Capítulo 21No porão escuro, Rodolfo, mesmo machucado e desnorteado, não conseguia parar de pensar em Anna. Sua testa franzida de dor e preocupação se intensificou ao escutar um estrondo distante.Vários soldados e policiais entraram na sala, atirando em todos os capangas que ficaram impressionados por terem sido descobertos. O som das balas ricocheteando e dos gritos de surpresa encheu o ambiente.Agonizando após levar um tiro, Marco tentou se erguer para perguntar ao Coronel, que havia acabado de entrar:— Como... como nos encontrou?O Coronel, com uma expressão determinada e fria, respondeu:— Rodolfo é como um filho. Eu o encontraria até no inferno, se fosse necessário.Sem hesitar, ele sacou sua pistola e, com um tiro certeiro, eliminou Marco de uma vez por todas.O Coronel, vendo seu garoto todo machucado, empurrou os demais para abrir caminho. Assim que soltaram Rodolfo, que ficou ajoelhado no chão, ele se aproximou e segurou seu rosto com delicadeza.— Você vai ficar bem, meu
Capítulo 22Rodolfo foi levado às pressas ao hospital, com ferimentos graves e uma expressão de dor que fazia o coração de seus companheiros apertar. O coronel Paulo Albuquerque seguia de perto, com o rosto carregado de preocupação e culpa. Rodolfo não era apenas um soldado sob seu comando; ele era como um filho.No hospital, Rodolfo foi imediatamente levado para a sala de cirurgia. O coronel, juntamente com alguns membros de sua equipe, aguardava do lado de fora, cada minuto parecendo uma eternidade. Quando finalmente saiu da cirurgia, os médicos informaram que ele estava estável, mas precisaria de cuidados intensivos e tempo para se recuperar. Paulo passou horas ao lado da cama de Rodolfo, observando o jovem lutar para despertar. Seus pensamentos estavam em tumulto. Como comandante, ele sabia que precisava ser racional e estratégico, mas como pai, estava cheio de emoções conflitantes. Não poderia permitir que Rodolfo se arriscasse mais. Quando Rodolfo finalmente abriu os olhos, en
Capítulo 23 Esses dias no Brasil foram os mais escuros que Anna teve. Foram duas semanas sem notícias de Rodolfo. Achou que seria fácil esquecê-lo. Grande erro. Agora tem que conviver com seu coração apaixonado. Não consegue nem ao menos se interessar por alguém. Ela passava as manhãs tentando se distrair nos jardins da propriedade, as tardes lendo livros que já não prendiam sua atenção e as noites eram as piores. As sombras pareciam sussurrar o nome de Rodolfo, e em cada canto da casa lhe lembrava o breve tempo que passaram juntos. Anna sentia uma dor constante no peito, uma saudade que parecia aumentar a cada dia. Tentava se convencer de que tudo o que aconteceu não passava de uma ilusão, uma paixão passageira, mas seu coração teimava em contradizê-la. *** Enquanto isso, Rodolfo, passava os dias treinando, preparando-se para o que viria, mas seu pensamento estava sempre nela. — Rodolfo, você precisa descansar — dizia Dora, preocupada com o parceiro ao vê-lo na academia que fi
Capítulo 24Rodolfo entra na van com Anna em seu colo. Conforme os minutos se passam, ele percebe que ela começa a acordar. O coronel observa de longe, mantendo-se distante. Apenas Rodolfo e alguns superiores sabem que Anna é filha do coronel.Com um imenso alívio por tê-la ali com ele, Rodolfo passa o polegar pela bochecha de Anna. Os soldados observam a cena com curiosidade. Ele olha nos olhos dela e, incapaz de resistir, inclina-se e beija seus lábios suavemente fazendo o coronel franzir a testa.Anna, ainda atordoada, responde ao beijo. A intensidade do momento faz com que ela esqueça temporariamente a confusão e o medo que sentia. O calor do toque de Rodolfo e a suavidade de seus lábios trazem uma sensação de segurança e conforto que ela não experimentava há muito tempo.Ele separa os lábios dos dela contra sua vontade.— Eu prometo que vai ficar tudo bem... — sussurrou Rodolfo, seus olhos fixos nos dela.Anna tentou processar as palavras, mas a proximidade de Rodolfo e a sinceri
Capítulo 25Anna sentia uma revolta interior, apesar de estar tentando manter a calma, está difícil e frustrada por seu corpo e sua mente se deixarem levar nessa situação tão complicada. Ela empurrou Rodolfo com força, afastando-o. Ele franziu o cenho, confuso.— Vocês só podem estar mentindo para mim. Meu pai me ama...— O que deu em você? — perguntou Rodolfo, surpreso.Anna olhou para ele com lágrimas nos olhos, a dor evidente em seu rosto.— Como posso acreditar em você? — disse, a voz trêmula. — Meu pai sempre cuidou de mim. Por que eu deveria confiar em você agora?Rodolfo deu um passo para trás, tentando encontrar as palavras certas. Ele sabia que a verdade era difícil de aceitar e respeitava a decisão do coronel de não contar tudo por enquanto.— Anna, sei que é difícil de entender. Mas eu nunca quis te machucar. Muito menos te magoar.Anna balançou a cabeça negativamente, a incredulidade estampada em seu rosto.Rodolfo se aproximou novamente, desta vez com mais cuidado. Ele se
Capítulo 26Anna entrou no banho, deixando a água quente cair sobre seu corpo, enquanto sua mente vagava, imaginando como teria sido se não tivessem sido interrompidos.Cada gota de água quente parecia intensificar suas lembranças e desejos.Anna ensaboava cada parte de seu corpo com uma esponja e sabonete líquido, enquanto uma canção romântica tocava suavemente no aparelho de som dentro do banheiro.A música "Avant Toi" preenchia o ambiente, fazendo-a sorrir mais apaixonada por Rodolfo do que já se sentia. As notas melódicas a faziam lembrar dos momentos que compartilhou com ele desde o primeiro momento que o conheceu, intensificando seus sentimentos. Cada verso parecia ressoar em seu coração, tornando aquele banho um momento de reflexão e desejo.Balançando a cabeça suavemente, Anna começou a cantarolar a canção que tanto a agradava.— Avant toi, je n’avais rienAvant toi, on m’a pas montré le cheminJe sais le Ciel ne m’en veut pasD’avoir posé les yeux sur toiAvant toi, on m’a pa
Capítulo 27Rodolfo ficou calado ao ouvir que Anna queria falar sobre os carinhos ousados que compartilharam na noite passada. Tentou manter sua mente longe desse assunto, pois cada vez que lembrava, sentia uma ereção. Tentando se concentrar, respondeu gaguejando.— E-eu... bom, eu...Sentindo a necessidade de mudar de ambiente para discutir um assunto tão delicado, ele a convidou:— Vamos até o jardim? Podemos conversar melhor enquanto esperamos o desjejum.Anna concordou com um leve aceno, e juntos caminharam até o jardim.Enquanto andavam, Rodolfo pegou a mão de Anna. Ela sentiu seu corpo se aquecer e suas bochechas ficarem coradas. Nunca havia se apaixonado antes e não sabia bem o que pensar. Se fosse em outra época, teria dormido com Rodolfo e já estaria pensando no próximo. Mas ele a desestabilizava por completo, de uma maneira que ela não conseguia ignorar.Os dois chegaram ao jardim, e a brisa fresca e suave parecia acalmar um pouco a tensão referente ao assunto delicado. Rodo
Capítulo 28Após algumas voltas, eles chegam no lago. Pedro, o soldado, corria na frente de todos com um largo sorriso no rosto. Ele parecia determinado a mostrar seu entusiasmo e energia, desafiando os outros a acompanhá-lo. Anna e Rodolfo riam enquanto tentavam acompanhar o ritmo acelerado dele.— Ele está animado! — comentou Anna, ofegante, enquanto corria ao lado de Rodolfo.— Parece que sim! — respondeu Rodolfo, sorrindo. — Vamos ver se ele mantém esse ritmo.Pedro, ainda com um sorriso no rosto, não percebeu o galho de uma árvore que se estendia pelo caminho. Antes que pudesse reagir, tropeçou no galho e, perdeu o equilíbrio.— Ah!O tempo parecia desacelerar enquanto ele rolava desajeitadamente pelo chão.Anna e Rodolfo pararam, tentando suprimir o riso enquanto assistiam Pedro rolar pelo gramado até o lago. Com um grande "splash", ele caiu na água, desaparecendo sob a superfície por um momento antes de reaparecer, encharcado e atordoado.— Ah! Que fria! Vou congelar!O Coronel