A babá fugitiva
A babá fugitiva
Por: Autora R
Um

Marcela

— Por favor David! Não me mata. - eu disse enquanto corria, eu não aguentava mais apanhar dele, se o mesmo continuar a me encher de pancadas eu não sei se conseguirei amanhecer o dia viva. Foi por isso que eu tomei a decisão de deixá-lo, mas o mesmo não recebeu essa notícia muito bem.

— Você vai me pagar sua prostituta! - ele disse com a voz embargada por causa da bebida e das drogas, a minha mãe disse para eu não me envolver com esse homem, mas eu não dei ouvidos para a mesma, me deixei levar pela paixão, e esse é o resultado, o David até que é uma boa pessoa, quando não está cheio de bebida e drogas. Pois sempre que ele está bêbado e afins,  só pensa em me espancar por qualquer motivo.

— Por favor me deixa em paz. - eu digo no momento em que ele consegue agarrar o meu calcanhar e me faz cair com tudo no chão, eu bato o meu rosto contra o assoalho frio e uma dor lancinante toma conta de todo o meu corpo.

— Sua vagabunda! Abre essas pernas pra mim! - ele diz subindo em cima de mim e o percebo que o seu membro está completamente duro, e é nesse momento que o terror toma conta do meu ser, pois o David está querendo me forçar a ter relações com ele mesmo depois da surra em que o mesmo me deu.

— Por favor me deixa em paz. - eu peço desesperada.

— Você é minha mulher e vai fazer tudo o que eu mandar! - ele diz com os olhos vermelhos de pura droga.

— Eu quero terminar tudo. - digo um pouco apreensiva, mas não dá mais pra continuar vivendo assim.

— O que você disse? Repete se você tiver coragem! - ele diz e afunda uma faca no meu pescoço. — Se você quer me largar, então você vai realmente morrer, pois se você não quer ser mais minha você não será de mais ninguém.

Nesse momento eu tive certeza que seria o meu fim, ele deslizou a peixeira afiada no meu pescoço e eu senti o líquido do sangue escorrer, e foi ali que eu percebi que teria que tomar uma decisão, ou aceitaria o destino da morte, ou morreria pelo menos lutando.

Foi então que eu dei uma cuspida na cara do David, o que fez o mesmo se assustar. Nesse momento eu aproveitei para me mexer, dei um tapa na sua mão que fez a faca cair, e antes que ele a pegasse eu me antecipei e a cravei em sua barriga, nesse momento eu saí correndo dali, peguei a minha mochila que já tinha preparado a tarde, com apenas algumas roupas e meus documentos, e um dinheiro que eu já vinha guardando já algum tempo, e sai dali deixando o David para trás dentro de uma poça de sangue, para poder salvar a minha vida, eu tive que tirar uma.

Sai desesperada, corri bastante e parei um Taxi que por sorte estava passando há algumas quadras da minha antiga casa, aquela no qual eu acabara de deixar um corpo sem vida para trás, o Taxi não fez nenhuma pergunta o que eu agradeci bastante, o mesmo me deixou na rodoviária, e eu desci e já fui correndo para a bilheteria, pedi a passagem do próximo ônibus que fosse sair, não importava pra onde, eu só queria sumir antes que alguém encontrasse o David e chamasse a polícia.

Recebi a passagem, entrei no ônibus e desapareci de Belos Montes sem data definida para retorno.

Assim que encontrei a minha poltrona, eu demorei um pouco até o ônibus pegar estrada, depois eu fui até o banheiro e troquei a blusa que estava um pouco manchada de sangue, e a coloquei no fundo da minha mochila. Depois voltei para a minha poltrona e fiquei olhando pela janela, observando a lua que brilhava lá no alto do céu, ali naquele momento enquanto eu admirava a sua beleza, também fazia preces para que tudo se resolvesse na minha vida e que pelo menos eu pudesse ter um recomeço digno, pois a única coisa que eu queria nesse momento era um pouco de paz.

(....)

Realmente era uma passagem pra um lugar bem distante, pois faz dois dias que o ônibus está na estrada, fazendo apenas algumas paradas para os passageiros fazerem suas higienes e alimentação, o que eu achei ótimo, quanto mais longe, melhor, também analisei e percebi que estava indo para outro estado, estava indo para uma cidade chamada Centrópolis. Nunca ouvi falar, mas o importante é que bem longe.

E finalmente chegando ao destino, eu desço do ônibus e começo a andar sem rumo, vou passando pelas calçadas, ao que me parece é um bairro bem nobre, pois só vejo mansões ao redor, nesse momento me sinto uma completa perdida andando por essas casas tão elegantes apenas com a minha mochila nas costas. É quando de repente um homem aparece no portão e já vai falando comigo, o que me faz dar um grito de susto pois de imediato acho que ele sabe quem eu sou e o que eu fiz.

— Você é a Marcela? - ele pergunta e eu o olho com os olhos arregalados, mas pela a sua expressão ele não aparenta estar me acusando de nada, pelo o contrário, ele parece desesperado e precisando de ajuda.

— Sim! Sou Marcela. - respondi ainda desconfiada.

— Ótimo! Toma! Ele é todo seu, as instruções estão todas em uma lista em cima do balcão, e o Kaique está dormindo. - ele disse me entregando o bebê e saiu às pressas, entrou em um carro e arrancou com tudo, e eu fiquei ali no meio da calçada sem saber o que fazer.

— Você é a nova babá? - um garotinho de uns quatro anos me pergunta e eu fico sem saber o que responder. — O papai já foi trabalhar?

— Sim. - respondi pra ele e então de repente o bebê começou a chorar, e eu entrei com ele para a residência e o garoto que creio se chamar Kaique veio atrás de mim.

— Onde fica o balcão? - perguntei para o Kaique assim que entrei na casa.

— Ali na cozinha. - ele diz apontando para o cômodo e sigo para o mesmo, encontro a tal lista que o moço falou e a li com cuidado. Vi que estava na hora do bebê tomar a mamadeira.

Seguindo as instruções, peguei a mamadeira que estava no microondas e verifiquei a temperatura, e logo depois o bebê estava alimentado e dormindo no seu bercinho. E só aí foi aí que eu pude respirar e assimilar o que estava acontecendo.

Aparentemente o homem dono dessa casa estava à espera de uma babá, que pelo visto também se chama Marcela, e por alguma razão a mesma faltou. Cheguei a conclusão desse pensamento no mesmo instante em que o telefone começou a tocar. E como não havia ninguém na casa além de mim, acabei tomando a liberdade de atender.

— Alô!

— Bom dia! Aqui é da agência de babás, lamentamos informar que a senhorita Marcela sofreu um acidente e não pôde comparecer à sua casa como combinado, porém, podemos marcar uma entrevista amanhã com outras candidatas.

— Não precisa, já encontramos alguém para colaborar conosco. - respondo tentando parecer o mais elegante possível. Desliguei o telefone e fiz uma prece para que essa agência realmente não procure mais o senhor.... Meu Deus eu não sei mesmo nem o nome do dono dessa casa, mas creio que se me esconder por aqui como uma babá, eu realmente não correrei riscos de ser capturada pela polícia.

Espero que tudo dê certo, pois eu acho que essa oportunidade caiu de pára-quedas para mim e eu irei agarra-la até mesmo porque eu estava vagando sem rumo e sem dinheiro, sem nem mesmo saber pra onde ir.

Penso nisso enquanto vou caminhando pelo corredo quando de repente escorrego em uma bola e caio de bunda no chão, e logo as gargalhadas do pequeno Kaique se fazem presentes.

— Isso! Operação fora babá está iniciada. - a voz do pequeno ecoa ao que me parece ser um mini rádio.

— Onde você está Kaique? O que é essa operação? - pergunto olhando para todos os lados e finalmente vejo uma sombrinha escura no final do corredor. Vou andando a passos largos e o vejo correr até o que eu acredito ser o seu quarto pois está todo decorado de azul. Ele se esconde debaixo do cobertor.

— Kaique por que você está fazendo a operação super secreta fora babá? - perguntei pra ele.

— Por que todas as babás são malvadas e Kaique faz todas irem embora. - ele responde sem rodeios, agora está explicado por que essa casa precisava de uma nova babá e também o desespero do pai dele em ter que deixar os filhos com alguém. Ao que me parece o dono dessa casa tem sofrido para dar conta do trabalho e de cuidar de duas crianças pequenas.

— Kaique onde está a sua mãe?

— A mamãe foi morar com o papai do céu no dia em que o Miley nasceu. - ele respondeu com uma vozinha arrastada, que denunciou a sua tristeza e me fez sentir um pequeno pesar, por ele ter perdido a mãe ainda tão pequeno, o bebê que agora sei se chamar Miley, não deve passar dos dez meses de idade, então faz pouco tempo que essa família sofreu esse baque tão pesado.

— E como é o nome do seu papai? - perguntei pois ainda não sabia e se eu iria mesmo manter o meu disfarce de babá e seguir com o plano de me esconder com essa família, eu teria que saber pelo o menos o nome do meu empregador.

— O nome do meu papai é Nick. - ele respondeu, nome bonito, igual o dono, pois mesmo com toda aquela confusão foi impossível perceber o quanto ele é um homem bonito, porém, não é pra isso que eu estou aqui, eu tenho que me manter aqui neste lugar, e o quanto mais escondida eu estiver, mais estarei segura.

— Escute Kaique! - falei e o garoto colocou o rostinho pra fora da coberta. Ele é muito fofinho, apesar de estar sendo malvado.

— A sua operação fora babá não irá funcionar comigo, pois eu não irei sair tão cedo dessa casa. - falei e o deixei sozinho no quarto, pois tinha que ver se o pequeno Mile já havia acordado.

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