Ethan olhava para Marcy incrédulo em seus próprios ouvidos.
–o que?– perguntou ainda em choque. –Ontem você me fez uma proposta, eu estou dando a minha resposta, eu passarei uma noite com você e em troca você manterá o contrato original– Ethan apertou o estufado da cadeira e engoliu em seco. –Do que você está falando? Vai se vender para mim por conta de um contrato?– Marcy tirou uma risada Amarga. –Não é isso que você quer? Que eu me humilhe para você e me submeta a você como castigo pelo que te fiz 9 anos atrás? Eu não vou julgar você, você tem todo direito de fazer isso. Mas eu lutei para construir aquela editora, Eu saí de Los Angeles deixando tudo para trás, minha família, meu emprego meus amigos, arriscando a começar numa nova cidade na qual eu nem sabia o idioma, tudo isso para perseguir um sonho meu, então eu não vou deixar você o destruir apenas por mágoa. Se continuar com essa ideia de comprar a editora, muitos autores vão sair dela, todos ficarão divididos e ela praticamente vai deixar de existir, então Sim, se para impedir que você destrua o meu sonho eu tenho de abrir mão da minha dignidade, então que assim seja– Ethan olhou para os olhos castanhos marejados e sentiu um peso em seu peito. –Me responda uma coisa primeiro.– Ethan se aproximou de Marcy sem desfazer o olhar. –se fosse um outro homem qualquer, se não fosse eu, você ainda aceitaria esse acordo?– perguntou sentindo aquelas palavras amargarem em sua boca. –Como eu já disse, eu não vou deixar ninguém destruir o meu trabalho de uma vida, seja você, ou outro homem qualquer.– respondeu o encarando de volta. Ethan apertou seu punho e soltou uma risada soprada se afastando, passou a mão no cabelo tentando conter sua raiva, e logo voltou a se virar para ela. –Então já fez isso antes? Já fez esse tipo de "acordo" com outros homens? É por isso que está cedendo tão fácil?– Marcy engoliu o nó que se formou em sua garganta ao ouvir justo ele lhe perguntar aquilo. –Isso realmente importa? Importa saber se você é o primeiro segundo ou o último com quem faço esse tipo de acordo?– Ethan sentia que iria explodir há qualquer momento, só a Ideia dela oferecendo seu corpo a homens nojentos já era como o jogar numa fogueira. O homem soltou uma risada mal contida pela raiva. –Claro, afinal é uma mulher bonita, uma latina de raça pura numa cidade estrangeira, deve chamar muita atenção. Muito diferente da garota que conheci 11 anos atrás e da mulher com quem eu pretendia me casar, inocente, pura, religiosa, decente.– Ethan mencionava cada uma das palavras a cada passo que dava na direção dela. –Aquela que se guardava para seu casamento– Marcy desviou o olhar, mesmo não tendo feito nada daquilo, se sentia suja ouvindo aquilo principalmente dele. –rs, parece que esses 9 anos mudaram muito você. Mas também, o que eu podia esperar da mulher que me trocou por outro?– –Já chega!– disse Marcy voltando a encara-lo. –Eu não vim aqui para falar do passado ou ouvir sua mágoa, muito menos da pessoa que me fez essa proposta. Então se decida, Temos acordo ou não?– Ethan olhou para mulher por um tempo. –Esteja no meu apartamento as 7pm– –Certo– Marcy se virou saindo da sala sem olhar para trás. Ethan ouviu a porta ser fechada e jogou no chão a cadeira mais próxima. "Não, não, não era para ser assim, como ela pode? Como pode se vender assim tão fácil!" Pensou e jogou mais coisas no chão. "Ela... Ela realmente já fez isso antes?" Ethan segurou sua cabeça e em sua Mente passaram imagens daquela garota doce e tímida, que desviava o olhar constantemente dele com o rosto corado, que tinha vergonha até de o beijar no começo do namoro, que sempre falava em como estava se preservando para seu marido, e sempre que falava "marido" olhava para ele com aqueles olhos doces puros inocentes e cheios de amor. Não, ele não podia aceitar que aquela garota, a sua garota, tinha se tornado naquele tipo de mulher. 00000 Marcy entrou em sua sala parecendo um morto vivo e se sentou em sua cadeira encarando o nada. –Hey, é verdade que vai rolar uma votação pública? Isso nunca aconteceu antes.– perguntou Hyuna entrando na sala e foi se sentar na cadeira de frente. –para tudo tem uma primeira vez...– respondeu ainda com o olhar distante. –ah tanto faz, quer que eu vote em que? Se você votar contra eu voto contra também. Eu sou sua ilustradora então você que vai pagar meu salário de qualquer jeito– Marcy sorriu fraca com o comentário da amiga que se inclinou para lhe segurar a mão ali por cima da mesa. –levante esse ânimo, não é o fim do mundo, não é você quem vive dizendo "desde que estejamos vivos há sempre uma esperança e motivos para comemorar?"– Marcy voltou a sorrir e segurou a mão da amiga de volta. Shin bateu a porta e entrou olhando para as duas. –Judas.– sussurou Hyuna virando a cara e cruzou os braços. Shin olhou para mais nova e achou melhor ignorar. Os dois viviam se provocando mas aquele não era o momento. –Marcy, você saiu dizendo que iria resolver o problema ou algo assim e mandou que esperássemos, então?– Marcy olhou para Shin e forçou um sorriso que parecia verdadeiro. –ainda estou testando do assunto, mas até amanhã tudo deve se resolver, estamos dentro do prazo certo?– Shin olhou para amiga sentindo ela mais estranha que mais cedo. –De que forma você está resolvendo isso?– –Eu estou negociando para que eles mantenham o contrato original– –Sério? Como?– perguntou se sentando. –Digamos que eu tenho uns "pauzinhos"– disse ainda com seu sorriso falso. –ah certo. Mas se precisar de alguma ajuda eu estou aqui ok? Você não precisa carregar tudo sozinha. E... Me desculpe pela forma como falei com você mais cedo na reunião. Eu também não gostaria de assinar aquele contrato mas, é uma forma de fazer a nossa editora crescer– –eu sei, você logo vai ser pai e tem as despesas do bebê, a escola, e esse patrocínio ajudará muito, não se preocupe, eu vou dar o meu melhor para garantir que a nossa editora permanece e consigamos essa parceria. E também, me desculpe pela forma como falei com você. Estamos bem?– Perguntou estendendo a mão. –Estamos bem.– disse a segurando. –hey coloque a mão aqui garota.– disse Shin num tom autoritário para Hyuna que revirou os olhos e logo sorriu colocando a mão. 00000 Marcy suspirou pela milésima vez desde que saiu de casa, e olhou mais uma vez para porta se enchendo de coragem para tocar a campainha, mas sua mão continuava tremendo e suando. Ainda podia correr dali como seu bom senso a mandava. Mas seria apenas aquela vez. Além disso, não era como se fosse um homem estranho, apesar de tudo, era o Ethan, o homem com quem iria se casar no passado. Podia ser um homem arrogante e cínico agora mas no fundo com certeza ainda existia aquele homem que ela amou e tantas vezes sonhou como seria sua primeira vez com ele. Bom, estava na hora de tornar aquele sonho realidade. Marcy suspirou mais uma vez e tocou a campainha. Esperou batendo o dedo na sua bolsa com seu coração acelerando a cada segundo, e chegou a parar quando ouviu o som da porta sendo aberta, e ali estava ele. Os dois se encararam por alguns segundos como se esperassem um se pronunciar. –Vai me deixar aqui fora?– Perguntou Marcy quebrando o silêncio. –Você realmente veio...– Disse Ethan num tom sério. –Não é o que você queria?– Ethan tirou uma risada soprada. –parece que não sou o único– Marcy desviou o olhar e Ethan deu espaço. –Entre– Marcy entrou e parou no meio da sala tentando a todo custo manter sua postura para não deixar ele perceber seu nervosismo. –quer beber algo?– ofereceu Ethan indo até o bar. –Não, eu estou bem– –rs, você parece muito tensa, ainda pode voltar atrás, não é como se estivéssemos em um ponto irrecuável– –eu já disse que estou bem– –ah certo, me esqueci que essa provavelmente não é a sua primeira vez fazendo algo assim– –Eu não vim aqui ouvir seus insultos– –ah claro...– Ethan caminhou na direção de Marcy parando na frente dela e afastou as mexas do pescoço dela o acariciando e mais uma vez viu ela se arrepiar com seu toque. –Veio aqui para me satisfazer.– disse a encarando diretamente nos olhos, antes de diminuir a distância entre seus rostos chegando a escassos centímetros de tocar os seus lábios aos dela. Ethan suspirou, mordeu seu lábio inferior e se afastou dando as costas e voltou para o Bar. Marcy sentiu um vazio quando o viu se afastar e o acompanhou com seus olhos que estavam semicerrados momentos atrás aguardando pelo contacto de seus lábios. –Vamos jantar primeiro.– disse Ethan e deu um gole em seu vinho. –o que?– –Eu não sei com que tipo de homem você andou saindo nesses anos, mas eu ainda gosto de levar as coisas com calma, não vou simplesmente levar você para minha cama como se fosse uma prostituta– –e tem alguma diferença? No final você só quer uma noite comigo, não vejo como isso é diferente de chamar uma prostituta– Ethan soltou uma risada e voltou a se aproximar de Marcy a olhando de cima a baixo. –ah, uma noite? Eu acho que nenhuma prostituta vale tanto assim numa noite, então... Devo prolongar?– –o quê? Você não pode fazer isso!– –por que? Você realmente acha que esse seu corpinho vale um contrato daqueles?– Marcy sentiu seu peito apertar e engoliu o nó em sua garganta enquanto sentia lágrimas encherem seus olhos. –você disse uma noite, o que mais você quer?– –Eu ainda quero você. Mas não apenas por uma noite, você pode ser bonita e muito atraente mas não acho que uma noite com você seja suficiente para me fazer investir tanto dinheiro assim, me parece um negócio em que eu sairia perdendo. Então eu estava pensando. E se você se tornar minha amante?– –o que?– perguntou incrédula. –Simples.– Ethan acariciou o rosto da mulher. –Você vai estar disponível para mim, quando eu quiser, onde eu quiser, e sempre que eu quiser.– disse lhe segurando o queixo e o levantou fazendo ela o encarar. –é justo, certo?– Marcy piscou e a lágrima que tanto segurava caiu de seu olho rolando por sua face. Era definitivo. Aquele homem perverso não era o Ethan.Marcy mexia a comida em seu prato sem ter colocado um único pedacinho em sua boca. Estava completamente perdida em pensamentos, em choque, abalada, perturbada. Seu sonho havia se tornado num pesadelo de uma hora para outra e tudo por causa daquele homem. Não, ele não era o único culpado, a primeira culpada foi ela, se ela não tivesse o largado daquela forma tão cruel ele certamente não estaria fazendo aquilo com ela, então a culpa era dela, ela mentiu para ele, ela o havia deixado, ela havia aceitado aquela proposta, então não havia outro culpado se não ela. Ethan pousou os talheres de forma barulhenta chamando atenção da mulher na cadeira ao lado. –Não gostou da comida? Posso mandar que tragam outra coisa– –Eu... Não estou com fome– disse pousando o garfo. –Tem pudim de sobremesa, ainda é seu favorito?– –Eu realmente não estou com fome... Posso usar o banheiro?– –claro, segunda porta a esquerda– Marcy se levantou e saiu entrando no corredor. Ethan a s
Marcy acordou de bom humor naquela manhã sentindo que seria o seu dia. As coisas não poderiam estar melhores. A Editora estava indo muito bem, e para completar, tinham recebido uma incrível proposta de um novo estúdio de gravações que faria adaptações de suas obras em séries e filmes, e aquele seria o grande dia que assinaria o contrato com o estúdio. Depois de tanto sonhar com aquele momento, tantos não, tantas dificuldades, ter viajado meio mundo para um lugar onde seu trabalho seria mais valorizado. Ali estava ela, uma garota de Los Angeles numa das maiores cidades do mundo, dona, criadora e sócia de uma pequena porém notável editora de obras artísticas que agora assinaria um contrato com uma grande empresa. Ela não conseguia pensar em mais nada que a faria mais feliz. Marcy se arrumou e tomou o café da manhã com sua colega de apartamento/melhor amiga/colega de trabalho Hyuna, e juntas foram para Editora. –Nossa, você está tão feliz hoje.– comentou a garota de cabelo pr
Marcy apertava as mãos suadas por baixo da mesa ali na sala de reuniões, mal conseguia manter sua respiração regular, e o facto daquele homem estar sentado na cadeira ao lado, não ajudava sua condição. Ethan estava sentado a cabeceira da mesa, e do lado direito estava o diretor, e ao lado do diretor estava o assistente de Ethan, Marcy pensou em ir se sentar em outra cadeira longe dele, mas Shin puxou a cadeira do lado esquerdo para Marcy que não teve escolha, e se sentou com Shin ao seu lado. –Devo dizer que estou muito animado com essa parceria, eu sempre admirei os trabalhos de sua editora e sempre quis trabalhar com eles, é realmente uma editora cheia de talento, e como exemplo temos aqui a senhorita Diaz, uma de suas obras já foi adaptada para um filme certo?– perguntou o diretor animado assim que todos se sentaram a mesa. –A Marcy é o nosso amuleto da sorte, vários autores, ilustradores e tradutores se juntaram a nós pela atração de poder trabalhar com a Marcy.– S
Ethan levantou sua mão para alcançar o rosto de Marcy enquanto a distância entre seus rostos ficava cada vez menor, e quando a ponta de seus dedos iam tocar a pele dela, a porta do elevador se abriu fazendo os dois se afastarem imediatamente voltando a realidade. –Senhor presidente!– exclamaram as pessoas ali saudando o homem que as saudou de volta, e quando olhou a volta, viu que Marcy não estava mais ali. Ethan chegou ao estacionamento com sua mente ainda presa no momento atrás, e viu seu Assistente Ali parado na frente do carro o encarando. Ethan o ignorou não querendo ter aquelas conversas aborrecidas com ele, então deu a volta entrando no banco de motorista. O Jovem olhou para o chefe e logo entrou no banco de carona e esperou o mais velho dar partida e estarem na estrada. –Encontrou ela?– perguntou Yoonsuk e Ethan o olhou admirado por ele saber tão depressa. –A coisa que o senhor disse ter esquecido quando voltou, encontrou?– –Ah isso, sim, eu encontrei.–
Marcy sentia seu coração bater cada vez mais forte em seu peito, todo seu corpo estava trémulo, sua respiração irregular, mãos suadas e seus olhos lacrimejantes olhando para o homem na sua frente com um olhar incrédulo. Não podia acreditar, não podia acreditar que aquela era a mesma pessoa, o garoto por quem foi perdidamente apaixonada, o homem que amou e de quem ficou noiva por anos, aquele que era um príncipe, um cavalheiro, sempre delicado e respeitoso com ela. Não, não podia ser a mesma pessoa. Como Ethan, seu Ethan, podia estar lhe fazendo uma proposta daquelas de forma tão descarada e sem um pingo de vergonha ou receio? Marcy deu um tapa na mão que estava em seu rosto olhando com raiva para o homem, enquanto tentava a todo custo não deixar cair suas lágrimas, não podia mostrar fraqueza, não na frente daquele homem. –você... Você é um completo desconhecido para mim. O homem que eu amei jamais diria isso para mim ou para qualquer outra mulher. Eu não pensei que fosse se