Capítulo 5

Capítulo 5

A preocupação do pai.

Richard tamborila os dedos na mesa, sua filha está demorando mais do que deveria, olhando para a esposa que está ocupada falando pelo celular, liga para o secretário pelo telefone.

- Thomas, procure Mary. Ela está demorando muito, gostaria de almoçar com ela, tenho uma reunião mais tarde.

- Sim, senhor Smith.

Thomas desliga e segue até o elevador indo direto até o último andar. Sobe as escadas e ao sair sente que tem algo de errado, caminha entre as flores observando.

O local está bagunçado, vasos quebrados, flores jogadas ao chão e nenhum sinal da senhorita Smith.

- O que aconteceu por aqui?

Escuta barulhos de sirenes de ambulância e olha pelo parapeito, uma multidão se fez na calçada e na rua. Parece que tem uma pessoa caída no chão.

Preocupado com a filha do CEO, percorre rapidamente toda área e não a encontra em canto algum, tropeça em alguma coisa, ao olhar para o chão se agacha ao ver os sapatos de bico fino dela com um dos saltos quebrado.

Fica se perguntando, por que ela os teria deixado pra trás? Será que foi por ter se desequilibrado e o salto quebrou a deixando um pouco nervosa com a situação?

Com os sapatos na mão, voltou às pressas para sua sala, pegando o telefone liga para o celular dela e a ligação cai direto na caixa postal.

Angustiado liga para o refeitório, para a academia e outros lugares da empresa onde poderia encontrar. Ninguém a viu, então liga para a secretária dela na área financeira e também não está, a última pessoa que pode saber dela é o namorado.

— Boa tarde, senhor Connor. Estou procurando a senhorita Smith. Ela está com o senhor?

— Não a vi hoje.

— Ok, senhor. Muito obrigado.

Thomas desliga o telefone e cruza os braços com uma ruga na testa. Que tipo de namoro mais estranho esse casal tem, se tivesse uma namorada sempre estaria louco para a ver e a beijar.

Deixando esse pensamento de lado, entra na sala da presidência indo até a mesa do patrão.

— Senhor, não a encontrei em lugar algum. Tentei o celular, todos os lugares que ela frequenta no prédio e nada. Achei os sapatos que estava usando, um dos saltos está quebrado.

— Que estranho...

Richard olha para a esposa que também está preocupada.

— Você ligou no restaurante que fica aqui perto? Aquele que a melhor amiga dela trabalha de chefe de cozinha? Às vezes pode ter ido lá, o celular estar sem bateria e não percebeu.

— Sim, senhora Smith. Mas ela não podia me atender no momento, vou retornar a ligação imediatamente. Licença.

Thomas sai apressado e Richard volta a se sentar preocupado com a filha.

— Calma, meu amor. Ela está bem. Provavelmente algo deve tê-la entretido.

— Pode ser.

***

Antony sobe na ambulância com Mary ainda agarrada a ele. No trajeto até o hospital, os socorristas têm um pouco de trabalho para fazerem os procedimentos básicos em Mary que não solta Antony por nada.

Após os cuidados básicos, deixam o casal conversando até chegarem no hospital.

— Qual o seu nome? — ela perguntou curiosa pois tem certeza que conhece esse olhar, mesmo tendo visto apenas uma vez, não esqueceu.

— Antony de Castilho, sou mecânico de carro e aeronaves.

Mary ficou surpresa, após todos esses anos, desde seus onze anos nunca tinha esquecido esse nome, mas o rosto, não é mais o mesmo. Está mais bonito, com seus olhos esverdeados, o cabelo levemente bagunçado e a barba por fazer.

Seu coração b**e tão forte quanto da primeira vez que o escutou dizer o nome anos atrás. Tanta coisa passou em sua vida desde então. O pior foi nunca mais tê-lo visto.

— E você?

— Sou Maryanne Smith. Mas todos me chamam de Mary Smith.

Antony sorriu ao escutar o nome, em todos esses anos não esqueceu do nome da jovem adolescente que o encantou no shopping. Pena que no dia estava sujo por causa do trabalho, agora não está muito diferente, mas se limpou antes de sair para testar o helicóptero.

— Você é a jovem adolescente de sorriso encantador que conheci ao nos trombar no shopping. Não te reconheci, se passaram onze anos, mas seu jeito de olhar e o tom azul de seus olhos me fez lembrar que já os tinha visto em algum lugar.

— Também me lembrei do seu olhar doce, é a única coisa que não mudou em você, seus olhos cor de esmeraldas.

— Com relação a ser adolescente, na época que te conheci tinha apenas onze anos.

— Jura? Então você está com vinte e dois. Virou uma linda mulher, mas devo acrescentar que já era uma linda jovem.

— Obrigada — diz envergonhada com um lindo sorriso e as bochechas coradas. — Você também era bem jovem, uns dezesseis, suponho.

— Eu tinha mesmo cara de novinho, mas estava com dezenove quando te conheci. Vou completar trinta em poucas semanas. Chegamos no hospital, posso te colocar na cadeira de rodas? Não se preocupe, ficarei ao seu lado o tempo todo.

— Você promete?

— Eu prometo — diz e sorri para ela fazendo seu coração derreter.

— Está bem.

Antony acompanha Mary o tempo todo, segura a mão dela na coleta de sangue e fica no leito com ela aguardando o resultado enquanto conversam sobre a época em que se conheceram.

— Aquela sua amiga, que pensou que eu era um ladrão. Vocês ainda são amigas?

— Não. Depois do que aconteceu com você, foram se passando os dias e fui percebendo quem ela realmente era.

— Na época, pensei que você iria até a oficina.

— Eu fui, demorou dois meses para criar coragem. Mas quando cheguei, você não trabalhava mais lá.

— Ah, que pena. Sim, eu tive que sair. Meu pai sofreu um acidente e eu o ajudei até ele se recuperar. Minha mãe estava muito debilitada, não tinha forças para cuidar dele. Então, acabei cuidando dos dois.

Mary percebe a tristeza na voz dele e aperta sua mão dizendo:

— Eles devem ter muito orgulho de você.

Antony olha para ela com os olhos marejados, sente um nó na garganta, tem certas situações de sua vida que ainda machuca. Então respira fundo e diz:

— Minha mãe faleceu meses depois e meu pai vai fazer dois anos.

— Ah, eu sinto muito.

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