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Phillip

Estou na fila da cafeteria, esperando minha vez de ser atendido. Quando chega, percebo que não é a garota de ontem, mas sim uma loira diferente. Faço meu pedido e aguardo o café ficar pronto. A moça me entrega o café e eu pago, virando para a porta. Olho para o lado e vejo a garota de ontem trabalhando como garçonete, servindo mesas. Ela olha para mim brevemente antes de voltar ao trabalho. Eu simplesmente saio do estabelecimento e vou para a empresa.

Ainda não contratei uma secretária. Nenhuma delas tem o que eu preciso. Algumas são ingênuas demais, outras passam metade do tempo flertando comigo, e as outras tremem de medo só de eu dizer bom dia. Acho que vou acabar desistindo.

"Bom dia," digo ao passar pela mesa do secretário do meu irmão, Eliot, que ajusta os óculos tortos.

Aceno com a cabeça e entro na minha sala, jogando a pasta no sofá e me afundando na cadeira. Penso no tanto de trabalho que tenho pela frente hoje. Depois de quase quatro anos afastado, muitas coisas ficaram pendentes. Perdi clientes e contratos com outras empresas pela minha ausência, mas isso não me importava até meu pai ameaçar tirar tudo de mim e me dar um choque de realidade sobre não poder ficar para sempre bebendo e dormindo em casa. Falando em meu pai...

"Bom dia, meu filho lindo," meu pai abre a porta com um sorriso.

"Oi, pai," cumprimento, erguendo a cabeça para olhá-lo. "Como posso ajudar?"

"Só queria saber como você está. Parece que nem lembra mais dos seus pais. Sua mãe está prestes a botar um ovo lá em casa porque você não vai visitar a gente," ele brinca, sentando-se na cadeira em frente à minha mesa.

"Vou tentar passar lá esta semana," respondo.

"Que bom que voltou ao trabalho. Vai te fazer bem se distrair um pouco," ele diz piscando para mim. "Nada como um empurrãozinho, não é mesmo?"

"Você fala isso como se não tivesse me ameaçado," comento.

"Nada demais. Agora vou dar uma passada na sala do seu irmão. Fica bem, viu?" Ele se despede e fecha a porta.

Finalmente sozinho novamente, não sou fã de barulho. Gosto de silêncio. Abro meu computador para responder alguns e-mails, mas acabo desviando o olhar para um quadro em cima da mesa. Era uma foto de Hilary, tirada durante um picnic. Ela estava distraída, olhando para um grupo de crianças. Balanço a cabeça para afastar a lembrança e deito o quadro.

Amberly

Era mais um dia corrido na lanchonete. Já passava das 17:00 e eu estava aliviada por estar quase no fim do expediente. Mas toda a minha felicidade desapareceu quando vi Moore entrando pela porta. Ele se sentou à mesa e me chamou para atendê-lo. Olhei ao redor, esperando que Linda ou alguém aparecesse para ir ao seu lugar, mas só vi meu chefe na porta, apontando para ele.

Vou até a mesa com todo o ódio acumulado.

"O que você vai querer?" pergunto, firme, pegando o bloquinho para anotar.

"Bom dia, docinho. Você sabe o que eu gosto," ele sorri de forma nojenta.

"Ok," respondo secamente, virando-me para pegar a torta de carne e a Coca-Cola que ele sempre pede. Não vou mentir, uma vez cuspi na bebida de ódio. Se ele continuar, talvez eu coloque veneno.

"Ainda não vai," ele me interrompe, segurando meu pulso. "Queria te fazer um convite."

"Não, obrigada," digo, puxando meu pulso. Ele segura de novo.

"Eu sei que logo esse seu charme vai acabar e você vai ceder, docinho. Vai ver o que tem perdido," ele sorri, abaixando a mão até minha coxa. Me afasto.

"Não encosta em mim. Já disse que não quero nada com você. Me deixa em paz e vai atrás de outra para encher o saco," respondo, saindo sem paciência.

Cansei desse emprego. Não aguento mais. Todo dia é assim, além de receber meu salário atrasado e às vezes pela metade. Estou no meu limite. Vou para a sala de Thomson nos fundos.

"Precisamos conversar," entro na sala.

"Precisamos mesmo. Começando por: não entre sem bater na porta. Entendeu?" ele diz.

"Eu me demito," coloco o crachá na mesa dele. Ele me olha sem expressão.

"Já falei mais de dez vezes sobre Moore e você não faz nada. Meu pagamento está um mês atrasado. Não tenho mais paciência. Amanhã passo para acertar as coisas," informo.

"Tudo bem. Foi bom tê-la aqui," ele responde com a expressão mais falsa.

Dou um sorrisinho e saio da sala. Pego minhas coisas no armário e troco de roupa no banheiro. Se tivesse meu carro, não me importaria de ir assim, mas vim de ônibus hoje. Liza pediu o carro porque tinha um julgamento do outro lado da cidade.

Depois de trocar de roupa, deixo o uniforme sobre um banquinho, saio da cafeteria e pego meu celular para verificar as horas. Já são 19:00 e está completamente escuro. Coloco o celular na bolsa e rezo para não ser assaltada a caminho do ponto de ônibus.

Dou o primeiro passo em direção ao ponto quando tudo fica escuro. A cidade toda apagou. Não enxergo nada. Meto a mão na bolsa para pegar meu celular. Consigo segurá-lo, mas antes de ligar a lanterna, alguém me b**e e eu caio de bunda no chão. Quando ligo a luz, vejo a pessoa segurando a lanterna do celular na minha cara.

Meu dia não poderia estar melhor.

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