— Para...para... Vicente- Senhora! Uma mão estranha me toca, enquanto grito com a Rainha dos meus sonhos. — Por favor...não...não... —resmungo. Vicente- Mila! Eu estou no hospital, no mesmo quarto que me vi quando acordei ao lado do Benjamin. Não entendo porque não consigo me mover, na verdade, não entendo nem como estou conseguindo me ver. Se fosse um reflexo eu saberia e se aquela parada na frente da enfermeira não fosse eu, também reconheceria. Quero muito ir para casa, quero abraçar o Peter e pedir perdão ao meu marido. "Por que não consigo me mexer?" Nunca tinha me visto assim, como uma pessoa de carne e osso frente a frente. — E-espera... "O que está acontecendo?" "Eu agarrei o pulso daquela moça. Por que estou fazendo isso?" Aquela sensação de ter alguém nos olhando, cresce a cada minuto como se não estivéssemos sozinhas na sala. E eu não estou. Tem duas de mim, por algum motivo tem duas Rainhas, duas Milas. Eu consigo ver o quarto todo do alto enquanto o outro eu, a
"Kokio?" Me calo para pensar por cinco segundos e imediatamente, Benjamin fica todo incomodado cerrando seus olhos intuitivos em mim. — Para! —falou cheio de suposições. -Eu sei o que você está pensando! — Kokio e fogo... —repito. -Kokio é aquela árvore raríssima com flores vermelhas, certo? De repente, ele muda a cor dos seus olhos para um vermelho, tomando o meu braço com seu punho forte e impiedoso. “CARALHO, QUE PORRA É ESSA?” — Você não vai fazer isso! —disse como um protetor, cara a cara comigo. — S-seus olhos... —fico boquiaberta. — Você - — Espera! —de novo meus sentidos apitam. Bastou sentir seu toque mais uma vez que aquela mesma energia se reconectou ao meu corpo. — O que foi dessa vez? —perguntou nervoso, soltando o meu braço. — É, é o...o seu coração! —finalmente entendo. -Você é a segunda pessoa! — Por que você sempre fala em enigmas? Vicent- Não são enigmas, senhor. Ela só não sabe sobre você ainda! "Agora eu que estou confusa!" — Ah! — Se nós somos igu
— Você não precisa saber disso, não vai querer esse peso na sua vida! — Não pareceu ter sido tão difícil para você! —debocho. — Novamente, eu salvei a sua vida! — E se um dia eu precisar salvar alguém? —peso a sua consciência. Benjamin "Por que ela tem que ser tão teimosa?" — Okay! —ele cede. -Para transformar um humano, primeiramente ele precisa estar vivo. Não tem como a transição acontecer se ele estiver morto, ou coisa do tipo. É crucial que ele tome o seu sangue antes de injetarmos o nosso veneno - — Veneno? —o atrapalho. — Sim, mas como eu disse, com o tempo você vai aprender a controlá-lo! — Mas isso não te impede de me explicar! —debato. — Todos os vampiros possuem um veneno na mordida, ele serve tanto para matar, como para transformar também. E com um bom treinamento você aprenderá a se alimentar sem liberar esse veneno, usando-o somente para se defender. É por isso que - — A médica que matei... —vou direto no que tenho mais interesse. -Foi por causa desse veneno?
— Majestade, estou entrando! —ele anuncia atrás da porta, sem esperar que eu permitisse. — O-oi! —sorrio, tentando disfarçar o que eu estava sentindo. — A equipe já chegou! — O-obrigada, James! — Precisa de alguma coisa? —perguntou desconfiado. — Não, não! —respondo escondendo meu braço direito atrás das costas. Por algum motivo, meu braço está doendo bem mais que o restante do corpo. — Okay, qualquer coisa é só me chamar! Assim que meu mordomo sai do quarto, peço que a equipe entre e me ajude a chegar no que tinha em mente. Tinha decidido cortar meu cabelo nos ombros, deixando-o leve e repicado. Certamente, aquilo causaria um grande impacto junto a roupa que tinha escolhido. ------------------------------- — Majestade? —dois toques na porta me tiram dos meus pensamentos. A festa começou e eu podia ver no jardim a quantidade de pessoas chegando. O acidente com o sol não saia da minha cabeça, ele ficava me infernizando durante todo o tempo que me arrumava. — Pode entrar! —
Aquela não era a hora e nem a ocasião para se falar dos pais do Thomas. Era um assunto mundialmente conhecido, mas que até mesmo eu evitava perguntar. Qualquer coisa tirava a paciência dele, pequenos detalhes já eram aptos a deixá-lo extremamente irritado, por isso falar sobre Dastan Clifford e Serena Clifford, era praticamente impossível. Thomas guardava uma saudade muito grande dos pais e para piorar, a sua posição de Rei o fazia se lembrar todos os dias que ele assumiu o lugar daquele que não pode se despedir. Nenhuma pessoa espera que uma criança de só cinco anos precise assumir um trono, mas ele assumiu poucos dias depois que seus pais foram assassinados e levados misteriosamente. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu, todos foram pegos desprevenidos quando anunciaram o sumiço dos corpos e a coroação do único filho. O que sabemos, é que desde que Dalnallia foi construída, somente os Clifford's governaram e quando chegou a hora do Thomas, o primogênito do Dastan e Serena, ele era
— Eles estão demorando demais! —comentou sentado no sofá de veludo preto. — Quem? — Mila e Peter! — Não entendi! —disse tendo dificuldade para ouvir. -O som está muito alto! O Rei fecha sua cara e isso começa a chamar atenção. — O que foi, Thomas? — Nada! —é grosso. — Fala logo! — É besteira! —respondeu. -Ciúme bobo! — Se refere a Mila? — Exatamente! — Ela fez alguma coisa para te deixar assim? — Não...na verdade, acho que fez. —fica indeciso. -Ela é muito difícil, Benjamin... — Nisso tenho que concordar! —riu. -Mas por que está tão incomodado? — Porque ela saiu a quase uma hora e isso já está me deixando louco! — Ela o quê? —perguntou com os olhos arregalados, tomando uma pose rígida. — Ela e o Peter saíram com dois caras e não voltaram até agora! — COM O PETER? —disse alterado. — Sim... —começou a estranhar. — Deixou sua mulher sair com três moleques, Thomas? — Peter não é uma criança, ele sempre cuidou muito bem dela! — Sei, sei bem o porquê ele cuida! —insinuo
BENJAMIN— Mila... _digo seu nome enquanto a vejo encolhida, observando as árvores passarem pela janela do carro."Ela está tão quieta..."Parece que todas às vezes que eu chego perto dessa mulher, um turbilhão de emoções acaba tomando conta de mim. Logo eu que sempre tive tudo conforme meus desejos sem ter que me preocupar com as vozes que me rodeavam, hoje me vejo aqui, preocupado com o silêncio daquela que mal conheço, mas que o meu corpo faz questão de mostrar o quanto a falta da voz dela consegue me desestruturar.— Eu já disse que não precisa se preocupar, ninguém vai encontrar aqueles corpos!Ela esfrega suas bochechas com as mãos manchadas de sangue e volta a se encolher sobre o couro, ainda sem me olhar nos olhos."Por que ela está tão estranha?"— Você não vai falar comigo? _questiono deixando minha raiva vazar pouco a pouco. — Não posso te ajudar assim!Essa merda de sentimentalismo deixa tudo muito confuso.Aperto o volante com meu punho, pisando fundo no acelerador até
BENJAMINO porquê de somente o criador conseguir dar essa resposta, é justamente pela ligação de sangue e formação. Podíamos sentir por baixo da nossa carne enterrado no nosso peito, uma sensação eletrizante que causava um conjunto de tormento e desequilíbrio, sempre que as nossas crias corriam algum tipo de perigo, ou dano. Mas aqueles criadores que não conseguem prever esse tipo de situação, são aqueles que tem uma linhagem muito grande e que já não conhecem mais esse sentimento, por estarem acostumas a viver com ele."Depois de tantas perdas, a gente se acostuma e aí começa a passar despercebido!"— Ela está bem! _revelo aliviado.— Nossa...Meu mordomo relaxa os ombros visivelmente mais leve e eu me encarrego de pegá— la do colo d