— Você está deslumbrante ! — Nerida cantou maravilhada. Após terminar de atar o grampo do colar de pura prata que seu pai deixara para a Herdeira Buxton.
Ela sabia que realmente estava deslumbrante, mesmo que qualquer um ousasse mentir, o espelho não o faria.
Seus cabelos tinham um coque alto, no centro de sua cabeça. O coque era generoso e permitia que alguns fios caíssem soltos ao seu redor. A tiara de sua mãe era incrustada de pedras cinzentas atadas ao suporte de prata. Seus olhos estavam marcados por tinta cinza brilhante em sua pálpebra, as bochechas rubras e seus lábios vermelhos não precisavam de toque algum.
Seu vestido era de um azul quase branco, um cetim puríssimo, ao contrário do que William havia pedido, ela não acataria ao pedido de um suposto noivo que sequer tinha tato para falar com ela.
A peça engolia seu corpo
Seus olhos eram de fato acostumados com a escuridão, por mais que ainda captassem o borrão de luz quando claridade entrasse por eles. Embora gostasse muito de seus olhos, Helena se pusera a acreditar que seus ouvidos assumiram o lugar da visão, pois com a audição conseguia ouvir cores, textos, expressões e qualquer coisa que chegasse aos seus tímpanos. — Não acho que ela faça de propósito — exclamou Helena em uma tentativa falha de não chamar atenção de algumas pessoas que passavam por ali. — Eu poderia dizer “somente um cego não poderia ver”, mas esqueci que você se encaixa nesse perfil — Layse usou o tom de ironia que Helena nunca aprovava vindo dela, embora ela usasse de vez em quando, não gostava que usassem consigo com tanto afinco. Seus olhos romperam para a visão de sempre; escura e borrada. No primeiro ato automático de espalmar sua mão na cama de solteira em que dormia, sentiu a ardência numa mistura de dor e chamas, todos os dedos da mão direita e alguns da esquerda. Candelabros limpos como Eleanor mandara, que custaram a pele queimada de sua mão.Com a mão boa que lhe sobrara ela ajeitou os fios de cabelos que se misturavam com seus cílios causando um pequeno incômodo. Os passos no assoalho denunciaram sua visita matinal.— Quando Eleanor vai parar ? — Era Nerida, tocou em suas mãos e Helena automaticamente as puxou para trás em sinal de dor. — Céus Helena, seus dedos estão completamente queimados e cheios de cera.Um sorriso vATO II
Não recebia uma notícia tão desnorteadora desde que seu pai havia partido. Embora o grau de amizade fosse uma irmandade, Helena não conseguia vê-la como alguém menos que sua irmã. No período da noite, Eleanor ordenou que suas filhas voltassem das aulas de etiqueta na qual ficaram hospedadas próximas á casa do rei, pois mesmo que as gêmeas tivessem guardas particulares, no fundo sabiam que para o assassino era como mandá-las sozinha à rua tarde da noite.Os guardas foram até sua residência porque os pais de Layse sabiam que ela havia ido encontrar Helena.Eleanor então soube que nunca houve visita ao costureiro para se vestir para ir ao baile.Nenhum lugar estava seguro e o estranho se mostro
Ouvia muito falar de sonhos, como as pessoas sonhavam. Helena diferente de outras pessoas, sonhava com cores, campos e flores,pois isso era tudo que sua mente conseguia lembrar das últimas coisas que havia enxergado. Mas assim que abriu os olhos ela enxergou como um sonho, e pode entender quando as pessoas diziam que durante o sono, tudo era possível, e ela estava assim, em um sonho, entretanto, completamente acordada.Embora o mundo ao seu volta tenha se expandido da escuridão, seus olhos se focaram na figura refletida no espelho. Como um gato acanhado ela se aproximou devagar, contemplando cada fio de cabelo e até mesmo sua própria expressão de surpresa, a face pálida pela falta de sol, o nariz pequeno e arrebitado, a maçã do rosto magra, os olhos de um cinza tão claro, como se fosse pedras lilases ou pérolas preciosas, o
Não acharam Simon. Nem mesmo algo que pudesse dar indícios de seu paradeiro. Á pedido do rei, a guarda real vasculhou até mesmo embaixo das pedras, nos rochedos, florestas e rios e nem uma gota de sangue fora achada. Eleanor ruiu em desgraça e ficou tão atordoada com o assassino tão perto que nem mesmo teve cabeça para dar o castigo que Helena tanto esperava. Helena se sentiu pior que antes. Sua teimosia em estadiar na cidade até mais tarde lhe custou a vida de um homem honesto, na verdade algo parecia estranho. Se Simon de fato tivesse morrido por que não encontraram seu corpo ?Era curiosa, isso sem dúvidas, entretanto, a imagem do assassino tão perto de sua casa lhe assombrou por três noites.Quando entrou em casa a primeira coisa que fizera foi contar tudo o que viu, com medo e sem cavalos, tudo que puderam fazer foi esperar o sol aparecer e sair pela estrada para encont