Tenho que me lembrar de respirar. Tenho que forçar o pensamento na minha cabeça, porque apenas ela, sozinha, me rasgou e me remendou. E, no entanto sua visão me deixou crua e desgastada com amanhãs que nunca serão. Que nunca podem voltar. Isso nunca foi meu para manter. E do meu lugar no chão, a minha alma se agarrando a algo para pendurar antes de ser engolida nas profundezas escuras do desespero, grito no topo dos meus pulmões o nome da única pessoa que ainda pode ser salva. — Aaron! Pare! Aaron! Lute, droga! — Minha voz rouca cai com as últimas palavras, soluços ultrapassando e desespero me esmagando. Penduro minha cabeça em minhas mãos e me permito ser arrastada abaixo e me afogar, acolhendo a escuridão devastadora, pela segunda vez na minha vida. —Não! — Eu grito. Mãos invisíveis me agarram e tentam me afastar dele, mas luto com cada grama que posso reunir contra eles para que possa salvar Aaron. Salvar o homem que eu amo. —Hadley! — A voz me impulsiona a
—Mas eu não sou... — Não sei por que estou tão chocada que ela está me dando essa oportunidade. A seguidora de regras em mim eriça, mas minha alma traumatizada levanta em atenção. —Sim, você é, — diz ela, com um sorriso apertado nos lábios e sinceridade inundando seus olhos. —Você está ajudando a deixá-lo inteiro a única coisa que nunca fui capaz de fazer como mãe e isso me mata, mas ao mesmo tempo o fato de que ele descobriu isso em você... — Ela não pode terminar a frase e lágrimas empoçam nos seus olhos, então estende a mão e aperta a minha. — Vá. Aperto de volta e aceno para ela antes de virar para ir ao homem que não posso viver sem, o medo misturado com as raias de antecipação por mim como fogos de artifício num campo escuro a noite. Capítulo Quatro Capítulo Quatro Estou do lado de fora da unidade de terapia intensiva e me preparo. Medo e esperança colidem até que uma grande bola de ansiedade tem minhas mãos tremendo quando viro a esquina para me situar em sua
A trituração do metal, seu gemido masculino. O cheiro de destruição, o seu fedor de álcool. Meu corpo batendo na gaiola de proteção em volta de mim, os dedos carnudos tentando me levar, me dominar, me reivindicar. Diga-me que você me ama. Diga! Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Congratulo-me com o impacto fodido do carro, porque ele bate essas palavras da minha boca. Posso vê-lo, senti-lo, ouvi-lo, tudo ao mesmo tempo, como se estivesse em todos os lugares e em lugar nenhum, tudo ao mesmo fodido tempo. No carro e fora dele. A ressonante triturar, inconfundível de metal enquanto fico sem peso, momentaneamente livre da dor. Sabendo que uma vez que falei essas três palavras, apenas dor pode vir. O fodido veneno vai me comer pedaço por pedaço até que eu sou o nada, que já sei que sou. O medo maldito me paralisa, o fodido me consome dinamite explodindo numa câmara de vácuo. Meu corpo bate a frente, mas meu cinto de ombro me estrangula imóvel, como Hadley me
—Olá, — ofereço num sorriso trêmulo, e não sei por que uma parte de mim está nervosa. Aaron lambe os lábios e fecha os olhos momentaneamente, o que faz com que eu entre em pânico que ele se afastou. Para meu alívio ele reabre com um estrabismo e partes a boca para falar, mas não sai nada. —Shh-Shh, — digo a ele, estendendo a mão e descansando o dedo sobre os lábios. —Foi um acidente. — Sua testa franze enquanto tenta levantar a mão, mas não pode, como se fosse um peso morto. Ele tenta angular os olhos para entender as bandagens grossas ao redor de sua cabeça. —Você fez uma cirurgia. — Seus olhos se arregalam com ansiedade e me castigo mentalmente por me atrapalhar sobre as minhas palavras e não ser mais clara. O monitor do meu lado emite um sinal sonoro a um ritmo acelerado, o ruído dominando o ambiente. —Está tudo bem agora. Você voltou para mim. — Posso vê-lo lutar para compreender, e espero por algo para despertar em seus olhos, mas não há nada. —Eu vou chamar a enfer
Quem diabos é você? Olhos azuis gelo olhando para mim. —Pode ser difícil para falar. Estamos pegando um pouco de água para ajudar. Você pode apertar a minha mão, se você me entende? Por que diabos preciso apertar sua mão? E por que a minha mão não se move? Como diabos vou dirigir na corrida de hoje, se não posso agarrar o volante? Meu coração martela como o pedal que eu deveria estar pisando na pista agora. Mas estou aqui. E ontem à noite eu estava lá, com Ry. Acordei com ela... e agora ela se foi. ... Hora da bandeira quadriculada... bandeira, baby... Tudo amplia para o foco ao mesmo tempo. E, em seguida, completa escuridão. Buracos variados negros, bolinhas vazias ao longo da apresentação de slides na minha cabeça. Não posso ligar os pontos. Não posso dar sentido a qualquer coisa, exceto que estou confuso pra caralho. Todos os olhos no quarto olham para mim como se eu fosse um número no show do maldito circo. E o seu próximo ato pessoal, ele vai movimentar os ded
—Não, — diz Aaron, estremecendo quando balança a cabeça instintivamente. —Primeiro batendo e depois acordando. Meus olhos agarram os de Beckett porquê de todas as pessoas ele vai entender que esta não é a ordem em que os eventos aconteceram. Dr. Irons observa o olhar surpreso no meu rosto e balança a cabeça para eu ficar quieta. —Sem problemas. O que mais você se lembra sobre o dia, independentemente da ordem? — Aaron dá um olhar estranho e o médico continua. —Às vezes, quando o cérebro foi traumatizado como o seu foi, as memórias têm uma forma de deslocar e mudar. Para alguns, a sequência de eventos pode estar desligada, mas ainda estarão lá. Para outros, há algumas memórias que são completamente claras e outras que são perdidas. Tenho alguns pacientes que se lembram do dia de seu trauma perfeitamente bem, mas tem um vazio de tempo durante outras épocas ou eventos que aconteceram. Cada paciente é único. —Por quanto tempo esses vazios costumam durar? — Andy fala do la
—É um começo, — eu o tranquilizo. —Passos de bebê, ok? — Tudo o que quero fazer é envolvê-lo em meus braços e tirar toda a sua dor e frustração, mas ele parece tão frágil que temo tocá-lo, apesar do quanto isso iria diminuir o desconforto persistente que vai da ponta dos pés até minha cabeça. Meu otimismo habitual tem sido colocado a prova nas últimas semanas, e simplesmente não consigo evitar a sensação de que isso não é a pior parte. Que algo mais está à espreita no horizonte esperando para nos bater novamente. —O que mais você se lembra? — Eu solicito, querendo ter a sua mente fora de sua mão. Ele me dá suas lembranças do dia, pequenos pedaços estão faltando aqui e ali. Os detalhes não são muito grandes, mas noto que quanto mais perto ele chega do início da corrida, quanto maior são os espaços vazios. E cada pedaço do quebra-cabeça parece ficar cada vez mais difícil de lembrar, como se ele tivesse que agarrar cada memória e fisicamente puxar isto de seu cofre. Dando um
—Vai se foder. Isso vindo da terra do eu-sou-um-fodido-comediante? Beckett ladra uma risada com um aceno de cabeça. —Pelo menos na minha terra não temos que modificar o revestimento das portas para permitir que os egos demasiado inflados. —Este é o tipo de boas-vindas de volta ao mundo que recebo? Sinto o amor, cara. Acho que prefiro as drogas que estão me dando para me segurar em vez de acordar e ouvir esta merda. — Aaron aperta minha mão e seus olhos arremessam sobre ao meus antes de retornar a Beckett. —Sério? Porque posso apenas não ter acordado de um coma, mas garanto que o sentimento confuso que essas drogas te dão, é nada comparado a estar acordado e sentir um quente, molhado... —Whoa! — Tenho minhas mãos para cima e fujo fora da cama, não querendo ouvir onde o resto da conversa está indo. O cheiro fraco do jantar de ontem à noite no lixo me dá toda a desculpa que preciso para dar um momento a sós. —Isso é o suficiente para mim, rapazes. Estou indo para baixo, es