Capítulo 82Minutos depois, já estavam no centro da cidadezinha. Patrícia caminhava ao lado dele de mãos dadas, e não era difícil notar os olhares curiosos dos moradores. O porte dele chamava atenção, alto, elegante, com passos firmes e uma postura que exalava segurança. Os óculos escuros e o blazer leve sobre a camiseta branca só realçavam ainda mais o ar de riqueza e mistério que carregava.— Acho que a cidade inteira está nos olhando — ela comentou, apertando a mão dele, meio sem graça.— Deixe que olhem. Estou com a mulher mais linda da cidade — respondeu ele com naturalidade, sem soltar a mão dela nem por um segundo.No mercado, ela pegou o que queria e ainda acrescentou mais umas coisinhas “porque os bebês pediram”. Ele carregou as sacolas, abriu a porta do carro e a ajudou a entrar como um verdadeiro cavalheiro. E ela, mesmo sem dizer, sentia seu coração cada vez mais vulnerável a tudo que Augusto representava.— Augusto, pare naquela loja de cowboy. Vamos mudar um pouco seu es
Capítulo 83A porta da joalheria se abriu suavemente com o som sutil do sininho no alto da entrada. Augusto saiu primeiro, com o braço estendido para Patrícia. Ela caminhava devagar, protegendo a barriga e sorrindo como uma menina apaixonada.Os dois seguiram em direção ao carro, de braços dados e felizes.Dois dos repórteres já se preparavam para atravessar, câmeras a postos, celulares gravando, olhares famintos por um furo exclusivo. Um deles deu um passo determinado à frente, já se preparando para fazer a primeira pergunta, quando o som estridente de uma sirene rasgou o ar, fazendo todos virarem o rosto ao mesmo tempo.— Merda… — sussurrou o fotógrafo.Uma viatura da polícia parou a poucos metros com as luzes girando. Um dos policiais saltou do carro já com um bloco de multas na mão, caminhando direto para frente do veículo dos repórteres, que estava descaradamente parado na vaga reservada para viaturas.O outro oficial, com os braços cruzados e expressão rígida, se aproximou dos j
Capítulo 84A noite caiu devagar, o céu se transformou em azul escuro, pontilhado de estrelas. Patrícia estava na cozinha, vestindo um vestido leve, descalça sobre o chão frio, com o cabelo preso de forma despretensiosa. Havia algo de mágico em vê-la naquele ambiente, tão dona de si, tão serena.Augusto surgiu na porta da cozinha com as mangas da camisa xadrez dobradas até o cotovelo. Ficou ali, encostado no batente, apenas observando.— Nunca imaginei que ver você cozinhando fosse me causar esse tipo de paz — comentou com um sorriso nos lábios.Ela virou-se, rindo.— Está com fome ou está tentando me conquistar de novo?— Os dois — ele disse, caminhando até ela. — O que está fazendo?— Algo simples. Arroz, carne na panela e um purê de batatas com queijo. Espero que não tenha o paladar refinado demais…Ele a puxou pela cintura com delicadeza.— O único refinamento que me interessa está bem aqui nos meus braços.Ela riu e se afastou de leve.— Vá sentando, cowboy. Já está quase pronto.
Capítulo 85O celular de Rafael vibrou sobre a mesa do escritório. Ele acabara de ler a mensagem do pai dizendo que estava tudo bem e sentiu um alívio morno no peito quando viu o nome do detetive Jonas Cardone na tela. Atendeu de imediato.— Jonas?A voz do detetive do outro lado saiu firme.— Rafael, sente-se. O que eu tenho pra te contar é sério.Rafael franziu a testa, empurrou a cadeira para trás e sentou-se à mesa de mogno, os olhos fixos no nada, já prevendo o pior.— Pode falar.— Descobrimos algo sobre a Estela… algo que muda tudo.Houve um breve silêncio. Jonas respirou fundo antes de continuar.— Ela estava grávida. Uma semana antes do acidente do seu pai, ela sofreu um aborto espontâneo.Rafael congelou. A informação atingiu seu peito como um soco. Ele apoiou os cotovelos na mesa e passou as mãos pelo rosto, tentando absorver aquilo.— Está dizendo… que a criança era dele?— É o que tudo indica. E tem mais — continuou Jonas, com voz grave. — Após o aborto, ela teve um surto
Capítulo 86Na manhã seguinte, quando Augusto acordou, a cama ao seu lado já estava vazia. Esticou o braço, tateando o lençol ainda morno, e sorriu ao imaginar que ela havia saído silenciosamente para não acordá-lo.Sentou-se na cama, bocejando, e olhou pela janela: o sol já iluminava o campo com uma delicadeza que só aquele lugar parecia ter.Levantou, vestiu uma camisa leve e foi até a cozinha. A compota de goiaba sobre a mesa o fez sorrir de novo, ela devia ter deixado ali de propósito, como uma despedida sutil e doce.Preparou um café com calma, pensando nela. Ao se sentar à mesa, soltou um longo suspiro e murmurou:— O que será que vou fazer o dia inteiro sem meu pequeno tesouro?Levantou-se, andou pela casa por alguns minutos, depois saiu para o quintal, as mãos nos bolsos e o olhar perdido entre as árvores frutíferas. Um silêncio bom, mas solitário, o envolvia. Ele chegou perto do pé de caqui, colheu um e deu uma mordida.— Talvez eu prepare algo pra quando ela voltar... — diss
Capítulo 1O silêncio no quarto era quase opressor, quebrado apenas pelo som ritmado dos aparelhos e da respiração profunda do homem deitado na cama. Rafael entrou devagar no aposento, como se temesse perturbar a paz que envolvia o ambiente. A penumbra da manhã filtrava-se pelas cortinas entreabertas, projetando sombras suaves sobre o rosto de seu pai.Com passos lentos, aproximou-se da cama e sentou-se ao lado dele. Seus olhos, sempre firmes diante do mundo, agora brilhavam com a ameaça de lágrimas. Ele estendeu a mão, entrelaçando seus dedos aos do pai, sentindo o calor ainda presente ali, a única prova de que ele estava vivo.— Acorda, pai… — murmurou, a voz embargada. — Você faz tanta falta pra mim...Por um instante, ficou ali, observando cada detalhe do rosto do pai: as olheiras profundas, o cabelo que já passava do comprimento habitual, a barba crescida que não tinha nada haver com a imagem impecável do CEO poderoso que todos conheciam. Rafael fazia questão de chamar um barbeir
Capítulo 2Após aceitar o serviço, Rafael pediu ao mordomo que mostrasse seus aposentos.Sempre discreto e eficiente, o mordomo guiou Patrícia pelos amplos corredores da mansão até um quarto confortável, localizado ao lado do Senhor Avelar.- Este será o seu quarto, senhorita Patrícia. Se precisar de algo, estarei à disposição. - Ele abriu a porta, revelando um espaço aconchegante, com móveis elegantes.Ela agradeceu com um leve aceno e entrou para se trocar. Vestindo o uniforme branco impecável, sentindo a responsabilidade se instalar de vez. Respirou fundo e saiu do quarto.Ao retornar ao quarto do paciente, analisou cada detalhe com atenção. Abriu o prontuário médico ao lado da cama e começou a revisar as medicações, os horários de administração, os cuidados diários e as rotinas. Tudo precisava ser seguido à risca.Enquanto lia as anotações anteriores, seu olhar voltou-se para o homem desacordado na cama. Senhor Avelar. Mesmo em repouso, ele exalava imponência. Sua presença era qua
Capítulo 3Após horas lendo em voz alta, Patrícia acabou cochilando na poltrona ao lado da cama. Acordou sobressaltada ao sentir uma mão em seu ombro. Ao abrir os olhos, deparou-se com Rafael. Por um instante, temeu que ele fosse repreendê-la, mas sua expressão era tranquila.— Vá jantar — disse ele simplesmente. — Vou ficar um pouco com meu pai.Patrícia se sentou melhor e esfregou os olhos, tentando despertar.— Eu preciso dar banho nele antes, senhor.— Eu faço isso todos os dias. Hoje não será diferente.Ela hesitou por um momento, mas assentiu.— Sim, senhor.Ao vê-la sair do quarto, Rafael suspirou, passando a mão pelos cabelos. Não duvidava das intenções de Patrícia, mas não queria que ela assumisse mais do que podia. Seu pai era um homem grande, com 1,85m e mais de 100 quilos, enquanto ela parecia tão pequena e delicada. Movê-lo exigia força e prática, algo que ele já fazia há dois anos.Ele sabia que, em algum momento, teria que permitir que ela ajudasse, mas não gostava da i