Capítulo 63Patrícia mergulhou em um sonho encantado, como se vagasse por um conto de fadas. Ao longe, um castelo imponente se erguia contra montanhas nevadas, refletindo-se nas águas serenas de um lago. A curiosidade a puxou para frente, os passos leves sobre a grama macia, enquanto imaginava segredos escondidos naquelas torres... Mas, de repente, seus pés pararam. O corpo ardeu, um desejo profundo queimando por dentro. A paisagem desbotou, a escuridão a envolveu, até que, com um suspiro, seus olhos se abriram. Ela estava deitada, o teto familiar acima dela, os gemidos escapando de seus lábios antes mesmo que percebesse. Quando baixou o olhar, viu os fios prateados do cabelo de Augusto entre suas pernas, seus lábios habilidosos devorando-a com uma fome que a deixava tremendo. Cada volta da língua, cada sucção certeira em seu clitóris a levava mais perto do êxtase. Seus quadris arqueavam, os dedos se enterravam nos cabelos dele, ela não aguentaria por muito mais tempo. — Aug
Capítulo 64O relógio da sala marcava pouco antes das sete quando Augusto e Rafael estavam concentrados sobre o tabuleiro de xadrez na biblioteca da mansão. As peças estavam bem distribuídas e o jogo seguia acirrado, com os dois se desafiando entre provocações leves e risadas ocasionais.Rafael mexeu um peão, olhando o pai de canto, com um sorriso malicioso no rosto.— E então, pai… — começou com um tom provocador — ainda quer o divórcio?Augusto ergueu os olhos lentamente, arqueando uma sobrancelha.— Ah, muito engraçado — disse com ironia, apoiando-se na poltrona de couro com um leve sorriso.Rafael riu, dando de ombros.— O senhor estava furioso naquele dia. E agora olha para você… um homem casado, com um sorrisinho bobo no rosto e um bebê a caminho.Augusto balançou a cabeça, rendido ao bom humor do filho.— A vida dá voltas, Rafa. E graças a Deus por isso. Sua madrasta é a melhor coisa que me aconteceu.— Madrasta? — Rafael fez uma careta cômica. — Não fala assim, parece coisa de
Capítulo 65No dia seguinte, após o nascer do sol, Augusto e Rafael deixaram a mansão juntos, mais cedo do que o habitual. A movimentação na casa ficou mais silenciosa com a ausência dos dois, e Patrícia, embora tentasse manter a serenidade, sentia um aperto desconfortável no peito.A ideia de ficar sozinha enquanto o marido viajava para outro estado não a deixava tranquila, especialmente agora que carregava uma vida em seu ventre.Após o café da manhã, tentando afastar os pensamentos negativos, ela subiu as escadas com passos lentos. Ao entrar no quarto, foi até o banheiro, olhou para a banheira de mármore branco e decidiu se permitir um momento de paz.- Um banho quente, um bom audiolivro... acho que é disso que eu preciso - disse a si mesma, sorrindo levemente.Pegou sua toalha preferida, escolheu um dos seus romances favoritos para ouvir no celular e, com delicadeza, preparou a banheira com sais aromáticos e espuma. Enquanto a água quente preenchia o espaço, ela prendeu os cabelos
Capítulo 66A porta da mansão Avelar se abriu com força quando os policiais entraram apressados, guiados pelas instruções precisas do mordomo, que os esperava logo na entrada.— É no andar de cima, no banheiro da suíte principal — disse ele, com a voz ainda trêmula. — A mulher está lá.Augusto, ainda com Patrícia nos braços, mal conseguia falar. Apenas fez um leve gesto com a cabeça e viu os homens subirem às pressas. Patrícia estava consciente, mas assustada, agarrada ao pescoço do marido com força.Momentos depois, os policiais desceram com Cleuza algemada. Ela chorava compulsivamente, a cabeça baixa, os ombros sacudindo em soluços descontrolados. Augusto, tomado por uma mistura de raiva, incredulidade e tristeza, se aproximou.— Por que você fez isso, Cleuza? — perguntou, com a voz baixa, tentando manter o controle.Ela o encarou com os olhos vermelhos, a maquiagem borrada, a respiração entrecortada.— Ela me ameaçou de morte… disse que acabaria com os meus filhos e depois comigo.
Capítulo 67Enquanto isso, em Roma, Estela caminhava de um lado para o outro em seu quarto abafado e sem graça. O tique-taque do relógio na parede era a única coisa que quebrava o silêncio sufocante. Ela já havia contado as horas tantas vezes que até os ponteiros pareciam zombar dela.— Se eu soubesse que iam me internar, teria fingido estar bem… teria me controlado — murmurou, os olhos cheios de raiva.Realmente tinha tido um surto, mas não imaginava que o preço seria tão alto. O lugar era um hospício nojento, com cheiro de desinfetante velho e olhares vazios por todos os lados. A tratavam como se fosse imprestável, e ela não suportava aquilo.Sentou-se na cama estreita e encarou a porta trancada com amargura. Estava contando os dias, os minutos... Logo sairia dali. E quando saísse, todos pagariam. Um a um.— Preciso saber se aquela imprestável da Cleuza fez o que pedi… — murmurou Estela, cruzando os braços e olhando para o teto descascado com um brilho sombrio nos olhos. — Se ela c
Capítulo 68Aqueles dois dias pareciam ter durado uma eternidade. Para Augusto, o tempo no Rio Grande do Sul corria de forma estranha, como se cada hora se arrastasse com o peso de uma década. No último dia na cidade, ficou até tarde na empresa, já passava das oito da noite quando finalmente desligou o computador e saiu do escritório. O cansaço era evidente. Desde que saíra do coma, sentia que seu corpo ainda não havia recuperado o ritmo. Cada passo parecia exigir mais energia do que antes. Mesmo assim, mantinha-se firme, focado, caminhando um dia de cada vez.O elevador desceu devagar, levando apenas ele até o subsolo. Sabia que o motorista estava o esperando havia pelo menos três horas, mas Augusto havia lhe pedido para sair e jantar, pois sabia que se demoraria mais que o previsto.Quando as portas do elevador se abriram, ele andou pelo estacionamento, que estava quase vazio. A empresa dispunha de três andares para os carros dos funcionários, e àquela hora o subsolo era um deserto
Capítulo 69Duas horas haviam se passado desde o sequestro. A noite avançava silenciosa e fria quando um carro de vidros escuros parou diante da entrada lateral de um bordel decadente, escondido nas sombras de um beco mal iluminado.A porta traseira se abriu com brutalidade. Dois homens desceram e, sem qualquer delicadeza, arrastaram Augusto Avelar até a calçada, jogando-o no chão como se fosse um saco de lixo. Um dos capangas abriu uma garrafa de uísque barato e derramou o líquido sobre suas roupas, cabelos e rosto.— Isso deve completar o teatrinho — murmurou um deles, antes de voltarem para o carro e desaparecerem na escuridão.Minutos depois, dois jovens surgiram do outro lado da rua. Um deles era magro, com o rosto coberto de fuligem; o outro usava uma touca rasgada e tinha os olhos arregalados de euforia.— Caraca... olha esse terno! — disse o primeiro, se ajoelhando ao lado de Augusto. — O cara tá apagado... tá cheirando a álcool. Bêbado ou drogado, sei lá...— Olha esse celula
Capítulo 70O táxi parou em frente a um dos hotéis mais luxuosos da cidade. As luzes da entrada brilhavam, refletindo na lataria do carro e nos olhos cansados de Augusto, que parecia renascer aos poucos.Ele olhou para o taxista com firmeza, apesar do cansaço evidente.- Espere aqui. Eu volto em cinco minutos.O motorista assentiu, ainda desconfiado, mas algo no tom de Augusto lhe dizia que deveria confiar.Augusto desceu do carro com passos mais firmes agora, entrou no saguão do hotel e foi imediatamente reconhecido pelo recepcionista, que correu para atendê-lo. Em poucos minutos, subiu até seu quarto, foi até o cofre embutido no armário, pegou uma pequena pilha de dinheiro e desceu novamente.Ao chegar no táxi, estendeu a mão e entregou ao motorista um maço de notas.- Aqui tem cinco mil reais.O homem arregalou os olhos, surpreso.- Cinco... cinco mil?- É só o começo. - Augusto entregou em seguida um cartão com o logotipo da empresa estampado em alto relevo. - Esse é o número da m