Passou-se um tempo desde o nascimento de Sophie, e a vida dos quatro estava mais doce do que nunca. Era um Natal especial, e eles decidiram passá-lo na casa de campo de Edward, longe da agitação da cidade, longe dos fogos de artifício. A atmosfera calma e tranquila da zona rural era o cenário perfeito para umas festas de fim de ano memoráveis. — Tom, não fique jogando até tarde, daqui a pouco terá a ceia e poderemos abrir os presente. — Rebecca se aproximou do filho e acariciou os seus cabelos. — Mamãe, a Sophie também ganhará presente? — Tom desviou o olhar da TV e olhou a mãe com curiosidade. — Ainda não, príncipe. — Rebecca disse com calma enquanto sorria para o filho. — Sophie ainda é pequena, ela não pode brincar com brinquedos. Mas quando ela tiver idade o suficiente, você pode dividir os seus com ela, e até mesmo escolher brinquedos só para ela. — Eu vou comprar um monte de ursinhos para ela! — Tom disse animado e então voltou a atenção para o videogame. — Mamãe, posso jogar
O gosto da bile subiu a minha garganta antes mesmo de eu poder ter uma reação. Eu acho que conforme você começa a "amadurecer", você percebe que a vida não é um conto de fadas, muito menos uma tarefa fácil de se lidar. Na verdade, a vida é extremamente sacana com você em mais da metade do tempo, o que nos resta é saber como lidar com isso. Mas a quem eu quero enganar? A vida era extremamente injusta comigo e eu não sabia lidar com nada do que estava acontecendo. Mas suspirar e desistir não estava sendo uma opção para mim nos últimos anos. Acho que desde a morte dos meus pais não tinha um certo alívio na vida sem ser o meu filho. Eu, Rebecca Clifford, graduada em arquitetura, além de uma quase graduação em design gráfico, confesso que seguir carreira é uma das inúmeras coisas mais desafiadoras do mundo, ainda mais ao ter um filho e um estrume como marido. Comecei a faculdade de arquitetura por conta da minha mãe, uma arquiteta renomada em sua área. Quando eu era mais nova, a via faz
— Becca... Podemos... conversar? — James caminhou lentamente até mim e se abaixou um pouco para tentar me levantar. Apenas afastei suas mãos de mim e respirei fundo, me levantando sozinha e tentando me recompor, repensei sobre tudo o que já tinha lidado em toda minha vida, e aquilo era o de longe o mais asqueroso. — Há quanto tempo? — Apenas me olhou confuso enquanto eu cruzava os braços e o encarava. Eu sentia que minha cabeça iria explodir a qualquer momento. — ANDA JAMES, RESPONDE! Há quanto tempo você está me traindo? — Ela me seduziu. Becca acredita em mim, você precisa acreditar em mim! Nós estamos juntos há doze anos... — Novamente tentou se aproximar, mas apenas me afastei sentindo asco de seus toques. — Um ano, mas foram poucas vezes. Não vamos esquecer esses doze anos juntos! Os dez anos de casamento, nosso filho. Becca... — Pare de me chamar de Becca! — Disse frustrada enquanto gesticulava desesperadamente. — Um ano. — Ri comigo mesma pensando em quanto era aquilo. — Ela
Por doze anos estive presa em um relacionamento que achava que duraria toda a eternidade e por três anos me vi presa na rotina do meu exaustivo trabalho. Perdi algumas, ou pior, perdi várias apresentações e momentos importantes da vida do meu próprio filho por estar constantemente presa no trabalho fazendo exaustivas horas extras para não deixar nada faltar. Eu sabia que ele ficava magoado com isso, mas ele sempre corria para me abraçar e dizer que estava tudo bem e que o importante era que eu o amava, aquilo apertava meu coração todas às vezes que eu pensava naquilo. Mas eu faria de tudo para mudar aquilo e recompensar meu filho pela minha ausência durante quase 4 anos da vida dele. Durante aqueles meses eu seguia uma rotina com ele, o levava até a escolinha e depois ia entregar milhares de currículos pela cidade. Minha poupança não duraria tanto tempo, eu precisava mais do que nunca achar um emprego bom e que não me privasse de viver os momentos do meu filho. No fim da tarde buscav
Desde então, duas horas haviam se passado, duas horas desde o momento que eu havia sido separada de forma impiedosa de meu filho. Eu andava pelas ruas sem um rumo certo, estava totalmente desorientada e abalada com tudo aquilo, não prestava atenção em nada ao meu redor. — Liv... — Voltei a chorar quando minha velha amiga atendeu finalmente a ligação. — Becca? Desculpe a demora para atender, estava em videoconferência com um cliente estrangeiro. Como foi? Por que o choro? — Sua voz transbordava preocupação e eu mal conseguia formar uma palavra. — Cadê o Tom? — Eu perdi... — Me agachei no meio da calçada colocando a mão que estava livre em frente aos olhos, não conseguindo segurar os soluços dolorosos de um choro dolorido. — Eu perdi tudo, casa, carro... e o mais importante, a guarda do meu filho. — Co-como?! — Ouvi um copo cair no chão me tirando do torpor da tristeza, só então a ficha tinha caído, eu estava sozinha, em algum bairro que eu nunca havia posto os pés em meio ao choro
— É tão doloroso. — Puxei uma das mãos para limpar uma lágrima que ousava cair. Minha garganta se fechou e novamente senti minha voz sem firmeza enquanto tremia, balancei a cabeça negando a mim mesma o que tinha acontecido naquela tarde. — Liv… ele estava chorando, dizendo que queria ficar comigo! Nunca vou me perdoar por ser tão ingênua com relação ao James, nunca me perdoarei por fazer Tom chorar daquela forma, toda essa situação é imperdoável. Eu devia ter ouvidos a todos quando me disseram que James não valia nada. — Funguei pensando em meus pais que sempre gostaram muito de James, ao menos eles não tinham conhecido a verdadeira faceta de James, isso os poupou de uma grande decepção. — Aquele juiz era amigo de James. — Fechei novamente os olhos momentaneamente antes de abri-los novamente. — Eu sei que acabei batendo em James, mas o juiz desde o início estava ao lado dele, isso era óbvio para qualquer um. — Eu ajudarei você a trazer Tom novamente. — Olivia me abraçou enquanto eu me
Seu coração batia aceleradamente, seus cabelos estavam úmidos por conta do suor e seu corpo tremia ainda assustado por conta do pesadelo que havia tido poucos minutos antes. Por alguns instantes seu corpo não se mexeu, completamente paralisado, parecia que estava em uma jaula dentro de seu próprio corpo, mesmo se quisesse, seu corpo não respondia aos seus comandos. Com dificuldade se sentou na cama e tateou no escuro procurando seu celular que estava em algum lugar embaixo do seu travesseiro. 4:20 da manhã. E mais uma vez havia perdido seu sono, devia ser a terceira semana seguida que dormia apenas poucas horas por conta das malditas lembranças que vinham em forma de pesadelo apenas para lhe atormentar. Suspirou fechando os olhos, levou as mãos até os cabelos, os bagunçando frustrado. Estava mentalmente cansado dos pesadelos que se tornavam cada vez mais frequentes e fisicamente cansado pela falta de um bom sono há dias. Queria tanto esquecer aquelas malditas imagens que lhe sufocava
Do lado de fora restava apenas uma candidata, Rebecca. A garota que acabava de sair da sala sorriu de forma nervosa e se aproximou da mesma. — Se eu fosse você, sairia correndo e desistiria dessa entrevista. — Becca franziu o cenho e perguntou o porquê. — Apesar de ser um salário alto, não vale a pena. Ele quer que você esteja disponível 24/7, como ter uma vida dessa forma? Ninguém é louco de aceitar isso e desistir de sua própria vida. — Senhorita Clifford. — Rebecca se levantou dando um longo suspiro e agradeceu quando a mulher lhe lançou um sorriso encorajador antes de sair daquele corredor. — Rebecca Clifford. — Edward disse lendo os documentos logo a sua frente sem sequer se dar o trabalho de olhar a mulher. — Trinta anos, formada em arquitetura, fez alguns estágios até os 23 anos, mas depois deu atenção a faculdade de design gráfico, mas trancou a faculdade no terceiro ano e nunca atuou nessa área. Dos 23 aos 27 não trabalhou em nada, apenas foi uma "dona de casa". Trabalhou d