DARKTinha vezes que meus sonhos me levavam para um mundo obscuro onde não importava quem era inocente ou não. Gostava de pensar que minha psicopatia era controlada, direcionada a quem merecia.Depois de sofrer tanto na infância, de ser tratada como um lixo e ser usada como uma boneca por um homem sem moral, criei um desejo de vingança que não parava com a sua morte. Esse fogo ainda vivia em mim e por isso eu gostava tanto de punir.Lorenzo me dava um desafio sempre que nos víamos. Tanto me pedindo para não chamar atenção, não torturar, quanto por sua sedução.Meu corpo era fraco quando desejava uma pessoa. Isso, na verdade, nunca aconteceu. Talvez fosse porque eu estava em outro estado e situação. Sempre fui como um lobo solitário. Não tinha amigos, não gostava de ficar em família e não queria me relacionar com mais ninguém além de mim mesma.Gosto da minha família, mas sempre optei por manter distância. Minha mãe se culpa até hoje pelo ocorrido. Por muitos anos eu também a culpei. M
DarkEm outro momento eu a bateria, tão forte que o faria se arrepender de ter me provocando com a sua desconfiança.As portas foram fechadas, ninguém saía ou entrava, e uma movimentação estranha se aproximava. Era ela. Amanda e seus seguranças. Afastei-me do centro para observa-la a distância, porém, meu observador não me deixava quieta. Senti-me tão frustrada que procurei um lugar para respirar e como o salão era fechado, me restava o banheiro feminino.Passei pelas pessoas chiques e bem acompanhadas, desejando não estar nesse lugar. Mesmo me recusando a ser uma das pessoas que o Mitolli controlava, era exatamente isso que estava acontecendo. Maldito Mitolli.Algumas mulheres retocavam o batom em frente ao espelho, quando entrei. Elas me olharam com surpresa e desconfiança. Se entreolharam e terminaram de se arrumar, saindo do lugar.Por que estou assim, só por tê-lo visto aqui?É loucura, só pode ser uma brincadeira de mau gosto que meu cérebro está me fazendo.Passos se aproximara
LORENZOEu não fazia ideia do que estava acontecendo comigo, só o que se passava em minha cabeça era que Dark não podia ir.Sim, da última vez fui frio e duro, ela era uma assassina, estava aqui por conta de um acordo que beneficiaria nós dois, e era uma mulher sem sentimentos, bem, era isso que eu pensava.A verdade era que desde aquele dia, eu não conseguia tirar a diaba da minha cabeça. Seu perfume, olhos de fogo e aquela pele macia e receptiva. Ela estava nos meus sonhos, nos meus pensamentos e até nos lugares onde ia. Isso era uma merda, uma verdadeira merda, pois a mulher não era qualquer uma, ela era a Dark, uma diaba assassina sem sentimentos e que poderia me matar.Agora, depois de ouvi-la falar que iria embora, a minha única atitude era deixa-la ir, mas eu não faria isso, Dark não me deixaria desse jeito, nem que eu tenha que prendê-la.— O que você quer, Dark? — Perguntei novamente me aproximando. O sentimento que queimava no meu peito era o mesmo que estava dentro dela. Ér
DARKQue merda estou fazendo?Passei a noite acordada, pensando na conversa confusa e estranha que tive com Lorenzo. Estava pronta para ir embora, deixar essa loucura para trás e sobreviver, assim como sempre fazia. Então, do nada, o homem que não confia em mim e que passa boa parte do tempo me controlando, me propõe um acordo com benefícios, benefício para ele.Bastou uma noite para que nós dois nunca mais esquecesse a rápida foda que tivemos na casa noturna. Não era para ser algo surpreendente, já tive noites de transas mais divertidas e longas, mas em nenhuma dessas foi tão... bom e duradouro depois que fomos embora, cada um para um lado.A verdade que estava notando agora era que eu não queria deixar o mafioso para trás tão cedo. Ele me irritava, me provocava e prendia, como um cachorro em uma coleira, porém, minha cabeça idiota esquecia o quanto ele era errado e perigoso quando estava a centímetros do meu corpo, exalando aquele aroma forte e poderoso que provocava um desejo desco
DarkEu não podia reclamar da sua desconfiança. Ele sabia do que eu era capaz, foi por isso que me trouxe até essa cidade. Eu não pensaria em coisas boas, segundo ele ou qualquer um que me conhecesse. Sou uma assassina, uma psicopata, eles diriam. Alguém assim só pode estar pensando em cometer mais um crime.— Não penso só em matar pessoas, Lorenzo, sou alguém horrível, mas não uma lunática assassina. — Falei encarando o vidro bonito que quase continha o meu reflexo.— Então em que fim está imaginando? — Quando me convidou para um jantar, eu não sabia que teríamos que conversar sobre algo tão pessoal. Nunca tive conversas assim com mais ninguém que não fosse o meu psiquiatra. Gregory era um bom ouvinte. Ficava em silêncio enquanto eu colocava para fora a amargura da minha vida. Eu não tinha medo de dizer nada, apenas as coisas erradas. Ele não se intrometeria demais, não insistia em saber, mas Lorenzo não era o meu psiquiatra, ele era um homem comum, querendo saber sobre mim. O proble
LORENZOIsso já estava ficando perigoso, tanto para mim quanto para ela. Dark não era o tipo de mulher com quem saio, com quem janto e com quem um dia me casaria, mas tinha que confessar que a mulher mexe comigo de diversas formas.Uma visão turva de quem era a mulher me guiava até o presente momento. Ela não tinha escrúpulos, manipulava as situações a seu favor e não tinha pena de matar uma pessoa. Eu já tinha percebido que ela tinha alvos específicos, e que isso tinha a ver com o seu passado, eu só não esperava que isso ainda perdurava em seu coração. A simples menção ao porquê ser assim e quem foi o causador, a transformava em uma mulher raivosa. Ouvi-la foi difícil. Apesar de não ser nenhum santo, eu nunca machucaria uma mulher ou criança desse modo.Penso em minha filha quando vejo coisas assim, e também sinto o ódio tomar o corpo. Vi que para Dark isso parecia uma necessidade, um desejo de diminuir a dor que sentia, e pelo menos, ela não era uma simples serial killer que sai ma
DARKTotalmente ferrada. Era assim que me sentia em relação a Lorenzo Mitolli. Não dava mais para continuar mentindo para mim mesma. Por mais que nunca tivesse sentido isso antes na vida, até o mais tolo sabia como era estar presa a um homem ou mulher. E não presa do tipo literal, com cadeado ou grades, mas sim de uma forma totalmente fodida como por sentimentos de afeto.Não nos conhecíamos há muito tempo, não éramos nada confiáveis um para o outro e sempre estávamos divergindo em alguma coisa que nos levaria a brigas, porém, isso tudo só botava mais fogo na lenha, me causando um misto de sentimentos bons e ruins.Me apegar a alguém significava estar prestes a me jogar de um precipício. Eu já tinha uma grande cota de decepção na vida. Tudo foi gasto na infância ou nas experiências de outras mulheres com quem tive uma breve vivência, agora, me via caída por um homem mais que errado. Ele era um criminoso, um mau caráter e ainda tinha poderes sobre mim e meu corpo que nunca permiti a h
LORENZODeixar aquela sala e tudo o que pensei em fazer com aquele filho da mãe, foi difícil. Ainda por cima, ter que sair mais cedo, me tirou a oportunidade de vê-la em ação de verdade. Dei a Dark tudo o que ela mais queria: liberdade. Disse que ela poderia fazê-lo sofrer, porém, ela não fez. Ele merecia, merecia muito, e foi como se tivesse jogado um balde de água fria saber dessa notícia.Como se isso não bastasse, tive que constatar que os Lýkoy idiotas estavam mais fortes do que imaginei. Como ratos de esgoto, aqueles filhos da puta faziam as merdas e voltavam para o buraco de onde vinham. Eu não podia deixar que uma afronta dessa passasse tão facilmente. Sabia que atacar os extremistas era perigoso, não por serem fortes, mas porque se escondiam nas áreas sem dono, as áreas neutras.Mexer nesse lugar sem comunicar nosso vizinho poderia ser recebido como um ataque, mesmo que não seja território de ninguém, ficava na fronteira entre o Oeste e o Norte, e não escolhemos deixar essa