Havia apenas escuridão por um tempo, até que Caroline abriu os olhos lentamente e se deparou com o céu azul sobre sua cabeça. Olhou ao redor, percebendo que estava no meio de um campo de flores brancas e quando passou a mão por elas, sentiu o que pareciam ser minúsculos dedos. Voltou-se naquela direção e então, a viu. Era uma menininha de grandes olhos bicolores, usava um vestido branco de algodão e seus cabelos loiros acinzentados estavam cortados de franjinha e na altura dos ombros. “Como você cresceu tanto, minha menininha?” Se perguntou, puxando-a para seus braços, acariciou seu rosto e sorriu lembrando-se de como ela não tinha sobrancelhas nem cílios antes.De repente, um choro de bebê chamou a sua atenção. Olhou em volta, procurando-o, e então, se levantou levando seu próprio bebê consigo. Seguiu por uma vereda, pensando consigo mesma o quanto aquilo parecia um conto de fadas, até que se deparou com um espelho de moldura antiga.Sua imagem começou a refletir, como se emergisse
Viktor ainda não sabia, mas longe dali, a polícia encontrava um helicóptero abandonado onde um corpo, já em decomposição, jazia dentro, e que logo, seria descoberto se tratar de Nero que havia sucumbido aos tiros. Era um acontecimento estranho, então, Eliot rapidamente foi informado, mesmo que, aparentemente, aquilo nada tivesse a ver com seu caso de tráfico. No IML, enquanto esperava os resultados dos exames de identificação, ouviu sobre o prédio destruído pelas chamas após um tiroteio, mas o que realmente o interessou foi a moça desaparecida que havia ressurgido de repente.Sentindo que estava diante de uma pista quente, acompanhou os agentes da polícia de desaparecidos, os mesmos que havia encontrado antes no restaurante, e não precisou de muito para perceber que já tinham uma opinião formada sobre a moça.Entraram no quarto hospitalar, e Eliot continuou apenas observando.– Certo, precisamos te fazer algumas perguntas… – A policial feminina explicou gentilmente enquanto fazia ano
Atenção!!Este capítulo possui descrição de overdose, drogas e prostituição, prossiga com cuidado. Depois de todo aquele alvoroço, Javier sentiu que precisava beber. Desligou o celular, pegou algumas garrafas de whisky e se trancou no escritório do avô, tudo que mais queria naquele momento era encher a cara sozinho. Quando já estava meio bêbado, ouviu a porta se abrindo, olhou naquela direção, meio embriagado, e então, notou que era Benjamin.– Isso me lembra o passado… – Murmurou o ruivo mais velho, esboçando um sorriso sínico no rosto. – Não se preocupe, não vou contar para o tio.Fez uma pausa, mexendo nos quadros da parede e então, tornou a olhar para o primo, como se acabasse de ter ter uma ideia interessante.– “tô” indo pra uma festa agora… – Contou, como quem não quer nada, mas logo fixou os olhos no mais novo, esperando uma resposta. – Porque não me vem comigo?Javier o encarou por um tempo, claramente fora da realidade, mas acabou aceitando com um menear de cabeça. Entrou
Depois de quase surtar, se arrepender, e ter vontade de amarrar aqueles “pestinhas”, Javier finalmente conseguiu ensiná-los dois ou três golpes. Vez ou outra, via o antigo treinador passando pelo corredor, observando-os de soslaio, mas não conseguiu descobrir se estava preocupado com ele ou com as crianças.E assim, seguiu todo seu dia.Era fim da tarde e ainda não conseguia tirar a conversa com Matteo de sua cabeça, até que acabou indo visitar o rapaz ainda em coma, tendo que se apressar para não perder o horário de visitas.Sentou ao lado da cama e soltou um suspiro.– Você realmente se jogou? Perguntou em tom lúgubre.E obviamente não teve resposta. Esfregou as têmporas, sentindo o estômago revirando e pensou consigo mesmo que àquela altura, a polícia já estaria perdendo o interesse. Porém, foi tirado de seus devaneios quando ouviu a porta se abrindo às suas costas. Olhou por sobre o ombro e viu Allen.– Javier?! Exclamou o recém-chegado em tom de questionamento, parecia surp
Manoela disse a si mesma que esqueceria o antigo namorado e de certo modo, conseguiu tirá-lo de seus pensamentos quando o irmão foi preso, acusado por envolvimento no sequestro de Hellen. Desde então, dois anos haviam se passado e estava fazendo de tudo para tentar ajudá-lo, enveredando pelos estudos na área do direito.Naquele dia, havia passado boa parte da manhã migrando por cartórios e tribunais, procurando as documentações necessárias para adicionar aos habeas corpus do advogado nomeado que, ao seu ver, só estava trabalhando devido à sua insistência.Para sua felicidade quando um professor se compadeceu de sua situação e decidiu instruí-la, acreditando que fosse um caso de preconceito racial por serem descendentes de mexicanos.Quando chegou em casa, encarou a mala já pronta.– Como foi no cartório? Perguntou a colega de quarto enrolada numa toalha enquanto secava os cabelos.– Consegui os documentos, agora só resta esperar… – Manoel
Não houve recaída, apesar de quererem. Trocaram algumas poucas palavras, conversando sobre o que tinham feito nos últimos anos, mesmo que mantivessem alguns detalhes apenas para si, e então, seguiram seus próprios caminhos. Quando Manoela chegou ao quiosque, encontrou a amiga bebendo um drink colorido, e ao vê-la, acenou alegremente, chamando-a para perto. – Quem era aquele gato com você? Monica perguntou com uma expressão cheia de interesse, adorava uma fofoca. – Encontrou uma paquera? – Era só um antigo conhecido… – Manoela respondeu ainda impactada pelo reencontro, esfregou as mãos no rosto e tornou a olhar para a amiga. – Desculpe, mas acho que preciso descansar. Não se sentia uma boa companhia naquele momento. – O que aconteceu, você tá bem? Mônica se apressou em perguntar, seu rosto esboçando um semblante de urgência. – Eu vou com você. – Não. Fique e se divirta… – Manoela respondeu, se esforçando para sorrir. – Não se preocupe comigo, só maneire no álcool e use proteção.
Depois daquele momento confortável, Manoela ainda passou alguns dias naquele pedaço do paraíso, chegando a quase esquecer de todos os problemas que tanto tumultuava seus pensamentos. No último dia, quando estava prestes a deixar o vilarejo, aproveitou o clima ensolarado para fazer um passeio final, porém, para a sua surpresa, se deparou com a menina que havia visto na noite do primeiro dia. Olhando-a na claridade, parecia ainda mais jovem. – Você está bem? Perguntou preocupada, enquanto se aproximava. Ela, de início, aparentou estar confusa, como se não reconhecesse a outra, porém, assim que seus olhos se encontraram - pareceu lembrar de toda a situação durante o festival -, e foi quando arregalou os olhos, assombrada. Olhou ao redor, como se procurasse por alguém e então, voltou a olhar para a mulher, com uma expressão de urgência. – A senhora não deveria estar mais aqui… – Ela murmurou alarmada, agarrando a blusa da mulher. – Precisa ir embora. – Porque? Você está sendo persegu
Para Caroline, o tempo passou estranhamente rápido, e pela primeira vez, sabia como era o sentimento de ter uma família. Assim como prometera, o pai de Viktor estava cuidando dos negócios e da proteção de todos, enquanto a esposa e filhas, se encarregaram da ruiva e da pequena herdeira.Como era normal ao povo russo, eles não costumavam demonstrar muita afeição, porém, todo o cuidado mostrava o quanto se importavam.Para a sua felicidade, Viktor havia sobrevivido à cirurgia, porém, mantinha-se longe da família durante toda a recuperação - somente o pai podia vê-lo – então, restava à esposa somente ouvir, raras vezes, sua voz ao telefone.E assim, estava seguindo sua nova vida.Naquele fim de tarde, sentou-se numa das espreguiçadeiras do jardim, aproveitando para tomar os últimos raios de sol junto à filha. Enquanto a observava testar alguns passinhos, tentando pegar uma borboleta - sempre sendo seguida pelos dois grandes cachorros -, pegou o celul