Parte 1...IsabelaQuando chegamos em casa, parecia que estavam agitados, não apenas os empregados, mas Alessandro que passou por nós carregando um notebook e atrás dele seguiam três de seus homens. Yelena parou uma das empregadas.— Onde estão meus filhos? – olhou em volta — E porque está correria pela casa? – entregou a bolsa para a empregada.— O senhor Alessandro está por aí, indo e vindo, senhora... Eu não sei sobre o senhor Enzo, mas seu outro filho está no escritório. Ele chegou faz pouco tempo também e parece que está agitado.— E quem não está? – Yelena torceu a boca — Vamos descobrir do que se trata.Eu ia seguir para meu quarto, mas ela me pegou pela mão e me puxou junto para o escritório. A porta estava aberta e nós entramos. Victor estava do lado de fora, na varanda, falando ao celular e ao se virar nos viu. Sua expressão mudou e ele desligou.— Mama... Por que a senhora foi assustar a Lívia? – seu tom estava um pouco nervoso — Eu estava falando com ela agora – apontou o
Parte 2...EnzoE agora encerro minha última cartada, com o apoio de Luca Bertolino. Eu pretendia retornar para casa e ter um almoço com minha família, antes de dar continuidade aos acordos, mas não podia perder a chance de falar com cada um deles em particular e o último era Luca Bertolino.O sol já começava a se pôr lentamente sobre a cidade, lançando uma sombra escura sobre as ruas estreitas e os becos sinuosos. O aroma de cigarros e charutos, misturado ao café e uísque, estava espalhado pelo ambiente.O olhar de Luca era firme e penetrante. Ele já era um homem de idade e acostumado a comandar e tomar decisões difíceis. Posso até dizer que foi amigo de meu pai. Durante anos os dois mantinham contato e de todos que apareceram para a reunião, ele é quem tem a opinião mais importante para mim.Sua estatura m&eac
Parte 3...IsabelaEu pensei que estava sonhando. Em algum lugar de minha mente reconheci um perfume másculo, um cheiro viril e atraente que eu gostei. Senti lábios tocando meu rosto, descendo de leve por minha pele, até meu pescoço.Um hálito cheiroso entrou em minhas narinas e senti minha pele se arrepiar. Me mexi um pouco, trocando de posição, mas o sonho continuava. Senti beijos em meus ombros, em meus olhos e em minha boca. Sorri de leve e respirei fundo, me mexendo de novo.Então eu senti um beijo mais forte em minha boca, forçando meus lábios a se abrirem e recebi sua língua intrometida. Abri os olhos brevemente e entendi que não era um sonho, mas o meu marido que estava me beijando.Ergui as mãos e segurei seu cabelo, retribuindo o beijo e seu gemido baixinho começou a me despertar de vez. Deslizei as mãos até seu pe
Parte 4...EnzoEu acho que não tenho mais dúvidas de que minha suposta beata tem muita vontade de aprender e também de agradar. Talvez seja algo do sangue mafioso que já corre em suas veias, afinal, o pai dela e antes dele, já eram mafiosos.A despeito de tudo o que quiseram enfiar na cabeça dela contra mim, estou mostrando que não sou o monstro que me pintaram. Ao menos não com ela, que é minha esposa e será a mãe de meus filhos. Mas com os filhos da puta que estão tentando me sacanear, com esses sim, eu serei um monstro. Eles nunca mais terão outra chance de sequer pensar em me trair e colocar meus negócios em perigo. E Bianca vai ter sua punição, por tentar machucar minha Isabela.— Olha só quem desceu – Alessandro comentou rindo quando entrei na cozinha — Pensei que o príncipe não ia cont
Parte 5...VictorLívia tinha ido ao banheiro. Sei que ela está com medo do que aconteceu, mas pelo menos me deu a chance de falar, mesmo depois que minha mãe andou revelando coisas demais. Eu só iria fazer isso depois, mais para a frente.— Me ajuda a abrir?Me virei e ela estava de pé, se apoiando na muleta para evitar colocar o peso do corpo na perna ferida. Segurava um frasco de comprimidos. Dei um pequeno sorriso e o tomei de sua mão, girando a tampinha.— Obrigada! – ela pegou de volta e bateu na mão.Colocou um comprimido rosa na boca e foi desajeitada até a geladeira. Passei rápido e abri, pegando uma jarra e um copo que estava em cima do escorredor de pratos e enchi para ela.— Obrigada! – ela repetiu — Vamos sentar, Victor.Ela deu um passo para sair da pequena cozinha e eu me antecipei, a pegando no colo e
Parte 6...VictorEu avisei minha mãe antes de levar Lívia para casa. Aproveitei que ela foi até o quarto trocar de roupa e separar algumas coisas para levar e liguei, avisando que ela ficaria com a gente por um tempo.— Por mim não há problema, Victor – minha mãe disse logo — E sei que seus irmãos até acham isso mais adequado. Não estamos em um momento de cometer erros. É melhor prevenir.— Obrigado, mama – suspirei aliviado — Também acho isso.— Vou mandar preparar um quarto para ela.— Não... Ela vai ficar comigo, no meu quarto – respondi logo.— Eu não sou puritana, Victor, mas você já acertou isso com ela?— Bem, eu disse que ela ficaria comigo, mas não mencionei no mesmo quarto.— Então avise a ela. De qualquer forma, vou mandar preparar um dos quartos de hóspede, caso ela prefira ter mais liberdade.— Está bem... Eu já estou saindo com ela, não me demoro.E nem poderia mesmo demorar. Tenho que deixar Lívia em casa e correr para o encontro que tenho marcado com Bartolo e os outr
Parte7...VictorEu nunca gostei desses confrontos. Não sou covarde, mas meu lado pacifista prefere evitar a todo custo um derramamento de sangue. Porém, em casos como o de hoje, tenho que concordar com meu irmão. É necessário fazermos uma guerra para que a paz possa reinar durante um tempo mais longo.Sei que a paz é algo que não é duradouro. O ser humano não sabe viver em tranquilidade, ele sempre busca o lado ruim da vida e depois tem que arcar com as consequências.Deixei Lívia em casa, ao lado de minha mãe e de Isabela. As duas estão preocupadas, mas elas não fazem ideia do que acontece aqui. Bem, minha mãe até que sabe, ela tem experiência nessa vida ao lado de meu pai. Mas sei que ela não vai falar nada que coloque Isabela em uma energia ruim.A luz do dia começava a ceder espaço para a escuridão no armazém abandonado, onde o cheiro de ferrugem e decadência preenchia o ar. Eu lidero meu grupo de homens com o apoio de Bartolo, assim como foi combinado em reunião, em uma defesa d
Parte 8...AlessandroA noite estava escura e um chuvisco recente deixava umidade nas ruas estreitas dessa parte da cidade, onde as luzes fracas dos postes iluminavam o caminho para mim e meus dois seguranças.O som dos nossos passos apressados ecoava pelas paredes de tijolos, misturando-se ao ruído distante da cidade agitada. Aqui já começa a ter mais movimento. O cheiro de tensão pairava no ar após o confronto sangrento entre nossos grupos e eu estou determinado a capturar o capanga que escapara. Ele não voltaria para casa para contar história.Ao virar a esquina, nós avistamos o fugitivo entrando apressado em uma pequena lanchonete. Isso é uma merda, envolver pessoas comuns. Mas esses covardes sempre fazem isso, para tentar escapar.As luzes fluorescentes piscavam, revelando o letreiro desgastado que dizia "Sabor da Noite". Eu acenei, indicando para os homens con