irmão foi preso, acusado por envolvimento no sequestro de Hellen. Desde então, dois anos haviam se passado e estava fazendo de tudo para tentar ajudá-lo, enveredando pelos estudos na área do direito.Naquele dia, havia passado boa parte da manhã migrando por cartórios e tribunais, procurando as documentações necessárias para adicionar aos habeas corpus do advogado nomeado que, ao seu ver, só estava trabalhando devido à sua insistência.Para sua felicidade quando um professor se compadeceu de sua situação e decidiu instruí-la, acreditando que fosse um caso de preconceito racial por serem descendentes de mexicanos.Quando chegou em casa, encarou a mala já pronta.– Como foi no cartório? Perguntou a colega de quarto enrolada numa toalha enquanto secava os cabelos.– Consegui os documentos, agora só resta esperar… – Manoel
Não houve recaída, apesar de quererem. Trocaram algumas poucas palavras, conversando sobre o que tinham feito nos últimos anos, mesmo que mantivessem alguns detalhes apenas para si, e então, seguiram seus próprios caminhos. Quando Manoela chegou ao quiosque, encontrou a amiga bebendo um drink colorido, e ao vê-la, acenou alegremente, chamando-a para perto. – Quem era aquele gato com você? Monica perguntou com uma expressão cheia de interesse, adorava uma fofoca. – Encontrou uma paquera? – Era só um antigo conhecido… – Manoela respondeu ainda impactada pelo reencontro, esfregou as mãos no rosto e tornou a olhar para a amiga. – Desculpe, mas acho que preciso descansar. Não se sentia uma boa companhia naquele momento. – O que aconteceu, você tá bem? Mônica se apressou em perguntar, seu rosto esboçando um semblante de urgência. – Eu vou com você. – Não. Fique e se divirta… – Manoela respondeu, se esforçando para sorrir. – Não se preocupe comigo, só maneire no álcool e use proteção.
Depois daquele momento confortável, Manoela ainda passou alguns dias naquele pedaço do paraíso, chegando a quase esquecer de todos os problemas que tanto tumultuava seus pensamentos. No último dia, quando estava prestes a deixar o vilarejo, aproveitou o clima ensolarado para fazer um passeio final, porém, para a sua surpresa, se deparou com a menina que havia visto na noite do primeiro dia. Olhando-a na claridade, parecia ainda mais jovem. – Você está bem? Perguntou preocupada, enquanto se aproximava. Ela, de início, aparentou estar confusa, como se não reconhecesse a outra, porém, assim que seus olhos se encontraram - pareceu lembrar de toda a situação durante o festival -, e foi quando arregalou os olhos, assombrada. Olhou ao redor, como se procurasse por alguém e então, voltou a olhar para a mulher, com uma expressão de urgência. – A senhora não deveria estar mais aqui… – Ela murmurou alarmada, agarrando a blusa da mulher. – Precisa ir embora. – Porque? Você está sendo persegu
Para Caroline, o tempo passou estranhamente rápido, e pela primeira vez, sabia como era o sentimento de ter uma família. Assim como prometera, o pai de Viktor estava cuidando dos negócios e da proteção de todos, enquanto a esposa e filhas, se encarregaram da ruiva e da pequena herdeira.Como era normal ao povo russo, eles não costumavam demonstrar muita afeição, porém, todo o cuidado mostrava o quanto se importavam.Para a sua felicidade, Viktor havia sobrevivido à cirurgia, porém, mantinha-se longe da família durante toda a recuperação - somente o pai podia vê-lo – então, restava à esposa somente ouvir, raras vezes, sua voz ao telefone.E assim, estava seguindo sua nova vida.Naquele fim de tarde, sentou-se numa das espreguiçadeiras do jardim, aproveitando para tomar os últimos raios de sol junto à filha. Enquanto a observava testar alguns passinhos, tentando pegar uma borboleta - sempre sendo seguida pelos dois grandes cachorros -, pegou o celul
Quando o dia amanheceu, Caroline acordou sentindo os braços do marido ao redor de seu corpo, segurando-a de forma protetora, sorriu feliz e virou-se para abraçá-lo, enfiando o rosto em seu peito másculo. Ele retribuiu o carinho mesmo que, aparentemente, ainda estivesse dormindo.Para ela, era um alívio apenas poder ouvir sua respiração.Ainda ficaram um tempo, apenas aproveitando a companhia um do outro, até que realmente acordassem. Viktor foi o primeiro. Sentou-se na cama, bocejando enquanto alongava os braços sobre a cabeça, depois de um tempo, virou-se para a esposa e inclinou-se para beijar suas costas desnudas.– Bom dia! Ela murmurou, ainda sonolenta, mas fez um esforço para se sentar na cama também. – Hum… vai trabalhar agora pela manhã?– Sim. Tenho uma reunião… – Ele explicou, beijando os lábios alheios. Se levantou, sendo seguido pela esposa e então, ambos entraram na ducha, aproveitando para se amar mais uma vez. Depois, fize
Eduardo ouviu as palavras desesperadas da mulher, ainda tentou acalmá-la, mas não teve sucesso, e para piorar a ligação acabou caindo. Pensou consigo mesmo, e achou melhor não retornar a chamada, ao invés disso, aproveitou para ler as mensagens que ela havia enviado.Não era um número pré-pago, então poderia descobrir a localização.“Ora, você não é tão inteligente, senhor stalker…” Pensou consigo mesmo, notando que o criminoso não teve tal cuidado, o que geralmente acontecia em casos assim.Soltou um suspiro, e então, seus olhos se voltaram à irmã que cortava alguns legumes para o jantar. Apesar de tanto tentar mantê-la longe de seus problemas, depois do que aconteceu, havia percebido que tê-la por perto era a melhor forma de protegê-la.E, felizmente, para ela, ajudar nos afazeres da casa e cuidar da sobrinha, estava sendo uma forma de se recuperar dos traumas daquela noite horrível.Contudo, foi tirado de seus devaneios quando ouviu o
Era tarde da noite e Eduardo acelerava sua moto pela rodovia, mesmo que sua visão estivesse um tanto embaçada por conta da chuva forte, que mais parecia um vendaval. Enquanto ‘costurava’ por entre os carros, seu corpo se enchia de adrenalina, fazendo-o aumentar ainda mais a velocidade. Contudo, qual foi seu susto quando, de repente, um vulto surgiu à sua frente, obrigando-o a frear bruscamente, o que quase o fez perder o controle da moto. Quando conseguiu estacionar, desceu do veículo, retirou o capacete e, furioso, começou a desferir todo tipo de xingamentos contra a pessoa que quase causou um acidente.– Mas que porr* você ‘tá’ fazendo no meio da pista? Gritou a pergunta enquanto caminhava na direção do vulto.E teria continuado seu monólogo, se não tivesse percebido que, na verdade, era uma mulher, agora parada na chuva. A observou sob a pouca iluminação dos postes noturnos e pode ver que seus cabelos eram ruivos, tinha a pele alva, vestia um vestido c