A tarde com Maya foi mais leve do que eu imaginei. A gente riu, dividiu histórias, e eu a vi lançar olhares para o irmão que diziam mais do que qualquer palavra. Olhares de cuidado, de uma irmã que conhecia os muros que Max construiu... e talvez, torcesse para que eu conseguisse escalar cada um deles.
Quando ela foi embora, nos despedimos com um abraço apertado. Um daqueles que dizem “obrigada” sem precisar dizer nada.
Agora, o apartamento estava silencioso de novo. Max estava na varanda, apoiado na grade, olhando a cidade como se ela tivesse todas as respostas que ele procurava. As luzes da rua refletiam no vidro da janela, e o vento mexia os fios escuros do cabelo dele.
Fiquei observando por alguns segundos, antes de me aproximar devagar. Envolvi meus braços ao
Acordei com aquele cheiro inconfundível de café sendo passado. Aquele aroma quente, acolhedor, que prometia um começo de dia suave. Pisquei algumas vezes, confusa por um segundo — porque não era o apartamento dele. Era o meu.E ainda assim, lá estava ele.Max.Descalço, de camiseta preta e moletom cinza, mexendo na minha cafeteira como se fosse o dono da cozinha. A luz suave da manhã entrava pela janela, refletindo nos cabelos bagunçados dele, e por um instante, eu só observei. Porque não tinha como não sorrir.— Bom dia, dorminhoca — ele disse sem olhar, como se sentisse que eu estava ali.— Max? — falei ainda sonolenta
Depois do café da manhã, fui direto para o banheiro com a intenção de ser rápida. Max ainda estava largado no sofá, com aquela cara de quem não tinha pressa nenhuma. Liguei o chuveiro e entrei, deixando que a água quente lavasse a preguiça do corpo — e o pensamento insistente de como era perigoso me acostumar com aquela rotina.Mal fechei os olhos e comecei a espalhar o sabonete pelo corpo, ouvi a maçaneta girar.— Max? — chamei, desconfiada.Ele apareceu segundos depois, já tirando a camiseta.— Bom dia de novo — disse com aquele sorriso safado no canto da boca.— Você não acha que devia esperar a sua
O carro seguia suave pelas ruas da cidade, o silêncio preenchido por uma tranquilidade estranha, quase cúmplice. Max dirigia com uma mão no volante, a outra repousando no meu joelho, como se não quisesse soltar o contato em nenhum momento.Quando estávamos a uma rua da empresa, falei baixo:— Me deixa aqui, Max.Ele franziu o cenho sem entender. — O quê? Aqui?— Sim. Não quero chegar com você. Vão começar a falar. Já falam demais.Ele bufou e diminuiu a velocidade. &mdas
Tentei me concentrar.Abri e fechei documentos, revisei contratos, respondi e-mails. Organizei a agenda de Max como sempre fazia, mas hoje… tudo parecia mais lento, mais nítido. O som dos saltos nos corredores, os teclados, até o ar-condicionado pareciam mais altos. Tudo porque eu sentia os olhares. Os cochichos. O silêncio súbito quando eu passava.Andei pelo andar administrativo com a prancheta em mãos, tentando parecer ocupada. Passei pela sala do financeiro, depois pelo jurídico. Sorrisos forçados. Um cumprimento que veio com um olhar torto. Outro que sequer foi respondido. E uma funcionária que cochichou algo para a colega e riu assim que me virei de costas.Meu estômago se revirou.Era sutil, mas e
Ele continuou parado à minha frente, os olhos presos em mim como se buscassem respostas nas entrelinhas do meu silêncio.— Me fala o que tá acontecendo — disse, mais baixo dessa vez, a voz grave deslizando como um comando disfarçado de pedido.Desviei o olhar de novo, mexendo em papéis só pra fazer alguma coisa com as mãos.— É só impressão, Max. — Dei de ombros. — Tá tudo bem.— Não, não tá. — Ele se aproximou, contornando minha mesa devagar, até estar ao meu lado. — Desde que chegamos, você tá diferente.Fiquei quieta. Sabia que se abrisse a boca naquele momento
O auditório foi se enchendo aos poucos. Grupos de funcionários cochichavam entre si, olhares curiosos passavam por mim como se eu tivesse as respostas — mas eu estava tão no escuro quanto eles.Sentei nas cadeiras da frente, mantendo o tablet no colo mais por segurança do que por necessidade. O ambiente estava carregado daquele silêncio inquieto, onde todo mundo especula, mas ninguém tem coragem de perguntar nada em voz alta.E então, Max entrou.De terno escuro, impecável, expressão séria e postura que enchia o ambiente de autoridade. Os murmúrios cessaram no mesmo instante. Ele subiu até o pequeno palco, parou no centro, e levou o microfone à boca com calma. O olhar dele percorreu a plateia como se estivesse memorizando
MaxManhãs de reuniões sempre foram a parte mais entediante do meu dia. Apresentações longas, gráficos previsíveis, metas e mais metas. E ainda assim, hoje — como nos últimos dias — eu estava ali, sentado à cabeceira da mesa de conferências, fingindo total atenção enquanto, na verdade, observava Charlotte.Ela estava do lado oposto da sala, postura impecável, anotando pontos da reunião com aquele foco silencioso que me tirava do sério. Não porque ela errava. Mas porque ela era boa demais. E linda demais. E porque eu não conseguia parar de olhar pra ela.Toda vez que ela levantava os olhos, mesmo por um segundo, nossos olhares se encontravam. E toda vez, ela desviava primeiro. Como se não
— Você gosta quando eu perco o controle, não gosta, Lotte? — sussurrou Max, a voz rouca de desejo. — Gosta de me provoca e me deixar louco de tesão por você?Ele deslizou a mão pela minha nuca, dedos se enroscando nos cabelos castanhos, puxando de leve. O polegar acariciou o meu maxilar, traçando a curva dos lábios entreabertos.— Eu vejo como você me olha quando acha que não estou prestando atenção — continuou ele, a outra mão deslizando pela curva da minha cintura, puxando meu corpo contra o dele. — Vejo como seus olhos brilham quando te toco assim, como se estivesse morrendo de sede pelo meu toque.Max se inclinou, os lábios roçando os meus em