Mas agora, o fato de que Lívia salvou um menino quando era criança, que se revelou ser Sílvio, ainda era algo difícil de aceitar para Enzo.- Eu vi Sílvio quando era criança, ele não era tão gordo como nas fotos e seus traços faciais eram diferentes. Você tem certeza de que ele é Sílvio? - Enzo, após fazer a pergunta, achou sua própria indagação um tanto cômica.Sílvio era o neto de sangue de Eduarda, ela jamais se enganaria.- Sim, naquela época ele estava sob as ordens do nosso patriarca para ganhar experiência. Lembro que você também participou daquele programa de herdeiros. Naquela época, o patriarca até elogiou você, dizendo que você era tão capaz quanto Sílvio, um menino inteligente. - Eduarda olhou para Enzo com admiração. - Mas nosso patriarca estava confuso. Naquele momento, temendo por sua própria saúde e preocupado que Sílvio não pudesse sustentar a família e também para evitar que outros o poupassem por reconhecer sua identidade, ele ordenou que transformassem a aparência d
Carlos não soube responder. Ele tinha uma sensação incômoda de que algo estava errado.- Sílvio, as coisas não são assim, né?- Então, como são?Sílvio lançou um olhar frio, transbordando descontentamento, como se seu olhar gelado pudesse congelar instantaneamente o quarto.Carlos, tentando falar, de repente perdeu o rumo do pensamento. Ele hesitou um pouco e se afastou ligeiramente de Sílvio antes de dizer:- Eu só acho que o temperamento de Lívia não a faria se apaixonar tão rapidamente por outro, ela claramente gosta de você...- Então por que ela insiste em se divorciar de mim? - Perguntou Sílvio. - Se ela me ama e gosta tanto de mim, ela não deveria querer ficar comigo vinte e quatro horas por dia?Carlos ficou chocado com suas palavras. Ele jamais imaginaria que o poderoso presidente do Grupo Duarte teria esse desejo de estar com alguém o tempo todo.Sílvio percebeu o que passava na mente de Carlos.- Você não sente isso por Ana?Carlos torceu a boca.- Não.Sílvio olhou rapidame
Ela desejava que Lívia vivesse em agonia!O cabelo e o corpo de Aurora estavam completamente encharcados pela chuva, mas ela parecia não perceber. Em seu coração, jurava silenciosamente recuperar tudo o que a pertencia. Aurora, grudada na parede, partiu da Mansão dos Duarte como uma alma penada. A chuva lavou os vestígios de sua presença e tudo permaneceu em uma calma como se nada tivesse acontecido. João, que a esperava na encruzilhada, viu seu olhar perdido e cruel e até ele sentiu uma pontada de dor no coração.- Aurora, o que houve?Ele, Isadora e Aurora tinham saído da Mansão dos Lopes com a intenção de jantar juntos. Aurora, querendo o agradar, não esperava que um espião deixado por Isadora em casa informasse que Helena havia chamado Lívia para a Mansão dos Lopes. E, ao sair, Helena até permitiu que Lívia levasse uma tigela de macarrão. Embora não tivessem convidado Lívia para jantar, isso ainda acionou um alarme em Aurora, que rapidamente se lembrou de que hoje era o anive
Quando ninguém mais o insultasse.Nem pensasse nele.Era aí que uma pessoa realmente desapareceria deste mundo.Esse era o verdadeiro fim da morte.Sílvio sabia que, nos insultos dela, havia acusações e insatisfações, mas, acima de tudo, havia arrependimento, relutância e saudades."Se o meu avô ainda estivesse vivo..."Se o avô dele ainda estivesse vivo, ele não teria ido para o campo na infância participar daquela atividade de sucessão, tampouco teria encontrado Aurora, muito menos teria surgido entre eles um laço de gratidão pela vida salva.Ele também não teria confundido a mulher dos seus sonhos, nem teria erroneamente tomado Lívia como uma substituta.- Você está certa. - Sílvio olhou para Eduarda, pequenina e frágil, mas ainda cheia de vitalidade, e suspirou. - O avô merece ser repreendido!O rosto de Eduarda imediatamente se contraiu em descontentamento e ela ergueu a cabeça, o dando um tapa.- Garoto insolente! Seu avô é meu marido! Eu posso o repreender, e você?!Sílvio riu c
Aurora estava sentada no banco de trás, observando as gotas de chuva do tamanho de grãos de feijão batendo no carro, formando linhas contínuas que atingiam a frente do veículo com um som ensurdecedor. Isadora foi a primeira a sair do carro.- Essas chuvas de outono estão tão irritantes este ano.Ela calçava sapatos de pele de carneiro macios recém-comprados por João, que praticamente se arruinavam ao tocar a água. Seu humor estava terrivelmente azedo naquele momento.- Sim, é verdade. - Aurora, por outro lado, sorria o tempo todo.Mas seu sorriso não tinha um pingo de sol, era sombrio e carregava uma malícia brilhante. Ela levantou a cabeça para olhar o túmulo amarelo brilhante não muito distante.- Até o céu está do meu lado.Ela refletia sobre como, em suas más ações anteriores, a chuva sempre ajudava a lavar as evidências. E o túmulo dessas duas crianças era amarelo brilhante, tão visível no cemitério que ela não precisava se esforçar para encontrar. Quanto mais João convivia com Au
Ela parecia louca, cada traço do seu rosto carregava um intenso significado de destruição.João, tremendo, se aproximou.- Aurora...Mas ela, com os olhos vermelhos de raiva, continuou a gritar:- Vá cavar!Isadora, preocupada com o desconforto de João, rapidamente jogou o guarda-chuva fora, sem nem se importar com os sapatos.- João, eu vou com você."Isadora é sempre tão compreensiva, gentil e atenciosa. Pena que Aurora foi pressionada a esse ponto por Sílvio!"João não podia evitar sentir ressentimento por Sílvio, mas esse sentimento se dissipou ao lembrar de sua posição, murchando como uma fumaça azul e ele sussurrou para Isadora:- Esses não são apenas os filhos de Lívia, mas também de Sílvio...Se realmente fossem desenterrar o túmulo, quando Sílvio descobrisse, estariam acabados!- Não esqueça, Aurora salvou a vida de Sílvio! - Isadora decidiu firmemente ficar ao lado de Aurora.- Eu sei... - João respondeu. - Mas as crianças...Um lampejo de culpa passou pelos olhos de Isadora,
Sob a cortina de chuva, Aurora ouvia o som do ferro caindo na terra e seu sorriso se alargava cada vez mais.Finalmente.O barulho do ferro cessou gradualmente e, acompanhado pelo som da chuva, a lápide amarela desabou estrondosamente.Logo, as urnas com as cinzas das crianças se revelaram...Aurora riu com desdém e pisou fortemente sobre elas...Rapidamente, o conteúdo das caixas, se misturando com a água da chuva, fluiu lentamente para o esgoto em posição mais baixa....Hoje chovia.Lívia se sentia inquieta interiormente.- Este aniversário parece não estar muito tranquilo. - Até o bom humor que ela deixou na Mansão dos Duarte desapareceu. - Ana, nunca senti isso antes, o que você acha que é?- Se fosse outra pessoa, eu diria para perguntar logo aos seus pais se algo aconteceu. - Ana dirigia calmamente. - Mas seus pais, acho que não devem estar em apuros...Isso fez Lívia sentir uma ponta de compaixão.- Vou ligar para a Helena.Ninguém atendeu do outro lado, e, pensando melhor, Lív
Se tivesse que começar de novo, ele certamente não teria aceitado Aurora!Depois de tantos anos convivendo com Aurora, mesmo sem ouvir o conteúdo de suas conversas telefônicas, ela percebeu os pensamentos de João naquele momento. Estendeu a mão, arrancou o celular e desligou com um sorriso frio:- Você está pensando de novo que Lívia, sua filha, é melhor?João negou rapidamente com a cabeça.- Não, não.Mas, no fundo, sentiu uma certa hesitação.Seus olhos vagaram por um momento, observando os túmulos que haviam sido escavados em quatro lugares grandes.- E agora, o que fazemos?Aurora disse sinistramente:- Deixemos assim aberto, para encher de chuva, até Lívia descobrir.Ela está ansiosa para isso.Sua querida irmã, ficaria com o coração despedaçado ao ver essa cena....- Eles estão bem. - Lívia, sentada no banco de trás do carro, esfregou a testa cansada enquanto reportava a Ana pelo telefone. - João ainda teve ânimo para me xingar.Como se xingasse um cachorro.Mesmo depois de eu