Alguns dias depois, logo cedo recebi um e-mail do delegado. A polícia havia emitido um mandato de prisão para o Ricint assim que ele chegasse aos Estados Unidos, segundo informações do advogado de Ricint, ele voltaria naquele mesmo dia para responder ao processo e limpar o nome dele de mais uma acusação. Esfreguei as têmporas com as pontas dos dedos, já sentindo que a dor de cabeça viria, eu sabia que estava apenas começando e que eu precisava ser forte para suportar tudo que viria a seguir. Meu diploma da faculdade estava no topo de uma das caixas da mudança, ao olhar para ele, me recordei de tudo que passei ao longo dos anos. Das noites sem dormir estudando para uma prova, das visitas aos tribunais, de cada livro que li, das horas que passei estudando ao invés de me divertir como todos os outros e percebi que se alguém podia fazer isso, esse alguém era eu. No dia seguinte pela manhã, Andrés deu seu depoimento na delegacia e respondeu perguntas de alguns jornalistas. Foi a primeira
Abri a porta do closet de Alison e a primeira coisa que me chamou atenção foi a bolsa que ela usava no dia que fomos a delegacia prestar queixa, era um modelo que não passava despercebido pela cor pink. Ela nunca mais voltou a usar a bolsa. Me lembrei da Louise falando que Alison poderia ter pego meu celular e tive vontade de verificar, mas, não era certo mexer nas coisas dos outros e deixei a ideia de lado. Peguei um hidratante corporal e fechei a porta, mas vencida pela curiosidade e pela sensação de que havia algo errado, eu abri de novo e peguei a bolsa. Fiquei com receio de abri-la, mas eu precisava ter certeza. Alison não faria isso, certo? Ela era minha irmã e eu estava ajudando ela. Respirei fundo e abri a bolsa, procurei nas divisórias e nada, o celular não estava lá, suspirei aliviada e ao colocar a bolsa no lugar, acabei derrubando uma caixa preta, que devia estar escondida no fundo do closet e foi arrastada pela bolsa quando a puxei. Peguei ela no ar, antes que caísse no
Louise me entregou o papel com o número e liguei para o Mathieu, aumentei o volume para que a loira curiosa e ansiosa também escutasse. - Quem é? - ele atendeu. A voz grave e séria parecia pior pelo telefone. - Oi, Mathieu é a Alyssa... - como explicar? - A garota que Viktor convidou no natal. - Ah sim, a garota que além de mentir deu um bolo no meu irmão. O que você quer? - Mat eu só soube agora o que aconteceu com o Viktor... - Olha, nem eu e nem ele precisamos de lamentos, ok? Se era só isso eu vou desligar...- Vocês precisam é de uma boa advogada Mathieu. - falei firme e contei o que ouvi na sala do promotor. - Acredito que tem alguém por trás disso e tenho certeza que seu advogado está trabalhando junto. Sei que há provas suficientes no sistema da empresa Mat e no momento eu sou a única pessoa que realmente quer ajudar. - ele ficou em silêncio por um tempo. - Desde que Alef foi demitido, ninguém mais tem acesso aos dados além do Viktor. Não faz sentido alguém ter armado pa
Viktor Bresson Assim que coloquei os pés no aeroporto de Tóquio, fui cercado por vários policiais armados e levado para a delegacia. Eu não tinha a menor ideia do que estava acontecendo, só pude pensar que estavam me confundindo com outra pessoa e que ao chegar na delegacia tudo iria se resolver. Afinal meu único crime foi me apaixonar pela pessoa errada... Até na hora de ser preso era nela que eu pensava. Nenhum dos policiais que estavam comigo no carro sabia falar inglês e somente na delegacia, quando um policial da Interpol chegou eu fiquei à par da situação. Eu estava sendo preso após serem encontrados vários documentos indicando que eu estava desviando dinheiro do governo japonês para uma conta fantasma. Era algo absurdo, mas conseguiram provas o suficiente para envolver até a polícia internacional e me deixar em prisão preventiva. Precisei passar a noite na cela da delegacia, que estava praticamente vazia, não consegui pregar os olhos, tudo o que eu queria era que essa co
Fomos para o aeroporto de onde eu e Mathieu viajaríamos para Tóquio. Mathieu me esperava sozinho e quando perguntei sobre a pequena Sarah ele disse que ela ficaria com uma babá de confiança para que não perdesse as aulas. Só então percebi o quanto minha pergunta foi ingênua, era uma viagem à trabalho, não se leva crianças. Durante o vôo eu estudava mais sobre o caso do Viktor e sobre o que ele estava sendo acusado e percebi que haviam muitas lacunas, o que deixava claro ser uma acusação falsa, qualquer advogado conseguiria, no mínimo, que ele respondesse em liberdade. Se era mesmo o Alef quem estava por trás disso, devia ter muitos contatos importantes em Tóquio ajudando ele. Eu estava ansiosa para ver o Viktor mais uma vez. Queria saber se ele estava bem e abraçá-lo. Fechei os olhos me lembrando de nós dois, mas fui tirada dos meus pensamentos pelo Mathieu. - Acha que vai conseguir? - ele perguntou. Eu havia até esquecido que ele estava ali. - O quê? Ah, claro, se eu conseguir os
Viktor Bresson - Vamos para o meu escritório e você explica essa história direito. - falei sem saber se acreditava naquilo ou se era apenas uma brincadeira sem noção das duas. Subimos para o meu escritório, decidi ouvir o que Louise tinha a dizer antes de qualquer julgamento, ela estava muito nervosa e desesperada para ser mentira. Além disso, talvez ela pudesse me explicar porque a amiga estava brincando comigo, nem que revele apenas para que eu ajude. - Já pode começar a explicar. - Mathieu disse após fechar a porta do meu escritório. Louise olhou para ele e depois para mim, franzindo a sobrancelha. - Ele tem que participar disso? - perguntou apontando para Mat. - Tem. - respondi e ela suspirou, se sentando numa cadeira. - Alyssa me ligou avisando que estava voltando e que precisava de alguns documentos que ficaram no meu apartamento, pediu que eu a buscasse no aeroporto levando eles, pois ela precisava ir até a delegacia. - franzi o cenho quando mencionou a delegacia,
Durante a noite, sem conseguir dormir, acessei o sistema da empresa, eu precisava ter notícias e por isso usei um código de rastreio completamente restrito, apenas eu e o governo tinha permissão legal para usá-lo e eu ainda poderia ser preso se o usasse sem justificativa. A justificativa é que eu estava desesperado. Digitei o nome da Alison e nada, da Jessyca também, mas tive sucesso com o nome de Daniel Colleman, um único objeto rastreável da Séculus parecia estar em seu carro e o carro estava estacionado num endereço em Manhattan, mas não havia nada ali, apenas um parque e um terreno vazio. Anotei o endereço e mandei para a Louise, ela era a pessoa mais próxima dos dois e a única que podia ter alguma informação. Mas ela não sabia dizer, então só me restava esperar o dia seguinte para ir até lá. Porém, na manhã seguinte as ruas estavam totalmente cobertas pela neve e mais uma vez parecia impossível sair do hotel. Eu queria resolver tudo o quanto antes, mas nada parecia contribuir pa
Alyssa Quando abri os olhos, logo percebi que não estava mais no aeroporto, minha vista ainda estava um pouco turva e uma dor de cabeça me atingiu. Olhei ao redor, percebendo que eu estava num quarto escuro, deitada num colchão no chão, o cheiro de mofo atingiu meu olfato conforme eu recuperava os sentidos. - Olá irmãzinha, finalmente acordou. - ouvi a voz de Alison, mas demorei perceber onde ela estava devido a pouca luz. - Onde eu estou? - perguntei com a voz falha. - Não importa, aliás, nada mais importa, em breve você vai morrer. - sua voz soou indiferente e ela acendeu uma vela, iluminando o lugar. Estava sentada numa cadeira de frente para mim e tinha um sorriso vitorioso. - Eu realmente não sei o que te fiz para que me odeie tanto. - falei, a percepção do que estava acontecendo fez com que as lágrimas molhasse meus olhos e a garganta se fechasse. Pela dor, pelo medo, pela decepção. - Você sempre foi a melhor. - Eu ainda sou a melhor e não odeio você, irmãzinha, eu só não g