Gerald, que permanecia ao meu lado, em frente aos tronos reais, ajoelhou-se, e foi assim que levantei sua coroa e a depositei em sua cabeça. Foi incrível como a coroa dourada, cravada com pedras verdes se encaixou perfeitamente e combinou com seus cabelos lisos e louros. Ele estava vestido com uma bela túnica musgo, rendada com fortes enfeites dourados, segurei também o manto vermelho e o envolvi, dando um laço em seu pescoço e fazendo sinal para que ele se levantasse. Assim que ele o fez, entreguei enfim o cedro que ele segurou como se fosse um troféu, sorrindo e fazendo um gesto a mim, fingindo gratidão e complacência, mas eu sabia o quanto aquelas intenções eram falsas. — Transfiro meu trono ao meu esposo, Gerald Lowell o tornando assim, Rei Consorte, lhe dando total e absoluto poder para governar os reinos. Deus salve o Rei! — Deus salve o Rei! — todos repetiram em uníssono e foi nesse momento que percebi em muitas faces a decepção que aquela atitude minha os causava. Doía muit
Em meio a toda aquela confusão que havia se estabelecido em nossas vidas, imaginamos que as perseguições à Serena e seus rituais haviam sido esquecidas, mas estávamos completamente enganados. Novas acusações surgiram de camponeses que afirmavam ter visto as “bruxas da lua”, praticando seus feitiços e entregaram exatamente o local, dia e horário em que faziam essas reuniões. Arthur me procurou diretamente, para que pudesse interferir e ajudar minha amiga, pois ele temia que nada a parasse, assim como sua mãe e irmã também. Temia pela segurança das mulheres de sua vida. — Elas são teimosas, Majestade. Já falei tanto para elas interromperem por um tempo os rituais, no entanto, não tive sucesso. Não me ouvem e garantem não poder parar agora, se pararem quebrarão uma forte energia. Não entendo muito bem o que querem dizer, sempre que tento as impedir é isso que me dizem. — Fez muito bem em me procurar, Arthur. Serena me contou alguns detalhes importantes desses rituais e entendo o po
O que não queria acreditar que aconteceria, estava com os dias contatos para começar. Mais do que nunca a guerra estava iminente e batia à nossa porta sem piedade. A confusão entre os clãs esquentava a cada dia e o combate já estava oficialmente marcado. Em dois dias, eles se encontrariam no alto da colina, na divisa entre os dois reinos, onde era possível avistar toda a extensão onde os dois clãs viviam, antes, em harmonia. Tentei conversar com Gerald, em um dos momentos que ele parecia satisfeito e permanecia de bom humor durante uma de nossas ceias. Evitava falar com ele, apenas respondia o que me perguntava e só conversava se ele me procurasse, entretanto, aquele assunto estava engasgado e não podia deixar passar a oportunidade de falar o que eu pensava, pelo menos deveria tentar persuadi-lo de alguma forma. — Você já esteve em uma batalha, meu esposo? Pelo que me lembro a resposta é não! — tinha que tirá-lo de sua zona de conforto. — Se já sabes a resposta, então porque pergun
— Não sei porque ainda me surpreendo com seus absurdos. Acredito que seja porque eles são inúmeros e um é sempre mais surpreendente do que o outro, mas desta vez você se superou! — tentei manter a calma para que ele não desconfiasse de tudo o que eu sabia e pareceu acreditar em mim. — Percebo o quanto parece absurdo por você não saber nada sobre esses fatos. Fico imaginando se sua melhor amiga é realmente sua confidente ou lhe esconde algumas coisas temendo ser punida no futuro, ou será que você sabe muita coisa e esconde de todos, tentando agora nesse momento enganar-me? — Somos amigas sim, e não temos nada a esconder uma da outra, por isso tenho certeza de sua sinceridade e de que não participa de nenhuma atividade ilícita. Ela é uma das melhores pessoas que já conheci nessa vida. — Pode ser! Mas se tem algo que tenho certeza é o fato de Serena saber sobre seu deslize com seu primo e imagino que tenha lhe ajudado com sua traição. Somente por isso já poderia puni-la. Não havia pe
Ajudar minha amiga a fugir foi minha principal missão naqueles últimos dias, já que consegui impedir que ela fosse pega pelos guardas que Gerald colocou para emboscá-las na floresta, orientados por Dom Charles e Nathan. Com a ajuda de Arthur, conseguimos despistá-los, as levando para o lugar secreto e sagrado que elas há tempos sonhavam estar. Havíamos conseguido um espaço no castelo de Neveri. Serena tinha me contado algumas vezes que um dia, se fosse possível, gostaria de praticar os rituais dentro dos dois castelos, pois estavam sobrecarregados de muita energia negativa, devido a tantas coisas que haviam ocorrido em seus interiores. No momento, não conseguia trazê-las para dentro do castelo de Minsk, porém, o de Neveri ficava praticamente vazio, lá vivia minha avó Olívia e seus criados. Ela não quis viver conosco, após a morte de meu avô Theodore, escolheu ficar onde dizia ser o seu lar e respeitamos sua vontade. Vinha nos visitar sempre, e quando estava por perto adorava estar
Meus pais não se conformavam com o rumo que as coisas haviam tomado. Minha mãe entendia tudo o que estava acontecendo, sabia de todos os motivos pelos quais tive que renunciar, porém, não aceitava que eu me conformasse, e meu pai me cobrava uma atitude. Senti que havia chegado o momento de contar-lhe toda a verdade. Sabia que não seria uma conversa fácil, no entanto, fiquei surpresa em descobrir que ele já sabia de tudo, que minha mãe havia contado a ele, que estava fingindo o tempo todo não saber para que Gerald não desconfiasse. Enfim, ele podia conversar comigo sobre o assunto e estava furioso se culpando pelo fato de ter trazido um traidor para a minha vida. — Como pude acreditar nesse farsante? Não entendo a minha cegueira! Vitória, minha filha, peço o seu perdão por só ter visto o lado bom de seu enlace com Gerald, devido ao seu nome e sua posição na sociedade. Além de imaginar que, por ter muitas posses, não estaria interessado na herança do reino, ledo engano o meu, era iss
Sabia que um dia Gerald nos cobraria a traição e nos manter afastados não foi o bastante para satisfazê-lo, ele precisava de mais. Algo mais para suprir o seu desejo de vingança. Planejou convocar Aron para a guerra, acreditando que ele se recusaria e com isso pudesse obter a desculpa perfeita para executá-lo por traição ao Rei. Ele enganou-se, pois Aron não fugiria de seus deveres, apesar de eu ter tentado persuadi-lo a fugir, temendo por sua segurança. Não haveria lugar mais perfeito do que o castelo de Neveri para todos nós irmos. Serena já estava por lá, junto de suas amigas da floresta, como eu preferia as chamar. Minha avó as apoiava totalmente e fazia de tudo para ajudá-las. Só faltava agora convencer Aron a se esconder e ficar longe, e estaríamos todos juntos afinal, no entanto, eu sabia que minha tentativa seria em vão. — Jamais! Não posso fugir de minha responsabilidade, Malena. Não me peça isso, não posso fugir e dar esse gosto a Gerald. Com certeza é isso o que ele esper
O fato de os guardas não terem encontrado Serena em lugar algum, fez com que Gerald desse a ordem de prender e torturar Arthur, acreditando que ele saberia onde ela estava e lhes contasse. No instante em que ele se apresentou para servir a guerra e tornar-se um soldado treinando para a batalha, o prenderam. Uma de minhas damas de companhia, Gisela, era casada com Filipe, que fazia parte da Guarda Real. Ambos eram honestos e exerciam muito bem os seus trabalhos, e não concordavam com as atitudes de meu esposo, e muito menos com suas ordens. Foi Gisela quem me contou tudo o que acontecia com Arthur: — Minha Rainha, não concordamos com o que ele está fazendo. Sinto arrepios quando Filipe me conta sobre os planos dele para a guerra e suas confabulações com o Bispo sobre os planejamentos da batalha, além dessa perseguição absurda à Serena e Arthur. — Como era minha dama, ela sabia muitas coisas sobre minha vida e minha rotina, confiava em sua discrição e honestidade. — Serei eternament