POV: YULLI— Não posso fazer isso... Sua transformação já está em curso. — Alisson indicou o meu ombro com um aceno discreto, seu tom seco, mas carregado de curiosidade. — Não está com medo da dor que vai enfrentar?— Já suportei muitas dores, Beta. Não é isso que me assusta. — Respondi firme, cerrei os punhos, desviando o olhar e retomando minha caminhada pelo corredor.— Então o que te apavora tanto, feiticeira? — Ele seguiu atrás de mim, mantendo uma distância que só enfatizava o desconforto em sua postura. Mesmo assim, notei o leve movimento de suas narinas, como se estivesse tentando decifrar algo em meu cheiro.Parei bruscamente, girando levemente o rosto para encará-lo por cima do ombro. Havia algo nos olhos dele que parecia ansiar por respostas.— Que os meus pecados recaiam sobre o seu Alfa. — Minha voz saiu mais grave, mais densa do que eu esperava, ecoando pelo corredor vazio. — Isso, Alisson, é o que eu temo.Seus olhos se estreitaram, sua expressão misturava desconfiança e
POV: KEENANSaí da biblioteca com passos firmes, sentindo cada pelo do meu corpo eriçar. A fúria de Olson vibrava dentro de mim, pulsando como uma força bruta difícil de conter. Minha mente lutava para manter a fera sob controle enquanto ele rugia de forma insaciável.— Não aqui. — Murmurei por entre os dentes cerrados, balançando a cabeça ao sentir o anseio dele de retornar para reivindicar Yulli. O aroma dela ainda impregnava meus sentidos, um convite irresistível que só fazia crescer sua obsessão. — Qual é, parceiro, não podemos simplesmente agarrá-la e dizer que ela nos pertence. Isso vai assustá-la, não a ajudar.“Ela já sabe que é nossa!” Olson rugiu em protesto, sua voz imponente ressoando em minha mente enquanto suas garras raspavam simbolicamente contra minha consciência. “Volte e faça com que ela entenda o que isso significa.”— Estou começando a ficar com ciúmes dessa relação obsessiva que você tem com ela. — Provoquei sarcasticamente, tentando aliviar a tensão que pairava e
POV: KEENANSua voz era firme e divina, ressoando não só no ar, mas em minha mente e alma. Meus olhos, antes tomados pelo instinto primal, brilharam com clareza por um instante.Olson rugiu em confusão, tentando resistir à influência dela, mas até ele sabia que não poderia enfrentá-la. Minha respiração era pesada, minhas patas tremiam, e o lobo preso em minhas garras parou de lutar, reconhecendo a magnitude da presença diante de nós.— Quem é você?Meu lobo jogou o corpo do agressor para o lado como se fosse nada, avançando em direção à loba majestosa. Mas antes que pudesse dar mais um passo, fomos contidos. Apenas o olhar dela foi suficiente para nos paralisar, forçando Olson a ceder, lançando-nos ao chão com o peso de sua presença.— Ousa desafiar sua Deusa? — A voz dela reverberou pelo ambiente, poderosa e carregada de autoridade. Todo o meu corpo estremeceu sob a força de suas palavras. Ela se aproximou com passos firmes, inclinando o focinho até tocar sob minha cabeça, erguendo-a
POV: YULLIAcordei lentamente, meu corpo aquecido além do normal, como se estivesse envolvido por uma chama sutil. Imagens de um sonho peculiar ainda dançavam em minha mente: uma loba de pelagem dourada, correndo ao meu redor, ora rosnando, ora brincando, como se estivesse tentando me chamar para algo mais profundo. Meu peito parecia estranho, como se estivesse sendo preenchido por uma sensação de pertencimento inesperada, de conexão.— Será você? — Murmurei, a voz rouca pelo sono, enquanto meus olhos abriam devagar.Meu olhar pousou sobre o relógio ao lado da cama, e o choque foi instantâneo. Peguei-o com rapidez, sentindo o peso do absurdo que ele mostrava.— Isso não pode estar certo... — Minha voz carregava incredulidade enquanto analisava a data. — Dois dias? Dormi por dois dias inteiros?O estômago roncou em protesto, interrompendo minha confusão. Foi quando percebi a bandeja ao lado, repleta dos alimentos que mais gostava. Ao lado dela, um bilhete cuidadosamente dobrado. Peguei-
POV: YULLI— Sabe tão bem quanto eu que isso não é possível. — Ele estalou a língua, com um toque de sarcasmo que fez minha irritação crescer ainda mais. Tentou se aproximar, mas recuei imediatamente, erguendo a mão em um gesto defensivo.— Fique longe de mim! — Minhas palavras saíram mais como um rugido do que eu pretendia, e senti as pupilas dilatarem. Minha língua roçou em algo afiado, um dente pontudo que não deveria estar ali. Trêmula, passei os dedos pelos lábios e encontrei um líquido espesso. O sangue tingiu minha pele enquanto eu o esfregava entre os dedos, tentando processar o que estava acontecendo. — Droga, droga, droga! Isso está acontecendo rápido demais!— Yulli. — O comando de Keenan ecoou como uma onda de autoridade pura, reverberando no espaço e dentro de mim. Meu peito, antes agitado, cedeu à imposição de sua voz. Ele avançou em minha direção, e antes que eu pudesse me afastar novamente, puxou-me pelo quadril com uma força firme e inquestionável.Meu corpo foi pressi
POV: YULLIParamos ao pé da montanha, o vento gélido cortante contra minha pele, fazendo-me estremecer assim que desci do carro. Keenan, como se previsse minha reação, lançou um sobretudo pesado sobre meus ombros. Antes que eu pudesse ajeitá-lo, ele passou o braço firme em torno de mim, trazendo-me para mais perto de seu corpo quente.— Você não sente frio? — Perguntei inocentemente, observando sua postura despreocupada. O sorriso travesso que surgiu em seus lábios me fez arrepender da pergunta.— Sou um lobo, feiticeira. Meu calor é tão intenso quanto a minha sede por... — Ele fez uma pausa proposital, deixando o peso de suas palavras pairar antes de focar seus olhos diretamente nos meus. — Você!— Que ótimo, então você morrerá de sede e eu de hipotermia nesta montanha. — Retruquei com sarcasmo, começando a caminhar em direção à subida. — Que final digno para nossas vidas.— Pelo menos a vista é espetacular. — Respondeu Keenan com um rosnado preguiçoso, carregado de sarcasmo, enquanto
POV: YULLI— Seja um bom vira-lata e vá para sua posição. — Retruquei, inclinando levemente a cabeça para indicar o lugar ao lado, enquanto dava um passo à frente, deslizando a calcinha com o mesmo ritmo provocante. Com um sorriso desafiador, entreguei a peça em sua mão. — Vê se não perde.A risada que saiu dele foi profunda, quase maliciosa, e antes que eu pudesse entender, Keenan agarrou minha mão e me ergueu do chão como se eu não pesasse nada.— Keenan, o que está fazendo? — Franzi o cenho, confusa e irritada, enquanto ele ignorava completamente a minha resistência, caminhando com firmeza.— Não vou ficar de guarda enquanto você tenta escapar de mim, feiticeira!— Vai molhar as suas roupas. — Minha voz saiu apressada, surpresa com a forma como ele simplesmente entrou na água comigo. Seu nariz deslizou pela curva do meu pescoço, seus lábios roçando levemente minha pele, enviando uma onda de calor pelo meu corpo.— Não vou precisar delas. — Sua resposta foi quase um sussurro, mas car
POV: YULLIFoi quando percebi que Keenan havia usado minha magia para o pacto, usando sua força e sangue.— Não posso tomar toda a sua dor, Yulli, mas parte dela agora é minha. — Ele acariciou minha pele com um toque inesperadamente terno, o contraste com sua força quase me desconcertando. — E vou carregar isso por você.Senti o calor subir pela minha pele, como se o próprio ar ao meu redor se tornasse vivo e pulsante. Meu corpo inteiro parecia em combustão, mas não era dor, era força, algo tão intenso que me fazia tremer. Meu coração batia descompassado, mas, ao mesmo tempo, havia uma paz estranha, uma aceitação de que isso seria parte de mim.Minha visão ficou turva por um momento, mas não de fraqueza. Era como se meu olhar estivesse se ajustando, como se o mundo ao meu redor ganhasse detalhes que nunca tinha percebido antes. Os sons se intensificaram: o vento entre as folhas, o som das batidas do coração de Keenan. Tudo era mais claro, mais intenso.Minha pele começou a formigar, e