Quando pensei que os problemas estavam perto de serem resolvidos, toda a minha investigação indicava que o culpado pelos sumiços dos meus lobos era o ex de minha companheira. Mas, para minha total desgraça, o que eu pensava ser algo que já seria difícil de resolver apenas piorou cem vezes mais. Nunca, em toda a minha vida, eu pensaria que quem estava por trás de todos os raptos que aconteceram em minha alcateia seria obra de vampiros. Só ouvi falar em vampiros uma vez na minha vida; era como um conto de carochinha. E, para quem não sabe, conto de carochinha é uma história que é contada com tanto detalhe que levamos a crer que é verdadeira e pode até mesmo nos emocionar de tão perfeita que ela é contada. Assim era como eu acreditava nas histórias de vampiros: apenas um conto que era narrado com tanto detalhe que parecia real.A mordida no pescoço de Rosana deixou clara a existência dos sanguessugas. Em seu pescoço, havia marcas de presas; ela estava pálida, como se tivesse perdido meta
Ser rejeitado dói, rasga a alma em duas, transforma a pouca dignidade que você tem em pó. Era assim que eu estava me sentindo ao ser rejeitado por Tamara. Descobrir a verdade escondida sobre a morte da minha ex-companheira não diminuiu meu desejo de vingança; descobrir que Tamara não teve nada a ver com a morte de Sabrina só aumentou ainda mais meu desejo de sangue. Naquele dia, fiz uma promessa de que encontraria o homem que me fez acreditar que ela era a culpada e arrancaria a língua dele, para que ele nunca mais inventasse uma mentira sobre uma pessoa, colocando a vida dela em perigo.No dia em que Tamara terminou tudo comigo, uma loucura tomou conta do meu ser. Eu queria poder matar alguém e descontar toda a minha raiva; entretanto, não podia ser qualquer pessoa, tinha que ser alguém que merecesse a minha raiva. E quem mais poderia ser do que o atual companheiro de Tamara? A minha vontade era de tê-lo à minha frente para eu poder estraçalhar o corpo dele, membro por membro. Porém,
— Sinto muito, Ian, mas não tenho mais permissão para falar sobre ela com você. — Rosana só podia estar de brincadeira comigo; ela iria me falar, sim, onde Tamara estava, nem que para isso eu tivesse que arrancar dela.Nunca aceitaria essa resposta de Rosana. Saí da casa de Tamara e fui para a casa de Rosana; ela iria me dizer o que eu queria, e eu tinha muitos meios para conseguir o que eu queria. Bati à sua porta, e ela abriu em menos de um minuto. Esse era um dos maiores erros dos humanos: eles abriam a porta sem saber quem estava batendo.— Ian? — Ela olhou para fora, como se estivesse procurando alguém, mas, ao perceber que não havia mais ninguém além de mim, seu olhar voltou-se para mim.— Está esperando alguém? — Rosana negou.— O que você veio fazer aqui? Você nem me avisou que viria.— Você sabe muito bem o motivo que me trouxe aqui. Quero que você me diga onde posso encontrar Tamara.— Ian, eu já disse que não tenho mais permissão para falar sobre Tamara com você. — Ela me d
Senti muita raiva ao ver o corpo dos meus amigos sendo tirados do carro de Ian. Os dois estavam inconscientes, e isso me deixou ainda mais revoltada. O sentimento de ódio que senti naquele momento foi tão forte que me deu vontade de arrancar o pescoço de Ian. A sorte dele é que fui detida pela voz do meu pai, que disse que Ian não tinha culpa por minha amiga estar desacordada, pois no pescoço dela havia marcas de mordida que indicavam que eles foram atacados por vampiros.O que meu pai falou deixou muitos sem acreditar que fosse verdade. Muitos de nós, lobos, desacreditavam na existência de vampiros, pois nunca vimos um pessoalmente. Na verdade, eu não estava dando a mínima para a existência desses seres que só vivem à base de sangue humano. O que me deixava fora de controle era ver meus únicos amigos sendo carregados inconscientes nos braços de pessoas que eles nem mesmo conheciam.— Levem Luís e Rosana para dentro e coloquem-nos em um dos quartos dos hóspedes. — Pediu Jonathan a um
Após a reunião no meu escritório, todos saíram, deixando apenas eu e meu pai. Ficamos tentando elaborar um plano para pôr um fim nos vampiros e conseguir trazer nossos lobos desaparecidos de volta para nossas alcateias. Papai me contou mais ou menos como foi o ataque de minha avó aos vampiros no passado e como ele conseguiu ter êxito. — Não foi bem um êxito, meu filho, pois muitos perderam a vida nessa guerra. Só não sei como esses vampiros conseguiram sobreviver, pois meu pai contou que não tinha sobrado nenhum deles. — E o senhor sabe explicar o motivo para tal extermínio? Qual foi o motivo de meus avós se juntarem com outros lobos e exterminá-los? — Eles não tinham pudor, matavam qualquer um que aparecesse à sua frente. Teve um deles que matou em um lugar cheio de humanos, e quando cansaram dos humanos, eles vieram atrás da nossa raça. Os que sumiram esses dias não eram nada comparados com os que desapareceram na época do seu avô. — Papai contou tudo o que ele sabia sobre os v
Estava muito preocupada com meus amigos; não saí de perto deles por nenhum segundo. Tinha medo de Rosana despertar e eu não estar ao seu lado. Sei que será um grande baque para ela quando descobrir que foi feita de presa por um ser sobrenatural em que ela nem mesmo acreditava. Jonathan também dormiu no mesmo quarto que eu, pois, segundo ele, não iria conseguir dormir sem me ter ao seu lado. Então, dormimos em uma poltrona que havia no quarto, um agarrado ao outro. No meio da madrugada, ouvi um barulho de gemido e me levantei da poltrona com cuidado para não acordar Jonathan; os últimos dias tinham sido muito puxados para ele. Caminhei em direção à cama para ver se algum dos meus amigos tinha acordado e foi quando vi Luís sentado, olhando com um olhar de pesar para Rosana.— Oi! — Sentei ao seu lado na cama. Luís virou o rosto em minha direção.— Você me pediu para protegê-la, mas eu não fui capaz. — A dor era visível em seus olhos.— Ei. — Toquei sua mão. — Você não teve culpa de nada
Tamara, graças a Deus, estava bem ocupada com sua amiga. No primeiro dia de Rosana em nossa alcateia, Tamara ficou pouco ao lado dela, pois queria que Rosana e Luís tivessem um momento a sós. Já no segundo dia, minha companheira grudou em sua amiga; ela fez um tour pela alcateia, mostrando tudo para Rosana. Achei incrível a forma como uma se relacionava com a outra; parecia que se conheciam há muitos anos. Tamara sorria fácil com Rosana; ela parecia até esquecer de tudo que estava acontecendo ao seu redor, e isso era tudo que eu queria: vê-la feliz e esquecendo dos problemas. Não precisava ter Tamara envolvida em qualquer assunto que envolvesse os vampiros ou até mesmo seu ex-namorado, o tal de Ian. E por lembrar de Ian, estamos tentando contato com ele, mas não conseguimos; ele ficou incomunicável. O pior é que não podia mandar nenhum dos meus guardas atrás dele, pois eles poderiam não retornar.Passei um dia trancado no meu escritório com meu pai e meu sogro. Tulio e Eliot também es
Meus dias estavam maravilhosos. Ter minha amiga vivendo ao meu lado na alcateia, após ela despertar, permitiu que ela e Luís pudessem curtir a companhia um do outro, e esse momento serviu para aproximá-los ainda mais. O que Rosana me contou é que eles conversaram muito e resolveram tentar um relacionamento. Claro que Luís lhe disse que, se um dia ele achasse que era tudo complicado demais para ela, minha amiga poderia escolher deixá-lo para trás. — Sabe, Tamara, às vezes eu fico sem entender. — Ela sentou ao meu lado. — Como ele pode achar que algum dia eu iria deixá-lo para trás? Amiga, eu o amo; nunca amei ninguém da forma que eu o amo. — Pelo pouco que conheço de Luís, ele já sofreu muito, e creio que ele tem medo de se apegar demais e perder a pessoa amada. — Ele já me contou, por alto, sobre a irmã dele. Ele também me contou que sempre viu ela em você. — Sabe, Rosana, antes de te conhecer, Luís salvou minha vida. Não sei se cheguei a comentar contigo, mas Luís passou por cima