Estava cada vez mais habituada àquele lugar. Neveri era um pouco menor do que Minsk, no entanto, com a unificação entre eles e a quebra das divisas, haviam se tornado um grande reino. Fui sempre muito bem tratada, cresci perto de Vitória, e foi assim que nos tornamos grandes amigas. Entretanto, estar distante agora me reforçava, apesar de não poder ajudá-la da forma que gostaria, me sentia em paz naquele lugar. A avó de Vitória, Condessa Olívia, era uma pessoa maravilhosa. Entendia melhor agora de onde vinha toda a força de minha amiga, ela realmente estava cercada de mulheres encantadoras. Fui acolhida com muita gentileza e, aos poucos, ela foi me perguntando tudo o que fazia, percebi que Vitória já havia contado a ela muito mais do que imaginava. Tudo corria bem, fazíamos nossos rituais ao redor do castelo e em seus ambientes internos também, purificando e energizando tudo o que fosse possível. Um dia, porém, um acontecimento inesperado nos tirou da zona de conforto. Uma carruag
A guerra havia começado, todos no reino comentavam sobre o que acontecia no campo de batalha. As famílias temiam por seus soldados que lá estavam, lutando e seguindo o caminho de seu Rei. Aquele que lhes foi empurrado, uma liderança inesperada que apesar de não ser desejada, fazia o povo acreditar que era merecedor de ser seguido e respeitado, afinal ele era o esposo da Rainha e foi nomeado Rei Consorte pela própria, que sofria por uma gestação complicada e devia cuidar de sua saúde e do bem-estar de seu futuro herdeiro, todos confiavam na veracidade dos fatos. Se soubessem o verdadeiro motivo pelo qual tudo acontecia, com certeza não respeitariam Gerald, contudo, perderiam o respeito por mim também. Como era possível uma Rainha trair o seu esposo com o próprio primo? Com certeza sofreria muitas represálias do povo e dos nobres, principalmente. Seria condenada pela igreja por adultério e perderia os meus direitos, prejudicando o futuro de meu filho, que teria sua vida marcada como bas
Gerald A manhã estava cinzenta, o dia mal havia começado e já estávamos nos preparando para lutar. Conforme o combinado, os clãs se encontrariam bem perto de onde estávamos acampados, em uma clareira onde seria possível os dois lados se posicionarem de igual maneira, para que não houvesse privilégios para nenhum dos lados, apesar do fato de os Griersons estarem em vantagem, por terem o meu apoio e do clero. Todavia, os Sutherlands estavam em um número bem maior do que nós, não conseguia entender como isso era possível, decerto fizeram algumas alianças também com outros clãs e isso não tinha chegado ao meu conhecimento. Percebi o quanto era impressionante a organização para uma guerra. Os soldados e o comandante me indicaram o que deveria ser feito, devido a minha inexperiência em liderar uma luta. Era tudo planejado com muito respeito antes da batalha. Os clãs enviavam seus mensageiros e organizavam tudo, fazendo acordos e até tentando algum que, mesmo naquele momento, pudesse impe
Pensei em como as situações ali eram contraditórias. Aron, que havia se tornado meu principal inimigo, aquele que desejava e tinha o amor de minha esposa, estava lutando ao meu lado, mesmo que aquela não fosse de verdade a sua vontade. Quando o convoquei para se apresentar e servir à guerra, não imaginei que fosse aceitar. Na verdade, a minha intenção era de nomeá-lo traidor da coroa, pois tinha a certeza de que ele se recusaria a lutar ao meu lado na guerra. Sendo assim, poderia condená-lo à forca por traição ao Rei, o que confesso, me traria muita satisfação. No entanto, fui surpreendido por sua aceitação e permanência ao meu lado durante todos os planejamentos finais, ele se opunha em determinadas situações, porém, sempre acabava concordando e aceitando minhas vontades, decerto por causa de Vitória e seu filho, para protegê-los. Apesar de odiá-lo por isso, tinha que aplaudir sua honestidade e fidelidade aos que ama, passei a acreditar no seu verdadeiro amor por Vitória, entretanto,
Aron Não sei se ele percebeu, mas entrei em desespero. A última coisa que esperava, naquela guerra, era vê-lo ferido de morte. Estava perto ajudando em sua defesa, pois percebi que aumentavam gradativamente o número de soldados do clã oposto investindo em ataques contra o Rei. Tive a certeza então que o principal objetivo deles era matá-lo e, assim, ganhar a guerra. Uma estratégia exemplar, contando com o fato de que aquele líder não se importou em promover a paz, não fez nenhum esforço para beneficiar ambos os lados e impedir a batalha, como era a vontade de Vitória. Eles não foram poupados e se viram obrigados a lutar por seus direitos que já eram adquiridos, uma grande ironia a tudo o que ele havia planejado. Pensando dessa forma, passei a concordar que eles tinham a absoluta razão e venceriam aquela guerra com a melhor das estratégias. Seriam o clã líder da região, dali em diante os Griersons teriam que se render a absoluta soberania dos Sutherlands, que começaram a batalha em
Vitória Aguardei aquele dia com o coração a todo vapor, seria o retorno de grandes amores. Até mesmo meu bebê, que já estava grande, fazendo com que minhas roupas ficassem apertadas e não fosse mais possível usar o espartilho, mexia muito mais do que o normal. Acredito que ele sentia minha tristeza, saudade e angústia pela distância das pessoas amadas, e toda tensão que nos envolveu nos últimos meses. Retornei para Minsk com meus pais assim que recebi a notícia de que a guerra havia terminado, necessitava estar presente para receber o corpo de Gerald para o sepultamento, e mesmo considerando as minhas condições, nada favoráveis para a viagem, não consegui evitá-la. Naquele dia, porém, a comitiva de carruagens estava chegando, vinda de Neveri, trazendo de volta Serena, Arthur e sua família. Aron retornaria também do acampamento, onde ficou alguns dias a mais, ajudando no que era necessário. Muitos feridos já haviam retornado e sabia que ele ajudava os curandeiros para que todos con
O inesperado aconteceu, a morte do Rei. O líder é sempre muito bem protegido em uma batalha, no campo de guerra ele luta junto de seus guerreiros e soldados. Todos visam a sua proteção e a luta pelo objetivo que lhes foi proposto. Assim como em um tabuleiro de xadrez, há aquela barreira de proteção, onde o inimigo trama estratégias para chegar ao seu objetivo: vencer aquela proteção e dominar as peças reais. Gerald foi dominado, o Rei foi vencido! Seus guardas reais fizeram de tudo para tentar protegê-lo, no entanto falharam e também perderam suas vidas. Ficamos sabendo da morte deles em batalha, Peter e Arnold morreram defendendo seu Rei, foram fiéis até o fim. Com isso, teria um problema a menos para resolver, pois teria que puni-los por traição a mim e não desejava sujar minhas mãos com eles, o máximo que faria seria expulsá-los do reino, contudo, com suas mortes, tudo estava resolvido. Lamentei por sentir mais aquele alívio com uma situação tão terrível quanto aquela, contudo,
Uma conversa inevitável. A pedido de meu pai, aguardei o primeiro mês de luto passar. Não me apresentei ao Conselho e deixei tudo ao cuidado dele, porém, havia uma coisa que eu queria fazer, tinha que ser eu mesma e ninguém poderia me tirar essa satisfação. Caminhando nos corredores do castelo, em direção a sala onde seria a reunião que fora marcada em separado do Conselho e amparada por minha mãe, ouvia atentamente os conselhos de meu pai: — Não seja rude com ele, minha filha. Apesar de tudo, lhe devemos respeito por sua posição. — Olhei para meu pai e sorri, confirmando com um aceno que havia entendido seu conselho. — Anthony, nossa filha sabe o que fazer e concordo que é necessário. Ela não faltará com respeito, nós a educamos muito bem para isso! — a piscada que ela me direcionou aumentou meu sorriso, o transformando quase em uma gargalhada, porém me contive para não parecer insolente. — Quanto a isso tenho certeza, Felícia. Temo apenas que Vitória possa ouvir coisas um tanto