Eirik pegou sua espada e depois me lançou um pedaço de tecido. Eu olhei para ele imediatamente, desconcertada.—Coloque algo, você não pode andar por aí nua —disse ele.Me envolvi o melhor que pude com o tecido e me aproximei dele, observando seus olhos cansados. Tudo o que passamos estava começando a cobrar seu preço. A vida depois disso não seria fácil, mas sei que conseguiremos superar.—Senti sua falta —disse sinceramente.Eirik me olhou, mas seu rosto não mostrou mais do que uma sombra de nostalgia antes de ele voltar a se concentrar no que precisávamos fazer.—Precisamos ir embora. Devemos encontrá-la antes que ela escape —me lembrou com uma expressão séria.Assenti com a cabeça. Gytha não podia escapar dessa vez. Sabíamos que seria o fim dela. Com um último olhar para seu rosto, me preparei mentalmente para o que estava por vir.Saímos da sala, apenas para nos depararmos com a surpresa de que mais dessas coisas nos esperavam. Quantas Gytha havia criado? O corredor estava cheio
Corremos sem parar até estarmos longe o suficiente do incêndio, com o calor e a fumaça ficando para trás. Nunca soltei a mão de Eirik; não queria me separar dele, não depois de tudo o que havíamos passado. Quando finalmente paramos, olhei para ele. Seu rosto estava pálido, mais do que o normal. Meu coração deu um salto. Soltei sua mão suavemente e o observei atentamente, procurando uma explicação. Então vi: uma enorme ferida em seu costado, sangrando profusamente.—Por que você não me disse que foi ferido? —reclamei, a fúria e a preocupação se misturando na minha voz, quase me sufocando.—Eu estou bem —respondeu ele, com aquela teimosia que me enlouquecia.Não consegui me controlar mais. Dei-lhe um tapa, cansada de tudo isso, exasperada de vê-lo agir como se sua vida não importasse. E agora, somando a isso, ele parecia querer morrer, o que tornava tudo ainda mais insuportável.—Se você morrer, tudo vai pro inferno! Você não entende? É isso o que ela quer! —gritei, minha voz quebrada,
O som de cascos e passos rompeu o silêncio pesado que nos envolvia. Eirik e eu nos separamos instintivamente, ele empunhando sua espada e eu minha adaga, prontos para qualquer coisa. Um cavalo apareceu galopando a toda velocidade, e sobre ele, Graham. Ao vê-lo, não pude evitar sorrir; no meio de tanto caos, pelo menos algo bom estava acontecendo.Graham saltou do cavalo com uma rapidez que não deixava dúvidas sobre sua determinação. Sem nos dar tempo para reagir, correu até nós e, com uma força brutal, empurrou Eirik, enviando-o vários metros para longe de mim.— Vou te matar! —gritou, sua voz cheia de fúria enquanto se lançava sobre ele.— Pare! —gritei desesperada.Graham freou bruscamente, seu peito agitado, enquanto Eirik se levantava do chão, com uma expressão de desprezo absoluto.Me aproximei de Graham e apertei seu braço com força, tentando acalmá-lo.— Ele voltou —disse-lhe.Graham me olhou com incredulidade, como se o que eu acabava de dizer não fizesse sentido algum. Mas, d
Eirik nos guiou por cada um dos lugares que conhecia. Sabíamos que havia mais, mas avançávamos o mais rápido possível, destruindo cada ninho. Cada vez que Graham e os outros incendiavam aquelas criaturas horríveis, não conseguia evitar que uma sensação de pesar me invadisse. Pensava nas mães a quem haviam arrancado seus filhos e na cicatriz profunda que elas carregariam para sempre.Quando chegamos ao último local, tudo estava diferente. O ambiente estava pesado, como se o ar estivesse carregado de escuridão. A energia era densa, perturbadora, como uma sombra que se agarrava à nossa pele.— Ela está aqui —disse a Eirik. Eu podia senti-la.Ele assentiu, confirmando o que já suspeitava. Havia muitos daqueles monstros ao redor, o que era um claro sinal de que Gytha estava perto.— Quero que fique aqui. Assim que tivermos limpado tudo, você poderá vir —disse Eirik, com um tom firme.Eu não gostava quando ele me tratava como se fosse inútil, mas apreciava sua preocupação. Sabia que ele só
O ambiente estava ficando cada vez mais frio, o ar denso e gelado se cravava na minha pele, fazendo meu corpo inteiro tremer. Apesar do frio, eu não tirava os olhos de Gytha. Sua aparência piorava a cada segundo que passava, como se estivesse desmoronando diante de mim, mas ainda assim, seu olhar era desafiador. Ao meu redor, as criaturas que nos cercavam permaneciam imóveis, como suspensas no ar. Tudo parecia tão irreal, tão distorcido.— Eu vou conseguir o que quero, e você não poderá evitar — disse Gytha, enquanto seu corpo se desfazia lentamente.De repente, um estrondo sacudiu a sala, fazendo o chão tremer sob meus pés. O grito de Eirik atravessou o ar. Desesperado, sua voz ressoou por todo o lugar, preenchendo-o com uma mistura de pânico e fúria. Em um instante, as criaturas que nos cercavam desapareceram, como se nunca tivessem estado lá, como se fossem apenas uma ilusão.A porta de metal se abriu com um estrondo, e Eirik entrou correndo, seu rosto pálido, parecia tão preocupad
Cavalhamos por quase um dia inteiro, até que finalmente chegamos a uma fortaleza. Eirik me ajudou a descer do cavalo, e com passos trêmulos, mas decididos, segui Graham para dentro do local. Dentro da fortaleza, vi muitas mulheres e crianças, mas o que realmente chamou minha atenção foram meus dois pequenos, Kieran e Viggo, que estavam brincando felizes ao longe.Meu coração batia tão intensamente que parecia que ia sair do meu peito. Com lágrimas mornas caindo pelas minhas bochechas, me aproximei deles lentamente, cada passo me preenchendo com uma mistura de alívio e alegria. Finalmente, cheguei onde estavam.— Kieran, Viggo — os chamei com a voz cansada, mas cheia de emoção.Ambos se viraram para me olhar e, ao me reconhecerem, saltaram para cima e correram em minha direção. Abracei-os com os braços abertos e, ao sentir seus pequenos corpos me abraçando, a felicidade transbordou. Chorei ao finalmente tê-los comigo, sem medo de que algo ruim pudesse acontecer com eles.Eirik se aprox
Semanas depois.Graham e Eirik se encarregaram daqueles soldados que ainda seguiam Gytha. Não os mataram, mas os forçaram a se confinar em uma pequena região da Inglaterra, onde estarão sob vigilância rígida. Cada um de seus movimentos seria observado, sem possibilidade de fuga. Os homens encarregados da vigilância eram excelentes soldados, por isso seria muito difícil que algum deles conseguisse escapar, e se alguém tentasse, todos seriam massacrados.As mulheres e crianças que haviam sido sequestradas por ordem de Gytha e que ainda não haviam se transformado nessas coisas, finalmente foram libertadas. Pouco a pouco, o caos que ela havia semeado começava a se extinguir, como brasas que se apagam lentamente. No entanto, Eirik ainda se culpava pelo que havia acontecido, e talvez nunca deixe de se culpar. Ele teria que aprender a viver com esse peso sobre seus ombros.Eirik e alguns dos soldados já estavam empacotando suas coisas para iniciar o retorno. Aqueles que permaneceriam no loca
O momento de partir chegou. As crianças e eu nos despedimos de todos, deixando para trás tudo o que nos fez mal, mas que, ao mesmo tempo, nos tornou mais fortes.Já no barco, olhei para o lugar pela última vez. Não sentia nenhum apego por aquelas terras, pois tinham sido testemunhas de muitas mortes, sangue e horrores.—Em que você está pensando? —perguntou Eirik atrás de mim, sua voz suave, mas curiosa.Me virei lentamente e olhei nos olhos dele.—Que não vou sentir falta desse lugar —respondi com um sorriso leve.Eirik se aproximou de mim, segurou minha cintura com firmeza e me atraiu para perto dele. Seu calor sempre me reconfortava, mesmo nos momentos mais difíceis.—Não posso dizer o mesmo —sussurrou com um tom sério. —Eu não te falei, mas todo ano preciso voltar e me reunir com os outros líderes. Precisamos garantir que nada de ruim aconteça novamente.Meus olhos se estreitaram por um momento. Odiava a ideia de que ele retornasse a esse lugar amaldiçoado, mas sabia que esse era