Acordo. Abro a janela e afasto a cortina, está um lindo dia, ensolarado e céu claro, assim como eu gosto. Arrumo minha cama e vou preparar o café da manhã, faço panquecas, café, e ovos mexidos, sento-me na sacada de casa para apreciar a vista.
Meu celular vibra, vejo as mensagens e e-mails não visualizados, tento responder todos. Me preparo para tomar banho e me arrumar para ir ao trabalho, estou um pouco cansada, mas a energia do sol me recarrega.
Pego as chaves do carro e vou direto para o trabalho. Chegando lá, cumprimento todos, e vou até meu escritório, lá arrumo algumas papeladas e ligo o notebook. Na sala em minha frente está o Phil, um homem de trinta e poucos anos, olhos azuis, cabelo castanho e um corpo muito sensual, com fama de pegador, sempre olho pra sala dele, não sei porque sismo em fazer isso, não sou esse tipo de mulher, odeio cobiçar homens.
Volto ao trabalho. Com a caneta na boca, olho rapidamente pra sala daquele homem, e me assusto, quase caio da cadeira, ele está me observando. Olho para a papelada abaixo de mim, mas percebo seu olhar sobre mim.
Chegando a hora do almoço, recebo um bilhete, sem identificação, dizendo o seguinte: - "Percebi seu olhar em mim hoje mais cedo, gostaria de almoçar comigo? sem compromisso, quero conhecê-la um pouco mais".
O bilhete sem assinatura já me faz saber quem seria o remetente, eu me tremo toda, engasgo sem motivos, não sei o que fazer, não sei se aceito ou não, minha timidez fala mais alto, não quero ser tímida desta vez, escrevo que "tudo bem, nos encontramos lá no térreo", e jogo na sala de Phil, ao entregar o bilhete abaixo da porta, fico gelada, não sei porque, não gosto dele tanto assim, aliás, eu só observo ele, sem compromisso, sem paixão, apenas diversão.
-Boa tarde garota - Diz Phil logo que nos encontramos
- Boa tarde Phil - falo gaguejando
Então ele prossegue: - Você sabe meu nome senhorita, mas acredita que ainda não sei o seu?
- Ah claro, me desculpe, sou a Lya, prazer em conhecê-lo. - coro imediatamente
- Você tem alguma sugestão de onde podemos ir para almoçar, Lya?
- Bom, poderíamos ir a um restaurante logo na esquina, é perto e o importante, está dentro do meu orçamento - dou uma risadinha sem graça.
Phil ri e diz: - percebi que você é uma moça econômica
Seguimos andando para o restaurante quase sem trocar uma palavra, eu percebendo que ele me olhava a todo momento e dando risadinhas, será que eu era motivo de piada?
Em menos de 10 minutos chegamos no restaurante, demos nossos nomes na entrada e fomos levados aos nossos lugares.
O lugar estava bem calmo neste dia, pois sempre estava muito cheio, mas hoje estava com um ar mais romântico, não sei bem se essa é a palavra.
O garçom nos entrega os cardápios e o catálogo de vinhos e bebidas, Phil e eu começamos a folheá-los, ainda assim sem trocar palavras, mas sim olhares.
Phil me pergunta o que iria escolher e digo que iria pedir uma salada caesar com aspargos e molho branco, uma massa com molho à bolonhesa, e para beber uma coca bem gelada, não sei porque Phil me olha com desdém, e pergunto o mesmo a ele.
- Bom, vou pedir o mesmo que você, menos essa coca bem gelada, acho que não combina bem com o pedido, vou preferir um vinho branco.
Ele chama o garçom e faz os pedidos, ficamos à espera da comida, e o silêncio preenche mais ainda o ambiente. Eu olhava para minhas mãos e ao redor, enquanto Phil assobiava baixinho e também olhava ao redor, mas também parava alguns minutos e olhava fixamente para mim. Enrubesço. Rezo para que alguma alma de alguém muito falante entre em meu corpo, pois odeio o silêncio, não sei se ele também é tímido ou ele só quer me sacanear sabendo q sou extremamente tímida.
Nossos pedidos chegam, agradeço o garçom, e começo a comer, pois estava faminta. Phil começa a comer, e eu só queria ficar olhando para ele, algo nele me fazia querer olhar para sempre. Tento me recompor e tirar o pensamento de minha cabeça.
Tento puxar assunto.
- Então Phil, me conte um pouco sobre você, apesar de trabalharmos no mesmo local nunca tivemos a oportunidade de nos conhecer profundamente – Pergunto, mas muito envergonhada, quase nunca início conversas.
- Certo. Oque poderia falar sobre mim? Bem, trabalho lá na Worldwide fazem quase cinco anos, entrei lá como um simples auxiliar, e agora sou o chefe do departamento de pedidos, nunca havia trabalhado numa escritora antes, mas sempre fui amante de leitura e escrita. Moro num apartamento próximo daqui, não dá nem trinta minutos, moro com meu gato de estimação chamado Tobby. Nunca tive um relacionamento antes, apesar de ter a fama de garanhão na empresa, não sou nada disso, sou um cara muito romântico e nada pegador se você quer saber, fiquei com poucas mulheres na minha vida. Agora conte-me sobre você senhorita. - Phil dá um riso de canto que me faz derreter.
O que eu poderia falar sobre mim? Não há nada de interessante na minha vida pessoal, estou suando e tentando achar as palavras que meu cérebro insiste em me fazer esquecer.
- Não tem muito pra falar de mim. Trabalho na Worldwide há quatro anos, ficava no andar de baixo, comecei como uma aprendiz "faz tudo", mostrei minha capacidade e vontade de escrever, e agora escrevo para grandes jornais, sou também uma ghostwriter, e sou chefe de outros ghostwriters, moro sozinha num apartamento da rua do meio, em Southtown, vivo sozinha, não tenho amigos, muito menos família, que vive em New Orleans, e tenho vinte e quatro anos. É isso. - Abaixo a cabeça e beberico um pouco da minha coca. Olho nos olhos dele e parecem mais brilhantes que antes, queria olhar para eles o dia todo.
- Como assim uma moça tão linda e inteligente como você não tem amigos? – Você que não quer ter amizades, se decepcionou ou o quê? Me diga.
- É que sempre me doou muito para minhas amizades, e muitas vezes me ferro, as pessoas me magoam quase sempre, e isso me deixou desolada em questão de amizade ou relacionamentos.
Olho para o prato abaixo de mim, sinto vontade de chorar, queria muito dizer que tenho muitos amigos e que meus relacionamentos deram certo até um certo ponto. Fico com medo dele não querer mais conversar comigo depois dessa revelação, ele poderia achar que eu sou muito chata, ou uma psicopata, sei lá.
Ele começa a mexer nos cabelos, olha para mim, segura minha mão que está fria como gelo, fico extasiada ao seu toque, não sei bem o que estou sentindo, é um sentimento novo.
Então Phil diz:
- Sabe de uma coisa Lya, diz enfatizando meu nome, e prossegue – Você não precisa se doar tanto assim para pessoas que não dão a mínima para você, você é incrível e todos tem que ver isso, se não quiserem sua companhia, que se fodam, deixem eles irem, e siga sua vida bem melhor por deixar as pessoas que não te merecem.
Dou uma risadinha triste, e me sinto consolada por suas palavras, ele é bem sábio e sabe o que diz.
Olho no relógio e já é tarde, precisamos voltar ao trabalho, beberico o resto da minha Coca, pego minha bolsa, chamo o garçom, e peço a conta. Phil queria pagar por tudo, mas fiz com que pagasse só a dele, mesmo insistindo muito não deixei, pois não quis que ele gastasse comigo.
Chegando no escritório, Phil e eu nos despedimos com beijo nas bochechas, sentir seu rosto me faz sentir livre e em outro mundo. Volto ao meu lugar de sempre, deixo a bolsa e vou ao banheiro para retocar a maquiagem. Lá encontro minhas colegas de trabalho, Candace e Julianne, gosto muito delas, elas são as únicas que posso contar aqui, ao menos eu acho que sim.
- Lyyyya, como você está? Faz muito tempo que não conversamos sem ser no trabalho, vamos nos encontrar, você, eu e a Julie. – Diz Candace, logo que deixo meu nécessaire na pia.
- Candy, mas é claro, também acho que deveríamos nos encontrar, o que acha de hoje a noite, sei que não temos muito trabalho por aqui hoje, vamos escolher um lugar, beber e comer um pouco e botar o papo em dia.
- Então vou falar com a Julie, talvez devêssemos nos encontrar no meu apartamento, pode ser? Eu compro as bebidas, você e a Julie podem levar alguns nachos, o que quiserem.
- Combinado então, nos vemos mais tarde, beijão.
Me despeço de Candace. Termino de retocar a maquiagem e vou ao meu escritório.
Abro o Notebook e começo a trabalhar. Meu telefone vibra. Vejo que é uma mensagem de um número desconhecido.
Lya, fiz muitas pesquisas para descobrir seu novo número, sei que
fazem muitos anos que não nos vemos, sei que te magoei, mas
queria muito conversar com você. Bjs, Luccas.
Olho sem acreditar para a mensagem, não sei porque meu coração acelera, mas acho que seja nervoso misturado com decepção. Luccas foi meu namorado há muitos anos atrás, não durou muito, pois ele queria mais aventuras ao invés de romance. O término foi dolorido, ele foi o único homem em minha vida, apesar de tentar esquecê-lo, sempre lembrei dele, sempre quis entender o porquê dele me magoar tanto. Fecho a mensagem e tento voltar ao meu trabalho.
Chegando em casa, vou direito tomar banho. Tiro meus sapatos, minha roupa, e encho a banheira, preciso muito me relaxar, foi um dia longo e cheio de emoções. Ponho as canções mais tristes que existe neste mundo, fecho os olhos e tento imaginar uma vida em que tudo fosse diferente, em que eu fosse diferente. Imagino Phil, um homem muito interessante que eu nunca vou ter pra mim, penso em Luccas, e o porquê de ele querer falar comigo depois de tudo e de todo esse tempo. Durmo. Acordo com meu celular tocando. Candace grita do outro lado da linha, arregalo os olhos e percebo que esqueci completamente de ir a casa dela. Digo a ela que já estou a caminho. Escolho uma roupa confortável, amarro o cabelo num coque, abro a geladeira e procuro nachos, pela graça de deus encontro, pego e vou correndo para a garagem; Abro o carro, coloco a comida no banco de trás, olho ao redor para me certificar que não esqueço de mais nada, tudo certo, ligo o carro e acelero até a casa de Candace. Chegando lá,
O sol lançava seus últimos raios dourados quando Lya empurrou a porta do café, sua campainha suave ecoando como uma melodia familiar. Phil, já acomodado à mesa de sempre, interrompeu a leitura de seu livro, um sorriso caloroso indicando que a noite prometia ser agradável."Oi, Lya! Estava ansioso por nosso café de hoje," Phil cumprimentou-a, fazendo um gesto convidativo em direção à cadeira oposta."Oi, Phil! Eu também estava. Parece que esses encontros se tornaram o ponto alto dos meus dias," respondeu Lya, sentando-se com um sorriso radiante.O barista, já ciente da rotina da dupla, aproximou-se com um aceno amigável. "Os de sempre?" Phil e Lya assentiram, expressando gratidão.Enquanto o aroma do café enchia o ambiente, Phil começou a conversa. "Tenho refletido bastante sobre aquela história que você compartilhou da última vez. Sobre seus sonhos e receios. É fascinante como somos moldados por essas experiências, não é?"Lya concordou, mexendo a colher em sua xícara. "É verdade. Às
O aroma do café ainda pairava no ar quando Phil, com um sorriso intrigante, decidiu revelar uma notícia surpreendente."Você não vai acreditar, Lya, mas tomei uma decisão. Adiei minha mudança para Amsterdã," Phil anunciou, seu olhar buscando a reação de Lya.Lya, surpresa, arregalou os olhos. "Sério? Uau, isso é inesperado. Qual foi o motivo dessa mudança de planos?"Phil riu, sua expressão indicando uma decisão tomada com base no coração. "Bem, eu estava refletindo sobre a vida recentemente, e percebi que há coisas aqui que não estou pronto para deixar para trás. E uma delas é essa amizade que estamos construindo."Lya sorriu, sentindo uma onda de calor. "Isso é incrível, Phil! Estou feliz que tenha decidido ficar. Nossos encontros no café têm sido muito especiais para mim, também."Phil assentiu, um brilho nos olhos. "Acredite ou não, Lya, acho que essa reviravolta pode trazer mais do que uma simples mudança de planos. Quem sabe o que mais a vida reserva para nós?"Os dois riram, co
O convite de Phil para uma noite de jogos em seu aconchegante apartamento era exatamente o que Lya precisava para escapar temporariamente da voracidade do mundo corporativo. A promessa de risos e descontração acendeu uma faísca de animação em seus olhos.Ao adentrar o espaço acolhedor de Phil, Lya foi recebida por uma atmosfera de camaradagem. A mesa estava repleta de jogos de tabuleiro e cartas, cada um representando uma oportunidade para desafios e diversão. O ambiente se enchia de risos e conversas animadas, enquanto os dois amigos se preparavam para uma noite memorável.Phil: Lya, escolha um jogo! Temos de tudo, desde jogos estratégicos até os mais engraçados.Lya: Hum, que tal começarmos com algo leve? Estou precisando de uma pausa da seriedade.Phil sorriu, concordando com entusiasmo. A escolha recaiu sobre um jogo de perguntas e respostas, desencadeando uma série de revelações surpreendentes e confissões engraçadas. A conexão entre eles aprofundava-se com cada revelação compart
O sol lançava uma luz dourada sobre o parque enquanto Lya e Phil caminhavam pelo caminho sinuoso, afastando-se das preocupações cotidianas. As árvores proporcionavam sombras suaves, e o som distante de crianças brincando preenchia o ar.Lya: Às vezes, esquecemos como é bom apenas relaxar e aproveitar o presente.Phil: Concordo. A vida pode ser tão agitada, mas momentos como este nos lembram do que realmente importa.Encontraram um banco sombreado e decidiram sentar-se. O parque estava vivo com uma variedade de pessoas: famílias fazendo piquenique, amigos jogando frisbee e casais desfrutando de um passeio romântico.Phil: Sabe, Lya, tenho pensado muito sobre a importância desses momentos. Às vezes, corremos tanto atrás de nossos objetivos que esquecemos de apreciar o caminho.Lya: É verdade. A jornada é tão significativa quanto a chegada. E momentos como este nos lembram disso.Os dois riram enquanto observavam um cachorro brincando alegremente na grama. O tempo parecia desacelerar, pe
O silêncio entre Phil e eu persiste, começamos a reconstruir as peças quebradas. Optamos por explorar novos aspectos da nossa amizade, permitindo que ela se cure naturalmente.Uma tarde, decidimos explorar a cidade juntos, afastando-nos do habitual café. À medida que caminhamos pelas ruas movimentadas, uma sensação leve de renovação paira no ar."Às vezes," Phil começa, quebrando o silêncio, "o silêncio diz mais do que palavras. Talvez este seja um momento de descobrir novas formas de conexão."Concordo, apreciando a serenidade do momento. Conversamos sobre assuntos leves, rindo de pequenos detalhes da vida. Essa pausa delicada nos permite construir uma base sólida, feita não apenas de confissões profundas, mas também de momentos simples compartilhados.No entardecer, encontramos um parque tranquilo, onde decidimos sentar e refletir. Phil abre seu coração novamente, compartilhando seus pensamentos mais recentes e revelando sua visão para o futuro."Às vezes, a vida nos leva por caminh