Meridian Water Enquanto a carruagem seguia, meus pensamentos insistiam em me tirar do foco, os últimos acontecimentos estavam marcados e rodando constantemente em minha mente. Eu estava em estado de alerta, e duas coisas me tiravam do compasso. Estávamos sofrendo bastante atentados nos últimos tempos, por que? Mas não era isso... A primeira era o quase beijo entre eu e o príncipe, depois daquele acontecido algo tomou minha mente, seu cheiro, suas mãos em minha cintura e a sensação parecia dançar sobre mim, como as sombras ao meu redor. Mas também havia aquela lembrança estranha com o lobo, o que aquilo queria me dizer? Por que ele parecia me reconhecer? Por que ele não me atacara na floresta? Tudo parecia estar misturado para mim!“Não sei se você percebe, mas está me encarando,” o príncipe me tirou dos meus devaneios. “Não se iluda, estou bem longe de você neste exato momento.” Bufei, estava irritada com todos os acontecimentos e minha voz saiu áspera. “Está no beijo que você quer
Meridian Water Eu respirei fundo enquanto os primeiros raios do amanhecer atravessavam as cortinas do quarto. Apesar do calor constante que permeia o Reino de Umbra, um calafrio percorreu minha espinha. Pensamentos dispersos martelavam minha mente, mas os afastei. Não era hora para distrações. Alguém bateu a porta, me levantei ainda sonolenta e a abri. Era o príncipe. Sua presença me deixava ainda mais irritada, porque me lembrava do que começamos e não terminamos. “Você não parece animada.” Ele disse, sua voz rouca preenchendo todo o silêncio como uma provocação velada. Seus olhos negros se cravaram nos meus, como se estivesse tentando me decifrar. “O que você quer?” Perguntei revirando os olhos. “Não me faça perguntas difíceis, não sei se vai gostar da resposta.” Ele sorriu, um sorriso que me deixou molhada em questão de segundos. “Estou sendo convocada?” Perguntei tentando ignorar a pergunta e a excitação. “Sim.” Ele assentiu. “Temos um evento diplomático hoje.” “Agora
Príncipe Darlon Sweeney O salão de reuniões do castelo estava cheio. Os mapas estavam estendidos sob a mesa e a conversa era alta entre os conselheiros. Eu entrei a passos firmes, sentindo os olhares dos conselheiros se voltarem para mim assim que cruzei a porta. Meridian estava logo atrás, havia um silêncio tenso no ar, interrompido apenas pelo tamborilar impaciente de dedos na mesa. Olhei em volta, analisando todos os rostos presentes. Luthor estava com sua armadura e não escondia sua impaciência, enquanto Vanya mantinha uma postura ereta, mas claramente cética. Outros conselheiros pareciam divididos entre temor e respeito pela minha presença. Mas alguém naquela sala era um traidor, isso era um fato. “Vamos começar,” anunciei, minha voz cortando o silêncio como uma lâmina. Caminhei até a cabeceira da mesa e tomei meu lugar. “Relatem os desenvolvimentos recentes nas fronteiras.” Luthor foi o primeiro a falar, apontando para o mapa sobre a mesa. Os pinos vermelhos e azuis que ma
Meridian Water Quando seu olhar encontrou o meu, tudo parecia estar em chamas ao nosso redor. Mas ao invés de continuar o que eu acreditei que ele queria fazer, suas mãos saíram de minha cintura para visitar cada uma das minhas cicatrizes. Eu podia ver algo em seus olhos, admiração, talvez? Não sabia decifrar... por um instante me senti vulnerável com seu toque e minha mente me mandou recuar dali. Vista a roupa e vá embora. Não o deixe entrar. Você vai se machucar. Mas quando seus dedos tocaram minha pele e eu vi a fascinação em seu olhar, foi como se cada cicatriz daquela tivesse valido a pena, como se cada uma tivesse o único proposito de tê-lo tocando meu corpo. Eu me sentia venerada, enquanto ajoelhado ele conhecia os caminhos mais obscuros escondidos em cada uma daquelas cicatrizes. Mas não foram só seus dados que passearam ali, seus lábios também, ele beijou cada uma delas, e de repente não estávamos mais ardendo em tesão... tudo mudou! O rosto do príncipe suavizou,
Meridian Water As sombras se alongavam pelo bosque, enquanto eu caminhava em silêncio. Havíamos sido convocados com urgência por conta de um ataque muito próximo ao palácio. Desde a nossa última noite, eu e o príncipe estávamos mais próximos e ele parecia muito diferente do que era. No castelo era fechado e sério, diplomático, e eu já havia notado que na presença do seu pai se tornava sombrio, tenso... Mas quando estávamos a sós, tudo mudava, beijos furtivos, caricias, sexo, e tudo mudava, seu rosto relaxa e sua postura também. Mas uma onda de ataques se instaurou muito pior do que antes, nos levando a estar sempre em missão, sempre limpando a sujeira que era deixada no caminho, e buscando maneiras de adiantar o ataque da alcateia para que não perdêssemos tanto. O príncipe estava ao meu lado, mas algo estava diferente naquela noite, meus sentidos estavam captando um cheiro familiar que me confundia. Era um odor terroso, de floresta e vento noturno. “Você sentiu isso?” Perguntei,
Príncipe Darlon SweeneyO silêncio na sala era opressivo, quebrado apenas pelo eco dos meus próprios passos enquanto me aproximava do trono. Meu pai estava sentado em sua habitual pose de poder, olhos negros fixos em mim, como se tentasse ler cada pensamento em minha mente antes mesmo de eu expressá-los.“Olha quem finalmente decidiu aparecer...” Ele disse, sem desviar o olhar. Sua voz era grave, carregada de uma ironia que eu conhecia bem. “Está melhor?”“Fui convocado. Sim, estou.” Respondi direto, não consegui deixar o tom de desaprovação de lado. O poder do véu é uma conjuração de magia proibida, para o conjurado, os efeitos colaterais podem ser vertigem, fraqueza e cegueira; para o conjurador, pode levar a morte, e se não levar pode se acoplar a alma do conjurador, o tornando sombrio.“Por que eu v
Meridian Water Acordei com a consciência pesada, como se minha própria mente estivesse envolta em uma neblina densa. A luz do sol filtrava-se pelas folhas do bosque, mas o brilho quente não trouxe conforto.Levantei-me de repente, afastando a coberta de pele que me aquecia. Minha respiração estava pesada, o coração acelerado. Meu corpo gritava por algo, algo que não estava ali. O palácio. O príncipe. Era onde eu deveria estar.“O que fizeram com minhas roupas?” Falei observando o vestido florido e folgado que eu estava vestindo. Minha voz cortou o silêncio, fria e decidida.Um jovem que estava sentado ao lado da cama me encarou. Ele era novo, e tinha algo desconhecido em seu olhar.“Essas são suas roupas, Mel.” Seu tom estava carregado de algo sentimentalista, bufei. O garoto se aproximou devagar, seus olhos carregavam preocupação, algo que eu não podia entender.“Não, essas não são minhas roupas e meu nome não é Mel.” Rosnei. “Vocês estão definitivamente me trocando com alguém!”A p
Merdian Water A escuridão parecia uma manta que envolvia meus pensamentos. O conjuramento havia me drenado, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. Estava sentada na beira da cama, as mãos apoiadas nos joelhos enquanto observava a luz fraca da lua atravessar a janela do meu quarto. A magia negra deixava marcas em mim, invisíveis para os outros, mas profundamente gravadas em minha alma. Havia uma parte de mim que se recusava a aceitar aquela parte sombria que habitava meu ser. Sentia-me uma intrusa em meu próprio corpo. Embora eu fosse uma renegada moradora do reino de Umbra, não era um ser sombrio, agora minha mente estava lutando contra isso.A porta rangeu ao ser aberta, e olhei para trás. Uma garota estava lá, seus olhos, iguais aos dos outros, carregavam um misto de preocupação que me intrigava. Ela carregava um copo com uma bebida quente que emanava um aroma de ervas.“Trouxe algo para você. Pensei que talvez possa ajudar a relaxar.” Ela colocou o copo na mesa ao lado