Acordei com os raios de sol adentrando a janela do quarto, desliguei meu alarme, e fui fazer minha higiene matinal, desci a escadas, tomei meu café, e segui pro treino. Depois almocei, e fui a escola para mais uma aula criativa com as crianças, estava amando poder viver esse momento com eles.
Ao final do dia, queria mesmo dançar um pouco, sabendo que era uma sexta a noite, tinha certeza que não haveria ninguém na academia, todos estavam a sair para curtir o fim de semana, então peguei minhas coisas e fui pra academia, estava tudo tranquilo, então me alongei, e coloquei uma música pra tocar, segui ao som da música Trampoline da Shaed, meus passos imitanto uma bailarina, cabelos soltos, com uma short colado e uma camiseta folgada, descalço, estava me sentindo muito melhor assim.
Quando a música estava já para acabar, alguém empurra a porta com tudo quebra a parede, e olho horrorizada o que tá acontecendo sem conseguir processar o momento, me encosto no espelho, e quando tiro meus cabelos do rosto, vejo ele vindo em minha direção com os olhos totalmente pretos, uma fúria que nunca havia visto antes.
Ele se aproxima rápido de mim, põe uma mão no espelho pra que eu não saia pelos lado, e a outra mão está segurando algo, eu nem consigo respirar direito de tão próximo que ele está de mim, nunca fiquei tão perto assim de alguém dessa maneira, não pude deixar de congelar onde estava sem fazer nenhum movimento, ele era bem mais alto que eu me cobrindo por inteira, eu sendo baixinha estava me sentindo uma formiga perto de todos aqueles músculos torneados, sua respiração era irregular de alguém que estava mesmo muito furioso.
Depois de alguns longos suspiros, vejo sua boca se abrir, e não posso deixar de olhar seus lábios carnudos, então, ouço sua voz rouca, quase sufocada me dizendo que estava sendo filmada, e estava ao vivo. Fiquei em completo choque, então ele levantou sua mão, e me mostrou uma pequena camera escondida na parede que ele tinha quebrado, nunca tirando seus olhos dos meus, olhei suas mãos e engoli em seco, a pequena camera que ele segurava confirmava tudo, os recrutas tinham colocado uma camera na sala pra me gravar novamente.
Não podia deixar passar essa, era invasão demais a minha privacidade. Me tirando dos meus pensamentos, o homem que continuava a me encarar, a centimentros do meu rosto, me disse:"_ Pegue suas coisas, e volte pro seu quarto". Ele não precisou pedir duas vezes, se afastou um pouco peguei minhas coisas, e assim que me virei para sair, ele já não estava mais na sala.
Fiquei atordoada com tudo aquilo, estava furiosa, e sem saber como reagir, fui o mais rápido que pude ao meu quarto, mas assim que cheguei ao meu andar, James estava na minha porta já sabendo de tudo. " Eu vi o video, estava ao vivo mas, foi cortado, o que houve?" eu falei furiosa "_ Estava todo mundo mesmo assistindo esse video?" sem querer falar muito, disse o que tinha acontecido, ele parece entrar no link mental com alguém, então me diz que o Alfa irá falar comigo pela manhã e resolver isso, tudo será esclarecido. Acenei com a cabeça baixa sem olhar nos olhos dele e entrei no meu quarto.
A noite foi longa, mal consegui descansar pensando que todos da matilha tinham me visto dançar contra a minha vontade e ainda mais em rede social, estava completamente envergonhada, sempre fui na minha, nunca gostei de chamar atenção, então tudo isso virado pra mim, era como se estivesse completamente exposta. Desci para o café da manhã, mas novamente, entrei de cabeça baixa, não falei com ninguém, tomei meu café, e segui para o escritório do Alfa, assim que bati na porta, James a abriu e pediu que entrasse, Assim que entrei, encontrei Alfa Marcos e Luna Ester ao seu lado na mesa de conferência, sérios, pensei comigo 'Tô ferrada! É agora que eles me expulsam'. Do outro lado da mesa, estão cinco rapazes que presumo serem os recrutas que inventaram toda essa palhaçada de me gravar dançando, com alguns pais aos seus lados, e o Gama Caio na outra extremidade da mesa com um olhar de solidariedade. Alfa Marcos gentilmente acena com a cabeça e pede para me sentar. Ele limpa a garganta ante
" Sente-se aqui Júlia". Luna Ester me diz, indo para um sofá do outro lado da sala. " Quero que me explique como soube da camera escondida, os rapazes disseram que colocaram na parede". "Então" eu começei sem saber direito como explicar a noite passada. " Um homem entrou na sala, e bateu na parede até tirar a camera, parece que ele sabia exatamente onde estava, ele me mostrou a camera e, me disse para voltar para o meu quarto". Disse apressadamente sem colocar muitos detalhes, eles se entreolharam e me perguntaram como era o homem, eu disse que era alto, branco, com cicatrizes pelo pescoço e cabelos loiros, não sei dizer a cor dos olhos pois estavam num preto profundo. Eles novamente se entreolharam e, isso me fez questionar se algo estava errado, disse ainda que nunca havia visto ele por aqui. Alfa Marcos me olhou sem expressão em seus olhos e, me disse: já está tudo esclarecido, por agora, volte aos seus afazeres e qualquer coisa lhe chamarei de novo". acenei de leve, e me levante
James e Alfa Marcos me colocam dentro da pequena sala, o homem misterioso me olha sem expressão em seu rosto. Alfa e James saem da sala, e ficam nas escadas enquanto o homem continua a me encarar, e mais uma vez ouço meus ossos quebrando, grito de dor de tento me conter, ele se abaixa pra me olhar mais de perto e diz: "_ Não lute contra sua transformação". eu olho pra ele sem entender 'Ele só pode tá maluco, eu posso machucar todo mundo aqui se me transformar'. Olho ofegante pra ele e digo :"_ Não posso fazer isso, não tenho controle de nada". então ele me responde: "Você precisa de uma âncora para começar a controlar seu Crinos, converse com seu lobo pra conseguir chegar a um acordo." Eu digo:"_ Não é como se alguma vez meu lobo tivesse falado algo comigo, ela tem uma parede bloqueada, nunca me disse uma palavra, e como faço para ter uma âncora?" Ele olha novamente e diz: "_ um parente, um amigo, um namorado, sei lá, alguém que você ame". Solto uma risada sem graça, e respondo tent
Assim que o avistei, ele estava com uma toalha enrolada em sua cintura, sentado no canto, próximo ao portão, e encima de mim, havia uma manta azul cobrindo meu corpo. Enquanto tentava me levantar segurei a manta pra que não mostrasse nada a mais. Quando finalmente me ajustei, sentada no chão perguntei: O que aconteceu?", não me lembrava de nada, como sempre. Ele finalmente olha pra mim e diz: "sua loba falou comigo noite passada, ela não é muito de falar, e disse que você não sabia quem era, então, não achou que devesse falar algo, mas prometeu que irão conversar". Acenei agradecida, mas então, consegui me lembrar de um fragmento daquela noite, a mordida no ombro. Perguntei confusa:"_ Você me mordeu?" ele me olhou diretamente nos olhos agora e disse: "_ Sim, eu te marquei, meu lobo tomou conta, e não me deixou espaço para conversar, ele marcou sua loba como dele". Tinha ouvido sobre companheiros aqui na matilha enquanto aprendia sobre os lobos, mas não achei que encontraria o meu, af
Sai o mais rápido que pude da pequena cabana, o céu estava nublado, ameaçando chover, sair sem olhar direito pra onde estava indo, só queria me afastar dele, suas palavras me machucaram profundamente, e nem mesmo sabia seu nome. Assim que me afastei um pouco, não pude conter minhas lágrimas pela rejeição que se afundou no meu peito, me sentei na raízes de uma árvore, e pus minha cabeça entre as pernas. Igor Assim que segurei seu queixo pedindo que olhasse pra mim, pude ver seus olhos tentando conter as lágrimas que queriam escorrer pelo seu rosto, soube nesse momento que ela tinha ouvido minha conversa com meu irmão, fiquei devastado por fazê-la chorar, não era o que eu queria mas, minha vida estava uma bagunça agora, e não queria arrastá-la pra isso. Voltei a poucos meses para minha matilha, depois de anos sendo torturado e usado como cão de guerra pelos caçadores, sabiam que eu era um Crinos, e usavam meu lado selvagem pra que matasse seus oponentes, sabiam que eu conseguiria a
Igor Chegando próximo, posso ouvir seu choro, e meu coração se parte por saber que eu sou a causa dele. Me aproximo dela, abaixo até aonde ela está sentada, e peço as mais sinceras desculpas que posso dar. Ela não me responde de imediato, olho em volta tentando encontrar palavras pra consolá-la. Um silêncio toma conta, até ela finalmente falar. "_ Não quero ser um problema pra você, eu só achei que com todas as histórias de companheiros que ouvi aqui, seria diferente". Ouvir isso dela realmente me fez ver o quão idiota eu tinha sido. "_Vamos voltar pra casa, comer alguma coisa, e depois conversar melhor, tudo bem? Tudo isso é novo pra mim também, e tá obviu que eu não sei lidar com isso". Quando ela finalmente levanta seu rosto vermelho do choro, ela esfrega com a palma das mãos enxugando as lágrimas, e acena em concordância. Ajudo ela a se levantar, e caminhamos de volta para a cabana, quando entramos, meu irmão já não está mais lá. Preparo nosso café da manhã, e depois de comermos
A noite logo se instala, e volto a dormir no quarto dele, a cabana é pequena, e possui apenas um quarto, então, temos que dividi-lo, mas ele ainda fica com o sofá, me dando espaço para dormir na cama sozinha. O que acho fofo de sua parte. Na manhã seguinte, tento seguir meu ritmo, treinamento, a escola com as crianças e depois volto pra cabana, não estou mais na casa da matilha, tenho ficado com o Igor pra que possamos nos conhecer melhor, afinal, somos companheiros, mas dando um certo espaço ao outro, Igor tem ido as terapias para ajudar na sua volta a matilha, e voltamos todas as noites pro mesmo lugar. No dia seguinte, acordo bem cedo sinto uma vontade imensa de dançar, e como aqui próximo só tem árvores, tenho certeza que não serei gravada dessa vez, por trás da cabana, noto um grande lago com uma doca, onde tem espaço suficiente pra dançar, então me alongo, e enquanto os primeiros raios de sol aparecem no céu, eu começo minha dança, com meus cabelos longos até a cintura soltos,
Estamos na semana da Bendita lua cheia, e finalmente minha loba decide se pronunciar sobre os acontecimentos a seguir. Ela me disse que tinhamos que concluir o vínculo de acasalamento, já que estava próximo dos trinta anos, não poderia ficar esperando tanto tempo, só para nos conhecermos melhor, ela insistiu que tinhamos a vida inteira para isso, bufei de frustração por suas palavras, mas sabia o que ela temia. Com os crinos, algumas coisas são diferentes, se caso completássemos 30 anos sem encontrar o nosso companheiro(a) nossos lobos iriam adormecer, e em pouco tempo definharíamos, e consequentemente morreríamos, era isso que ela temia, insistindo que conversasse com Igor para na próxima lua cheia, fazermos o ritual na forma de Crinos o que me opus na hora, não queria que minha primeira vez fosse na forma de lobo, e sabia que como a selvagem que habitava em mim, não me deixaria ver nada, muito menos palpitar com o que acontecia, enfim, tinha medo dela tomar o controle e fazer bestei