PRÓLOGO

KALI CHARTER

A verdade não é o que você vê. É o que você pensa disso. Não existe verdade salutar ou realidade perfeita. Existem pessoas e planos. Existe paz e guerra. Existe perder e ganhar. Percorri um longo caminho em minha busca pela verdade real, minha própria verdade, aquela da qual me despojaram 27 anos.

Meus pés atingem o chão do clube de Cassio Bianchi, nós fizemos uma breve viagem de jato particular até Grand Canyon, um mês depois do casamento altamente luxuoso do meu irmão, estava de volta ao trabalho, o médico verificou-o e ele estava apto novamente para esta vida perigosa.

Boas notícias para me, pois, estava livre das papeladas, de latir ordens e fazer pagamentos, era mais, cansativos que entrar em ação. Pois, eu não tinha que lidar com a parte burocrática da papelada.

Em passos decisivos nós entramos no clube não esperando autorização dos seus guardas, meu irmão passou por eles como se soubesse onde exatamente ficava o escritório de Cassio Bianchi. Subindo os degraus das escadas, nós percorremos o corredor estreito até encontrar dois homens parados em frente a uma porta, quando eles queriam sacar a arma, meu irmão os fuzilou com olhar que não tinha nada a perder. Não depois de ser sequestrado por Milar e viver terror no seu cativeiro. Não depois de esconder sua mulher para que a maldade da máfia não a atinja, não depois de saber que seu filho estava a caminho e fará de tudo para protege-lo.

— Aaron Charter na minha cidade.

Foi minha vez de fuzilar Cassio Bianchi, está não é sua cidade, talvez ele precise de um lembrete típico do meu irmão. Antes que eu perceba, eu vejo meu irmão em cima de Cassio dando-lhe socos consecutivos em seu rosto, não dando tempo para Cassio se defender, quando seus homens pensaram em sacar suas armas, nós apontamos nossas armas a eles.

Eles são o menor número em relação a nós, não demos tempo para Cassio se preparar, viemos de surpresa para compensar sua atitude estupida ao patrocinar Alberto Milar na sua guerra sangrenta contra nós.

Meu irmão jogou o corpo de Cassio contra parede, podíamos ouvir suas costelas se quebrar na hora do impacto, o corpo de Cassio fica estatelado no chão enquanto seu rosto estava vermelho coberto de hematomas.

— O que você dizia? Está cidade é minha, o fato de você se hospedar e colocar meros homens ao seu dispor não te faz importante.

Cassio soltou uma gargalhada dolorida enquanto sua boca escorria sangue.

— Aquele idiota incompetente de Alberto Milar, não conseguiu fazer valer a pena o que lhe dei.

Cassio levou sua mão para seus lábios e limpou. Ele estava enfurecido, entretanto, sabia que sua vida estava em jogo aqui.

— Ele estava tão obcecado pela sua mulher que eu perdi tudo na loucura dele.

Disse Cassio esforçando-se para ficar em posição sentada.

— Agora você tem certeza, eu financiei Alberto Milar sim, você faria o mesmo se estivesse em minha posição, somos iguais quando se trata de defender o que é nosso.

— Esta cidade não é sua.

Aaron rosnou para ele.

— Norte não te interessa Aaron, seu negócio está formado no sul, centro, leste e o Oeste. Não no Norte.

Norte não era interessante pelo fato de não fazermos negócios com as fronteiras do Norte, porque colocaríamos homens nesta cidade se ela não nos dá nenhum lucro no final do dia?

— Estou disposto a negociar, sem trapacear, eu te dou armamento em compensação por ter financiado Milar, já que quebrou meus ossos, estamos quites.

— Vai me compensar por me separar da minha mulher?

Meu irmão questionou aproximando-se dele eles ficaram cara a cara, meu irmão não esqueceria tão cedo o que Milar fez.

— Não. Eu não sei o que é amar, então, não entendo sua obsessão por ela.

Meu irmão suspirou querendo socá-lo novamente, não vale a pena, ele como ninguém reconhece esse sentimento vazio, poucos homens tem a oportunidade de sentir o sabor do amor. Eu sou um deles, desconheço o sentimento que fez meu irmão enlouquecer por Mitchi.

— Faça o carregamento valer a pena, ou virei para matar todo mundo, não tenho mais nada a perder.

— Se minhas costelas não estivessem quebradas, nós entraríamos em reunião para definir um acordo, assim, não perderia tempo vindo até aqui.

— Quebrar suas costelas, não foi perda de tempo, Cassio.

Disse meu irmão sorrindo sombriamente.

— Me encontre no hotel em 1h.  

Informou meu irmão antes de ficar em pé e se virar para sair.

Meus dedos batiam sobre a mesa suavemente olhando para o reflexo do meu rosto contra o espelho sob a parede do escritório do meu irmão Aaron. Acabei de receber a notícia que me casaria com Mila Falcone, a filha mais nova de Bernardo Falcone. Eu não estava a espera que meu próprio irmão, concorda-se com essa loucura de casamento como laço entre duas máfias. Mais que merda. Eu não pedi que Cassio Bianchi me desse uma mulher, há mulheres muito, muito mais interessantes em nossa cidade que poderiam me satisfazer apenas com um boquete.

— Porra, você ficou pálido.

Diz meu irmão entregando-me copo de whsky enquanto encarava-me descaradamente.

— Você jogou a bomba, o que esperava?

Questionei depois de um longo gole na minha bebida.

— Era necessário.

Eu quase rio com deboche.

— Necessário?

Questionei incrédulo.

— Sim, Mitchi está gravida, e eu não quero outra guerra em pouco espaço de tempo.

Também não quero, entretanto, em que momento fiquei a disposição para um casamento? Não me recordo desse trato.

— Mila Falcone? Eu mal a conheço.

Eu comento tentando evitar o assunto, não quero me casar.

— Você não tem muitas escolhas.

Franzo a sobrancelha. Os olhos acastanhados do meu irmão me encaram, não há como lhe fazer mudar de ideia, mesmo que eu recorra a Mitchi para me ajudar a evitar este casamento, estaria sendo idiota, há um herdeiro a caminho, uma nova guerra neste momento seria arriscar a vida do meu sobrinho antes mesmo dele nascer.

— Quando será o casamento?

Questionei não entusiasmado.

— Será o mais rápido possível.

Meu irmão diz e eu suspiro dramaticamente. Droga.