A reação de Shadow ao sentir o aroma do macarrão temperado com especiarias me fez sorrir ao lembrar da minha própria reação ao me deparar, pela primeira vez, com o cheiro delicioso de comida de verdade, ao invés daquela porção grudenta de ração que distribuem na colônia.
Geralmente, quando estou na resistência, sento-me à mesa dos comandantes com Ilya e Ana, mas não sei se Shadow está preparado para o interrogatório que certamente Ramon, que não tem um pingo de tato, fará. Então o levo para uma mesa vazia, não muito distante de onde eles estão.
Comemos em silêncio, enquanto ele saboreia a comida como se fosse o néctar dos Deuses, e lembro da sensação prazerosa que senti quando Ilya me levou um prato de sopa, assim que acordei.
Estava muito
SpiderNa parte de trás da casa, fora montada uma pequena pracinha para as crianças poderem brincar um pouco ao ar livre e sentirem o sol na pele.A propriedade afastada dá certa segurança, principalmente porque a casa cobre toda a frente, bloqueando a visão dos fundos para quem passa pela estrada de terra.Fico observando Ana correr atrás de uma borboleta, depois de cansar de se balançar, encantada com aquela pequena criatura de asas coloridas.Ao nascer, ela era tão pequena e frágil. Apesar de todos os cuidados do Dr. Benjamin, todos pensavam que não sobreviveria. Quando sua mãe fora resgatada, estava com 3 meses de gestação. Belikov a tinha submetido a altas doses da droga e de outra “vacina” que, segundo ele, fortaleceria a imunidade do bebê.No quarto mês, a pequena Ana nasceu, mas sua mãe não sobrevi
ShadowQuando entrei no grande salão atrás de Spider, a última coisa que poderia esperar era encontrá-la nos braços de outro homem.Fiquei parado na porta por alguns segundos, observando-os com as mãos apertadas em punho. Fui arrebatado por uma onda de fúria nunca antes experimentada, para logo sentir meu peito apertar em dor, com um sentimento, até então, desconhecido.— Você está bem? — pergunta, fitando-me com o cenho franzido e, só então, me dou conta de que estou olhando fixamente para a porta por onde Abramov acabou de sair.Posso não entender muito sobre emoções, mas já tinha notado a forma com que seus olhos a seguem sem que ela perceba ou o brilho lúbrico de seu olhar, e suas palavras apenas confirmaram o que já suspeitava: Abramov a ama.— Estou bem — afirmo, v
Spider— Esse plano é ridículo — manifesto minha indignação.Shadow parece finalmente ter notado minha presença na sala, depois de fingir não tê-la notado por todo o tempo.— É a única solução — assegura, olhando-me brevemente, antes de voltar-se para Ilya. — A decisão é sua.— Odeio admitir, mas pode dar certo — considera o líder.— Está se ouvindo? Tem alguma maldita ideia do que vão fazer com você? — questiono enfurecida.— Se for para acabar com a Organização, estou disposto a correr esse risco — afirma com convicção.— Isso não é um risco, é suicídio. No momento em que Shadow te entregar para eles, vão te matar. — Olho para os outros que ainda não ex
ShadowAbramov não perde nenhum segundo, colocando todos sob aviso, e a tensão no rosto das pessoas é evidente. Segundo Spider, os ímãs magnéticos foram instalados no início da estrada de terra, uns trinta quilômetros ao norte, onde há uma bifurcação, para confundir quem estiver seguindo o sinal e perdê-lo abruptamente com o curto do rastreador.Alguns homens são designados para vigiar a estrada, intercalando entre si. Agora, Ilya aumentou a vigilância, espalhando mais homens pela extensão de terra como medida de segurança.Dentro do bunker foi criado um Quarto Seguro reforçado com paredes de titânio, para manter as pessoas seguras de um possível ataque.Olhar para essas pessoas sabendo que toda sua existência e tudo o que têm pode ser destruído por minha culpa é devastador. Atrav&ea
SpiderO clima é de pesar, dor e tristeza. Perdemos cinco guardas na luta contra a organização. As baixas podem ter sido poucas, perto da gravidade da situação, mas isso não faz com que nos sintamos melhor.Conseguimos pegar dois soldados da resistência, um deles com o Projeto Fênix instalado no córtex cerebral, e o outro movido apenas por maldade.Meu desejo é de entrar na cela para onde foi levado e arrancar cada um de seus membros com minhas mãos nuas, até me contar para onde levaram Shadow.Mas prometi a Ilya que ficaria longe daquela sala, por enquanto. Dr. Benjamin quer fazer alguns outros exames para descobrir se o soldado não está, de alguma maneira, sendo controlado. “Não somos monstros. Não vamos torturar ninguém, até termos certeza de que está agindo por vontade pró
IlyaSe há alguma coisa nesse mundo capaz de aquecer o coração de um homem é esse sorriso, que consegue transformar qualquer tormenta em uma leve brisa.— Papai, você vai cantar pra mim? — pede, com os pequenos olhinhos brilhantes e um sorriso doce, que enche meu peito de amor.— Como todas as noites em que coloco você para dormir.A aconchego embaixo das cobertas e beijo sua testa com ternura.Sento-me ao seu lado na pequena cama e afago seus cabelos, enquanto deixo a melodia fluir de meus lábios.Não importa o que aconteça ou o quão ruim tenha sido meu dia, sempre que estou no bunker, a coloco para dormir, aproveitando esses momentos de serenidade. Ana pode não ser minha filha de sangue, mas o que sinto por ela é o mais puro amor de pai. No momento em que pus meus olhos nela, tão pequena e frágil, com a
SpiderSeu rosto transfigurado, os olhos injetados e coléricos. Sangue mancha suas roupas e há algumas coisas presas em seus cabelos que nem ao menos ouso tentar descobrir o que é.Ele dá um passo e mais outro. A violência crua emana dele, tão forte que posso senti-la tão intensamente que leva todo meu autocontrole permanecer parada no lugar e não recuar a cada passo seu.Ilya para a um metro de distância, a respiração alterada, e me observa por baixo das pestanas com o olhar obscuro, assustador.Os lábios se curvam em um sorriso desprovido de emoção e engulo em seco.— Ilya não está aqui! — diz, com a voz tão fria quanto seu olhar.Suas palavras me fazem lembrar de algo que me disse, há alguns anos, me ensinando a lutar. Lembro-me que o acusei de pe
Ilya (Diablo)Não sei quanto tempo se passou, desde que a pequena aranha traiçoeira me trancou nesse quarto. Ela vai se arrepender de ter feito tal afronta. Ninguém brinca com o Diablo.Como se meus pensamentos a chamassem, ouço o som da fechadura se abrindo e Spider entra. Mal pisa no aposento e a empurro contra a parede, minhas pernas presas nas suas, minha mão pressionando sua traqueia.— Ou é muito corajosa ou muito burra, de voltar aqui depois do que fez — rosno, meu rosto a centímetros do seu.Ela engasga em busca de ar e alivio um pouco o aperto, mas não o suficiente para que possa escapar, apenas para que possa respirar.— Você não quer fazer isso — diz num esforço gutural.— Não faz ideia do que quero — rebato.— Então faça — desafia. — Me mate