Lizandra Quando Heloísa disse que no banheiro eu encontraria tudo o que eu precisar, ela não estava brincando. Os armários estavam repletos de toalhas e de produtos de higiene dos mais variados. Todos de marcas desconhecidas para mim e imaginei que deveriam ser produtos "de rico", como os funcionários e eu costumávamos nos referir às coisas dos hóspedes da pousada da minha tia.Com muita dificuldade eu consegui tirar o vestido que eu usava sozinha, pois usar apenas um dos braços não é nenhum pouco fácil. Tomar banho e colocar um roupão também não, mas eu consegui. Agora restava a dúvida sobre que roupa eu iria usar, pois as únicas coisas que eu possuía e que já haviam sido doadas pela Heloísa também me foram roubadas. A única opção era ficar com o roupão, ao menos até eu lavar as peças que eu usei ao sair do hospital e logo que Heloísa voltar, pretendo verificar como posso lavar a minha roupa suja.Alguns minutos depois ela estava de volta, agora em companhia de uma jovem que deduzi
Lizandra A vida na casa dos Bragança é bem diferente da forma como estou acostumada, principalmente porque sempre que não estava na escola, estava ajudando a tia Lucrécia na pousada, de uma forma ou de outra. No início em tarefas mais simples, que não exigiam esforço físico, que depois se tornaram o serviço mais pesado de limpeza. Como sempre trabalhei na pousada, eu sentia que estava de alguma forma retribuindo tudo o que a tia Lucrécia fez por mim, bem diferente do momento atual, em que eu estava me sentindo desconfortável por ficar apenas descansando enquanto outras pessoas atendiam a todas as minhas necessidades. Tentei oferecer ajuda de alguma forma quando fui à cozinha, mas os empregados que estavam lá me olharam com verdadeiro horror e dispensaram a minha ajuda de maneira firme e sem muita opção, eu acabei
HeitorApós três dias sem ir à minha própria casa por ser contra a "estadia" da nova hóspede da minha família, cheguei à conclusão de que eu não posso deixar o meu lar por causa de uma golpista. Aquela história de que os incomodados que se mudem também pode se aplicar a outra parte.Decidi voltar para casa e incomodar bastante a doce Lily e não fazer o que fiz até agora, deixando-a livre para enganar a todos fingindo ser alguém que não é. Muito pelo contrário, pretendo tornar a estadia dela na minha casa o mais difícil possível, para que ela desista dos seus planos sórdidos, vá embora e nos deixe em paz.Todas aquelas resoluções foram fortemente abaladas no mom
LizandraCaminhei apressada em direção a varanda lateral da casa, precisava de ar, pois o clima se tornou sufocante para mim desde que encontrei Heitor quando estava descendo as escadas. Ele mexe comigo de uma maneira bastante inconveniente, preciso aceitar o fato. Ao mesmo tempo, eu também o detestoSou mais fraca do que eu pensava. Não consegui nem mesmo enfrentar um jantar até mesmo simples para o padrão da família. Como eu iria suportar ficar na rua? Chorando o dia todo?Pensar nisso me consola sobre o fato de ter aceitado a ajuda dos Bragança, pois estar naquela casa é bem melhor do que ser uma pessoa em situação de rua, isso está bastante claro. Então, preciso ser menos frágil e ficar boa o mais rápido poss&i
HeitorEu só poderia estar louco! Pensei ao entender o que tinha acabado de acontecer naquela varanda. Eu praticamente ataquei Lizandra igual um homem das cavernas, só faltou jogá-la em meu ombro e carregá-la para a minha caverna. Ou melhor dizendo, para o meu quarto.— E você só se lembrou da Catarina agora? — Perguntei com sarcasmo.As palavras mal saíram da minha boca e eu já estava irremediavelmente arrependido. Estava me sentindo culpado e acabei despejando a raiva em Lizandra, algo bastante cretino da minha parte.— Esquece o que eu disse — pedi rapidamente, passando as mãos em meus cabelos e assim como Lizandra, também virei as costas para ela — Foi uma acusaçã
CatarinaOlhei para o computador naquele momento com a única intenção de conferir as horas. Meio dia. Contei mentalmente até dez e antes mesmo de chegar ao número oito, a porta da minha sala se abriu, dando passagem a alguém que eu realmente não queria ver naquele momento.— Olá, meu amor — O "intruso" disse com animação — Trouxe o nosso almoço.Suspirei exasperada enquanto ele colocava algumas sacolas em cima da mesa de canto, já organizando os lugares à mesa, como tem feito há dias.— Eu já pedi para que você não me trouxesse almoço, Bernardo — repeti o mesmo que disse das outras vezes — O que você acha que o Hei
LizandraEu mal consegui pregar os olhos a noite toda e não poderia realmente dizer que acordei. Em consequência da péssima noite rolando na cama e derramando rios de lágrimas e agora estava me sentindo horrível. Parece até que um trator passou por cima do meu corpo, me deixando totalmente dolorida.Nada se resolve com lágrimas e eu realmente gostaria de não chorar todas as vezes em que as coisas fogem ao meu controle. Ou seja, constantemente. Mas é impossível não perceber que virei uma grande chorona, fracote e agora também uma traidora.Como eu posso ter me entregado daquela maneira aos beijos de Heitor quando há tantos fatores a considerar? Ele não gosta de mim, já dei
HeitorA semana foi bastante cansativa e aquele jantar em plena sexta-feira à noite só contribuiu ainda mais para me deixar psicologicamente exausto.Cheguei do jantar passava um pouco das vinte e uma horas e caminhei diretamente para a sala de TV, imaginando encontrar todos lá, como percebi que estava acontecendo nos últimos dias. Mas só encontrei o vovô e os seus bons e velhos amigos vendo o seu reality show de sempre.— Imaginei que Heloísa estivesse aqui — comentei, tentando parecer desinteressado.— Heloísa saiu com Catarina — vovô explicou sem nem mesmo tirar os olhos da TV.Continuei encostado ao umbral da porta, aguardando por mais algu