Meridian Water Quando seu olhar encontrou o meu, tudo parecia estar em chamas ao nosso redor. Mas ao invés de continuar o que eu acreditei que ele queria fazer, suas mãos saíram de minha cintura para visitar cada uma das minhas cicatrizes. Eu podia ver algo em seus olhos, admiração, talvez? Não sabia decifrar... por um instante me senti vulnerável com seu toque e minha mente me mandou recuar dali. Vista a roupa e vá embora. Não o deixe entrar. Você vai se machucar. Mas quando seus dedos tocaram minha pele e eu vi a fascinação em seu olhar, foi como se cada cicatriz daquela tivesse valido a pena, como se cada uma tivesse o único proposito de tê-lo tocando meu corpo. Eu me sentia venerada, enquanto ajoelhado ele conhecia os caminhos mais obscuros escondidos em cada uma daquelas cicatrizes. Mas não foram só seus dados que passearam ali, seus lábios também, ele beijou cada uma delas, e de repente não estávamos mais ardendo em tesão... tudo mudou! O rosto do príncipe suavizou,
Meridian Water As sombras se alongavam pelo bosque, enquanto eu caminhava em silêncio. Havíamos sido convocados com urgência por conta de um ataque muito próximo ao palácio. Desde a nossa última noite, eu e o príncipe estávamos mais próximos e ele parecia muito diferente do que era. No castelo era fechado e sério, diplomático, e eu já havia notado que na presença do seu pai se tornava sombrio, tenso... Mas quando estávamos a sós, tudo mudava, beijos furtivos, caricias, sexo, e tudo mudava, seu rosto relaxa e sua postura também. Mas uma onda de ataques se instaurou muito pior do que antes, nos levando a estar sempre em missão, sempre limpando a sujeira que era deixada no caminho, e buscando maneiras de adiantar o ataque da alcateia para que não perdêssemos tanto. O príncipe estava ao meu lado, mas algo estava diferente naquela noite, meus sentidos estavam captando um cheiro familiar que me confundia. Era um odor terroso, de floresta e vento noturno. “Você sentiu isso?” Perguntei,
Príncipe Darlon SweeneyO silêncio na sala era opressivo, quebrado apenas pelo eco dos meus próprios passos enquanto me aproximava do trono. Meu pai estava sentado em sua habitual pose de poder, olhos negros fixos em mim, como se tentasse ler cada pensamento em minha mente antes mesmo de eu expressá-los.“Olha quem finalmente decidiu aparecer...” Ele disse, sem desviar o olhar. Sua voz era grave, carregada de uma ironia que eu conhecia bem. “Está melhor?”“Fui convocado. Sim, estou.” Respondi direto, não consegui deixar o tom de desaprovação de lado. O poder do véu é uma conjuração de magia proibida, para o conjurado, os efeitos colaterais podem ser vertigem, fraqueza e cegueira; para o conjurador, pode levar a morte, e se não levar pode se acoplar a alma do conjurador, o tornando sombrio.“Por que eu v
Meridian Water Acordei com a consciência pesada, como se minha própria mente estivesse envolta em uma neblina densa. A luz do sol filtrava-se pelas folhas do bosque, mas o brilho quente não trouxe conforto.Levantei-me de repente, afastando a coberta de pele que me aquecia. Minha respiração estava pesada, o coração acelerado. Meu corpo gritava por algo, algo que não estava ali. O palácio. O príncipe. Era onde eu deveria estar.“O que fizeram com minhas roupas?” Falei observando o vestido florido e folgado que eu estava vestindo. Minha voz cortou o silêncio, fria e decidida.Um jovem que estava sentado ao lado da cama me encarou. Ele era novo, e tinha algo desconhecido em seu olhar.“Essas são suas roupas, Mel.” Seu tom estava carregado de algo sentimentalista, bufei. O garoto se aproximou devagar, seus olhos carregavam preocupação, algo que eu não podia entender.“Não, essas não são minhas roupas e meu nome não é Mel.” Rosnei. “Vocês estão definitivamente me trocando com alguém!”A p
Merdian Water A escuridão parecia uma manta que envolvia meus pensamentos. O conjuramento havia me drenado, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. Estava sentada na beira da cama, as mãos apoiadas nos joelhos enquanto observava a luz fraca da lua atravessar a janela do meu quarto. A magia negra deixava marcas em mim, invisíveis para os outros, mas profundamente gravadas em minha alma. Havia uma parte de mim que se recusava a aceitar aquela parte sombria que habitava meu ser. Sentia-me uma intrusa em meu próprio corpo. Embora eu fosse uma renegada moradora do reino de Umbra, não era um ser sombrio, agora minha mente estava lutando contra isso.A porta rangeu ao ser aberta, e olhei para trás. Uma garota estava lá, seus olhos, iguais aos dos outros, carregavam um misto de preocupação que me intrigava. Ela carregava um copo com uma bebida quente que emanava um aroma de ervas.“Trouxe algo para você. Pensei que talvez possa ajudar a relaxar.” Ela colocou o copo na mesa ao lado
Renan Folder Eu sabia o que estava por vir, mas naquele momento, não consegui deixar de questionar minha sanidade. Quando o Sr. Walter anunciou que eu seria o responsável pela escolta dela, a minha primeira reação foi recusar de imediato. Eu não estava nem aí para quem estava na sala, meu corpo, instintivamente, enrijeceu. Eu seria encarregado de proteger a garota que eu sempre amei, e que agora era a nossa inimiga.Não era ela, ela não estava lá. Meridian havia morrido e dado lugar a uma traidora, dado lugar a uma inimiga mortal.Quando a vi pela primeira vez, jurei que poderia salvá-la.Na segunda vez em que a vi machucando um dos nossos, entendi seu lado, ela não sabia quem era e só sabia sobre nós o que lhe era contado.Na terceira vez, quando olhou para mim e pareceu me reconhecer, meu coração se encheu de esperança, poderíamos tê-la de volta...Mas quando a vi conjurando, tudo o que eu sentia, morreu. Ela seria capaz de dar a vida pelo príncipe, aquilo não era apenas senso de p
Meridian WaterO Ar á minha volta estava carregado, como se sombras pesassem sobre os meus ombros. Tudo parecia alto demais e eu me sentia sufocada dentro daquele quarto somente com a janela para me dar um pouco de ar livre.O som de folhas secas sendo esmagas sob botas ressoava em meus ouvidos, tinha criaturas passeando pela floresta, nada naquele lugar me deixava confortável. Eu me sentia uma intrusa, o cheiro da terra úmida, o som dos riachos distantes e os uivos ocasionais – tudo me trazia uma sensação de desconforto...O som da porta abrindo me despertou atenção, e então ele apareceu me fazendo estreitar os olhos. O que ele fazia ali?“Oi...” Sua voz saiu baixa e saudosa, seus olhos azuis brilhavam.Eu não respondi. Ele parou a alguns metros de mim, o maxilar travado, suas mãos dentro dos bolsos, imaginei que em punho cerrado. Como se tentasse conter algo que fervilhava dentro de si. Sua presença era tão sufocante quanto
Meridian Water O ar parecia carregar uma carga elétrica enquanto eu seguia Renan pela trilha. Eu sentia cada passo dele como um lembrete irritante de que eu estava em território inimigo, sob a escolta de alguém que parecia ansioso para me colocar em meu lugar.“Não tente fugir.” Ele disse, sem sequer olhar para trás. Sua voz era calma, mas havia algo em seu tom que me irritava profundamente.“Sim, porque eu sou burra o suficiente para tentar fugir desarmada em uma floresta cheia de lupinos. Você realmente ouviu sobre minha reputação?” Ironizei.Ele parou abruptamente, me obrigando a frear para não esbarrar em suas costas. Quando se virou, seu olhar carregava gelo.“Claro, você não sabe o quanto foi prazeroso ouvir sobre o rastro de sangue e sujeira que você deixava pelo caminho onde passava. Nossa, que mulher inteligente.” Devolveu a ironia.“Obrigada.” Sorri.O músculo em seu maxilar tremeu, e por um instante, eu pensei que ou ele avançaria, ou devolveria o veneno. Mas ele apenas re