LaraEstava em um beco sem saída, e cada pensamento que passava pela minha cabeça apenas aumentava minha ansiedade e desespero. As notícias vindas dos meus advogados eram sombrias: um mandado de prisão havia sido expedido em meu nome. A ideia de ser presa me aterrorizava profundamente. Não, isso não poderia acontecer comigo. Eu, uma mulher com educação superior, com uma vida inteira pela frente, não poderia acabar em uma cela de prisão. O mero pensamento de enfrentar o ambiente brutal e desumano de uma penitenciária brasileira me paralisava de medo. Preferiria viver anos a fio como foragida em outro país a passar um único dia atrás das grades.Decidida, sabia que precisava usar todos os recursos ao meu alcance para evitar esse destino. Usaria todo o meu dinheiro, se necessário, para sair dessa situação. O que eu precisava de tempo para pensar claramente e encontrar alguém que pudesse me ajudar nessa fuga desesperada. Precisava agir rápido e com inteligência para não acabar em uma situ
NicolePassei o dia inteiro com os olhos grudados no celular do Lucas, como se minha vida dependesse disso. Eu precisava, a todo custo, descobrir alguma informação que pudesse me revelar o que realmente estava acontecendo com a Lara. Contudo, mesmo recebendo várias mensagens dela, optei por não respondê-las. Conheço o Lucas profundamente; ele jamais se comportaria de forma tão descuidada, e essa certeza me fazia crer que algo estava fora do lugar. Aquela situação me cheirava a enredo armado, e se há uma coisa que eu sabia, é que aquela praga, conhecia o Lucas tão bem quanto eu.Enquanto as horas passavam, minha ansiedade só aumentava. Eu revirava cada palavra das mensagens dela em minha mente, tentando encontrar algum indício que pudesse usar. Então, num momento de decisão, tomei coragem, respirei fundo, e com as mãos trêmulas, mostrei ao Lucas a mensagem que Lara havia enviado. Observei atentamente cada mudança em sua expressão, enquanto um silêncio tenso se instalava entre nós.— El
LucasAo ser acordado pela minha mãe, ainda deitado na cama, ouvi sua voz como se viesse de um lugar bem distante. Era como se as palavras dela atravessassem uma névoa densa de sonho e realidade, fazendo com que o despertar fosse lento e confuso. A sensação de sonolência era pesada, prendendo-me em um estado semi-consciente onde o mundo real e o dos sonhos pareciam se entrelaçar. Gradualmente, enquanto sua voz se tornava mais clara e insistente, a realidade começou a se impor, puxando-me de volta para o presente.— Filho, amor, onde está a Nick? — A voz suave de minha mãe atravessou a névoa do sono, carregada de uma preocupação que tentava, sem sucesso, se disfarçar de calma. Abri os olhos subitamente, o coração batendo um pouco mais rápido do que gostaria. Minha mão deslizou sobre os lençóis frios e vazios ao meu lado, em um gesto quase involuntário, como se de alguma forma desejasse convencer a mim mesmo antes de confirmar à minha mãe que Nicole realmente não estava ali. Mas o vazio
Suspirei e olhei para minha mãe, que se negava a deixar a preocupação transparecer, mas seus olhos denunciavam o medo que sentia. Era um misto de angústia e desespero que tomava conta de nós, enquanto o tempo corria contra Nicole e, consequentemente, contra nós.— Não ache que te deixarei levantar, Lucas, você não fará isso — minha mãe falou firme, a preocupação evidente em seu tom de voz.Olhei para minha mãe, suspirando pesado. Sabia que fazer esforço poderia arruinar toda a minha recuperação, mas não conseguiria viver comigo mesmo se permitisse que Lara fizesse algum ma'l a Nick.— Me ajude a ficar de pé, mãe. Pegue, por favor, a minha cinta e me ajude a colocar. Não demore, eu preciso ir ao encontro da Nicole. Aquela rebelde louca... eu ainda vou amarrá-la. A senhora verá, não vou deixá-la sair impune, ficará cativa dentro deste quarto se for preciso — falei sério, até minha mãe me olhar assustada.— Filho...— Mãe, faça o que pedi. Vá, por favor. — A urgência e a determinação em
*CAPITULO COM G A T I L H O S*NicoleAo pegar no braço de Lara, observei o olhar dela me fuzilar no mesmo instante, mesmo antes de me reconhecer. Mas, ao perceber quem eu era, o ódio que vi em seus olhos se tornou ainda mais fuzilante. Ela fechou o semblante; de assustada, passou a me destilar um olhar cheio de rancor e desdém, como se cada parte de seu ser estivesse impregnada de aversão por mim. Era um olhar que cortava mais profundamente do que qualquer palavra poderia ter cortado.Ela tentou se soltar, puxando o braço com força, mas segurei com mais firmeza, não querendo deixá-la escapar. Sua boca se torceu em uma expressão de desgosto, e ela cuspiu as palavras com veneno:— O que você quer? Me solta, seu lixo!Suas palavras perfuraram o silêncio tenso que nos envolvia, carregadas de desprezo e raiva. O choque de sua audácia me atingiu como um raio, incendiando uma fúria que eu ma'l reconhecia em mim.— O que eu quero? — Minha voz saiu mais trêmula do que eu gostaria, vibrando co
Suas palavras eram como lâminas afiadas, projetadas para intimidar e desestabilizar, mas, apesar do medo que tentava se instalar, eu sabia que ceder não era uma opção. O homem então desceu do carro, lançando-me um olhar avaliador. Quando avistei a arma em sua mão, meu corpo congelou, paralisado pelo medo súbito e palpável.— Quem é essa daí, chefia? Achei que era policia na real — disse ele, confuso, olhando de Lara para mim.— Me dá isso — Lara estendeu a mão, impaciente.— Calma aí, isso machuca, não tem que usar se não for realmente necessário — o homem protestou, mas havia uma hesitação em sua voz, um vislumbre de consciência entre suas palavras.— Ela quer frear a nossa fuga, se não percebeu — Lara insistiu, sua voz impregnada de urgência e frustração.— Então apaga ela e bora, mete o pé — disse ele, resignando-se, empurrando a arma para as mãos dela.— Agora é a minha vingança, Nick — Lara disse, apontando a arma em minha direção. Engoli em seco, sentindo o peso do momento, mas n
Enquanto isso, corri até Lucas, que me envolveu em um abraço apertado, embora ele soltasse gem'idos de dor devido aos seus ferimentos. O contato físico era uma mistura de alívio e preocupação.— Não acredito que saiu do seu repouso — disse a ele, minha voz misturando alívio com repreensão, preocupada com seu estado físico após ter saído tão prematuramente de sua convalescença.— Não acredito que veio sem mim, sem me avisar? — Sua voz saiu dura, rígida, demonstrando insatisfação, mas também uma determinação inquebrantável. Era evidente que, apesar da dor e do risco, ele não poderia ficar à margem enquanto aqueles que amava estavam em perigo. — Lucas, eu... — comecei, mas ele me interrompeu. Estava claro em seu rosto que estava furioso com a minha atitude, o que era compreensível dada a situação em que se encontrava.— Depois conversamos, Nick! — ele disse, cortante, enquanto caminhava até Leo, que abraçava sua irmã com lágrimas nos olhos. Não pude negar que sentia uma profunda pena de
Peguei na mão de Lucas e caminhei com ele até o veículo. Ele se sentou no banco, encostou a cabeça e suspirou profundamente, uma clara manifestação de todo o abalo emocional que a situação lhe causou. Sua expressão, embora cansada, revelava um misto de alívio e tristeza, enquanto refletia sobre os acontecimentos tumultuados que acabávamos de enfrentar.— Sente dor, amor? Está suando — perguntei, observando sua expressão contorcida, tentando decifrar a extensão de sua angústia.— A dor pela realidade é muito pior. O que eu fiz para destruir a Lara dessa maneira? — Lucas questionou, sua voz carregada de um remorso que eu sabia não ser justo para ele carregar.— Não foi você, amor. É muito mais sobre a obsessão dela, do que algo com você. Ela é obsessiva, olha para ela; ela pintou um mundo ao seu lado e agora... — Tentei consolá-lo, buscando as palavras certas para aliviar o peso de sua culpa injustificada.— Me sinto culpado por deixar tudo isso acontecer. Se eu tivesse aberto os olhos