Sentara-se diante da negra esfera. Com um gesto dispensou todos os criados. Estava em seus aposentos. Os aposentos do Füq Maweth.
Acendeu as tochas já preparadas com o óleo de mandrilacta. Precisava de memórias. Apenas as que fossem úteis.
Passou um dedo ao redor da esfera. Deveria dar um nome a essa coisa...
Uma espécie de névoa negra começou a se mexer, revelando camadas de outras névoas em inúmeras e diferentes cores. Conforme abria as nuvens com as mãos revelava imagens de seu passado. Voltou ao dia em que os dragões caíram. Na fatídica noite da morte de Udrer, Ethannor, Alder e suas respectivas famílias, as caravanas de Syerzsche Maledikth, Other Zondrakk e Soleimann Vanderthel seguiram juntas, protegidas por Arganthus Muk’rinn, seu filho Anmdall e seus guerreiros, rumando para o norte de Diaphanes. O trajeto estipulado era que segu
Um gurahb olhava-o.Janndor Holl Razph já vagava sem rumo há dois dias por Harau. Não sabia ao certo o que pretendia, desde o início. Não perseguia as filhas de Ethannor, pois nunca fora esse o seu objetivo. Sua missão era matar o kirann de Sellenia apenas. Aquele que acreditara ter assassinado o seu amado vazer. Porém, como shikaagi, entre várias outras habilidades, Janndor conseguia enxergar as máculas, o mal nas almas dos mortais, no momento em que as sugava. E, naquela fatídica ocasião, quando atingira Ethannor pelas costas, pode vê-lo voltar-se surpreso, para encarar seu assassino. Estava realmente surpreso. Não havia mal algum naquela alma.Janndor cambaleava. Seus ferimentos ainda latejavam. Seu olho fora arrancado, e o golpe que recebera no abdômen fora produto de uma estocada profunda, embora Ethannor soubesse que tal golpe n&atil
Que névoa densa é essa?– Tem alguém aí?Minha voz ecoava sonora. Eu apertava meus olhos, varrendo a paisagem branca, mas não conseguia distinguir nada no meio daquela imensidão. Tampouco sentia frio, calor... Mal podia ver o solo ou meus pés. Era como se estivesse perdida no tempo e no espaço.Será que isso é a penumbra do esquecimento? Mas, eu não estou morta!Foi quando notei que a névoa ficava cada vez mais rala, revelando as nuances de um bosque. Não muito denso, com poucas árvores aqui e ali apenas. Um solo pobre em vegetação.Enquanto eu caminhava por aquele lugar, percebi a roupa que vestia. Um longo vestido branco, com detalhes em azul, ornado com o que eu achava serem pequenos cristais. Cristais similares enfeitavam meus cabelos, como se estivessem presos em uma pequena rede. Estava trajada como se rumass
Tethnare, 1023.– Dá para contar quantos são desta distância?– Eu sou um kosmomytenn, lodwann. Consigo contar todas as estrelas do firmamento com uma passada de olhos, meu caro Akill. Calcular quantos seturiann há nessa caravana é ainda mais fácil que calcular as cabeças de um rebanho de mamunnene.Que skit exótica é um kosmomytenn, afinal de contas? Pensou Gwydionn.– Você ainda vai se surpreender mais e mais com Magwinn Hooberth, Akill. Embora sua altura não ultrapasse nossas cinturas, nossas inteligências não alcançam os seus joelhos. – Disse Hyklop ao jovem Gwydionn. – Bonito isso, meu frynn. Vou usar! – Magwinn emitiu uma gargalhada baixíssima e muito curta.Gwydionn já esta
Ela adentrou a varchamber principal, na qual se situava o trono.Um ambiente impressionante, com uma extensão de cerca de trinta e cinco somag entre a porta dupla de entrada – sempre guardada por dois estupidamente enormes shikaagi, mestiços de hominoid com bahurs (ambos de pelos negros que não cobriam toda extensão de seu corpo – como nos bahurs –, porém fundiam-se às barbas também negras, longas e trançadas), trajados de armaduras sólidas, inteiriças e negras, assim como portavam imensos akzerdogone também negros, com um desenho vermelho de um kaladjenn com quatro pinças e três aguilhões entre as folhas laminadas. Os cabos de suas armas assemelhavam-se a lanças, pois eram tão compridos que se apoiavam no chão, enquanto suas lâminas ficavam mais altas que as cabe&c
O elchelus ergueu uma de suas orelhas e olhou ao redor levemente desconfiado. São criaturas muito atentas, pois normalmente são as presas favoritas dos grandes predadores do deserto. Sacudiu seus chifres no ar como se informasse que não seria pego de surpresa. Avançou dois passos para frente, a fim de procurar, por entre as rachaduras do solo rochoso, alguma outra colônia de himenoptere que estivesse mais farta, ou que ainda não tivesse sido evacuada pelo ataque de outros inimigos naturais. Para esse animal, os pequenos insetos são uma iguaria sofisticada.Se fosse um ser racional, o que o elchelus teria pensado ao ouvir o rápido e cortante zumbido? Não teria tempo. Antes mesmo que o medo se instalasse no coração da pobre criatura, a flecha estava cravada exatamente entre os seus olhos. Sua morte fora instantânea.Eis que surgiu a quinhentos e oitenta somag<
O gurahb negro descrevia seu arco no céu escaldante, indicando um caminho que deveria ser percorrido. Em seguida, parou alguns somag de distância adiante. Crocitou de forma alta e estridente, como se estivesse gritando um alerta. A sinistra ave negra como a noite, de olhos grandes e penetrantes, bico fino e comprido, encarou Gwydionn durante alguns segundos. Parecia querer lhe dizer algo.Era uma floresta de pedra, cinzenta, abaixo de um céu vermelho e cruel. Não ventava, mas sufocava como se fosse possível sentir o ar movimentando-se bem devagar. Vagarosamente e quente. Um ar pesado, que parecia forçar-se para fora dos pulmões ao invés de permitir-se ser inspirado. Pedras e rochas cinzentas, cor de chumbo ou negras. Grandes pilastras naturais de pedras. As nuvens roxas pesando sob o céu, como se elas fossem cair a qualquer minuto. Então eles vinham. Como se estivessem em uma procissã
O sol do meio-dia ativara as fendyriessellene. Presentes que o antigo kirann Gwonn recebera de Sellenia, as caixinhas mágicas ativavam-se apenas com a incidência exata do sol de meio-dia, presenteando Hemporia com lindos cinco minutos de música transcendental.Ouruhs Glathiatus, no entanto, pouco se importava com o momento. Nunca gostara de música. Considerava a arte uma fraqueza. Vivia para o combate.Subiu as escadas do palácio visivelmente entediado. Interrompera seu treinamento diário para atender a Markrill Awdminn. Sabia que, para ser chamado assim tão de repente, viria com certeza alguma aporrinhação pela frente. Alguma missão que envolvesse longas viagens, tramas sórdidas e alguns assassinatos. Por esse motivo ele seria convocado. Quem será tão importante, dessa vez, para que Markrill me queira diretamente envolvido?Adentrou o
Apesar de estarmos no meio da tarde, era um dia lindo e ensolarado com Honn (sol) emoldurando incandescente o firmamento. Enxerguei de longe os portões de minha Tamarin. Estava feliz de retornar. Minha Tamarin... Era o meu lar. Tanto quanto Sellenia fora. Era verdade. Antes de ser acolhida por kyhonn Zaehr, eu nunca antes passara muito tempo fora de minha cidade-capital. Na verdade, salvo cinco a seis viagens relativamente curtas a Ywrrynnlünd e três à Hemporia, nem pelo território de Diaphanes eu chegara exatamente a me aventurar. Dei-me conta de que eu não conhecia quase nada do resto de Sekhairiann a não ser os lugares citados e agora Nagutenn. À minha idade, minha bazer e meu vazer já estavam lutando através dos continentes Emânnico e Dhau!O toque do trompete de Jaymenn Eskrinn! Era um h&i