VITÓRIA Eu o abracei da mesma forma que Lavinia fazia comigo, e percebo que um abraço pode transmitir muitos sentimentos. Desde que cheguei aqui no morro, não o tinha visto tão vulnerável. Ele me abraçou de volta e ficamos ali, debaixo daquela chuva, até que ele se acalmou. DAVIJá não aguentava mais a dor que sentia pela falta das minhas meninas. Foi então que recebi um abraço apertado e, ao olhar, vi que era a garota. O abraço dela me fez sentir vivo novamente, e eu a abracei de volta, sentindo uma paz imensa. Depois de me acalmar, me afastei um pouco e percebi que ela estava tremendo de frio e toda molhada. Peguei suas mãos e a conduzi para dentro de casa. A deixei sentada no sofá e fui buscar uma toalha e uma coberta para que ela pudesse se aquecer. Vitória: Você não vai se trocar? Assim vai acabar pegando um resfriado.Davi: Garota, eu já estou acostumado. Por que foi até lá fora debaixo daquela chuva me abraçar?Vitória: Eu senti que você precisava de um abraço.Davi: Não que
VITÓRIA Estava determinada a não ir embora, mesmo com a resistência do Davi em relação à minha decisão. Quero mostrar a ele que Deus não tem culpa por nada. Quando ele se aproximou e olhou nos meus olhos, fiquei nervosa, mas não desviei o olhar. Após o que ocorreu, eu nunca desejei ter contato com outro homem; só de imaginar estar perto deles, sentia medo. No entanto, com Davi foi diferente; não senti medo, pois sei que ele nunca me faria mal. A maneira como ele me tratou, cuidando de mim após termos entrado molhados, fez com que eu tivesse mais certeza de que, embora ele possa parecer uma pessoa difícil com os outros, eu sei que ele é um bom homem. Vou me empenhar para que ele volte a ser como antes e perceba que Deus não tem culpa de nada. Quando eu o enfrentei e disse que não iria embora, ele virou as costas e me deixou sozinha na sala. Eu me levantei e fui para o meu quarto. Antes do meu sequestro, eu me sentia bastante solitária. Somente quando ia à igreja encontrava conforto
DAVIDepois de muitos anos, consegui finalmente dormir algumas horas. Levantei-me, fiz minha higiene e desci para tomar um café forte. Assim que cheguei à cozinha, encontrei a mesa toda arrumada, algo que não via desde que minha esposa faleceu. Olhei ao redor e não vi ninguém; pensei que poderia ser a empregada que sempre vem aqui para limpar a casa. Sentei-me e servi apenas o café, levei um susto ao ouvir a voz da garota atrás de mim.Vitória: Bom dia, Davi. Davi: Quer me matar de susto, garota! Achei que você já tinha ido embora.Vitória: Eu já disse que não vou embora, vou ficar aqui com você na sua casa.Davi: Quando eu te trouxe para cá, você não era tão desaforada assim.Vitória: Eu só sou assim com as pessoas que eu gosto, e você é especial para mim.Davi: Olha, menina, eu não sou o homem que você pensa que sou. Não adianta achar que eu vou me render ao seu Deus, porque isso não vai acontecer. Eu sou um caso perdido, garota. Vitória: Eu sempre busco enxergar o lado positivo d
VITÓRIA Depois do café da manhã, Davi não retornou para casa. Preparei o almoço e fiz uma boa limpeza na casa. Após a faxina, fui ao meu quarto, me ajoelhei e iniciei uma conversa com Deus.VITÓRIA: Senhor, peço que me ajude a transformar a vida do Davi. Ele o culpa pelas suas perdas e sei que isso lhe causa muito sofrimento. Enquanto ele mantiver essa mágoa guardada, nunca conseguirá se libertar. Ajude-me a mostrar a ele que você está sempre nos protegendo. Termino minha oração e ouço batidas na porta. Desço correndo a escada, abro e é a Laís. Abraço-a apertado.Laís: Oi, menina! Como você está?Vitória: Estou bem, Laís, e você? Entre!Laís: Estou bem. O senhor Davi disse que você ainda não quis ir embora.Vitória: Eu não vou. Quero ficar aqui com ele.Laís: Menina, você está gostando dele! Vitória: Sinto algo especial por ele; talvez seja gratidão, mas não sei se é amor. Acredito que não, pois nunca amei ninguém. Laís, eu nunca quis ter contato com nenhum homem, mas quando ele es
VITÓRIA Nunca tive medo da morte, se essa fosse a hora que Deus tinha determinado, eu estava pronta para partir. Quando bati a cabeça no chão, acabei perdendo a consciência. Assim que voltei a mim, percebi que tudo estava pegando fogo e comecei a tossir, pois havia inalado muita fumaça. Foi então que vi o Davi chegando novamente para me salvar. Ele me pegou no colo e, me senti protegida e confiante de que conseguiríamos sair daquela situação. Ele estava tentando me manter acordada, mas a dor de cabeça estava insuportável. Ele me ajudou a passar pela janela.Ele me prometeu que viria logo atrás de mim.Ele gritou para os bombeiros me retirarem de lá, mas eu não ia sair sem ele. Quando escutei um estrondo vindo de dentro, comecei a gritar desesperadamente.Vitória: Davi! (grito de desespero.)Entrei em desespero e comecei a chorar.Vocês precisam tirá-lo de lá, por favor, não podem deixá-lo lá!Vitor: Vamos sair daqui, senhorita. Ele deu ordem para nos tirarem daqui. Precisamos ir ao p
VITÓRIA Vitória: Eu não vou me afastar de você, vou continuar ao seu lado.Davi eu não tive culpa, eu percebi o cheiro e...Davi: Eu sei que você não teve culpa, mas por isso mesmo te peço, Vitória, que é melhor você ir embora. Quem fez isso tem o intuito de me atingir e não vai descansar até que alguém próximo a mim sofra e você está correndo perigo ao meu lado.Vitória: Podem até tentar, mas eu não vou deixar você, estarei ao seu lado não importa o que aconteça Davi. Davi: Vitória, escuta. Por minha causa, você poderia ter se machucado. Você é uma menina inocente, não sabe nada sobre a vida e os perigos que existem aqui no morro. Ficar ao meu lado pode te colocar em risco, e eu não quero que você esteja aqui. Amanhã, bem cedo, você precisa ir embora do meu morro.Vitória: Por favor, Davi, não faz isso comigo. Eu não quero me afastar de você; não tenho ninguém na vida. Deixa eu ficar ao seu lado, eu te imploro. Davi: Por que você está fazendo isso, menina? Por que está interessada
DAVICheguei ao topo do morro com ela e admirei a lua, que estava deslumbrante. Já faz um ano que não venho aqui; me afastei de tanta coisa após a perda delas e acabei me isolando na minha própria solidão.Vitória: Davi, aqui e tão lindo! Dá para ver todo o morro e a lua está encantadora. Eu simplesmente adorei estar aqui.Davi: Este era o lugar onde sempre vinha com a Samantha; era o nosso local favorito.Vitória: Você a amava muito, não é mesmo?Davi: Não sei se um dia conseguirei esquecê-la. Até hoje, me culpo pela morte delas. Vitória: Você não tem culpa de nada, pois não havia nada que você pudesse fazer para mudar a situação.Eu me sentei em uma pedra que estava no topo e a convidei para se sentar ao meu lado. Eu conheci a Samanta quando era bem jovem e me apaixonei por ela à primeira vista. Depois, decidimos morar juntos, e ela engravidou. Quando minha princesa nasceu, foi a realização de um sonho. No entanto, anos depois, a pessoa que eu considerava meu amigo a sequestrou, e
AVISO: CENAS DE GATILHOS NO PRIMEIRO CAPITULO. CAPITULO 1 DAVIA minha vida tem sido um inferno desde a morte da minha esposa e da minha filha. Eu não suporto viver sem elas, a minha vontade é pegar uma arma e dar um tiro na minha cabeça. Já fiz tanta asneira, já levei vários tiros, mas parece que alguém lá em cima tem algo contra mim e não quer me levar. Vivo uma vida solitária, não tenho amigos, os que tive eu matei por me traírem. Toda noite tenho pesadelos com a minha esposa e a minha pequena morrendo. Faz um ano que vivo neste inferno, me deito para ver se hoje consigo dormir mais, toda noite o mesmo pesadelo: não posso fazer nada. Eu queria ter salvado elas, eu queria ter matado aquele desgraçado antes, mas tudo foi tão rápido.Flashback um ano atrás.Eu estava em casa esperando minha esposa e minha princesa Letícia, que todos os domingos iam à igreja no centro da cidade. Minha esposa acreditava muito em Deus e me convencia todos os dias de que ele era o melhor caminho. De repe