SerenaCada vez mais era evidente o quanto ele estava transformando a minha vida e aos poucos me conquistando. Arthur era camponês e nos conhecemos através de sua mãe e irmã Lilian que também eram curandeiras, eles moravam na aldeia e sua família vivia em boas condições, porém não eram ricos. Seu pai Victor era ferreiro e não lhe faltava trabalho, sua mãe, Ellen, era uma das cozinheiras do castelo.Com as revoltas que estavam ocorrendo entre os clãs, surgiam algumas dificuldades entre os povos dos vilarejos, que passaram a não se misturar mais, e um não aceitava o trabalho do outro. Eles não podiam sair de seu vilarejo e procurar por serviços ou alimentos em outro, pois as desavenças entre eles aumentavam de forma gradativa, e se alguém fosse pego desobedecendo essas novas regras, seria severamente castigado.O medo voltava a atormentar a população, e vendo de perto como essa situação se agravava, me senti na obrigação de alertar minha amiga e Rainha, que ficou muito preocupada com o
— Serena, tudo o que você já me contou antes, alertando-me para esse conflito entre os clãs e o que está me trazendo agora é muito grave! — Vitória me ouvia atenta e foi inevitável soltar um comentário preocupado. — Devido à gravidade da situação, não poderia deixar de lhe trazer mais essas tristes notícias. Além dos clãs terem travado um grande confronto, o povo está de mãos atadas e não podem mais se comportar como antes, quando uns usavam os serviços dos outros, comprando alimentos e abastecendo suas casas com tudo o que precisavam. Muitos já estão passando por necessidades e temo que logo faltem coisas básicas para a sobrevivência. — Isso é um grande absurdo! Como os líderes dos clãs não enxergam o mal que estão fazendo a eles mesmos e a toda a população do reino? — E o pior você ainda nem sabe, minha amiga. — O que pode ser pior? — Vitória aguardava que eu continuasse, apavorada com a situação. — Arthur ouviu uma conversa do líder de seu clã, afirmando que tanto ele
— Minha amada Rainha, não imaginas quanta saudade senti. Estava ansioso por esse retorno! — Gerald estava de volta. — Fez uma boa viagem? Não sabia ao certo quando voltaria, imaginei que demorasse mais alguns dias! — estava nitidamente apreensiva com o retorno de meu esposo. — Consegui voltar dois dias antes do que havia previsto na última correspondência que lhe enviei, temia que tivesse algum problema na estrada, mas tudo correu bem! No entanto, estava certo de que teria uma recepção mais calorosa. Não está feliz em me ver? Esperava vê-la saltitando de felicidade por estar aqui contigo novamente! — Claro que estou, Gerald. Fiquei apenas surpresa com a sua chegada! — tentava disfarçar, sem sucesso, e ele me olhava com dúvida. — Tudo bem, entendo! Estou feliz por estar de volta e já fiquei sabendo que me aguardavam para receber o Bispo em sua visita e estadia no castelo. — Pude perceber o orgulho em sua voz, por ser útil em seu retorno. — Sim, ele chegará nos próximos
— Rainha Vitória, estamos incomodados com alguns acontecimentos ocorridos em vosso reino. Notícias que chegaram até nós e nos deixaram com um profundo descontentamento por Vossa Majestade ainda não ter informado ao Clero o que acontece sob vossa governança, imagino que tenha ocorrido apenas um desencontro de informações e que a Rainha não teve a intenção de não informar o que vem acontecendo, contudo, nos adiantamos e viemos ajudá-la! — percebi a decepção em seu discurso, que se misturava com uma certa prepotência, o que me deixou apreensiva com o rumo daquela conversa. — Estou curiosa para saber do que se trata, Dom Charles, e estou certa de que poderemos resolver o que os incomoda! — tinha que ser firme com ele, no entanto, manter a paciência e respeito, ensinamentos de meu pai, que estava presente na reunião e nos observava atentamente. — Vamos começar pela primeira parte — não imaginava que eles teriam dividido os problemas em partes, o que deixava claro o fato de que havia mai
— Bruxas? Jamais ouvi nada a respeito, e me parece uma informação um tanto absurda! — meu temor era mesmo verdadeiro, agora estava certa disso. — Minha Rainha, não imaginas o quanto gostaria de acreditar que essa informação fosse mentira e apenas uma história absurda. No entanto, sei de fontes seguras a veracidade desse fato. Há, em vosso reino, um grupo de mulheres se encontrando e praticando bruxarias, tal fato nos incomodou muito mais do que as desavenças entre os clãs. Não aceitamos que isso ocorra e nenhuma atitude seja tomada! — Não entenda mal, Dom Charles, realmente não chegou até nós essa informação, que como já lhe disse, me parece absurda, por não acreditar que existam tais coisas. Não tomamos nenhuma atitude por não sabermos nada a respeito. Estou tão surpresa quanto Vossa Eminência, e decerto que meus conselheiros compartilham da mesma reação. — Percorri a sala com o olhar e todos concordaram com minha afirmação. — Acredito e confio em vossa sinceridade! Temos então ma
Ao retornar aos meus aposentos encontrei Gerald, o tinha visto pela última vez após o desjejum, onde ainda os assuntos do dia percorriam as mesas e me deixavam cada vez mais enjoada com tantas especulações sobre o que fazer e qual seria a melhor decisão a ser tomada nos próximos dias. Ele gentilmente havia me deixado repousar sozinha, mas estava ali me aguardando novamente. — Esse dia não foi fácil para você, minha Rainha. Estava exausto também e fui descansar em meus aposentos para desfrutarmos de nosso descanso com maior tranquilidade. Retornei, porém, para lhe contar algo que lembrei sobre a minha viagem, e tamanha foi minha surpresa em não lhe encontrar aqui. Onde estava? — Não conseguia dormir e fui até Serena lhe pedir um de seus chás que sempre me acalmam — escolhi não mentir, caso ele estivesse me vigiando, não fiquei segura com seu olhar ao me fazer aquela pergunta, senti uma desconfiança nada agradável. — Entendo, minha cara. Espero que se sinta melhor agora para descans
Quando amanheceu, conseguimos mais uma vez driblar os guardas e minhas damas de companhia, que nem perceberam o que acontecia e, se percebiam, mantinham-se discretas. Encontrei Gerald apenas no desjejum, me cobrindo de galanteios e sempre fazendo questão de segurar a minha mão. Aron nos observava com olhares atentos e mal conseguia disfarçar o ciúme e o incômodo que, ver Gerald me tratando daquela maneira, lhe causava. Temia que Aron não aguentasse e explodisse, imaginava o quanto era difícil para ele suportar aquela situação e tentei me colocar em seu lugar. Se fosse o contrário e ele tivesse outra, não sei se suportaria vê-lo nessas condições, acredito que morreria por dentro a cada instante que visse outra pessoa lhe tocando e acariciando, como Gerald fazia comigo na presença de todos. Na verdade, ele era muito mais carinhoso quando estávamos em público do que quando ficávamos a sós. Todos conversavam ao mesmo tempo, sabia que seria mais um dia agitado com muitas reuniões e dec
Dois dias se passaram e eu ainda estava em repouso. Minha mãe não deixava ninguém se aproximar de meus aposentos, as únicas pessoas que podiam entrar, além de minhas damas, eram meu pai e Serena. Passado o susto e o desmaio, minha mãe dedicou as horas seguintes a ouvir minhas explicações sobre meu romance com Aron e a tentar achar uma solução para as consequências, e tudo o que enfrentaríamos nos próximos meses. Para meu pai, ela disse que eu estava com uma forte constipação, o que o fez afastar-se e orientar a todos para que fizessem o mesmo. Aron tentou me ver também, porém foi barrado pelos guardas. Serena contou-me que conversou com ele, mas não contou o verdadeiro motivo do meu repouso. — Vitória, não é certo deixar Aron assim, sem saber de nada. — Ela estava preocupada, e com razão. — O que posso fazer? No momento, minha mãe não me deixa nem ao menos levantar da cama, quanto mais falar com alguém. E com Aron então, estou terminantemente proibida de falar com ele, segundo ela